Malditos Entorpecentes escrita por Miris


Capítulo 1
Alucinações causadas pelos entorpecentes


Notas iniciais do capítulo

Eu estava assistindo a novela das 19h30 (BomSucesso) e eu pensei: como seria se fosse uma original e se a Gisele tivesse uma irmã ao invés do William na casa?!
Daí saiu isto!

Aproveitem!



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         Eu havia ficado até mais tarde na editora para terminar de revisar um capítulo do livro de um novo youtuber que se achava a nova estrela do Universo. A dona da empresa disse que os revisores reclamaram de alguns fragmentos.

“Ora, que esses malditos mudassem então!”

            Era tudo o que eu queria dizer para aquela bruxa em forma de mulher em minha frente. Engoli meus desejos tentadores e sorri para ela dizendo que faria da maneira que ela me pediu.

            Abri o arquivo no meu computador e encontrei o capítulo de número trinta e quatro quase todo marcado em vermelho com anotações ao lado das páginas. Senti um ódio imenso daqueles nojentos que se achavam. Malditos.

            Respirei fundo imaginando que cada mudança naquele texto ridículo sobre como foi quando o tal youtuber pensou ter pegado uma IST*— por ser um babaca, sem noção, burro que não procura se informar – seria como um soco na cara de cada um deles. Comecei a ler as “exigências” e elas não passavam de perda de tempo. Queriam que eu fosse mais “fiel” aos relatos do garoto.

   ESCREVI. T-U-D-O. DO. JEITO. QUE. ELE. NARROU.

            Havia algum tempo que a editora havia fechado e todos já haviam ido para casa. Bufei enquanto salvava as modificações feitas e puxei minha bolsa para finalmente ir embora. Dentro no carro eu olhei a parede em minha frente. Vaga C4. Só os donos da empresa tinham as vagas A e os “revisores” as vagas B.

— Até aqui tem essa hierarquia nojenta. – Resmunguei.

            Liguei o carro e coloquei o pen drive amarelo no rádio. Era dia de amarelo. Fui dirigindo para casa enquanto olhava a cidade com pouquíssimos carros transitando na rua. Todos com suas famílias ou amigos em uma maldita festa de lançamento da editora. Revirei meus olhos. Por mim, todos eles poderiam explodir. Nojentos.

            Cheguei ao meu prédio e já fui estacionando o carro na vaga do meu apartamento. O carro de minha irmã já estava em uma das três vagas do meu apartamento e havia um carro ao lado do dela. Um namorado? Ela não trás namorados para cá.

            Estacionei na vaga de sempre e tranquei o carro. Fui em direção ao elevador com a bolsa e a jaqueta em mãos, apertei o botão e o elevador chegou. Cinco minutos e eu já estava em meu andar seguindo para a porta do final do corredor.

            A porta estava... Aberta?!

            Empurrei a porta pronta para dar uma leve bronca em minha irmã por não ter trancado e acabei levando um susto. A minha irmã estava seminua com um cara no sofá. Não, é óbvio que eu não tenho problemas com isso. Acontece que o cara era o marido da dona da empresa que havia me incomodado na minha hora de ir embora.

— Brittany?! – Ela estava aterrorizada com o flagra, assim como seu maldito amante.

            Nós três ficamos em silêncio por alguns breves segundos, que poderiam ter durado um ou dois minutos. Eu abri a minha boca e olhei para outro lado e logo fechei de novo. Empurrei a minha porta para ela bater e continuei a andar em direção ao meu quarto.

— Britt eu posso explicar! – Ela saiu do colo do homem e veio atrás de mim. Eu parei e me voltei para ela.

— Não tem nada o que explicar Alyssa. – Eu disse para ela enquanto o homem me observava. – Eu devo estar sob efeitos de entorpecentes extremamente carregados e estou tendo um momento de loucura.

— Britt eu-...

— Eu prefiro acreditar que estou drogada a lidar com a vergonha de minha irmã ser mais uma vagabunda qualquer no mundo. – Os olhos de Alyssa dobraram de tamanho naquele momento e o homem apenas nos observava, jogado no sofá.

— Boa noite então. – Ele disse e eu dei as costas indo para meu quarto no interior do apartamento.

— Boa noite maldita alucinação causada pelo meu excesso de uso de drogas. – Disse enquanto caminhava.

            Já dentro do meu quarto eu ouvi o homem dizer que ia embora e fechar a porta. Alyssa trancou-a e começou a chorar. Suspirei. Aquele covarde, nem mesmo para ficar e consolar a amante.

            Fechei minha porta e a tranquei. Não seria eu a consolar ela, afinal estava errada e teria que lidar com isso. Coloquei meu celular para carregar e atirei meus fones em cima da cama. Me despi completamente e segui nua para meu banheiro ligado ao quarto. Um banho quente me ajudaria a relaxar.

            Já vestida com meu pijama branco com mangas longas e calça cor-de-rosa, eu ouvia músicas em meus fones de ouvidos enquanto observava a grande janela de vidro embaçada pelas gotas de chuva. O relógio marcava meia noite e pouco e meu sono não chegava.

Eu preferia acreditar que estava drogada, a lidar com a realidade de minha irmã ser apenas mais uma vadia que era a amante do marido da dona da empresa. Não dava para acreditar nisso. Seus pais ficariam decepcionados com ela.

Sim, afinal eu era apenas a filha adotada. Eu sempre me destaquei mais do que Alyssa, afinal eu queria mostrar a eles que eu poderia ser uma ótima filha e eles não precisavam se arrepender. Quando falei abertamente sobre isso com eles, disseram que sempre tiveram orgulho de mim e eu sempre seria sua filha porque me amavam. Bem, eu descobri tarde que não precisava ter me sacrificado tanto, mas por outro lado foi bom.

Quando voltei a piscar me dei conta que já passava de uma da manhã. Bufei. Eu tinha que acordar cedo. Guardei meu celular e me virei para dormir.

Na manhã seguinte eu saí já pronta de meu quarto e fui diretamente para geladeira sem olhar para minha irmã que me esperava para o café. Peguei um litro de iogurte de maracujá e fui direto para a porta.

— Britt. Não vai ficar?

— Não. Eu não quero ter alucinações. – Disse passando pela porta.

***

            Eu foquei apenas em meu trabalho para poder me livrar daqueles revisores idiotas de uma vez. Na sexta-feira eu já tinha tudo pronto e encaminhei para o computador da bruaca e fui para sal sala explicar as mudanças.

— Se bem que eu preferia antes. – Ela disse ao reler o novo molde do capítulo de cinco páginas. Minha vontade era tirar um revolver de minhas costas e estourar a cabeça dela. Sorri com toda força do ódio.

— Fiz exatamente da forma que me pediu, seguindo as exigências dos revisores. – Aqueles filhos da mãe que adoravam me provocar.

— Eu acho que vou acabar tirando eles do cargo e trocar a equipe. – Naquele momento me imaginei sendo a revisora filha da puta atrapalhando a rotina de trabalho deles. Minha vingança seria doce. – Você ainda tem o original que fez? – Ela perguntou me olhando.

— Tenho sim, senhora.

— Manda para mim, vou mandar que seja impresso daquela maneira. – Assenti e ela sorriu constrangida. – Desculpa ter te feito perder tempo.

— Imagina, é só o meu trabalho. – Sorri novamente. Por dentro eu a xingava de chifruda e mandava ela para lugares não muito agradáveis por ter me feito chegar tarde em casa, presenciar uma cena nojenta e perder horas de meu precioso sono que me resultaram em leves olheiras pela manhã.

— Pode ir. – Assenti com a cabeça e fui em direção à porta. Havia alguns revisores do outro lado da sala que me olharam. Eu apenas segui meu caminho para a direita enquanto levantava meu dedo do meio para eles. Malditos.

***

            Na semana seguinte eu me deparei com outra cena nojenta. Eu precisava de mais chocolate quente então fui até a cozinha do andar que estava com uma placa de “Não entre, limpeza”. Ignorei e entrei mesmo assim.

— Britt?!

            Alyssa e o marido da dona da empresa estavam se pegando na cozinha dos funcionários em plena manhã com o risco de serem pegos?! Eu pisquei algumas vezes e respirei fundo.

— Não acredito que estou vindo para a empresa drogada. – Coloquei os dedos entre os olhos. – Vou acabar sendo demitida assim. – Disse e saí dali o mais rápido possível fechando a porta e voltando para o meu lugar para trabalhar em outro livro.

***

            O Universo só podia estar de sacanagem comigo, porque eu sempre acabava vendo minha irmã e aquele babaca em todos os cantos se pegando sem pudor: Garagem. Banheiros. Cozinhas. Sala da presidência. Sala de reuniões.

            E por algum motivo eu não me surpreendi ao pegar ele ficando com as revisoras que queriam apenas complicar a minha vida. Eu decidi me vingar de todos eles e isso, infelizmente, iria incluir a minha irmã. Eu teria que entregá-la antes que algo pior acontecesse. Afinal, um emprego a gente consegue, mas a vida perdida por um relacionamento ridículo não teria como recuperar.

            Eu comecei a juntar as mais ardilosas provas do marido da dona da empresa com suas várias amantes. Trouxe a garota do T.I. para o meu lado e demos um jeito de pegar todas as mensagens, áudios, fotos e vídeos dos celulares dos desgraçados.

— Eu sei que você viu. – Ouvi o amante de minha irmã dizer quando entrei em meu apartamento. Parei para encará-lo.

— Acho que estou pegando pesado com as drogas. – Segui lentamente para meu quarto.

— Você vai contar para a Alyssa? – Ele questionou.

— Para ser sincera, eu não fiquei nem um pouco surpresa. – Olhei para ele. – Se você não respeita sua esposa, porque seria diferente com a Alyssa? – Dei de ombros. – Sou apenas alguém que está vendo coisas e ficando louca. Porque alguém acreditaria? – Me retirei da sala e entrei para o meu quarto.

            Me deitei já pronta para dormir enquanto ouvia as vozes embaraçadas e risos de minha irmã e seu amante. Abri o YouTube e coloquei uma música calma e relaxante para poder dormir sem ouvir os dois.

Alucinações causadas pelos entorpecentes...— Murmurei de olhos fechados e dei uma risada. – Minha vingança está se aproximando. Sete meses com isso deixa qualquer um louco como eu.

***

— Você tem noção do que fez?! – Alyssa dizia brava enquanto chorava na minha frente.

— Não faço a mínima ideia do que está falando. – Respondi encarando a televisão com um filme qualquer enquanto comia pipoca.

— Eu fui demitida Brittany. Demitida. – Ela parou para esfregar a cabeça. – E por sua causa.

— Ah, é sobre isso então que estamos falando. – Continuei a comer pipoca.

— Não banque a sonsa Brittany. Todos viram o vídeo.

— Então você viu que, além da chefona, você também é uma grande chifruda. – Comi mais uma pipoca. – Bem que vocês poderiam marcar de sair para lixarem o chifre juntas. – Dei um sorriso de canto.

— Todos acham que fui eu quem fez o vídeo. – Ela continuou a brigar. – Nove pessoas perderam o emprego Brittany. NOVE.

            A verdade era que eu não me aguentei em mostrar apenas as amantes do idiota, mas também as quebras de protocolo dos outros revisores. Todos eles perderam o emprego e seriam substituídos por gente melhor.

— Ele terminou comigo, deixei de ser a secretária pessoal da esposa dele e outras pessoas perderam o emprego. – Bufei. – Ele nem quer me ver de novo. Ele terminou comigo e foi atrás dela.

— Mas é óbvio Alyssa. – Pausei o filme e levantei. – Você acha que ele gostava de você?

— SIM!

— Pode até ser, mas ele nunca ia largar a fonte de dinheiro dele. Ele estava com a chefe por causa do dinheiro, você e as outras eram a diversão dele.

— Mas eu era a favorita dele. – Revirei meus olhos para a cena patética que minha irmã fazia por um canalha. Ela estava chorando.

— Não acredito que você gosta de se por em posição de brinquedo sexual descartável para ele. – Me aproximei. – Ele é do tipo possessivo, poderia fazer mal a você. Eu te salvei, agradeça.

— Mas me fez perder o emprego.

— Ótimo. Assim você não volta correndo pra ele feito trouxa.

— Você não pode me impedir. – Revirei meus olhos.

— Posso porque eu sou louca. – Ela me olhou sem entender. – Nossos pais chegam amanhã e depois que eu contar tudo, você vai voltar com eles para nossa cidade natal. – Alyssa arregalou os olhos enquanto eu saia de perto dela com minha pipoca e meu refrigerante de laranja.

— VOCÊ NÃO PODE!

— Já fiz. – Disse sem olhar para ela.

— SUA LOUCA! INSANA! EU TE ODEIO. – Sorri para ela.

— São os malditos entorpecentes que você me obrigou a criar pra sobreviver nesse seu inferno amoroso por sete meses. – Ela se calou e eu entrei no meu quarto.

— EU TE ODEIO BRITTANY! – Ouvi ela berrar.

Um dia você irá me agradecer Alyssa...— Murmurei e fui me organizar para ver o filme em meu quarto.

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Notas finais do capítulo

Desculpem qualquer erro. Eu comecei a escrever era 20h30 e terminei agora 22h40.
Tô cansada para um krlho! Kkkk

Espero que tenham gostado!



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