Shut Up! escrita por Daniela Mota


Capítulo 34
3ª Fase: Cápitulo 4 - Personagens mal ensaiados


Notas iniciais do capítulo

Hey, galera! Tudo bem com vocês? Queria me desculpar pela demora e tal, pra recompensar, o cápitulo tá maior. (teria postado uma semana antes se meu pai não tivesse cancelado a internet).
Ah, censurei o PDV da Alice pra +16, tá avisado, ok? Não tenho culpa nenhuma de ter esses personagens pervos e doentes mentais. Enfim, boa leitura.



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Edward PDV

Aquelas palavras me deixaram numa confusão de emoções, eu não sabia se ficava surpreso, ou se a agarrava naquele exato momento. Eu não sabia se desviava o olhar, ou se a encarava com todo aquele sentimento que eu sentia estampado no meu olhar. Eu não sabia se demonstrava confusão, ou se sorria pra ela. Estranho estar preso no E se... e agora ter conflitos com Ou se....
Aquilo não se assemelhava muito com a história clichê que se lê em livros de romance, nenhum clássico, nem mesmo uma simples típica história em que a garota boa mudava o cara mau totalmente. Que eu me lembre, histórias desse porte costuma ter certas humilhações, e então a garota dá uma lição valiosa nele, seja de humildade, ou de respeito. Como consequência dessa lição, ele acaba se apaixonando por ela, e ela, em algumas vezes, também se apaixona por ele... Sabe esse tipo de história? Então, não sei se minha história é tipo essa. Havia diferenças. A diferença é que ela já era apaixonada por mim desde o comecinho, e, me deixava isso claro. Se for verdade que os olhos falam, os olhos dela gritavam que ela me amava todas as vezes que a via. E eu sentia raiva por isso, uma raiva sem explicação. Como se, por todo aquele momento, ela não fosse digna de me amar. A segunda diferença era que eu não absorvi as lições quando me eram dadas, só comecei a lembrá-las depois que ela me largou de mão. Depois que ela deixou que eu sofresse as consequências sem mexer e nem interferir em mais nada na minha vida. Que tipo de garota é tão boa a esse ponto? Eu imagino que o certo seria ela chegar mudada e fizesse com que eu rastejasse aos pés dela, fizesse com que eu me humilhasse, e o fizesse também. O certo seria que ela me xingasse, me expondo a todo tempo à humilhações públicas. O certo seria que ela acabasse comigo, me massacrasse, me olhasse com desprezo. O certo seria se ela me beijasse só pelo simples fato de eu não resistir a ela, e me pisasse como se eu fosse um obstáculo no seu caminho. Mas a única coisa que ela fez foi desistir de mim, e foi a melhor coisa que alguém podia ter feito, porque foi aí que eu descobri que eu que havia desistido de mim desde o momento que machuquei alguém a ponto dessa pessoa mudar por minha causa. E o seu diário com os seus relatos também me ajudaram para que eu me desse conta do quão monstro eu fui com ela. Nos livros, tudo era mais simples. Talvez isso não tivesse nada a ver. Não eu tendo tantos arrependimentos, tanta confusão, tanta culpa. Não eu sabendo que não a mereço nem um pouquinho. Não tendo o Jacob na jogada disposto a tudo pra lutar por ela. Não eu não merecendo essa quantidade imensa de amor que ela sempre nutriu, mesmo eu quebrando ela em pedaços inúmeras vezes, as partes jogadas ao chão continuavam me amando. Não pelo fato dela ter sido tão boa com alguém que não merecia nada, exceto se dar de mal pra ver se abria os olhos e enxergava que o mundo gira, o tempo passa, as pessoas se machucam, e os sentimentos... Existem.
Em nenhuma das histórias tem um cara tão mesquinho, filho da puta, egoísta, ignorante e cego como eu. Em nenhuma das histórias o cara termina com uma cruz pesada de culpa, mesmo a garota tendo ignorado tanta dor porque quer vê-lo bem. E em nenhuma das histórias a garota, mesmo magoada, mesmo tendo um namorado que a fez bem quando as outras pessoas não faziam. Mesmo colecionadora de decepções, mesmo assim, admite ainda amar o cretino que, por um milagre, parece ter aprendido a amar.
Meus pensamentos altos nesse momento deveriam estar em evidência na minha cara. Eu realmente não consegui esconder nada, e Bella me parecia uma boa decifradora. Era inútil então comparar essa história com outros livros. Era inútil comparar essa garota com uma mera personagem. Em nenhum dos livros, por mais românticos e melosos que fossem teria uma garota tão incrível quanto esta que estava a minha frente, se declarando pra mim. E se fosse igual aos livros, estaríamos nos beijando agora, não estaríamos? Se fosse como um livro, não estávamos encarando um ao outro sem nenhuma reação. E, tampouco, eu estaria discutindo comigo mesmo. Eu seria movido pela emoção, pelo momento, pelas palavras que me foram ditas.
Observei os lábios de Bella fazerem menção de proferir algo, mas absolutamente nada foi dito. Parece que ela também não achava palavras assim como eu pra expressar a quantidade de coisas que sentia num só momento. A verdade era que eu havia mergulhado num oceano de sentimentos, e, quando saí dele, não era o mesmo homem de antes.
Voltando à minha ideia de fazer essa história como um livro a fim de encontrar alguma solução ou fala clichê pra dizer... Que tipo de livro os dois admitem ódio e logo depois admitem o sentimento contrário? Que tipo de livro faz com que, ao invés de piorar, a mocinha se torne ainda mais incrível? Que tipo de livro permite que a garota enganada a todo tempo acredite que o vilão realmente mudou? Era pra eu estar fazendo meu papel de vilão, não era? E o que eu fiz ao invés disso? Confessei que estou apaixonado pra ela com todas as letras. Eu poderia me arrepender disso depois, mas saber que ela ainda conseguiu nutrir alguma coisa por mim mesmo eu sendo um monstro fez com que, no mínimo, eu ficasse sem reação. O que era uma gafe, já que ela merecia uma resposta.

–Eu diria que nós temos um grande problema. - dei um meio sorriso, e, deixando evidente o meu nervoso, passei a mão no cabelo completamente desajeitado e bobão pela garota a minha frente.

Eu sabia que naquele momento eu poderia dizer algo que fosse menos óbvio. Algo que fosse mais inteligente, pelo menos. Naquele momento eu poderia dizer algo que poderia mudar a minha vida. Mas não disse. Apenas fiquei parado, estático. Pela primeira vez na minha vida percebi que disse a coisa certa. Porque ela sorriu, não apenas o leve abrir para a exibição de dentes brilhantes e alinhados. Ela sorriu e o meu mundo inteiro se iluminou naquele instante. Ela sorriu e, com isso, conseguiu arrancar um sorriso involuntário meu, sem quase nenhum esforço. Se eu tivesse lido um livro que tivesse uma parte tão melosa quanto esta, eu provavelmente colocaria o dedo na garganta. Mas tudo fica diferente quando você é o personagem de uma.

–Cala a boca! - ela proferiu devagarzinho, não como uma ordem, e sim com um tom doce incrível. Era completamente adorável. Logo em seguida me deu um sorriso encantador e desajeitado. Balançou a cabeça atordoada e ainda sorrindo, deu às costas pra mim e entrou no quarto dela.

Alice PDV

EU NÃO PODIA ACREDITAR! ERA BOM DEMAIS PRA SER VERDADE! NÃO ERA POSSÍVEL!
Passei a mão nos lábios ainda desacreditando no beijão que tinha acabado de dar no Orlindo. E olha que não fui eu que agarrei ele, não que eu não tenha pensado nisso. Mas ele me rejeitaria e me chamaria de Jabucréia e sairia cuspindo se eu o fizesse. Bom, era o que eu pensava.
Nunca vi um homem com tanta pegada quanto ele. Sim, homem! Não existe fruta nesse mundo com tanta pegada assim, não que eu já tenha experimentado alguma, mas enfim... Não tinha nada de delicado no beijo que ele me dera há alguns segundos atrás. Eu acho que foi a minha mordida no lábio inferior que o seduziu profundamente. Eu sabia que aquele manual de Como conquistar seu bofe também funcionava com boiolas! E a desculpa dele de dizer que precisava de sabonete? Na verdade eu nem sei onde foi parar o sabonete que eu levei pra ele, já que, saí derrubando várias coisas pelo caminho, até que o banheiro ficou arriscado e apertado pra gente e então nós viemos pro meu quarto, mas o fôlego acabou rapidamente me obrigando a me afastar daquela perdição. Mas eu juro que preferia morrer sufocada. Juro!
Aquele, sem dúvida, foi o melhor beijo que já recebi em toda minha vida. Antigamente esse titulo era de um Mexicano 100% sedução que eu peguei na boate e que ficava sussurrando Oh, Maria! no meu ouvido enquanto me pegava de jeito. Enfim, ainda estava difícil acreditar que existia um ser humano que beijava tão bem. E eu tinha certeza absoluta que não estava delirando, ele ainda estava na minha frente: Um par de olhos verdes incríveis, um par de orelhas, um nariz, uma boca perfeitamente desenhada, um peitoral completamente seduzente, braços fortes, barriga tanquinho, pernas fortes, mãos grandes, e tinha certeza que a mão não era a única coisa grande que ele tinha. Ah, Alice! Sua danadinha!
Ele respirou fundo e me puxou de volta pela cintura, colando nossos corpos. Começou a me beijar novamente com a mesma ferocidade anterior que me deixava louca. Com aquela perdição no meu quarto me dando sopa, era quase impossível não pensar em sacanagem. Sua língua quente invadiu a minha boca rapidamente. Senhor, me acuda!
Ele apertou forte a minha cintura e deixou o beijo ainda mais caliente, se isso era possível. Puxei o seu cabelo e ele gemeu na minha boca, isso me deixou satisfeita. Seus dedos cravaram na minha cintura e ele me arremessou na cama como se eu fosse uma boneca de pano. Procurei respirar, já que estava completamente sem ar. Seus olhos mudaram, e, de repente se tornaram confusos como se desse conta do que acabara de fazer naquele instante. Ele balançou a cabeça atordoado e revirou os olhos.

–U.A.U! - disse em um ímpeto, mordendo o lábio inferior. Ele abriu um meio sorriso, mas logo o fechou numa expressão séria.

–Nossa o que, garota - ele falou com sua voz afeminada habitual e eu ergui uma sobrancelha, abismada.

–Como o que? Estou falando desse beijão que acabou de me presentear, e olha que nem é meu aniversário. - ri.

–Beijo, que beijo? - riu irônico - Não teve beijo nenhum, queridinha. Engano seu, eu já te falei que eu não gosto dessa fruta. Você é surda, doce de leite?

Como ele conseguiu mudar de personalidade tão rapidamente? Até a sua postura estava mudada, a sua voz, o seu jeito. Não parecia o mesmo cara que eu estava beijando há um tempinho atrás, parecia mesmo uma bichona de quinta categoria.

–Não sou otária, você me beijou sim. - ele lançou um olhar incrédulo e logo depois de nojo a mim.

–Escuta, fecha os olhos. - ele pediu e eu obedeci fazendo biquinho, esperando que voltasse a me beijar - Agora abre e para de sonhar, querida. riu alto. Em seguida pegou sua camisa que havia trazido consigo e a vestiu. Obrigada por me emprestar o banheiro, Jabucréia.

–Você não é gay, não é mesmo? - ri colocando meio dedinho na boca - Eu sou um sensor altamente poderoso. Nem aqui, nem na China que você é gay. A mim você não engana, Lindinho.

–Ninguém vai acreditar em você, Jabucréia. - ele riu e fingiu olhar as unhas, me observando pelo cantinho do olho - Para de contar mentiras então.

Ninguém realmente acreditaria que isso era possível. Aquela súbita mudança de personalidade e de atitude não pertencia a esse mundo não. Se eu não estivesse vendo com meus próprios olhos que a terra não há de comer, porque são demasiadamente lindos eu não acreditaria que se tratava da bichona de quinta categoria do Orlindo.

–Pois eu duvido muito que seja mentira, muito mesmo. - ri, e ele revirou os olhos, contrariado.

–Ah, você duvida? Pois guarde essa dúvida pra você. Eu não tenho dúvidas quanto a minha escolha de linguiças ao invés de ostras, queridinha. - ele riu e colocou a mão na cintura.

–Ah, é? - ela assentiu - E se nós fizéssemos um teste? Você pode me provar que realmente é gay, e que só tinha curiosidade de beijar uma mulher, ou então que teve uma súbita troca de personalidade? Se realmente é, pode facilmente provar isso, não é mesmo? - ele continuou assentindo, e colocou a outra mão na cintura.

–Vamos logo porque eu não perco meu tempo com Jabucréias, já que não me interessam. - ele bufou, revirando os olhos - Só tem louco nessa casa, aiai duvidando do meu jeito colorido de ser, que insolência!

–Pode sentar na minha cama, por favor? - ele assentiu, mesmo um pouco contrariado com a ideia e me obedeceu.

Fui até o aparelho de som colocar uma música pra fazer com que eu me empolgasse na tarefa não planejada, mas que eu tinha certeza quase absoluta que daria certo. Coloquei uma música animada, mas nem tanto. Ele cruzou as pernas e bateu o pé impacientemente no chão. Peguei o meu lindo enfeite de festa rosa e coloquei no pescoço, ele riu ao me ver.

–Parece aquele cisne rosa de comemorações que os pobres dão de lembrança aos convidados com algum doce barato dentro. - ele riu alto, ignorei completamente o seu comentário.

Soltei o cabelo o balançando de um lado ao outro, o bagunçando um pouco. Em seguida comecei a dançar devagar, com movimentos sensuais, tal como eu tinha lido no livro de Como conquistar seu bofe. Nesse caso era um bofe de verdade. Fiz movimentos bem calmos com o quadril, de um lado pro outro. Isso se chama ser sexy sem ser vulgar. Joguei o enfeite na sua cara, e nada aconteceu, ele apenas riu e observou as unhas. Girei, fui até o chão, joguei o cabelo sensualmente, mas sempre o fazia ri. Apesar daquilo quase me deixar desanimada, não desisti de imediato. Investi mais nos movimentos sensuais, sempre o olhando no fundo daqueles olhos verdes incríveis. Fui até o chão e subi um pouco a saia que eu vestia. Observei satisfeita que isso não o fazia ri. A partir desse momento, comecei a fazer movimentos mais ousados, que pareciam estar funcionando corretamente. Então me virei de costas pra ele e como golpe final tirei a minha blusa, a jogando em cima dele.
Cheguei bem perto dele, ainda o olhando nos olhos, e toquei seu rosto que sinal era tão macio quanto bumbum de bebê enquanto ainda mexia o quadril bem devagar. Passei meu lábio inferior sobre o dele bem de leve. Em seguida fui até a sua orelha, a beijei e em seguida a mordi, isso fez com que ele se arrepiasse e se contorcesse totalmente, e aquilo me deixou satisfeita. Nenhum gay teria tais reações em relação a uma mulher.
Voltei pros seus lábios e comecei a beijá-lo, fiz com que não durasse quase nada, mordendo seu lábio no final. Percebi contente que ele queria que durasse, que aquilo havia deixado ele louco. Subi em cima dele, e o empurrei, fazendo com que se deitasse na minha cama.

–Você acha que isso é prova suficiente? - sussurrei no seu ouvido rindo, ele deu um meio sorriso um tanto descarado e num movimento rápido, me virou na cama, ficando dessa vez por cima.

–Não pode contar isso pra ninguém. - ele sussurrou no meu ouvido.

–Não irei. - eu disse num fio de voz.

Edward PDV

(...)

Estar apaixonado é muito estranho, os pensamentos acabam se voltando pra essa outra pessoa, independentemente do que se está fazendo. Ao escovar os dentes, ao tomar um banho logo ao acordar, ao vestir qualquer roupa que achar pela frente... Sua mente começa a vagar pela lembrança do rosto, do cabelo e do cheiro dessa pessoa. E então imaginamos até que roupa a pessoa deve tá vestindo, se seu cabelo tá como sempre ou de um jeito diferente, mas quase imperceptível. E então imaginamos o que essa pessoa nos dirá quando nos ver novamente. Eu esperava de tudo, desde um Me deixe em paz a um É com você que eu quero ficar, mesmo tendo me magoado tanto, mesmo sendo tão cabeça dura, mesmo sendo tão idiota, mesmo assim.. E, junto a esse constante estado de sonhos e ilusões, o estômago parece estar preso a uma corda elástica, descendo e subindo por horas até enfim se acomodar perto do coração. Se bobear, eu estava sorrindo até para os objetos do meu quarto.
Por fim peguei a chave do meu carro, eu estava bastante atrasado, já que, agora consigo fazer isso mesmo acordando cedo. Fui até meu carro, e entrei, o ligando. Pela primeira vez me importei em ligar o rádio, a primeira música era calma, mas com uma letra completamente melosa. Eu mudaria. Mudaria. Mas a mudança que sofri recentemente não fez com que eu mudasse a música. Nossa... Quantas controvérsias. Enfim, aquela música realmente tinha uma letra angustiante, pelo o que eu consegui traduzir, ela tratava sobre coração partido. Não frequentei muito a aula de inglês e deveria me xingar por isso. Mas entendi basicamente que a música dizia que um coração nunca poderia ser consertado. Fix a heart é consertar um coração? Ah, dane-se.
Cheguei ao colégio cantando a música feito uma mulherzinha sensibilizada. O Emmett me diria que eu estou desenvolvendo tendências boiolísticas, se me visse fazendo tal coisa. Sendo que aquela música parecia ter sido escrita tendo eu como o alvo. Talvez essa música descrevesse a Bella, eu nunca conseguiria consertar o coração dela, por mais que eu tentasse e me esforçasse. Sempre estaria quebrado, e nem os bandaids (pedidos de desculpas) poderiam consertar. Ainda bem que não tomei nenhuma decisão precipitada ontem.
Desliguei o rádio e saí do carro, batendo a porta em seguida. Observei o pátio, apenas algumas pessoas não estavam dentro do colégio. As típicas pessoas que gostavam de ir pro colégio só com o intuito de diversão. Devo admitir que isso vem sendo o meu intuito há anos. As professoras sempre foram generosas comigo, e os professores eu sempre enrolava com facilidade.
Passei pelas líderes de torcida, que eram consideradas o fiasco do colégio, mas mesmo assim eram altamente desejadas elas pareciam animadas, conversando com alguém. Observei totalmente intrigado a imagem de Rosalie que usava o mesmo vestido que elas, junto a elas. O que ela estava fazendo ali? Por que estava com aquela roupa? Ela decidiu ser líder de torcida, assim, do nada? Não poderia saber, porque, não demorou muito, e todas aquelas garotas estavam me olhando com tamanho desprezo que eu senti vontade de enfiar a minha cabeça num buraco.

–Me dê um F. - a garota riu.

–Me dê um A. - a outra completou.

–Me dê um D. - a outra ainda disse.

–Me dê um A. - terminou a última rindo.

E então elas começaram a ri, exceto a Rosalie, que não parecia estar a par dos assuntos mais comentados do colégio. Mas ela não disse nada, apenas me olhava em questionamento, só assisti a risada das garotas por mais 2 segundos, virando as costas logo depois.
Me dê um soco. Pensei.
Parece que esse assunto não ia ir pro esquecimento tão cedo, como eu cheguei a pensar. O meu bom humor parecia ir pro espaço a cada olhar de desprezo, a cada risinho nada discreto enquanto eu andava pelo corredor. Por razão das pessoas estarem sempre me encarando com o mesmo olhar, decidi andar encarando o chão pra não ter que vê-las. Isso me parecia uma boa ideia, até que acabei esbarrando em alguém. Levantei a cabeça rapidamente, e, aquela, era a última pessoa que eu queria ver. Tantas pessoas pra esbarrar e eu esbarro logo naquele lixo ambulante que um dia ousei chamar de melhor amigo.

–Olha só quem está por aqui... - Sam disse em tom de zuação, o ignorei Como as coisas mudam, não é mesmo?

Respirei fundo e continuei andando, o ignorando completamente. Mas eu sabia que isso o deixava profundamente irritado, mas se tinha algo que o deixava mais irritado que isso era respondê-lo, e se eu abrisse a boca pra dizer algo, com certeza sairiam uns 20 insultos. Ele não costumava dar escolhas às pessoas que insistia em humilhar, e, agora, eu era uma delas. Constatei este pensamento quando me virei e o vi me seguindo, junto com sua típica turminha, que um dia pertenceu à minha turma.

–Estou falando com você, fadinha. Será que além de viado e burro, você ainda é surdo? - ele me puxou pela camisa e me encarou, tirei rapidamente a mão dele de mim, mas isso só o deixou mais bravo ainda. Continuei andando, não estava muito longe da aula que teria agora. Química.

–Péssima ideia me ignorar, mocinha. - ele se adiantou e passou na minha frente, os seus amigos fizeram o mesmo, fechando o meu caminho. Dei meia volta, fazendo o percurso contrário. Infelizmente eles continuaram a me seguir, me vendo cercado, comecei a correr.

–Peguem ele, agora! - ouvi Sam ordenar.

As pessoas se divertiam com a cena, e eu corria o mais rápido que pude, o que eu não esperava era que uma garota que não me parecia estranha talvez se assemelhasse muito com a antiga Bella colocaria o pé pra eu cair, e assim o fez, e eu dei de cara no chão. Será que a antiga Bella viria me derrubar em busca de vingança, ou será que eu apenas estava vendo coisas? Levantei o olhar e comprovei a tese que ficara louco. A garota era ruiva e tinha cabelos curtos e vazios e ainda sarnas no rosto.
Tentei levantar, mas Sam me segurou.

–Falei que não era uma boa ideia me ignorar... Você me conhece, Edward. Não gosto disso. - ele falou numa voz pesada e zombadora. Ai, ai... Quem diria hein, meu amigo. disse com um sarcasmo incrivelmente elevado.

Me puxou pela camisa, me levantando. Me imobilizou, dando sinais pros caras pra me pegarem caso eu conseguisse me soltar. Eu conhecia todos os códigos. Sabia como tudo funcionava. Eu sabia que acabaria mal, que eu não teria como fugir. Eu sabia por que já fiz isso com pessoas. Sabia por que pra mim parecia divertido mexer com pessoas sem que elas tivessem chances de se defender. Eu sabia por que eu já fui um monstro pior, tipo eles. E então ele andou me humilhando pelo corredor, nenhuma das pessoas foi capaz de fazer algo, apenas assistiam como se assistissem a um programa divertido de TV. Eu tentava ignorar os insultos, mas não conseguia. Cada passo, cada palavra... Me acertavam feito um soco. Pela primeira vez na minha vida, eu desejei morrer. Sam parou de andar e deu sinal pro amigo dele fazer algo. Descobri logo o porquê do sinal. Um dos caras abriu um dos armários. O tipo de armário que não tem nada dentro. O tipo de armário especial pra trancar pessoas que não são fortes o suficiente pra se defender, sendo que na maioria das vezes nós agíamos em bando.

–Hora do descanso. - ele zombou Vou te deixar um tempinho pra pensar o quanto é um fracassado, que tal?

E então ele me arremessou com força no armário, minhas costas bateram com força e me causaram tamanha dor a ponto de eu gritar.

–Tá gostando, seu boiola? - ele empurrou a porta do armário, mesmo com minha perna do lado de fora. Fui obrigado a me encolher lá dentro pra que ele não esmagasse partes do meu corpo com toda aquela fúria que o percorria. Ele bateu umas três vezes na porta antes de trancar o armário. - Seu saco cheio de lixo!

Os risos ainda se espalhavam do lado de fora, todos riam de mim. Só em exceção àqueles que não se encontravam lá. Mesmo ainda com o corpo meio dolorido, procurei por encontrar uma posição melhor, que não piorasse a dor nas costas. Com o tempo, as risadas foram cessando, até que a única coisa que eu ouvia era o som do silêncio. Não um silêncio comum, aquele silêncio fazia um barulho incrivelmente alto nas minhas ideias, bagunçava a minha mente. A verdade era que eu ainda não conseguia digerir que eram os meus amigos me humilhando lá fora. Eu queria mesmo acreditar que não eram, só pra achar que minha vida era uma merda menos terrível.
Respirei fundo ao me recordar que eu havia feito a mesma coisa com a Bella. Que tipo de covarde mesquinho eu fui a ponto de fazer isso com uma garota? Garotas não mereciam isso, pessoas não mereciam isso, nem animais mereciam isso. Eu em exceção, tenho plena consciência que mereço tudo de ruim que vem acontecendo na minha vida.
Eu era um desperdício de espaço, um fracassado, um otário. E eu estava ferrado, tão ferrado quanto alguém que tem mais de 100 alunos zombando dele. Tão ferrado quanto alguém que tem um dos piores inimigos que alguém podia ter. Tão ferrado quanto alguém preso no armário.
Não sei por quanto tempo fiquei ali, com a cabeça apoiada, tendo dificuldade pra respirar. Eu só conseguia pensar na cena de quando o fiz com a Bella. Dos seus olhos assustados que imploravam pra que eu parasse. Do quanto ela não merecia isso, ao contrário de mim. Eu só conseguia pensar nela o tempo todo, apenas isso.
A tristeza me invadiu, me preenchendo. Queria evitar pensamentos suicidas. Queria evitar me xingar de coisas terríveis. Queria evitar flashbacks comigo a tratando desse jeito. Queria evitar pensar que tudo poderia ter sido diferente se eu não escolhesse ser uma pessoa tão ruim. Essas coisas só me torturavam mais.
Respirei fundo e fiquei observando pelas brechinhas da porta, uma mão parecia forçá-la a fim de abri-la. Eu conhecia aquela mão! Aquela mão que me segurou forte durante o caminho da emergência. Foram várias tentativas, mas enfim a porta foi destrancada. Como eu previ antes, era mesmo a Bella. E ela estranhamente estava sozinha.

–Edward... - sua voz era baixa e rouca, como se ela sugasse um pouco daquela tristeza que eu estava carregando.

Ela ofereceu a sua mão, e eu a segurei, e, com esforço, ela me puxou. Minhas costas doeram quando fiquei em pé, a sua frente. E então ela me encarou, me encarou com o pior olhar que alguém poderia lançar sobre mim. Ela me encarou com pena. Pena, a pior coisa que alguém poderia sentir pelo outro. E, naquele momento, aquilo me fez muito mal. Não queria aquele olhar de pena sobre mim, não queria que me visse como um coitadinho. Ela poderia me olhar de todas as formas possíveis, mas a única que me afetaria era vê-la entupida de pena de mim. Ela tentou me tocar, pra ver se achava algum machucado, mas eu retirei a sua mão. Eu realmente queria dispensar qualquer tipo de afeto da parte dela.

–Onde está o Jacob? - perguntei, minha voz soou bastante fria e ríspida.

–Está na aula de história... - ela respondeu e continuou - Eles te machucaram muito?

–Deveria voltar e ficar com o Jacob. Não deveria estar aqui. - continuei falando frio, eu não gostava de tratar ela assim. Mas talvez houvesse tirado conclusões rápidas depois de tantas sensações que me invadiram. Toda essa história não estava certa, não tinha nenhum sentido. Ela terminaria estragando a vida dela por minha causa, logo por minha causa... Era ruim pensar nisso, mas, agora, eu sabia que o melhor pra ela era ficar bem longe de mim, o mais longe que pudesse. Ela tinha que parar de se meter nas minhas histórias, tinha que parar de tentar me ajudar. E disso o Jacob entendia muito bem e cumpriria o papel.

–Não deveria estar aqui? Mas que merda você está falando, Edward? Eu deveria sim! Olha o que eles fizeram com você, ninguém merece uma humilhação dessas. Eu acho que você deveria ir à diretoria, já é a segunda vez que o Sam te machuca, se você não quiser ir, deveria deixar que eu fosse por você. Ou quem vai bater naquele desgraçado sou eu. - ela parecia falar sério.

Era injusto que ela se importasse com alguém que quase nunca se importou com ela. Era injusto a magoar mais do que já tinha magoado. Mas a magoaria mais ainda se não o fizesse. Mas o mais injusto era deixar que continuasse nutrindo sentimentos por um... Por um cara como eu.

–Eu não preciso que se preocupe, conte a diretora, tampouco que bata nele. Também não preciso de sua ajuda. - respirei fundo, tentando ser convincente diante da mentira que eu estava prestes a contar - Eu não preciso de você. A única coisa que eu preciso é que fique longe de mim.

–O que...? ela me encarou a fim que tivesse enganada com o que acabara de ouvir.

–Eu. Não. Preciso. De. Você.

Dessa vez eu exagerei, o meu tom foi tão frio que eu quase acreditei no que acabara de dizer. E pensar que era uma das maiores mentiras da minha vida. E assistir aqueles olhos tristes foi extremamente sufocante para mim. Mas seria melhor magoá-la mais uma vez, do que magoá-la mais 10. Longe de mim ela estaria muito melhor.

–E o que disse ontem? Eu... Eu não entendo. - seu olhar se tornou um conjunto de confusão e a sua voz se tornava mais inocente e suave e ao mesmo tempo sofrida. Ver ela daquele jeito quase fez com que eu voltasse atrás.

–Deveria saber que eu costumo mentir. - a aspereza nas minhas palavras era tão grande que eu senti raiva de mim e do que estava tentando fazer naquele mesmo instante.

–Eu achei que... - ela falou baixinho, quase num sussurro, não se preocupou em terminar a frase.

–Eu não mudei, Isabella. Deveria saber que se machucaria novamente, como todas as vezes. - indaguei.

–Por que fez isso comigo de novo? Eu te pergunto, o que eu fiz pra você, hein? - ela comprimiu os lábios - Já não acha que já tinha feito o suficiente? Eu... Sempre quis seu bem, mesmo que isso me fizesse mal. - ela parecia fazer esforço pra não chorar - Não sabe quantas vezes eu tive que segurar o choro na sua frente só pra que não me chamasse de fraca. Mas é esse rótulo que eu mereço, não é? Deixei que me enganasse e me magoasse novamente mesmo sabendo que já tinha me decepcionado inúmeras vezes. Isso nunca perde a graça pra você, não é mesmo? - ela falou num tom frio, completamente indiferente e totalmente forçado. Em seguida ela virou as costas e se afastou de mim. Me controlei pra não ser consumido pela vontade de correr atrás dela e desfazer toda essa merda que havia inventado.

Em nenhuma das histórias o cara idiota deixaria a garota ir magoada pros braços de outro cara. Em nenhuma das histórias abriria a mão dela assim tão fácil. Esqueça as histórias, Edward. O amor não é aquela coisa incrível que você já assistiu na TV quando era menor. O amor abria a porta, se hospedava, e saia deixando tudo bagunçado. O amor era os olhos tristes do meu pai, depois que minha mãe o abandonou. E talvez toda essa droga de amor se resuma a isso, abrir mão da sua felicidade desejando que a pessoa seja feliz sem você e se torturar pelo resto dos tempos por ter sido tão otário em abrir mão dela tão fácil.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Quero esclarecer as coisas, para que isso me evite transtornos. Que tipo de transtornos? Ah, já tive transtorno com esse tipo de coisa numa fic. Tive transtorno com expectativas, não foi nessa fic, não que eu me lembre. Sei que vocês criam muitas expectativas, imaginam uma coisa, e quando leem outra isso se torna um choque, certo? Só quero dizer que apesar de parecer, não me dou bem com criticas. Mas não é por isso que deixaria de continuar levando a fic pro rumo que eu quero naquele momento. Essa não é a melhor história escrita, até porque os primeiros cápitulos estão péssimos, e eu ainda não tive tempo de reformular e também não sou uma autora profissional, tô longe pra caramba disso. Mas ela é extremamente importante pra mim, então, por favor... Peço que pensem antes de fazer uma crítica, ou então arranjem uma forma de me dizer que não tá tão bom assim que não me desanime. Costumo mesmo fazer essa loucura de mudar o rumo, voltar pro mesmo, e depois mudar de novo. Queria me desculpar por isso. Queria me desculpar com as pessoas que estão esperando a Bella e o Edward ficarem juntos desde o início. Mas é assim que tem que ser. O Edward teve os motivos dele, pode parecer idiotice pra alguns, mas penso que é a coisa certa. Imagine se você humilhasse uma pessoa durante uma boa parte da sua vida, fizesse com que ela mudasse por você e depois se apaixonasse por ela, sendo que ela tem um namorado. Mesmo que ela confessasse que ainda ama você. Seria certo tê-la sem fazer nada? Assim, do nada? Seria certo deixar que nutrisse sentimentos, que se preocupasse, que estragasse o namoro? Pense um pouco. Tem certeza que deixar a emoção tomar conta seria a coisa certa? Sejamos realistas, se trata de uma fanfic, posso fazer que nem nos filmes e Puf! estão juntos e felizes para sempre. Mas não é isso que eu quero. Eu quero mais realismo. Do que adianta iludir vocês dizendo que pode achar um cara por aí e ele pode mudar por você? Não adianta em nada. As coisas não funcionam assim na realidade. Gosto muito do Edward, mesmo ele sendo um completo filho da mãe nessa fic, mas acho que o que ele tá passando ultimamente é a soma dos seus erros, escolhas e da sua total hipocrisia e egoísmo.
E como sempre eu faço... Tive que pôr algo de outro gênero pra cortar esse drama/romance que reinou no cápitulo, coloquei essa parte da Alice e do Orlindo, e... Me diz aí: O Orlindo homem É MUITO MELHOR, não é? Mano, é o Jensen Ackles que eu pus pra ser o Orlindo! Por que será que se assumiu gay se não é o que parece? Afinal, ele pegou a Alice de jeito, certo? Rá! Resolvi não esclarecer essa história nesse cápitulo... Por quê? Porque sim. Imaginem vocês, daí terão algo pra comentar aqui que pelo menos dê 50 caracteres, já que eu escrevi 5.000 numa só sentada na cadeira. E que reviews grandes me empolgam. Hm... Viram a nova capa? Combina mais com a fic e tá um pouco sombria, não? Enfim, e queria agradecer àqueles que não me abandonaram. Meu número de leitores caiu muito por causa do tempo que demorei pra postar, mas vocês sempre estiveram comigo, o que me fez não desistir até agora. Obrigada novamente! E repito: Comentem, são seus comentários, muitas vezes, que fazem com que o cápitulo saia mais rápido. Agradeço a quem leu tudo isso. Até a próxima, xoxo. OBS: O PRÓXIMO CÁPITULO ESTÁ QUASE PRONTO. QUANDO TODOS QUE AINDA ACOMPANHAM COMENTAREM, O POSTAREI.



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