Shut Up! escrita por Daniela Mota


Capítulo 26
2ª Fase - Cápitulo 11 - Noite incrível


Notas iniciais do capítulo

I'm back :D
Boa leitura!



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Edward PDV


Flash back on*


Acordei feliz, eu havia combinado com o Sam - Ele era um garoto novo da vizinhança, um cara super legal e acho que já eramos amigos - Eu brincaria hoje com ele o dia todo, minha mãe me prometera na frente da mãe dele. Desci as escadas correndo. Minha mãe estava ao telefone, de pernas cruzadas com uma roupa feia e rasgada. Ela sorria enquanto falava, resolvi ouvir a conversa.


–Não, claro que o otário não está em casa! - ela riu e continuou - Tá trabalhando enquanto acha que eu estou cuidando das crianças. Ele come na minha mão! - ela riu mais alto e deu uma pausa, parecia ouvir o que a outra pessoa do outro lado da linha dizia. - Mas que droga! Eu tenho que conseguir tudo por aqui? Fala sério, nem grana pra me levar pra sair você tem. E porque me chama se não tem onde cair morto? - sua voz parecia raivosa. - Olha, eu não sou de graça não droga, ou você paga ou hoje não vai ter porra nenhuma. - ela deu uma pausa e sorriu de um jeito estranho. - Você sempre fala desse esquema. Quero vê quando vai virar homem e fazer essa porra toda. É algo tão simples, porque não uma loja? Ou várias lojas? Porque tem que ser um banco? Vários devem estar planejando roubar o banco, otário. - ela deu uma longa pausa - Tudo bem, só dessa vez. Espero que esteja preparado. - riu alto e enrolou o cabelo nas mãos - Pode vim me buscar? Venha rápido antes que um dos bastardos acordem. Vou tentar conseguir uma grana por aqui. Hm. Tá. - ela colocou o telefone no guincho e se levantou. Andou até o armário e tirou todo o dinheiro reserva que meu pai deixara, em seguida ela pegou a sua carteira que também ficava lá e tirou todo o dinheiro. Fiquei calado observando o que ela fazia. Ela estava enganando meu pai, de novo e dessa vez eu contaria tudo pra ele, contaria a verdadeira mãe que ela é e que sempre foi. Ela não tinha o direito de enganar meu pai desse jeito.

Meus pensamentos foram bloqueados por uma respiração perto de mim, levantei a cabeça e encarei minha mãe, ela estava furiosa.


– Há quanto tempo está aqui? O que você ouviu? - ela perguntou e eu nada lhe respondi - Me responda seus desgraçado! Responda agora - ela berrou.


–Nada - falei.


–Você acha que eu sou alguma otária não é mesmo? - ela riu estranho e logo após o seu riso sumiu dando lugar a uma irritação.


Fiquei com medo do jeito que ela me olhava, ela parecia estar com muita raiva.


–Olha, vai aprender a responder direito minhas perguntas! - ela me agarrou pelo colarinho da camisa e me empurrou com tudo na parede. Senti meu corpo todo doer, mas me segurei e não derramei uma única lágrima.


–Você é um imprestável mesmo, recuso a idéia de você ter saído de dentro de mim - do que ela estava falando? - Mas... Acidentes acontecem não é mesmo? - me prensou mais na parede - Você não serve. Só nasceu pra me atrapalhar... Vamos, chore seu fraquinho, é só isso que sabe fazer. Porra, homem não chora. É isso que quer ser? Um gayzinho de merda é isso? - ela puxou o colarinho nas mãos na intenção que eu não respirasse. Eu não conseguia mais impedir que as minhas lágrimas caissem. Doia muito.


–Por favor... - sussurrei.


–Você é um lixo garoto, um lixo! - riu.


–Você vai me matar? - minha voz era rouca e baixa. Eu realmente acreditava que ela podia, ela nunca gostou de mim.


–Só se contar pro seu pai. E quer saber? Ele não sentiria sua falta. Ele não gosta de você. Viveriamos bem melhor sem você. Ainda não percebeu isso? - ela perguntou e me soltou, eu aproveitei pra respirar.


–Ele me ama - falei.


–Amor? Tenta viver disso garoto. Amor não é nada. É só mais uma palavrinha medíocre. E com ela seu pai come nas minhas mãos - ela riu.


–Eu vou contar tudo mesmo assim. - falei tentando engolir o choro.


–Ah vai é? - ela riu irônico.


–Você que não é um nada, você que não presta, sua monstra! - berrei, ela me olhou por dois segundos e me deu um tapa no lado direito do rosto. Senti ele arder, mas ainda não tinha acabado de falar o que eu queria - Você não é uma mãe. Porque está enganando ele? O que vai ganhar com isso?


–Liberdade - ela sorriu.


–EU. TE. ODEIO. - falei.


–Eu também - ela riu - E é por isso que vai cuidar dos seus irmãos enquanto vê seus amigos lá fora, brincando. É bom não é?


Flash back off*


A cada dia eu pareço estar mais louco. Tudo parece estar desabando ao meu redor, eu só sinto um único cheiro, só enxergo um único rosto, e só ouço uma única voz. Durante essa semana o passado tem me pertubado, me pertubado como um fantasma, me lembra tudo que eu jurava ter esquecido. Que eu levei tanto tempo pra esquecer. O meu passado parece não justificar o que eu me tornei hoje, mas foi por causa dele que eu sou o que sou. Se a droga da minha mãe não tivesse ido embora, hoje talvez eu tivesse um coração. Ou então podia usar pra algo que servisse. Como por exemplo, amar alguém, entrar numa aventura. E...

Que banal! No que isso ia mudar sua vida? Ela podia ir embora a qualquer momento e te deixar sozinho pelos cantos que nem seu pai! Você iria se torturar que nem ele, e se culpar por isso. Não! Você está agindo certo, se envolver com alguém não ia te trazer nada de bom. Você nunca amou. Você não conhece nada sobre isso, só sabe que isso só te faz sofrer. Você não tem culpa de nada, o seu passado te condena. Você não é capaz de amar, no lugar do seu coração existe uma pedra que o faz superior a qualquer um, que o faz melhor do que qualquer um que abre a boca pra falar um eu te amo banal. Eu não preciso de amor pra viver e quanto a Isabella eu não sei explicar, só devo sentir uma atração medíocre, e que não vai demorar muito, porque não consigo suportar que "estou a fim dela" e ver ela percebendo isso é pior, porque no passado eu disse-a que isso não aconteceria nem que fosse a última mulher do mundo. Ficar azarando e pegando todas agora me parecia um hobbie fútil e ridiculo. Todas as páginas que li do diário dela, tudo que eu fiz, tudo que eu não fiz agora me pertubavam e custavam a descer pela minha garganta. Eu não deveria ter lido aquela porcaria. Nada que eu fiz parecia divertido e zoador, agora parecia mais um ato ridiculo, doentio e cruel, algo que eu não deveria fazer nem com um animal.

Sinceramente não sei como ela suportou tudo isso sem me dar um soco na cara. Não era metade do que eu mereço e sempre mereci. Como ela pôde me suportar buzinando no ouvido dela e a botando pra baixo o tempo todo? Se aproveitando de suas fraquezas e esmagando seus devaneios? Como se ela fosse culpada pelo meu passado... Como se ela tivesse culpa do meu pai ter sido enganado por uma vadia que só queria saber de sexo e dinheiro.

Mas o que eu posso fazer? Tudo já foi dito e feito. E além do mais eu ajudei para que aquela ingenuidade sumisse, mas o que me receava era que ela se tornasse o que eu sou hoje, por minha causa.



Bella PDV



Hoje era o dia, o aniversário do Jake, meu melhor amigo e o melhor homem que podia existir, era a única pessoa que me entendia e que eu sorria automaticamente ao vê-lo. O pai tem lhe cobrado uma namorada, tem acontecido muitas brigas e ele já foi quase expulso de casa, não era um problema, já que aqui em casa estava a disposição, mas eu podia ver nos seus olhos que ele amava o pai dele. Mas é que existem muitas pessoas que não dão valor a esse sentimento. Enquanto ele contava o que aconteceu lágrimas rolavam sobre o seu rosto. E era isso que eu admirei, pra mim isso é que é ser um homem de verdade, e não qualquer carinha que finge ser um. Edward.

Eu não entendo porque Jake é tão homem e ainda não encontrou uma mulher de verdade. Eu sempre dou meu ombro amigo, sofro junto com ele e o apoio como ele sempre me apoiou. Dou-lhe um beijo na testa, e ele sempre sorri e afaga meus cabelos, em seguida mudamos de assunto. Contamos piadas e em seguida riamos como se nada estivesse acontecido antes. A cada dia ficamos mais próximos. Ele me lembra meu pai e talvez por isso eu o admire ainda mais. Uma amizade pura e verdadeira, em que um se importa com o outro e demonstra isso quando precisa. Enfim, eu precisava de um presente especial pra ele, um presente bom mesmo, não uma lembracinha. Ele merece, algo que ele não tenha e que pelo jeito vou ter que forçá-lo a aceitar.

Vesti uma calça e uma regata, coloquei um colete e guardei todos os meus cartões dentro da minha enorme bolsa de couro. Prendi o cabelo num rabo de cavalo rápido, coloquei um salto alto e passei um gloss. Eu não tinha muito tempo.Achei um papelzinho no canto da minha porta e o peguei. Era a caligrafia de Alice.

"Bella, não vou a festa, me desculpe. Saí com umas amigas, marcamos ir na lanchonete e logo após ao cinema com uns gatinhos, não sei se volto hoje. Me deseje sorte. Essa onda de azar está me matando" Alice era aquele tipo de garota que não desistia, ri automaticamente. Joguei o bilheite na cama e abri a porta. Edward estava na porta do seu quarto e Jessica estava a sua frente e parecia prestes a explodir. Fiquei parada tentando ouvir a conversa.


–Não pode fazer isso comigo tá legal? Você falou que me amava e agora vai simplesmente acabar comigo? - ela perguntou aos berros.


–Jessica, você não entende. Pra mim isso já deu! - um certo alívio tomou conta do meu ser. Talvez a mudança do Edward venha sendo significativa a ponto dele não querer mais iludir a garota, mas não quero acreditar muito nisso porque sempre que eu acredito eu me desaponto. Edward virou o rosto pra encarar o nada, só que por acaso eu estava lá. Seus olhos se congelaram por vários segundos em mim.


–Você não sabe do que eu sou capaz se você terminar comigo! - ela berrou.


–Eu... Não estou terminando com você - ele direcionou seus olhos a ela - Não faria isso, nunca.


–Mas você disse que... - ela tentou falar mas foi interrompida por um beijo surpresa que ele lhe deu. Mesmo achando aquela situação estranha eu me virei e continuei andando. Tinha um ponto legal nisso, dessa vez eu não tinha acreditado numa mudança e então não me decepcionei no final.


(...)


Tomei uma ducha e pus um vestido preto com várias alças que eu havia escolhido pra ocasião, coloquei um sapato não muito alto e alguns acessórios pequenos. Fiz uma maqueagem um pouco escura e pus um batom vermelho nos lábios. Mas eu não usava batom vermelho na intenção de parecer uma vadia ou coisa parecida, afinal não é um batom escuro que te faz e sim aquilo que você tem na cabeça chamado cérebro. Parti meu cabelo no meio e o deixei solto caindo em cascata nas minhas costas, borrifei um perfume, um dos meus preferidos. Sei que era exagero pra o aniversário do amigo, mas era exatamente o que eu queria hoje, queria pegar o rumo errado pelo menos uma vez, queria loucura, me sivertir como nunca fiz antes.


[Look da Bella]


Olhei no relógio e percebi que eu já deveria ter saído. Desci as escadas o mais rápido que pude mesmo sabendo que poderia cair com o salto que usava.



Edward PDV



Me acomodei no sofá, a Jessica enfim tinha ido embora e havia me deixado em paz. Eu queria paz e ao mesmo tempo não a queria, que droga! O silêncio me torturava ainda mais. Ouvi um barulho de saltos e automaticamente levantei, era Isabella, de novo. Já não basta invadir minha cabeça ainda tem que ficar aparecendo toda hora em todo lugar? Ela usava um vestido preto, batom vermelho, um sapato alto e sorria enquanto descia quase caindo as escadas. Aquilo era simplismente... Sexy. Ao me encarar o seu sorriso mudou pra um de antipatia e ela passou a andar mais devagar.


–Quem dera hein? De inocente pra vadia. Meio caminho andado pra prostituição - ri sem humor.


–Eu não entendo Edward, não mesmo. Maioria das vezes que abre essa boca só sai merda, não entendo porque ainda insiste em abri-la. - ela também riu sem humor e continuou - E se eu fosse tudo isso seria da sua conta? Olha Edward, você pode me julgar a vontade porque eu já deixei de ligar pra toda essa merda há muito tempo.


–Está brava? Ah calminha aí, eu sei pra onde você vai. Pro aniversário do seu amiguinho – fiz aspas com as mãos.


–Jacob não é meu amiguinho – ela fez aspas - Ele é meu melhor amigo. Inteligente, esperto, cheio de cárater algo que você nunca vai ter nem que nasça de novo.


–O que importa é que eu não vou pra essa palhaçada - fui firme, ela riu sem humor.


–Olha, eu não me recordo mesmo de ter te chamado, pode ter certeza que até os que não te conhecem dispensam sua presença lá, inclusive eu. - ela falou.


–Disso eu duvido e muito. - falei.


–O que eu preciso fazer para que acredite? Substituir essa ervilha por um cérebro? - ela riu.


–Talvez parar de me olhar desse jeito. Com desprezo, ou pelo menos se forçando a me olhar dessa maneira, eu sei o que você sente, o que você ainda quer, eu sei o que você ainda ama - me aproximei dela - Eu sei de tudo, sei a máscara que tá usando e o que tem por trás desse batom vermelho e desse olhar. E sabe o que tem? A antiga Isabella. - pela primeira vez ela se calou e olhou pra mim diretamente - Ela está escondida, bem escondida devo dizer. Você se adaptou tão rápido a essa Isabella que está esquecendo a outra. Olha pra você, já se imaginou assim alguma vez na vida? Claro que não, porque você não é assim... E você sabe disso, eu sei disso. - me aproximei mais dela.


–Se foder ninguém quer né? - ela riu irônica e eu fiquei perplexo com sua resposta, tanto que eu não tinha nada a dizer. Ela apenas se virou, foi até o armário, pegou uma caixinha e saiu. Tinha algo diferente do seu jeito de andar. Ela rebolava...?



Bella PDV



Desci do carro e olhei em volta, era um grande salão de festas, bastante decorado. Vários carros estavam do lado de fora, o que concluia que a festa estava repleta de convidados e concluia também o que eu acabava de ver. Jake. Ele estava sozinho perto da piscina com uma garota ao seu lado. Mas quem era ela? O que ela falava com ele? Seria a Embry? Droga, quem era ela? Parei de me fazer perguntas e andei até ele, ele continuou conversando com a garota e isso me incomodou. Resolvi então fazer uma brincadeira com ele, coloquei a mão nos seus olhos e os vendei. Não disse nada, queria que ele adivinhasse. A garota do lado me olhava estranho.


–Minha Bella? - ele perguntou e eu ri automaticamente. Observei a figura do seu lado se levantar furiosa.


–Como sabe que sou eu? E... Desde quando essa Bella é sua? - perguntei em tom de brincadeira.


–Sei pelo seu cheiro. E essa Bella é minha desde que a vi - ele falou.


–E porque ela é sua? - fui mais fundo na questão.


–Porque... Eu sou um cara muito possessivo - ele tirou as minhas mãos de seus olhos e me puxou pra sentar ao seu lado.


–Eu ainda não tinha acabado, droga. - fingi irritação e ele riu.


–Porque demorou tanto? - ele perguntou.


–Foi o Edward que resolveu me julgar de novo - olhei pro nada.


–O que disse a ele? - ele perguntou, seu olhar havia mudado.


–Não vai querer saber - voltei a olhar pro nada e continuei - Eu mandei ele... Se foder


–Nossa! - ele parecia bem surpreso - Eu não sei mesmo o que dizer - riu.


–Estava com pressa demais pra dar lição de moral - falei e continuei - Esquecemos esse episódio. Você ainda nem deixou eu te dar parabéns, Jake. É, sei que não sou boa nisso, mas pode me deixar tentar por favor? - ele riu - Você se igualou a mim, mas não se sinta por isso, continuo sendo a mais velha. - fingi irritação - Parabéns Jake - disse beijando sua bochecha, ele só sorria. - Está tão sorridente hoje e eu ainda nem lhe dei meu presente. Sorriu até com a garota. Sobre o que falavam?


–Sobre você... - ele sorriu e pigarreei.


–Tenho que te dar o presente - falei mais ele me interrompeu.


–Não antes de eu te elogiar, você ainda não me deixou fazer isso. Posso? - ri e assenti - Que brilho é esse que está nos seus olhos? O seu olhar está tão... Fatal. Você está espetacular. Isso não é bom - o questionei com o olhar - Vários caras irão olhar pra você. Não que eu vá deixar algum deles tocar em você...


–Super protetor? - perguntei.


–Não, super possessivo - ele riu.


–Onde estão as pessoas? - perguntei olhando o meu redor.


–Lá dentro, eu fugi. - ele falou.


–Típico. Socializamos pouco demais Jake, talvez isso traga problemas - falei em tom de brincadeira.


–Mas é que... Só uma convidada me importava - ele falou.


–Dá pra parar de fazer eu me senti tão especial? - perguntei e ele negou com a cabeça. - Então agora é minha vez, toma - lhe entreguei a caixinha.


–Disse que não precisava de nada - ele falou.


–Exatamente, costumo levar as coisas ao pé da letra. Você disse que não precisava de nada e não que não precisava de alguma coisa. É, você entendeu. - falei. Ele riu da confusão e desembrulhou o presente. Admirou a montagem que eu fiz e colei na caixinha. Era uma tartaruga com cabeça de Jake.


–Droga Bella, não para de me zoar nem no meu aniversário? - ele riu e eu o acompanhei. Em seguida ele abriu a caixa e olhou a chave do seu novo carro, não parecia muito surpreso.


–É alguma pegadinha? - perguntou.


–Hm... Não. Acho que é seu novo carro - falei.


–Você não pode dar um presente desse valor a um cara que conheceu a algumas semanas. - ele falou.


–O dinheiro era meu, eu que decidir, eu que quis. E o carro é seu, não importa quanto tempo a gente se conhece. É como se nos conhecessemos há vários anos não é? - perguntei.


–É, mas... Eu não vou aceitar - ele me entregou a chave.


–Não dá pra pegar essa droga da minha mão e falar pelo menos um "Obrigado"? - perguntei e ele negou com a cabeça - Tá vendo Jake? Você tá vendo? Se eu comprei o presente desses é porque você é muito importante pra mim e se você não aceitar é como se eu não fosse importante pra você. Esse presente vai muito além da grana gastada, é como se você recusasse um pedaço de mim - encarei a piscina.


–Não fala assim, por favor. - ele segurou no meu queixo - Nunca recusaria um pedaço de você. Mas Bella as coisas não funcionam assim. O que vão pensar quando eu disser que você me deu um carro de presente?


–Olha, eu deixei de me importar com isso depois que quase me matei. E quem foi o único que estava lá? Você. Eu quis descontar a raiva em todo mundo e onde estava? Lá. Eu precisei de conselhos e onde você se localizava? Do meu lado. Eu quase me rendi e fraquejei e você estava lá, me apoiando. Eu quis chorar e você estava lá me consolando. Então dane-se o que os outros pensam. Só você me conhece, conhece meus sonhos, frustrações, fraquezas, medos, burradas. Eu só deixo me julgar quem conhece a minha história e nem assim você me julga. É você que tá aqui pra me elogiar todos os dias - dei um soco de leve no seu ombro - E é por você que eu coloco esse sorriso verdadeiro sem nenhum fingimento, é por você que meus olhos brilham. E eu preciso muito de você comigo. Entende agora sua importancia pra mim? Entende o quanto eu dependo de você? Entende porque preciso que você aceite? Você entende a importancia de tudo isso? - seus olhos estavam fixos em mim, ele não disse nada durante um longo minuto, logo após virou o rosto.


–Droga, essa é a coisa mais bonita que eu ouvi na vida e se eu recusar presente me arrependerei por te deixar triste. Que droga Bella! - ele olhou pra mim de novo e cruzou os braços. Em seguida pegou na minha mão e segurou a caixa. - Depois dessa se eu não aceitasse né? Que poder de persuasão você tem! Eu aceito o presente. - sorri e tremi um pouco depois que eu me abracei, estava frio.


–Bella, porque não trouxe um casaco? - ele perguntou e tirou o casaco que vestia e me entregou - Toma!


–Obrigada - vesti o casaco.


–Não faz mal, é bom, seu vestido chama muito atenção. Quero fazer isso desde que entrou, só tava esperando uma oportunidade. - ele falou.


–Ei, você sabe que eu não sou dessas. Afinal, são só olhares não entendo o que tem de ruim nisso - falei.


–Você não sabe quem são meus convidados, meu pai convidou pessoas que gosto, mas também pessoas que eu não gosto. Meus primos só vieram pra festa no intuito de pegar geral. Não são só olhares, quando virar as costas ele vai te chamar de gostosa e outros nomes fúteis. - ele falou, parecia sério.


–O Edward faz isso... - falei.


–E que se dane o Edward, você deve querer alguém que olhe pros seus olhos e não pro seu decote. Seu sorriso e não sua bunda. Um que te chame de linda e não de gostosa. Porque o que vale é seu coração e não seu corpo. - ele falou.


–Tipo... Você? - perguntei e ele desviou seu olhar e passou a encarar as estrelas. Não disse nada, apenas passei a olhar pro brilho das estrelas. Elas brilhavam sem se importar com o que os outros pensavam, brilham tanto que são visiveis mesmo de tão longe. São insubstituives e se cobridas com nuvens, elas sempre voltam. Me encostei em Jake e continuei as observando. - Sabe o que eu acho?


–O que? - ele perguntou.


–Que eu vou acabar dormindo e vou acabar perdendo toda festa. - falei.


–É, também acho isso - ele falou - Mas o que você quer fazer?


–Quero me divertir o máximo. - falei e ele riu - Que?


–Está falando com a pessoa certa, vamos. - ele levantou e me puxou junto pro salão. Ao entrar me surpreendi com a quantidade de jovens. Uma grande mesa de doces, um globo no meio do salão, DJ, luzes, bebidas. Era simplismente espetacular. Me passou uma alegria ainda maior do que a eu já sentia.


–Jake... Quem é ela? - me virei e olhei o pai.


–É a Bella - Jake parecia sem vontade de conversar.


–É um prazer! - me fitou muito o que de certa forma me incomodou. O cumprimentei e olhei Jake se afastar


– E aí é só amizade? - ele bebeu um gole da bebida que tinha nas mãos.


–É, concerteza - falei.


–O Jake é bonitão, musculoso, tenho certeza que já devem ter saído do campo de amizade - ele falou.


–Olha, eu não sei o que o senhor quer, mas eu não ligo pra músculos. Nada disso me conquista - falei e ele riu.


–Fala sério - bebeu mais um gole de sua bebida.


–Senhor, é isso que consegue enxergar do seu filho? Ele está bem além disso. É engraçado, companheiro, inteligente. Aquela pessoa cheia de conteúdos sabe? - falei.


–Não estou entendendo - ele falou.


–Que em vez de criticá-lo por não ter uma namorada deveria se orgulhar do filho que tem. Sabe quantos pais gostariam de ter um filho assim? Que ama, se preocupa. E não aquele que sai e volta no outro dia com uma desculpa idiota e alguma doença transmitida sexualmente, ou viciado em drogas. Só quero dizer que ele não merece tudo isso que está fazendo ele passar. - falei.


–E o que quer que eu faça? - ele pareceu nem um pouco interessado, mas pelo menos eu tinha que tentar.


–Olha, o Jake é mais homem que todos dessa festa. Me desculpe a falta de respeito. Mas ele é homem e não o playboy que o senhor quer. Ele vai encontrar a pessoa que vai dar valor a tudo isso - falei.


–Ele nem tá procurando. É como eu sempre digo, primeiro se testa o que é ruim e depois o que é bom. - ele bebeu um gole da sua bebida.


–Eu já testei o que era ruim, e isso doi em mim e ficará marcado pra sempre. O senhor não? - essa foi fatal, dessa vez eu o fiz abaixar a cabeça e pensar ao invés de levar o copo até a boca e falar algo irônico. Era isso que eu queria, o deixar refletindo.

Avistei Jacob se aproximar e colocar o braço no meu ombro.


–Ela é incrivel não é? - Jake perguntou e o seu pai parecia estar lembrando de algo, porque nada lhe resondeu durante dez segundos.


–É... - ele repondeu e Jake me tirou de lá.


–Desculpe a demora, eu tive que socializar com meus convidados. - ele falou e eu ri - Sobre o que falavam?


–Sobre lobos - respondi.


–Hã? - ele riu e continuou - Sério?


–Não, falamos sobre você. Antes que me pergunte foi tipo assim "Velho, larga do pé do meu Jake" - ele riu exatamente quando ouviu a parte meu. Eu até que gostava disso, gostava da idéia de algo ser meu e de mais ninguém e gostava mais ainda da idéia dessa pessoa não querer ser de mais ninguém. - Tá, não foi assim, mas seria divertido. Eu deixei ele pensando numa questão, tipo um choque pra ele cair na real.


–Bella... Você está vendo aquele bombom de morango em cima da mesa? - ele perguntou e eu assenti - Pense junto comigo. Você quer aquele bombom, muito mesmo.


–Sim, eu quero - falei.


–Aquele é o melhor bombom da festa, é o melhor bombom e único do mundo. - ele falou e eu o questionei com o olhar - Então você quer, você precisa. O que você faz?


–Eu pego...? - meio que perguntei e continuei encarando o bombom a mesa.


–Você ficaria incerta como está agora? - ele perguntou e eu neguei com a cabeça. - E se ele não te pertencesse? E se achasse que ele era seu mais ele não quisesse...?


–Hipoteticamente? - perguntei e ele assentiu - A importancia de pegar o tal bombom cresceria só pelo simples fato.


–E porquê? - ele perguntou.


–Porque o sabor está na conquista - respondi.


–Tem razão... Mas o que faria? - ele perguntou.


–Jake, é só um bombom, existem vários, isso não é nem hipoteticamente possivel - falei.


–Mas e se todos fossem pegos? E se só tivesse ele e um bombom estragado na mesa? - ele perguntou.


–Eu descartaria o estragado - falei.


–E se o bombom escolhesse ficar junto do estragado e te mandasse ir embora? - ele perguntou.


–Tenho certeza que o bombom não escolheria ficar com o estragado, ou poderia estragar também - falei.


–Você faria algo? - ele perguntou.


–Eu o pegaria rápido antes que estragasse. Jake, eu não estou entendendo - falei.


–Você tem certeza de tudo isso? - ele perguntou.


–Se eu quisesse muito não deixaria o bombom se misturar com o ruim e se estragar - falei.


Ele foi até a mesa, pegou o bombom que estávamos encarando e me deu metade dele, a outra metade ele comeu.


–Foi um teste de Q.I com prêmio pra perdedora e pro apresentador? - perguntei.


–Se fosse não ganharia o prêmio - ele riu e continuou - E sh, sou o aniversariante, então não pode me contestar.


–Espertinho - ri e encarei as pessoas na pista de dança, uma grande vontade de dançar me atingiu, tirei o casaco que vestia, entreguei a Jake e fui até o salão. Pagando mico ou não, acho que seria divertido.


[Diva - Beyoncé]


Meu corpo travou, não consegui mover nenhum músculo, parecia que todos estavam olhando pra mim. O medo de errar algo e ser zoada fez eu me arrepiar. Jake me olhava de longe, sua expressão era indecifrável. Segui único conselho que podia ter seguido naquele momento e o pior. O do meu cabeleleiro, ele tocou em assunto de danças e eu falei ser uma negação. Então ele me disse.

"Nós temos esse poder de sedução dentro de nós. Não importa o quanto erre na dança a sua sedução vai ocultar todos eles. Quando eu vou na boate com o Creyson a gente arrasa."

Balancei a minha cabeça em negação. Eu tinha que superar meus temores, apenas isso. Talvez eu não precisasse dançar pra isso.

Respirei fundo e comecei a fazer poucos movimentos, movimentos leves, calmos. Se começa a dançar assim, eu acho. E depois que tudo se agita. Dei dois passos pesados, porém sensuais pro lado enquanto eu balançava o cabelo prum lado e pro outro. Essa sensação era perfeita. Está pouco ligando pro o que os outros estão achando da sua dança. Desci até o chão devagar e agitando todo o corpo e balaçando meu cabelo, em seguida girei e continuei dançando. Passei a mão nas pernas enquanto exagerava na sensualidade. não ligar pra voz que dizia que eu estava ridicula dançando e continuei. O globo girava o que me deixou mais agitada ainda. Requebrei mais no ritmo da música.

Agitei meu cabelo pra cima e o arrumava enquanto requebrava. Olhei pro lado e me surpreendi com minha visão, várias garotas ao meu lado estavam dançando também, imitando meus movimentos, e os garotos estavam vidrados na tal visão, continuei olhando em volta a procura de Jake, tentei continuar dançando enquanto revistava a área. Lá estava ele. Perto do DJ. Mas eles pareciam discutir...?

Agitei o cabelo e continuei dançando, os olhares dos garotos em mim eram exagerado, Jake disse me proteger, mas ele não estava fazendo nada. Observei o DJ assenti e a música parou.


Droga Jake!


Todos pararam e olharam pro DJ que apontou pra Jake, ele saiu de lá e veio correndo ao meu encontro.


–Porque fez isso Jake? - perguntei.


[Sia - My love]


–Eu não sabia como te parar, ou eu batia nos meus primos ou trocava a música, eles olhavam pra você e sussurravam barbaridades. Você vai me enlouquecer Bella, aquela não era você - ele falou e eu ri.


–Qual o problema? Só estou me livrando dos meus medos e o que você faz? Estraga meu barato! Que droga, estou brava com você - dessa vez eu não fingi irritação, eu estava mesmo irritada.


–Eu... Pedi pra ele substituir aquela música pela a que dançamos no jantar da sua casa. Eu achei que gostaria, mas vi que estava mais legal ficar mostrando as coxas pros meus primos não tava? - ele também parecia irritado.


–Você acredita mesmo que eu seja assim? - meu olhar era de decepção, mesmo eu não pudendo vê-lo.


–Eu só acho que... Se eu não te salvar disso tudo, talvez fique assim. São sinais Bella - ele falou.


–Acha que eu me misturaria? - perguntei e ele negou com a cabeça.


–Por favor, me desculpe por te atrapalhar, se quiser pode continuar dançando, não me importo. Na verdade eu me importo sim, só que não vou demonstrar isso - ele falou, diante de várias palavras eu só encontrei 3.


–Idiota, meu idiota - bati em seu ombro e ele sorriu.


–Está muito ocupada procurando palavras pra me xingar ou podemos dançar? - ele perguntou e eu assenti, acho que ele entendeu como um sim, porque pegou na minha cintura. De certa forma aquilo era um sim.

Me encostei nele e fechei os olhos.


–Quando brigaremos assim de novo? - perguntei e ele riu baixinho. - Sabe o que é legal Jake? Primeiro enxergamos nossos defeitos e soubemos dar o valor certo pras qualidades. Com o Edward foi diferente. Só enxergava suas qualidades, e ele os meus defeitos. Mas agora sinto como se ele não tivesse mais nenhuma qualidade, só vejo seus defeitos. Acho que não há mais vestigios dele - Jake suspirou.


–Não confunda as coisas, eu te conheço, sei que não é verdade, falar é fácil Bella. E se o Edward falar que ama você? Você não sentiria nada com essas palavras? Me escute bem, você mudou o seu cabelo, suas unhas e seu modo de se vestir, mas você não mudou seu coração. - ele falou e eu suspirei em derrota. Ele sempre tinha razão.


Não disse mais nada, sei que aquilo o incomodava, falar do Edward enquanto dançava com ele. Me agarrei mais a ele e tentei aproveitar o máximo daquela noite.


–Promete que nunca vai embora? - sussurrei ainda com os olhos fechados, era uma sensação tão boa, tão minha.


–Nunca, ah não ser que me peça isso. Porque não é só você que precisa de mim, eu preciso de você. - ele segurou na minha mão e me girou, ri automaticamente.


(...)


Dentre os aperitivos, bolo, danças, bombons, ponches, refrigerantes, bebidas, piadas, conversas o tempo passou rápido e quando deu duas horas da manhã Jake resolveu me levar pra casa, no novo carro dele.

Me acomodei melhor no banco do motorista. estava com muito sono mesmo.


–Não dorme, não vou deixar, não agora - Jake fez eu tentar permanecer com os olhos abertos.


–Essa foi a melhor noite da minha vida - falei baixinho.


–Da minha também - ele falou.


(...)


Desci do carro e o sono me fazia cambalear. Jake me fitava e parecia ter algo a dizer.


–Bella, eu tenho algo pra te dizer. E não quero que seja tarde demais, eu só tenho medo da resposta. - ele falou e eu o fitei.


–Pode falar Jake - sorri pra ele enquanto tentava deicar meus olhos abertos.


–Lembra de quando estávamos vendo o pôr do sol e eu não acabei aquela frase? - ele perguntou e eu assenti - Bem, eu... Te amo.


–Eu também te amo Jake - sorri.


–Não como amigo, entenda. Eu te amo Bella, de verdade. Como nunca amei alguém na vida! Eu amo tudo em você, eu não queria que chegasse a isso. Eu queria que você soubesse. - ele falou.


–Mas... Não pode Jake, nós somos amigos e... Nada além - não tive mais que forçar meus olhos a se abrirem, o sono parecia ter ido embora.


–Eu só queria que soubesse. Me desculpe - ele se virou.


De relance olhei Edward do outro lado da esquina me olhando, ele olhava fixamente pra aquela situação, em seguida passou a ri de tudo. Jake estava indo embora sem nem se preocupar com o carro. Eu havia magoado ele. Parece que era só isso que eu sabia fazer. Tentei recusar a idéia que ele podia ir embora pra sempre, meu corpo todo tremeu. Tudo que eu disse pro Jake hoje era verdade, tudo. Era ele que me fazia feliz. Então porque não podiamos dar certo?

É química, é ciência, é cérebro. É o Jake.

Sem mais questionar corri o máximo que pude em sua direção. Eu não queria saber de nada, que ele era meu amigo, ou qualquer coisa... Eu só queria ele perto de mim, só queria ser feliz.


Continua...



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Notas finais do capítulo

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