Phantom Thieves: Haunted escrita por Aislyn


Capítulo 1
Capítulo único




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Futaba e Ann se aproximavam sorrateiras do portão dos fundos do colégio quando uma sombra se moveu mais a frente, saindo de trás de uma árvore, deixando-as em alerta.

 

— Vocês demoraram. – o suspiro de alívio ao reconhecer a voz de Ren foi audível. As meninas foram ao encontro do amigo, agora mais tranquilas do trajeto.

 

— Achei que estivesse ocupado hoje a noite. – comentou Ann, lançando um sorriso confidente para Futaba. Elas sabiam que o amigo gostava de uma aventura.

 

— Consegui terminar a tempo. – Ren ajeitou os óculos, ocultando o olhar afiado com aquele gesto. Não ia perder uma invasão ao colégio, ainda mais se podiam confirmar uma suspeita de fantasma.

 

— Vamos entrar? Nós duas vistoriamos pelo lado de fora e não vimos movimento nenhum. O vigia deve estar fazendo a ronda nos corredores. Só precisamos esperá-lo sair e entramos.

 

— E o Ryuji, será que não vem mesmo? – Ann olhou para os dois lados da rua antes de seguir os outros dois, dando de ombros.

 

Ryuji era covarde demais quando se tratava de histórias de terror e havia jurado que nada do que dissessem iria convencê-lo a participar daquela ‘missão’.

 

O trio pulou o muro sem grandes dificuldades, usando as sombras das árvores para se esconderem enquanto tentavam chegar até as janelas aos fundos do prédio. Precisavam testar todas, mas eram quase certeza que alguma estaria destrancada. Era costume apenas deslizar o vidro durante a aula para que o vento não atrapalhasse ou levasse as folhas embora. Confiavam no fato que alguém veria a janela fechada e iria supor que também estava trancada, indo embora sem conferir.

 

Somente na quinta tentativa é que encontraram um caminho para dentro, quando Ren já estava pronto para pegar o grampo de cabelo de Ann para tentar arrombar alguma delas. Ren foi o primeiro a entrar, correndo até a porta da sala de aula para conferir se o corredor estava vazio, só então acenando para que as meninas o seguissem. Ann pulou sem grandes dificuldades, mas Futaba teve que abafar um grito ao sentir mãos segurando-a pela cintura e impedindo-a de ir para o outro lado da janela.

 

— Hei, não me deixem para trás!

 

— Ryuji?! – Futaba reconheceu a voz antes mesmo de se virar para ver quem a abordou, suspirando então aliviada – Eu pensei que não viesse!

 

— Bom, eu não ia vir… vocês sabem que não gosto dessas coisas! – aproveitando a situação que se encontravam, o rapaz ajudou a hacker em seu salto antes de imitar o gesto, sendo recebido com um aceno de cabeça por Ren e um sorriso de canto de Ann, a única que sabia o verdadeiro motivo para ele estar ali – Como está a busca? Já viram ou ouviram alguma coisa?

 

— Nada ainda, mas o corredor está livre. – Ren explicou ao grupo – Podemos ir até o andar dos clubes.

 

Caminharam juntos e em silêncio até a porta, Ren sendo o líder, sempre caminhando à frente, levando-os para fora da sala, verificando os cantos dos corredores para ter certeza que o vigia não estava passando por ali antes de acenar para que o trio viesse em segurança.

 

Colocando o dedo indicador sobre os lábios, Ren se abaixou ao chegar ao topo da escada, os passos de um estranho se tornando cada vez mais altos.

 

Não venha pras escadas, não venha pras escadas’, Futaba começou a repetir mentalmente e depois num murmúrio, fechando os olhos com força, como se estar no escuro fizesse o vigia também ficar, ao ponto de não vê-los. Ren segurou sua mão para tranquilizá-la, tendo a certeza que não seriam pegos. Nos degraus mais abaixo, Ann tirou um papel do bolso da calça jeans, estendendo na direção de Ryuji que quase os entregou com um grito de comemoração. Ele tinha o telefone da Haru! Todo aquele suspense para caçar fantasmas estava valendo a pena.

 

— Shhh – Ren pediu silêncio novamente, os passos a poucos metros de onde estavam e se aproximando mais. Grudaram as costas contra a parede, praticamente prendendo a respiração e então o facho de luz vindo da lanterna iluminou o corredor à frente.

 

Cinco… quatro… ele estava perto… três… dois…

 

O alívio foi geral quando o vigia passou reto, virando ao chegar no fim do corredor. Ren tomou a frente, acenando para ser seguido e pedindo para que se apressassem. Agora faltava pouco para chegar ao corredor dos clubes.

 

— O que exatamente vamos encontrar lá? – Ryuji se manifestou, sentindo o medo voltar a tomar conta. Sua animação por conseguir o número ainda estava presente, mas em menor intensidade.

 

— Dizem os rumores que um fantasma anda vagando pelos corredores do clube, gemendo e resmungando, às vezes batendo gavetas e portas dos armários, às vezes arrastando coisas pelo chão, sempre murmurando ‘onde está, onde está’. – contou Futaba em tom sombrio, arrancando arrepios do rapaz. Não era aquilo que queria ouvir!

 

— Nós vamos verificar se o fantasma é real ou não. Conseguir provas e então… exorcizá-lo, talvez? – sugeriu Ren, a princípio seguro do que precisavam fazer, mas depois não teve tanta certeza. Lidar com um fantasma não era algo muito comum. O que podiam fazer? Chamar um padre? Atender o último pedido do fantasma, para que ele fosse embora do local?

 

— Mas… e se for um daqueles fantasmas que quer sangue?

 

— Aí seria um vampiro, seu bobinho! – Ann sorriu com ares de sabe-tudo, irritando o amigo.

 

— Não! Eu quis dizer aqueles fantasmas sanguinários, que só ficam satisfeitos quando fazem todo mundo sofrer algum acidente e morrer também! – Ryuji contou desesperado – Não quero ser uma das vítimas!

 

— Chegamos! – Ren anunciou, cortando a pequena discussão.

 

Os quatro assumiram um ar sério e profissional, olhando para o corredor à frente, encarando como se fosse um inimigo invisível. Fosse lá o que fosse, estavam perto de descobrir a verdade.

 

Caminharam devagar e com cuidado, tentando ouvir qualquer coisa que não fosse os próprios passos, até chegarem em uma intersecção do corredor. Olharam para ambos os lados, mas não havia diferença, eram dois caminhos escuros e vazios. As nuvens encobrindo a lua não ajudava naquela situação.

 

— Vamos nos dividir. – a sugestão veio de Ann após pensar um instante – Futaba vem comigo. Nada como duas meninas indefesas e sozinhas para servir de isca. Vai ser fácil pegar esse fantasma!

 

Ren concordou com o plano, pegando o outro caminho com Ryuji, que resmungou por um bom tempo sobre ter sido ruim apresentar aquelas duas, por conta das maluquices que inventavam.

 

— Indefesas? Tenho pena do fantasma se topar com elas… – Ann e Futaba podiam ser muita coisa, mas donzelas em perigo não estava na ficha. Ren nem era louco de discordar. Ele sabia que as amigas representavam um perigo muito maior.

 

A cada pequeno ruído vindo do exterior, Ryuji grudava no braço de Ren, perguntando ‘o que é isso?’ várias vezes, só acalmando quando o amigo apontava para a fonte do som.

 

— Meu braço vai ficar sem circulação. – Ren parou no meio do corredor, olhando sugestivo para Ryuji, que não fez nenhuma menção de soltá-lo, pelo contrário, encarou-o com olhinhos pidões para não ser tirado de perto – Pode segurar minha mão.

 

Ryuji não pensou duas vezes antes de aceitar a oferta. E daí que iriam parecer um casal? Não tinha ninguém vendo e ele continuaria seguro daquela forma. Confiava em Ren para ajudá-lo diante de qualquer problema.

 

Percorreram todo o corredor até o final, sem encontrar nenhum sinal de fantasma, fosse algum objeto se movendo sozinho ou algum som suspeito, além do que vinha das árvores de fora do prédio. No percurso de volta foram abrindo as portas dos clubes que não estavam trancadas, ligando as luzes e olhando por todo o cômodo para depois saírem, Ren chateado por não ver nada e Ryuji aliviado, justamente por não ver nada.

 

Reencontraram com as meninas minutos depois, no ponto onde se dividiram.

 

— Nada por aqui. – anunciou Ren, sem deixar que o desânimo se mostrasse em sua voz.

 

— Também não achamos nada. – contou Futaba, igualmente chateada. Queria tanto ver se era verdade…

 

— Hei, não vamos desistir ainda! – Ann tentou animá-los, puxando Ryuji para seu lado – Vamos trocar e procurar de novo!

 

Com acenos de concordância, as novas duplas se separaram para procurar, Futaba e Ren não muito animados e Ryuji ainda mais assustado. Não podia mostrar na frente de Ann que estava com medo. Por sorte, a amiga se pendurou em seu braço, trazendo-lhe algum conforto.

 

— Vai convidar a Haru pra sair no próximo fim de semana? – Ann questionou baixinho, um sorriso bonito e insinuante surgindo nos lábios – Podem ir pro cinema ou tomar um sorvete.

 

— N-no p-róximo? – Ryuji gaguejou incrédulo – Está muito em cima da hora! Eu preciso me preparar!

 

— É? Ela não vai te esperar a vida toda, sabe. Mostre que está interessado e vá atrás! Ela vai gostar de um pouco de atitude!

 

— E-eu não sou bom falando com garotas…

 

Ann parou no lugar, encarando-o enfurecida, as mãos pousadas na cintura e o tronco inclinado em sua direção.

 

— E eu sou o que? Francamente…

 

— Você é… é uma boa amiga! Está me ajudando! É… é diferente!

 

— Hmm e por ser sua amiga, você nunca me convidaria pra sair, é isso? Quer dizer que não vou ganhar nem um presente em troca de ter conseguido o telefone…

 

Ann claramente estava fazendo charme, tentando persuadi-lo e Ryuji sabia de suas intenções, mas não conseguiu evitar de corar com a insinuação. Precisava agradecer a amiga direito, mas convidar uma garota para sair já era difícil em sua mente, convidar duas seria impossível!

 

— Ok, ok, você venceu! Eu vou convid- Ah, o que foi isso? – Ryuji pulou no lugar ao ouvir algo caindo, abraçando Ann pelos ombros, ignorando o olhar que ela lhe lançou.

 

A moça ia comentar o quanto Ryuji era um covarde, quando ouviu outro barulho, colocando o indicador nos lábios, pedindo por silêncio. Haviam encontrado!

 

— Vai chamar o Ren! Agora! – Ann orientou, se aproximando de uma das portas para conferir se o barulho vinha dali, mas olhou feio para Ryuji que veio logo atrás – Ryu, agora! Eles precisam ver também!

 

— Eu não vou voltar sozinho!

 

— Ok, então você fica e eu vou.

 

— Eu não vou ficar sozinho!

 

— Argh… eu não acredito! Está com seu celular? – a moça estendeu a mão, esperando que ele entregasse o aparelho, procurando o nome de Ren na lista, ouvindo o primeiro toque soar através do aparelho e também atrás de si, olhando na direção do corredor por onde vieram.

 

— Achamos que vocês dois seriam iscas melhores. – Futaba confessou como um pedido de desculpas, dando de ombros, vindo logo atrás de Ren que guardava o celular no bolso.

 

— Qual a situação? – o líder questionou ao tomar sua posição na fila, ficando logo atrás dos outros dois, olhando para a porta em questão – Algum movimento suspeito?

 

— Não, sem movimentos, mas ouvimos alguma coisa. – contou Ann, ignorando o fato que foi apontada como uma boa vítima para um fantasma.

 

Futaba não perdeu tempo em tomar a frente do grupo, grudando o ouvido na porta e aguardando. Quieto demais… e então algo caiu.

 

— Achamos! – confirmou num sussurro – E agora?

 

— Ryuji, Ann, vocês tentam segurar ele. Impeçam-no que sair a qualquer custo! Futaba, abra a porta ao meu sinal. – instruiu Ren, pegando algo no bolso da jaqueta que usava.

 

— Por que eu? – Ryuji questionou num fio de voz, negando veemente – Você vai fazer o que?

 

— Exorcizar. – foi possível ver um vidrinho branco em sua mão, mas ninguém ousou perguntar o que tinha dentro. Ren sempre estava preparado, não importava a situação, por isso confiavam nele.

 

Com um aceno do líder, Futaba levantou a mão e contou nos dedos até três, abrindo a porta com um puxão. Ann não perdeu tempo em cumprir sua parte, pulando para dentro do cômodo, Ryuji seguindo-a atrasado, mas alcançou a amiga no meio do caminho. Agora que estava em ação, o medo era deixado em segundo plano. Ren bloqueou a saída com o próprio corpo, abrindo o vidrinho e jogando o conteúdo no figura capturada à sua frente, ouvindo um ofego de surpresa.

 

— O que vocês pensam que estão fazendo?

 

— Oh, droga… – Ren conhecia aquela voz. Conhecia bem demais e ela não estava nada feliz. Estendendo a mão até o interruptor, Ren acabou com suas dúvidas.

 

— Makoto? Você era o fantasma? – Futaba se postou ao lado de Ren, encarando a amiga sem entender – Por que estava aqui no escuro?

 

Ann e Ryuji a soltaram depois da revelação, ambos recebendo olhares ameaçadores que os fizeram encolher. Não era a toa que ela estava no grêmio estudantil. Era a pessoa certa para ajudar a colocar os alunos na linha.

 

— Eu ia acender a luz agora. Estava sentada perto da janela, então a luz de fora era suficiente. – com um suspiro cansado a moça olhou para a própria roupa, notando o pó branco grudado nela – Posso saber o que foi isso que jogou em mim, Amamiya?

 

— Sal grosso. – Ren respondeu sem rodeios, sabendo que era a melhor opção.

 

— Você jogou sal em mim? Não acredito…

 

— Tinha água benta também, mas era pro caso de ser algo mais perigoso. – não que a amiga não fosse, mas foi uma boa decisão não usar, caso contrário, ela estaria brigando muito com o grupo nesse momento.

 

— O que estão fazendo aqui essa hora? – Makoto perguntou enquanto batia as mãos pela roupa, tentando se limpar, mas não parecia muito preocupada com a resposta – Ah… como vou chegar em casa assim?

 

— Vamos pro Leblanc. Você pode se limpar por lá primeiro, jantar por minha conta. – a oferta veio de Ren, talvez por pena da amiga e também para se redimir.

 

— Acho que não tenho outra opção…

 

— E você, o que estava fazendo aqui? Não estamos em época de prova pra estudar até tão tarde – Futaba questionou curiosa, se aproximando para ajudá-la a recolher seus pertences.

 

— Ah, não… o grêmio já começou a se organizar para a feira de ciências do próximo semestre. Tem alguns papéis que eu precisava preencher.

 

— Hmm e só tinha hoje pra fazer? – talvez pudessem atrasar um pouco o retorno para casa e continuar as buscas. Se Makoto estava ficando até tarde, ela pode ter escutado algo.

 

— Não. Eu venho fazendo isso a semana toda.

 

— E não ouviu nada suspeito enquanto estava por aqui? – Ann se aproximou das duas na mesa, entendendo onde Futaba queria chegar – Tipo coisas caindo ou resmungos?

 

— Hmm não que eu me lembre… às vezes o pessoal da equipe de basquete fica jogando a bola nas paredes e eu mesma derrubo papéis e caixas quando tento pegar algo no alto… esse não é um andar exatamente silencioso.

 

— E você costuma falar sozinha enquanto procura coisas que perdeu? – Ren parecia estar um passo à frente e entendeu algo que as meninas deixaram passar.

 

— Que tipo de pergunta é essa? – Makoto pareceu corar com a ideia que podia ser chamada de louca por falar sozinha – Talvez um pouco…

 

— Já vimos que não tem fantasma nenhum. Podemos ir embora agora? – Ryuji se intrometeu na conversa, ansioso para sair dali. Já confirmaram as suspeitas e o tal fantasma era a Makoto, então não precisavam mais ficar no colégio.

 

O grupo acenou concordando e juntos saíram para os corredores e então para fora do colégio, conversando e rindo animados, fazendo planos para a próxima folga. Ryu olhou para a lateral do prédio, pensando que precisava chegar mais cedo na manhã seguinte para fechar a janela que usaram para entrar, caso contrário, alguém descobriria aquele deslize e talvez sugerisse trancas. Seria ruim para o caso de precisarem invadir de novo… não que estivesse pensando em fazer aquilo. Não mesmo!

 

— O que…? – parou de caminhar, olhando novamente na direção da janela que usaram, vendo um vulto passar rapidamente de um lado para o outro. O que era aquilo?

 

— Hei, Ryuji! Você vem? – Ann notou que o amigo ficava para trás, tratando de apressá-lo – O que houve?

 

— Ah, nada! Me distraí um pouco! – rindo nervosamente, o rapaz se aproximou do grupo, se proibindo de olhar para trás novamente.

 

Não sabia o que era aquilo que viu mas não queria de forma alguma ver de novo! Chega de caça a fantasmas!


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Notas finais do capítulo

Minha primeira fanfic sobre o jogo!

Espero não ter saído muito dos personagens ou de como vejo eles e espero que tenham gostado!



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