CHAPTER FIVE

Central da S.H.I.E.L.D, Nova Iorque, Estados Unidos. 20 de março, 2020.

Michael estava nervoso, com medo. Sentia um frio na barriga, e a voz na sua cabeça não o deixava em paz. Essa voz surgira logo após ter acordado. Era como um diabinho que via em filmes. Eles vão te matar, você precisa matar todos nesta sala antes. Ele não entendia o que estava acontecendo, nem o que trouxera essa voz para sua cabeça, só sabe que tentaria a ignorar o máximo que pudesse.

Ele estava em uma sala basicamente vazia, se não fosse pelas pessoas. Uma mulher ruiva, Pepper Potts, era acompanhada de Wanda Maximoff e de outra ruiva, Natasha Romanoff estavam falando que coisas que ele não estava prestando atenção.

Wanda encontrou Michael em um hospital, onde estava esperando o check up de seu pai. Ele se sentia culpado por ter sobrevivido, no hospital vira muitas pessoas mortas e feridas. E o fato de uma voz na sua cabeça o incomodar sempre era um bônus. Mas Wanda se identificava com isso, e disse que foi salva pelos Vingadores, que eles a fizeram parar de ouvir essa voz irritante em sua cabeça. E que isso significava que ele era especial. Então embarcou em um avião rumo a Nova York com a Feiticeira Escarlate.

─ Não sabemos ao certo quantos sobreviveram, mas vocês estão inclusos. E todos vocês têm algo em comum. ─ Pepper Potts tomou a liderança, falando para os jovens que estavam ali presentes na sala. ─ Não sabemos como, ainda. Mas parece que a radiação nuclear alterou os genes de vocês, e vocês agora possuem… bem… poderes.

Tobin não ficou surpresa com isso, afinal, seus poderes eram aparentes, principalmente quando encontrou-se com Bruce Banner, conseguia basicamente ler todo os pensamentos do homem. E conseguia também sentir a instabilidade dentro dele, e agora que estava na mesma sala que Michael Valentine, se focasse muito, conseguiria ouvir a pequena voz demoníaca em sua cabeça. 

Jackson também sabia que possuía poderes, foi o único jeito de ter conseguido enfrentar Natasha daquele jeito. Não sabia ao certo qual seria seu poder, mas sabia que lhe dava a habilidade de se transformar em lobo. Heath, Lexa e Jin-Hee também sabiam que possuíam poderes. Os poderes de Jin se revelaram quando a garota tocou em um corrimão de uma escada e ele simplesmente se desintegrou, dificultando sua subida. 

A única que não tinha ideia sobre poderes, era Marisol. Tobin foi tentada a ler seus pensamentos, mas preferia não ter o feito. Memórias perdidas e teorias inundavam a mente da menina. Tobin leu os pensamentos de cada um, era divertido fazer aquilo. Os únicos pensamentos que não invadiu, foram os de Jin-Hee, ela estranhamente passava uma negatividade e um medo para todos naquela sala.

─ Hmmm ─ Sol levantou o braço, chamando atenção de todos para si. Pepper fez menção para que falasse. ─ Mas e quem não sabe quais são os seus poderes?

─ Não se preocupe ─ a ruiva falou, tranquilizando-a. ─ Nós vamos fazer vários testes e vamos analisar vocês. E depois treiná-los corretamente. Tudo bem?

Pepper estava nervosa, era a primeira vez que liderava algo desse tipo. Falar com milhares de executivos era moleza, mas discursar para aqueles adolescentes talvez fosse a coisa mais difícil que já fizera. Então resolveu mandá-los para apartamentos que foram alugados em um prédio de luxo em Nova York, seria a moradia deles enquanto eram treinados.

Eles foram divididos em duplas, Jackson e Michael; Tobin e Lexa; e Heath, Marisol e Jin-Hee foram um trio. Cada dupla e trio compartilharia um apartamento e poderiam ficar a vontade até o outro dia.

Apartamento de Lexa e Tobin, Nova Iorque, Estados Unidos. 20 de Março, 2020.

Tobin abriu a porta do quarto, revelando um quarto de luxo. Lexa estava carregando as malas, colocando-as ao lado do sofá enorme. As duas estavam saciadas do almoço que haviam acabado de fazer.

─ Meu Deus ─ a jogadora de futebol deixou sair de sua boca. Tobin já esteve em diversos hotéis de luxo, mas nenhum se comparava com aquele apartamento.

─ É incrível. ─ Lexa sorriu.

A sala tinha um piso branco de porcelana, um sofá preto ocupava a maior parte dela. Uma televisão de tela plana, quase que do mesmo comprimento do sofá, ficava na frente do mesmo. Uma cozinha completa com uma geladeira abastecida era basicamente acoplada com a sala. As decorações eram todas em ouro. A parte mais impressionante do apartamento era uma sacada que tinha a metade do tamanho enorme da sala, uma jacuzzi gigante estava posta ao ar livre. Lexa anotou mentalmente para usufruir daquela banheira de água quente.

As suítes eram tão maravilhosas quanto a sala, com camas de casais enormes e uma televisão em cada quarto. As cores predominantes do apartamento eram preto e dourado. Lexa se jogou no sofá, deitando suas costas.

─ Deveríamos chamar os outros aqui para experimentarmos a jacuzzi. ─ Tobin sugeriu, sorrindo e sentando ao lado da menina no sofá. ─ E também conhecermos uns aos outros um pouco mais.

─ Sim! ─ Lexa pegou o celular que haviam lhe dado, desbloqueou-o e foi para as mensagens. ─ Uau, já criaram um grupo de mensagens. Estão bem atualizados.

Tobin deu uma risada, e esperou a recém-amiga enviar mensagens, quando recebeu a mensagem em seu próprio aparelho, levantou-se do sofá e foi colocar um biquíni, após ter visto que Lexa mandara todos irem com roupas praianas.

*

Heath, Jin-Hee e Marisol foram os primeiros a chegar. Heath estava usando uma blusa larga e um calção de praia roxo com detalhes em preto. Marisol usava um biquíni com a parte de cima e a debaixo combinando, ambos da cor vermelha com pequenas flores amarelas espalhadas pelo tecido. Jin usava um biquíni totalmente preto, que entrava em contraste com sua pele branca, mas combinava com seu cabelo totalmente negro preso em um rabo de cavalo e seus óculos pretos.

Lexa foi quem atendeu a porta, exibindo seu corpo estrutural, usava um biquíni verde escuro, que comprou em uma loja perto do apartamento, não tivera tempo de colocar roupas de praia em sua mala. Admirou-se com a variedade de trajes que Tobin possuía. A jogadora de futebol escolheu o seu maiô branco liso para usar.

─ Olá ─ a filha de Peter Parker cumprimentou-os. ─ Tudo bem?

Todos se cumprimentaram e entraram no apartamento, e logo em seguida os dois meninos apareceram. Jackson exibia seu corpo negro e malhado, usando somente um calção de praia azul com plantas brancas. Michael estava com uma blusa havaiana florada, com as cores verde limão e amarelo se destacando.

─ Desculpa a demora. ─ Jackson falou, ao passar pela porta.

─ Tudo bem, vocês não demoraram nada. ─ Lexa sorriu gentilmente.

─ Tivemos que comprar roupas ─ o outro garoto que passou pela porta falou.

─ Eu também ─ a menina falou, como quem dissesse “vocês não estão sozinhos”. ─ Nunca pensei que fosse para a praia, ou que tivesse uma jacuzzi nesse projeto.

Todos riram, e foram em direção da jacuzzi, Heath ajudava Jin, guiando-a para dentro da banheira enorme de água quente. Tobin lembrou de pegar toalhas, trazendo sete toalhas brancas e felpudas que achou em um armário em seu quarto.

Quando todos os jovens estavam acomodados na jacuzzi, cada um estava em um lado da piscina. Para quebrar o gelo, Tobin chamou todos para perto, criando um círculo de pessoas no meio da água.

─ Então ─ começou Mike. ─ De onde vocês são? Eu sou de Londres.

─ Eu também! ─ Lexa falou animada, sendo seguida por Jin-Hee, que também compartilhava da mesma cidade.

─ Meu Deus, você é uma Song? ─ Marisol falou empolgada, juntando as peças do nome de Jin com o lugar de onde era.

─ Sim ─ a menina Song falou, com um certo tédio em sua voz.

─ Eu amo os projetos de Soo-hyun Song ─ a menina falou com fascinação. ─ É incrível o jeito que ele é consciente e como trata a natureza.

─ Ele é meu pai. ─ Jin sorriu, lembrando-se de seu querido pai. A expressão de felicidade sumiu de seu rosto. ─ Era.

─ Oh, meus pêsames ─ Sol tocou o ombro Jin, tendo uma sensação estranha, sentiu-se ameaçada ao tocar a pele da outra. Jin somente sorriu.

A conversa deles continuou, perguntando e falando sobre lugares que haviam visitado antes de tudo acontecer. Lexa e Marisol mostraram-se empolgadas de estar tão perto de Tobin, que ambas definiam como um ícone lésbico. Jackson falou sobre como havia perdido tudo, criando um clima triste entre eles, mas Heath soube quebrar o gelo, perguntando-os sobre seus respectivos poderes.

Lexa explicou que já havia poderes, o menino não revelou que também possuía habilidades sobre humanas, porque escondeu isso de Marisol a vida inteira. Os outros não sabiam exatamente quais eram seus poderes.

─ Por enquanto, eu só estou conseguindo sentir muito calor ─ Mike compartilhou. ─ Mas nada aconteceu, por enquanto.

Jackson falou como transformara-se em um lobo e enfrentara Natasha, Tobin falou como conseguira ler pensamentos de pessoas aleatórias. Jin-Hee compartilhou que desintegrara o corrimão de uma escada apenas com seu toque. Heath compartilhou sobre suas visões. E novamente, Sol era a única que não tinha a mínima ideia de quais poderes possuía. E se não tivesse poderes? E se estivesse lá somente porque Heath os tinha e seria um fardo para ele e todos da equipe?

Seus pensamentos foram interrompidos por Michael e Lexa que resolveram pedir uma pizza e Tobin, que preocupada, achou melhor sair da água, visto que estava escurecendo. Marisol ajudou Jin-Hee a se secar, com medo de que ela fizesse a toalha desaparecer como fez com o corrimão.

Quando a pizza chegou, eles continuaram conversando e se conhecendo melhor. Estavam felizes, haviam feitos amigos e comiam pizza, a comida preferida de Mike e de Lexa. Infelizmente, Jin-Hee tentara pegar um  pedaço e levá-lo para a boca, mas ele simplesmente se desfez em sua mão, que ficou vazia. Jackson a ajudou a comer a pizza. Todos pareciam se sentir intimidados com a presença da Song, menos Jackson. Ele era o único que realmente parecia estar tranquilo com ela. Os outros não tinham uma impressão boa, tendo em mente que algo de ruim aconteceria, mas com certeza não era culpa da garota. Todos gostaram de conhecê-la, era como se fossem borboletas no estômago, mas ao invés de borboletas, morcegos.

Naquela noite, todos dormiram juntos no sofá de Lexa e Tobin, sentindo-se confortáveis. Eles podiam sentir que mesmo com todas as perdas, com todo o sofrimento que aquelas bombas proporcionaram, aquelas bombas poderiam ter servido para algo bom, afinal.