Luz da Escuridão escrita por A OLD ME


Capítulo 8
Animago




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A coruja bicava freneticamente o vidro da janela da sala, minha irmã levantou e abriu, já estava acostumada a corujas depois de dois anos recebendo Gipsy.

— É a escola. – disse ela me entregando.

Li a carta que continha duas folhinhas anexas, expliquei a minha irmã sobre a autorização para ir a Hogsmeade e ela logo assinou. Junto vinha a lista de livros que esse ano estava mais interessante. Nosso novo professor de Defesa contra as artes das trevas parecia do tipo assustador, pois mandou comprar um livro cheio de seres de espécies estranhas e feitiços legais. Por mais que o Prof. Lockhart fosse parente de Freya, eu odiava as aulas dele, pois não aprendíamos nada de verdade e para minha sorte Freya concordava e odiava tê-lo por perto e como professor.

Minha irmã e eu fomos uma semana depois fazer as compras para a escola. Precisei de novas vestes pois as antigas estavam ficando curtas, comprei uma gaiola nova para Gipsy e doces.

No último domingo antes do dia 1º de setembro prometi a meu amigo, Henri, que passaríamos o dia juntos, Yannis já não se importava tanto, estava acostumando com minhas partidas para Hogwarts e aproveitava quando se via livre de suas responsabilidades 24h por dia comigo para escrever e nesse ano planejar como contaríamos a seu namorado que há havia pedido em casamento.

Bati na porta de Henri por volta das duas da tarde, o ar do fim de verão era abafado e o sol forte. Henri correu para me atender e saímos logo em seguida. Passamos a tarde caminhando por nossos lugares favoritos da cidade, eu morria por dentro toda vez que tinha que mentir para Henri sobre a escola, mas eu sabia que não podia contar a verdade a ele, por mais que fosse meu único amigo de infância, esse mundo não pertencia a ele, ele nunca se encaixaria lá, não o pintor delicado e romântico de Londres.

Naquela tarde enquanto caminhávamos pelo parque próximo de casa, que fora nossa última parada, Henri pegou minha mão e sem aviso me puxou para um beijo.  Não foi um beijo demorado, nem um beijo de cinema, foi mais um encostar de lábios, uma primeira vez para os dois. Segundos depois quando nos separou Henri estava sorrindo vermelho de orelha a orelha, eu ri com ele e limpei o brilho do batom que ficou sobre os lábios dele.

Quando ele me levou até a porta de casa beijou-me de novo, dessa vez com um pouco mais de coragem, um pouco mais demorado, mas mesmo assim somente um encostar dos lábios, um sincero e infantil selinho. Ele partiu depois de nos despedirmos e por um momento pensei que ele sairia saltitando até seu próprio jardim, mas ele não o fez, só acenou as duas ou três vezes que olhou para trás até chegar a porta de sua casa e sumir de vista.

********************

Freya me esperava junto aos seus pais na entrada da estação. O namorado de minha irmã insistiu tanto que não pudemos recusar que ele viesse, mas para aparar os danos, já que ainda não havíamos tomado coragem para contar, pedi a Freya que me esperasse no lado de fora para que eu pudesse despachar minha irmã e seu quase noivo antes de chegar a plataforma 9³/4.

— Ayla! – gritou ela acenando.

— Oieeee. – disse abraçando ela quando me aproximei. – Olá, é bom ver vocês de novo.

— É bom ver você também Ayla, ficamos muito tristes quando soubemos que não poderia vir nas férias conosco, você teria adorado o Japão, Freya estava em êxtase. – falou o pai dela.

— Está uma graça Ayla – observou a Sra.Lockhart – Viu Freya, sua amiga usa vestidos adequados para a idade dela. – ela falou ao mesmo tempo em que Freya revirava os olhos e resmungava um “Para Mãe!” – Só estou dizendo que não entendo porque insiste em usar essas calças. Não são adequadas para uma menina de 13 anos.

— Eu realmente tinha algumas coisas para resolver nessas férias, mas teremos mais oportunidades não é Freya? – interrompi.

— Viagem das garotas. – gritou ela levantando a mão para um high-five e eu retribui.

*****************

— Me conta tudo! – disse Freya animada assim que encontramos uma cabine vazia.

— Não tem muito o que contar... Passamos o dia juntos e no final do dia ele me beijou. – digo me sentindo corar.

— Mas e o que você achou?

— Meio estranho para ser sincera. Não é como se eu quisesse repetir. Sabe, foi legal, mas ele é meu amigo desde que posso me lembrar. E bom, não o vejo de outro jeito.

— Nem para uns beijinhos casuais? – ela brinca – Sabe, não precisa casar.

— Freya!

— O.K... Mudando de assunto. – ela diz sentando do meu lado – Quais aulas você escolheu mesmo?

— Runas Antigas e Criação de criaturas magicas.

— Como pode fazer isso comigo? – ela fala escandalizada – Eu me matriculei em Estudo dos trouxas e Adivinhação.

— Bom, se você pensar bem, sei tudo sobre os trouxas e bom adivinhação não me chama atenção como Runas antigas.

— Mas adivinhação é tão legal!

— Vamos ficar bem, são só duas aulas separadas.

— Você comprou aquele livro, o que morde?

— Sim! – digo rindo – Mas é só fazer carinho nele que ele fica só amores.

— Eu não acredito nisso, você tem um livro de estimação!

*******************

A chegada a Hogwarts foi como de costume, exceto pelo alvoroço a respeito da invasão do Dementadores pelos corredores do trem e o boato de que Harry Potter havia desmaiado. Na mesa de Sonserina todos comentavam sobre isso e se quer viam os novos alunos entrando para nossa casa. Harry não havia chegado ainda e eu me permiti ficar levemente preocupada.

— Ayla, você está bem? Parece que vai vomitar...

— Desculpa Freya, não como nadas desde ontem a noite, escuta, tenho que te contar uma coisa quando chegarmos ao nosso quarto, mas você tem que prometer que não vai contar a ninguém.

— Promessa de dedinho. – diz ela levantando o dedo.

Aquela foi a primeira vez que contei a Freya sobre minhas descobertas nos diários dos meus ancestrais.

**********************

A primeira semana foi extremamente empolgante, minhas novas aulas eram incríveis e foi ótimo saber que Hagrid era agora professor de Trato de criaturas magicas e eu e Freya estávamos felizes por ele. Minhas aulas de Runas antigas eram muito divertidas e eu amava pois ninguém além de mim da sonserina havia escolhido essa aula, lá eu estava cercada de Corvinos e grifinórios. A únicas partes chatas, foi o drama que Draco durante a aula de trato de criaturas mágicas, quando ele desafiou um hipogrifo e saiu machucado, provavelmente não tão machucado quanto fingia, mas já esperava que ele fizesse algo para prejudicar Hagrid desde o anuncio. Para a nossa sorte ele continuou com seu drama por 4 dias o que o afastou de nós até quinta-feira quando estávamos tendo aula de poções.

Depois do almoço teríamos nossa primeira aula de DCAT e eu estava animadíssima, ouvirá as histórias sobre o que ele fez no trem e soube por fofocas que ele estava entre os que combatiam as forças das trevas no passado.

A aula de defesa contra as artes das trevas foi a melhor que eu já tive em minha vida inteira. Logo na primeira aula o professor nos levou para enfrentar um bicho-papão e vários tiveram a chance de encarar seus medos e enfrenta-los até que o bicho-papão explodiu em faíscas. Todos saíram comentando animados, jamais tivemos uma aula assim.

— Você viu que incrível, pela primeira vez temos um bom professor de DCAT. Queria ter enfrentado o bicho-papão...

— O que ele teria sido para você?

— Palhaços, com certeza, não sei o que os trouxas veem em palhaços. E para você Ayla?

— Concordo que não gosto deles também, mas não tenho medo.- pensei por um minuto – Mas quanto ao meu medo, não sei, temo muitas coisas, a cada dia uma mais que a outra.

— Como a ponte?

— Sim, talvez a ponte.

— Você nunca mais passou por lá?

— Não. – respondi entrando em nosso salão comunal.

********************

Nas semanas que se passaram Freya ficou levemente irritada comigo porque eu passava a maior parte do meu tempo estudando, mas eu não tinha o que fazer, não podia perder tempo correndo o risco de não voltar no ano que vem. Passava grande parte do meu tempo na biblioteca afogada em livros, principalmente livros de transfiguração.

Hermione quase não aparecia na biblioteca o que era muito estranho já que ela costumava ser uma das mais presentes lá. Quando eu não estava na biblioteca estudava em meu quarto enquanto Frey fazia seus deveres e eu a ajudava.

No fim de outubro veio nossa primeira visita ao povoado de Hogsmeade. Freya pulava de animação e eu a acompanhava.

— Nossa até que enfim consegui tirar você daqueles livros. Sabe, tenho que dizer, não estamos nem na metade do ano e você já leu metade dos livros disponíveis para terceiranistas.

— Ou mais, - respondo, esfregando os olhos – mas preciso fazer isso. Eu... – mas sou interrompida por Cedrico.

— Ayla? – diz ele atrás de mim.

— Oi Ced... Tudo bem?

— Tudo sim, vai a Hogsmeade?

— Vou sim, é minha primeira vez lá.

— Legal, você quer nos encontrar na Dedos de Mel? Você está com cara de quem precisa de um pouco de açúcar. – Disse ele piscando com cumplicidade para mim.

— Claro, que hora?

— As três... – ele fala sorridente e então olha para Freya – Você também vem, né?

— C-Claro. Claro. – ela gagueja.

Cedrico levanta uma sobrancelha para mim, abre um imenso sorriso e se vai com seu amigo Jeremy. Eles mal haviam dado dez paços para longe de nós quando Frey me puxou desesperada para a direção oposta que levava a casa da Sonserina e começou a tagarelar.

— Como assim Cedrico Diggory te chama para sair e você não acha nada demais!

— Freya, deixe de bobagem, ele NOS convidou para encontra-los na Dedos de Mel, não é nada que você está pensando, só um passeio com amigos.

— Mas é o Lufino mais gato da escola, apanhador do time, monitor...- ela começa a lista de prós-Cedrico.

— E meu amigo! Escuta, Ced passa bastante tempo na biblioteca também e tem me ajudado a estudar. Ele é realmente muito inteligente. Além do mais eu já ia encontrar com ele sua tonta, ele só fez um teatrinho porque queria que você fosse...

— Como assim? – ela faz uma careta confusa.

— Jeremy, ele me perguntou sobre você ontem depois que você me deixou lá. Ced já tinha me convidado e quando Jer se foi nós meio que combinamos. Mas agora você tem que agir como se não soubesse de nada e aproveitar os flertes. – digo rindo.

— Sua danadinha! E eu achando que você era santa. – ela fala sarcástica e eu reviro os olhos. – Bom vamos, não queremos deixar os meninos esperando.

******************

Caminhávamos pelas ruas do bairro residencial de Hogsmeade indo em direção a casa dos gritos. Ced havia prometido me ajudar e disse que poderíamos treinar aqui.

— Você já entrou na casa dos gritos? – perguntei a ele.

— Não, já me aproximei o suficiente para tocar as portas e observar dentro mas nunca entrei. – ele diz corando um pouco - Aliás acho que você vai achar algo interessante lá.

— O que?

— Tem um quadro, que se enxerga da janela da frente, de uma mulher que tive a impressão de parecer muito com você.

— Bom, vamos descobrir. Primeira vez para os dois. – digo estremecendo.

— Não fique com medo. – diz ele – Não vou deixar que nada te aconteça. – falou pegando minha mão e indo mais rápido em direção a casa.

O lugar era assustador por fora, uma casa de madeira negra caindo aos pedaços. Eu temia que assim que abríssemos a porta a casa caísse em cima da gente, mas quando ele abriu a porta nada aconteceu. Cedrico mostrou-me o quadro antes de subirmos para treinar. A mulher na pintura antiga sorria para nós com seus cabelos loiros reluzentes repletos de flores, ela era realmente muito parecida comigo, como se fosse uma versão mais velha de mim. Abaixo de sua pintura havia uma montanha de pergaminhos peguei alguns que ainda davam para ler e os coloquei na bolsa. Fomos então até o segundo andar onde começamos a praticar. Cedrico era bom em transfiguração, mas não fazia o que eu queria aprender, mesmo assim, estava disposto a me ajudar, a semanas vinha pegando livros avançados e me emprestando, livros que eu não podia pegar, que não eram permitidos para alunos terceiranistas.

Depois que contei a Ced o meu interesse ele começou a estudar comigo sempre que podia, mas sendo monitor, apanhador e capitão do time de quadribol ele geralmente andava meio ocupado. Folgas de um dia inteiro como hoje eram raras.

Estávamos exaustos e decidimos voltar, o sol já estava se pondo nas últimas horas de luz. Ele pegou minha mão novamente e seguimos nosso caminho nos afastando da casa dos gritos. Ced pegou um atalho que levava pela flores.

— Tem certeza que é seguro? – pergunto  ele.

— Sim, passo por aqui com meus amigos as vezes.

— É mas antes não tinham Sirius Black a solta.

— Bom isso é verdade, mas porque ele viria para essas áreas com Dumbledore por perto?

— Pensando por esse lado. – respondi, mas ainda tinha um frio na barriga.

— Venha inusitada Sonserina, não tem o que temer. – disse sorrindo e eu o encarei.

— Inusitada? – ergui uma sobrancelha – Sério?

— Sabe, estive conversando com Jer, espero que não se importe, mas, você não parece como os demais da Sonserina, você é gentil e não fica zoando os outros. Ninguém da Sonserina falaria com um lufano.

— Eu confesso que até hoje acho que o chapéu seletor errou. As qualidades que a sonserina presa, eu não as tenho, pelo menos acho que não e bom eu sou uma nascida trouxa e sou a única, da história, eu sei, eu pesquisei. Não sei porque o chapéu me colocou lá e não com os corvinos ou lufanos. – terminei.

— Você não cogitou Grifinória. – diz ele curioso.

— Não. Não sou corajosa, não sei se seria do tipo que se sacrifica por uma causa.

— Acho que você seria corvina se não fosse da sonserina. – ele diz sorrindo e então me encara – Mas eu gostaria que você fosse Lufana. – ele puxa minha mão para perto do peito dele se abaixa um pouco e soprou aquecendo-a.

Eu sorri em retribuição, minha mão estava gelada contra a mão dele e sua respiração me causou arrepios. Atrás dele alguma coisa se mexeu, um vulto preto. Eu desfiz o sorriso e o puxei para perto de mim colocando-o do meu lado de frente para a forma negra.

— O que? – e então ele puxa sua varinha entendendo – Quem está ai?

Pego minha varinha também e aponto a coisa fica parada e então pula para trás sumindo de nossas vistas rapidamente.

— Aquilo era um lobo?

— Acho que sim. Um grande lobo negro. – ele responde – Vem, é melhor irmos, talvez não tenha sido uma boa ideia cortar caminho.

Quando chegamos a dedos de mel, onde havia combinado de encontrar Freya, ela já estava lá nos esperando. Cedrico e eu não dissemos nada sobre o que havia acontecido e seguimos juntos deixando Jeremy e Freya curtirem o tempo junto. No castelo fomos direto ao salão principal onde vários alunos já estavam em suas mesas comendo guloseimas de dia das bruxas. Ced e eu nos despedimos e fomos para nossas respectivas mesas enquanto minha amiga me contava sobre seu dia com o Lufino.

— Sabe ele é um amor, mas sei lá, acho que não vamos mais sair.

— Porque?

— Sei lá, falta química.

— Talvez devessem pedir uma aula particular para o professor Snape.

— Engraçadinha. – ela põe a língua para mim – O que quero dizer é que ele não é o cara certo para mim.

As horas se estenderam no salão e quando nenhuma de nós aguentava mais de cansaço voltamos para nosso quarto. Eu já estava com minha camisola verde, do mesmo tom do brasão dos sonserinos, e um manto cinzento com um brilho prateado, que Freya havia me dado de aniversário, pronta para ir para a cama quando Snape irrompeu pelo salão ordenando que todos fossemos para o grande salão juntos e foi embora sem explicar mais nada. Olhei para Freya que estava com a mão na porta da ala de dormitórios femininos e ela retribuiu o olhar, entrando lá rapidamente e legando um manto para ela também.

No salão encontramos alunos de todas as casas, tão confusos quanto nós. Os únicos que pareciam saber o que ocorria eram os Grifinórios que contavam aos outros. Freya e eu caminhamos até um canto nos afastando dos demais sonserinos e ficamos esperando enquanto Dumbledore falava. Assim que ele partiu, Ced se aproximou de nós.

— Aqui, - disse ele – Está frio. É melhor vocês deitarem, vamos desligar as luzes em 10 minutos. – falou nos entregando os sacos de dormir.

— Obrigada Ced. – disse pegando.

— Volto assim que verificar tudo. – disse ele tocando meu braço e então se foi.

No lado oposto da sala em meio aos Sonserinos Draco me encarava irritado, seu olhar era frio como se fosse eu mesma que tivesse aberto as portas para Black. Desviei o olhar e tornei a falar com Free. Nós nos arrumamos e ficamos conversando, baixinho querendo escutar o que os demais alunos falavam sobre o acontecido. Uma coisa era certa, Sirius Black havia entrado no castelo. Cerca de vinte minutos haviam passado quando Cedrico voltou.

— Está tudo bem? – perguntou se agachando ao meu lado.

— Sim – disse me levantando um pouco e sentindo o ar gelado. Eu havia usado a capa como travesseiro – O que está acontecendo? – disse abraçando os joelhos.

— Sirius Black tentou entrar no salão comunal da Grifinória. Ele atacou a mulher gorda e os professores acham que ele ainda pode estar no castelo.

— Mas...

— Não se preocupe. Estava falando com a profª Sprout ainda agora, ela verificou as estufas e não havia nada, ela acha que ele partiu assim que a atacou.

— Mesmo assim, é horrível. – digo – Hogwarts deveria ser o lugar mais seguro do mundo.

— Assim como Azkaban e ele conseguiu fugir de lá do mesmo jeito. – falou.

Ficamos em silencio por alguns minutos, ele me encarando enquanto eu estremecia de frio e medo.

— Você está tremendo. – Disse se levantando – Aqui...

— Não, tudo bem... – disse interrompendo enquanto ele tirava capa negra padrão - Tenho minha capa aqui. – e me virei para pegar e ele se abaixou novamente para me ajudar a envolver a capa em meus ombros.

— Vou pegar um saco de dormir para mim... Já volto.

— Você pode?

— Sim. Os professores estão de guarda agora com os monitores chefes. Eu volto.

Me arrumei encostada na parede observando enquanto ele ia até o grupo de alunos da lufa-lufa. Ced pegou um saco de dormir e falou rapidamente com seus amigos apontando em minha direção. Alguns deles riram e uma menina me lançou um olhar zangado, Ced ignorou todos e veio em minha direção. Ficamos conversando por um longo tempo até que o cansaço tomou conta de mim e eu pedi para deitar, afim de descansar um pouco. Deitamos virados um para o outro, pedi a ele que me contasse algo alegre e ele continuou sussurrando baixinho até que eu dormisse.

******************

Alguns dias já havia se passado e o assunto ainda era “Como Black entrou?” Todos falava sobre isso, na aula, na biblioteca, nos pátios, em todos os lugares. Era exaustivo ter uma conversa até mesmo com Freya. Ced tinha outro foco. O jogo de quadribol, primeiro da temporada contra Grifinória. Inicialmente seriamos nós contra Grifinória, mas com a semana chuvosa eu podia apostar minha casa em Paris em frente La pont des art’s que isso havia sido uma armação de Flinth.

Infelizmente, peguei um resfriado forte no dia do jogo que me deixou com febre alta e eu acabei desmaiando, assim Madame Pomfrey mandou que eu ficasse de repouso na ala hospitalar. No fim da tarde um grupo de Grifinórios entrou exaltado carregando alguém.

Formaram um murmúrio em volta de uma maca enquanto Madame Pomfrey tentava afasta-los e tratar o garoto, uns minutos depois a chamei enquanto ela passava por minha maca.

— Eu posso ir, por favor.

Ela caminhou até mim  e verificou minha testa.

— De jeito nenhum, você ainda está com um pouco de febre, está fraca ainda, precisa de mais repouso.

— Mas eu me sinto melhor, de verdade.

— E se você desmaiar no caminho para seu salão comunal? Não, não! Você fica. – disse ela decidida.

— Ayla? – chamou alguém. Olhei para o início do corredor encontrando Cedrico, ele correu até mim, estava com o uniforme do quadribol ainda e pingando água – Encontrei com Freya na volta para o castelo, ela disse que você desmaiou. Fiquei preocupado.

— Estou bem melhor agora, a Madame Pomfrey cuidou de mim, mas ainda não me deixa sair.

— SENHOR DIGGORY! – exclamou ela passando por mim – Se você quer ficar na ala hospitalar com a Srta. Blacklight basta pedir, não precisa ficar doente também.

— Eu não estou doent...

— Bem vai ficar se continuar com essas roupas molhada.

— Ah, sim, bem, vou troca-las. – ele falou e ela seguiu caminho até o grupo – Bem eu volto logo, vou trazer algo para jantarmos aqui.

— Não precisa se incomodar Ced.

— Não é incomodo. – ele tocou meu rosto com a mão gelada e partiu.

*******************

Depois que Ced voltou algum pessoal da Grifinória se dispersou e alguns ficaram. O garoto na maca era Harry Potter e Ced me explicou o que havia acontecido durante o jogo. Disse que tentou trancar o jogo jogar novamente no dia seguinte, mas ele havia ganho justamente.

— Não se culpe, dementadores não deviam estar naquela área. Você não viu, tentou reparar, até eles entendem que foi justo.

— Você devia comer alguma coisa. – disse pegando minha mão – Você ainda está com febre.

— Estou bem e você devia comer também.

Comemos e então Harry acordou, aos poucos os alunos de Grifinória foram deixando o lugar mas os Wesley ainda estavam lá com ele junto de Hermione Granger. Mais tarde Madame Pomfrey voltou e disse que devíamos dormir.

— Bom, acho que nossos treinos vão ter que parar por um tempo, eu lhe disse que estava se exaurindo.

— Acho que tem razão, mas mesmo assim... – disse e o encarei – Você, não vai parar de me ajudar, não é mesmo? Vai continuar treinando comigo?

— Claro que vou, não se preocupe. – ele se levantou – Descanse – disse beijando minha cabeça – Amanhã venho te ver antes do café da manhã.

Ele saiu caminhando desejou boa noite a Harry pedindo desculpas mais uma vez por não ter visto. Mas antes que pudesse sair lembrei de Freya, peguei minha agenda de anotações e o chamei.

— Ced, espere. – corri até ele que me olhava ruborizado – Você pode entregar isso a Freya? – disse erguendo a agenda.

— Claro, mas Ayla, você... rum... Deve estar com frio.

Olho para mim mesma ruborizando, eu estava somente com minha camisola verde. Eu não consigo voltar a olhar no olhos dele mas consigo perceber seu sorriso. Ele tira a capa preta e envolve em mim, beija minha cabeça novamente e toma a agenda de minhas mãos indo embora. Antes que eu consiga voltar para minha cama Hermione se aproxima.

— Ayla, você está bem?

— Estou sim, só tive um pouco de febre.

— Srta. Blacklight, o que faz levantada? E DESCALÇO? – ela diz abismada – Volte já para a cama, quer ter outro desmaio?

— Já vou Madame Pomfrey. – olho para Mione – Você precisa de algo? Quase não a vejo mais na biblioteca.

— Esse ano está uma loucura, você conseguiu pegar o livro de  Runas? Quando fui até a biblioteca não havia mais nenhum exemplar. – ela fala indicando para que vamos até minha cama.

— Eu peguei o último, mas pode levar. – disse pegando de baixo do meu travesseiro – Eu terminei de ler hoje mais cedo e já fiz os deveres. Acho que não apaguei minhas anotações, sinto muito.

— Tudo bem, acho que eu quase não teria tempo de dormir se tivesse que fazer tudo desde o inicio, você vai salvar minha vida. – ela fala gentilmente enquanto seu amigo a encara da porta – Acho melhor eu ir. Boa noite. – ela corre – Boa noite Harry.

*********************

Os meses que se seguiram foram calmos mesmo com o mistério de Sirius Black em continuidade, logo já era fevereiro e Cedrico e eu havíamos voltado a treinar. Domingo estávamos todos cansados da rotina e decidimos aproveitar o sol no pátio.

— Sabe, Jer anda meio irritado comigo.

— Por causa do tempo que tem passado comigo? Freya está assim também... – confesso - Ela fica meio irritada, por isso tento não falar com você a partir do horário do jantar, ela diz que depois da janta eu sou dela.

Cedrico ri.

— Se ao menos os dois tivesse continuado saindo, estariam pegando menos no nosso pé.

— Verdade.

— Olha só a traidora sangue-ruim. – disse Malfoy surgindo atrás de nós – Finalmente está saindo com o seu tipo? Seus amados Lufinos.

Cedrico pulou ficando em pé.

— Que te importa Malfoy? – disse ficando em pé também e agarrando a mão de Cedrico.

— Só é engraçado, todos sempre achamos que o chapéu seletor tivesse errado, agora temos certeza.

— Cala a boca garoto, não tem direito de falar com ela assim!

— Falo com ela como quiser seu traidor, um sangue puro que se mistura com essa gente é tão ruim quanto uma sangue-ruim. – disse Crabbe

Cedrico ia avançar nele mas eu o segurei.

— Não Cedrico, eles não valem a pena, deixe-os.

— Eles não tem direito de falar assim, você é muito melhor do que eles. – ele diz quase rugindo.

— Não me importo com o que dizem, eles não significam nada para mim, não se importe também.

Olho com raiva para eles e Draco retribui o olhar em seguida me viro puxando Cedrico que cede e me segue. Caminhamos alguns minutos em silencio, Ced está extremamente irritado como eu nunca havia visto antes, o caminho que tomamos nos leva para fora do castelo em direção ao salgueiro lutador. Ele para bruscamente me obrigando a parar já que estamos de mãos dadas.

— Me desculpa... Não queria deixar você mal com seus colegas.

— Não me importo com isso, eles me tratam assim desde que descobriram que sou uma nascida trouxa antes mesmo de chegarmos a Hogwarts para o primeiro ano. Já me acostumei e não ligo.

— Não deveria se acostumar, você é incrível, é demais para aqueles trasgos. Você é inteligente, tenaz, gentil e linda. – ele diz zangado mas percebendo que estou corando ele sorri e me puxa para um abraço – Só falei verdades, não se envergonhe de ser maravilhosa.

— Obrigada.

— Sabe, as vezes tenho medo de fazer algo errado e estragar tudo. Não sou idiota, consigo ver que você me vê como amigo e só isso, não quero forçar nada, mas não posso continuar guardando para mim o que sinto por você.

— Ced eu...

— Eu sei, não precisa me responder nada agora, mas eu preciso perguntar, preciso que você pense nisso. Você acha que, com o tempo, quem sabe, você seria capaz de sentir algo a mais por mim? Algo parecido com o que sinto por você?

Nas semanas que se passaram Ced e eu continuamos nos encontrando na biblioteca nas sextas, depois da aula, mas estávamos dando um tempo do treinamento no sábado, quando costumávamos treinar sozinhos em uma sala do sexto andar que nunca era utilizada. Dois sábados se passaram sem que treinássemos e no terceiro haveria um jogo de quadribol e todos iriam ver, por isso decidi ficar e treinar sozinha mesmo.

Não sei quanto tempo havia se passado, mas eu já estava exausta, quando em uma surto de adrenalina eu me levantei, me concentrei e então PUF tudo a minha volta ficou maior. A armadura de cavaleiro no canto da sala parecia de um gigante e quando olhei para o teto ele parecia extremamente alto. Abri os braços, mas no lugar deles haviam asas brancas. Olhei assustada para baixo e então batia as asas. Saindo do chão, levantando voo vi meu reflexo no vidro da janela. Eu era um pássaro, preto e marro, com bico longo e assas rapidas. Eu havia conseguido, havia me tornado um animago.

Eu era um belo beija-flor.

*******************

Sai correndo pelos corredores quando finalmente consegui voltar a mim. Ainda estava vibrando de excitação, feliz por depois de um ano ter conseguido finalmente me tornar um animago, tal qual a professora Minerva. O jogo já havia acabado e estava na hora do jantar, Freya estava na mesa da Sonserina emburrada, mas abriu um imenso sorriso quando me viu, eu sorri em retribuição e acenei falando silenciosamente que já iria até ela. No outro lado do salão, sentado com os alunos de Lufa-lufa estava Cedrico. Chamei seu nome pouco me importando de ter gritado no meio do Grande Salão e corri em sua direção quando ele virou procurando por quem o havia chamado. Ele levantou rápido, um pouco assustado eu diria, pela maneira como eu vinha correndo e estendeu os braços para me ampara.

— Consegui! – disse pulando em seus braços, abraçando-o – Você é demais, eu consegui, consegui!

— Sabia que conseguiria, se há alguém nesse castelo que pode, é você. – Disse retribuindo o abraço, me erguendo do chão.

— Obrigada, não teria conseguido sem você. – disse e em excitação sem perceber direito meu próximo passo eu o beijei.

Demorou uns segundo, ele mesmo não conseguiu reagir tão rapidamente com a surpresa, mas logo ele retribuiu o beijo escorregando sua mão para minha cintura para me segurar melhor. Separei nossos lábios sentindo o peso dos olhos dos estudantes sobre nós.

— D-desculpa – gaguejei.

— Não me peça desculpa por realizar meu desejo. – disse ele brincando.

— Ah, amor jovem, sempre tão cheio de emoção e movimentos inesperados. – disse Dumbledore passando por nós, piscando para Cedrico.

Até meu cabelo ruborizou com isso e eu me despedi de Cedrico dizendo que devia encontrar Freya que já me esperava com um sorriso de orelha a orelha e um olhar malicioso (e com certeza, com um questionário sobre o ocorrido).


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