Agridoce escrita por Pandora


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Caso não tenha lido o filme ou assistido o livro, aconselho a não ler essa fanfiction. Caso queira chorar, fique a vontade e boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/782210/chapter/1

"Precisaria, entretanto de uma intercessão divina para livrar-se das amarras daquele mundo, porque não tinha graça estar ali sem o seu anjo"

— Lux Noctis

— Richie, eu matei a Coisa! Eu, eu matei a coisa — Comemorou Eddie antecipadamente após salvar a vida do melhor amigo. Ele segurava o rosto do outro com ambas as mãos, acariciando cada parte dele, tentando ter certeza de que Richie estava realmente bem e vivo. 

— Eu disse que conseguiria. Estou orgulhoso de você, filhinho da mamãe — Disse Richie com a voz cansada e admirando os belos olhos de Eddie.  

Para comemorar a vitória de modo correto, Eddie avançou sobre os lábios de Richie, depositando um beijo apaixonante e caloroso que não tardou ao ser retribuído. Nada mais importava para eles naquele momento, além do sabor e do toque de seus lábios. Finalmente tiveram coragem para aceitarem os sentimentos e revelarem o que já sabiam a muito tempo, que se amavam verdadeiramente. 

Ao terminar de findar mais profundamente as iniciais R + E na madeira, Richie levantou da posição de cócoras que se encontrava e ficou admirando com os olhos cheios de lágrimas o belo trabalho que havia feito na ponte da cidade. Ele sentia o coração apertar e a garganta ficar seca enquanto recordava dos eventos que sucederam o beijo entre ele e Eddie. O mundo é um local injusto e a morte do Eddie era a prova disso. Sentiu os punhos fecharem com força e as unhas machucarem a carne da palma de sua mão. 

A lembrança do beijo e de todas as sensações que o acompanharam ressoavam como um eco dentro da mente de Richie Tozier. Tentava fazer com que servisse de consolo para o fato de que Eddie não estaria com ele nos próximos vinte e sete anos ou mais que se seguiriam. 

O beijo entre os melhores amigos havia acabado de ser findado quando A Coisa atacou Eddie, atravessando metade do seu corpo com uma lança. Do mesmo jeito que o sonho de terem um futuro juntos chegou, ele se foi e, dessa vez, para sempre. 

Ele engoliu em seco e permitiu que as lágrimas escorressem por sua face. Não conseguia acreditar de que aquilo realmente aconteceu, de que depois de anos de sentimentos reprimidos ele não poderia ficar com quem amava de verdade. Que o seu amor de infância estava morto, que nunca mais sentiria o doce toque dos lábios de Eddie contra o seus, de que não poderia dizer para ele o quanto o amava. Aquilo não poderia ser real, não podia. 

Richie retirou os óculos e enxugou os olhos enquanto piscava com força, refletindo em como tudo soava surreal e inacreditável. Tiveram uma noite maravilhosa antes de enfrentarem a coisa, relembraram dos momentos do passado antes do confronto final, conversaram a noite inteira e adormeceram juntos, na mesma cama. Agora ele estava parado sozinho sobre a ponte de Derry, encarando com pesar as iniciais de seus nomes gravada na madeira para a eternidade. Uma eternidade que queria passar ao lado de Eddie, mas que não seria possível. 

Ninguém chegou a conversar diretamente com Richie sobre o que aconteceu no covil da coisa, nem mesmo seus melhores amigos Bev e Bill. Não que não quisessem conversar, eles não sabiam como deveriam abordar Richie para tratar do assunto. Tudo ainda era muito recente para eles, todas as perdas. Pelo menos a coisa estava morta, caso contrário Richie o enfrentaria sozinho depois do que ela fez com o amor da sua vida, depois de ter levado seu homem para sempre. 

Quando Eddie o beijou era como se tudo estivesse bem outra vez, não chegou a cogitar a morte do amado. A única coisa que Richie fez foi pensar sobre um futuro juntos, em como faria o pedido de casamento quando deixassem Derry, onde iriam seguir com a vida de casal, em como diria todas as coisas que estavam presas na sua garganta e ficaram por tanto tempo trancafiadas em seus pensamentos, como revelaria a ele a cascata de sentimentos que possuía desde a infância. Infelizmente, todas essas coisas permaneceriam da mesma maneira que surgiram, como um sonho distante dentro de sua mente conturbada. 

Caso tivesse noção que aquela noite no hotel teria sido a última, ele não teria hesitado em abrir o coração. Não teria hesitado em beija-lo despudoradamente, avançaria nos lábios de Eddie e diria todas as coisas não ditas. Mas não o fez, pois tinha esperança de que o futuro fosse gentil com eles e permitisse que ambos sobrevivessem. Além de ter tido medo, um medo imbecil de que Eddie o odiasse quando descobrisse a verdade sobre ele, que Richie não era o machão que tentava transparecer na infância com todas as piadas sobre seu pinto e comer a mãe dos amigos, mas sim um todo gay apaixonado platonicamente pelo melhor amigo. 

— Richie — A voz de Beverly tirou o melhor amigo do transe, ela estava alguns metros dele e sozinha. 

— Bev — Ele devolveu os óculos no rosto e tentou sorrir, mas foi em vão. A quem queria enganar? Aquilo era a coisa mais dolorosa pela qual já havia passado em sua vida. — Eu... Eu o amava. 

— Eu sei — Assentiu a ruiva aproximando do humorista e o abraçando com força. 

Richie desabou a chorar enquanto era consolado por Bev. Tudo acabara, todos os planos que fez, todos os novos momentos que poderiam ter construídos juntos. Como Eddie poderia estar morto de Richie o amava? Se ele ainda era capaz de senti-lo em cada parte do corpo? Como o coração de Eddie poderia ter parado de bater, quando cada pulsação de Richie ansiava por ele? Acima de tudo, como ele poderia ter partido sem ao menos Richie ter tido a oportunidade de falar com todas as palavras que o amava? 

Não era justo. Não era certo. Não era justo que Richie tivesse ficado sozinho, com aquela dor, com aquela ausência que o sufoca até os ossos. Eu te amo. Era tudo o que Richie queria poder ter dito. Mas uma coisa era certa, assim como as iniciais da madeira, os sentimentos de Richie sobre Eddie seriam eternos. Enquanto estivesse vivo, jamais o esqueceria. Eddie não era apenas um amor de infância, mas o amor de uma vida inteira. Ele o amava e sempre iria amar.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Mil beijos, com todo o amor do mundo, Pandora ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Agridoce" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.