Só foi entender muito tempo depois porque Regulus brilhava tanto naquela noite.

Regulus era uma supernova. Brilhante, intenso e morrendo.

Naquela noite, ele havia morrido. Tudo que se seguiu depois era apenas uma sombra há anos luz do que costumava ser; como uma estrela que lentamente perdia sua temperatura e brilho após a explosão final. Parecia o surgimento de uma estrela nova, uma estrela das trevas, mas era apenas o presságio do seu desaparecimento. E nem mesmo ele pode prever. Havia se orgulhado tanto de dizer que havia o conhecido tão bem, melhor do que qualquer um, mas no fim não havia conhecido uma ínfima parte do que era Regulus. Não havia confiado nele. Havia o abandonado.

E ajudado a matá-lo.

Cada vez que, por ventura, se esbarrassem no corredor, não se olhariam, como se nada nunca tivesse existido. Doía, mas não é como se pudesse fazer algo. Ele tinha o direito de odiá-lo e, temeroso, Remus achava que era melhor assim.

O tempo passaria, a dor desapareceria, e esqueceria tudo que conheceu sobre Regulus. Afinal, ele era o vilão. E Remus não era um herói.

Não poderia salvá-lo, mas nem mesmo estendeu a mão que ele precisava naquela fatídica noite. Havia o abandonado, mesmo depois de pensar que nunca o faria.

No fim, estava errado.

Nunca havia entendido nada da complexidade daquela estrela.

Regulus quem era um herói. Seu próprio herói. Mesmo que ninguém acreditasse que ele se rebelou, Remus acreditava e sabia que no fim Regulus quem salvou a si mesmo. Silenciosamente. Quietamente. Ele não precisava de heróis. Não precisava de rugidos altos ou glória ou ser aclamado. Era uma cobra, afinal, e trabalhava com os pés rastejando no chão. Muito mais heróico do que muitos que conhecia. Muito mais nobre. Remus sabia, e estava orgulhoso, e também quebrado. Agora ele não estava mais ali e nunca poderia abraçá-lo e dizer que ele havia feito bem.

Regulus era o sol e o próprio Ícaro, cujas asas derreteram e o levou para o abismo. Forçou caminho com as próprias mãos para fora de sua escuridão e morreu no processo. Seu brilho se extinguiu. Sua estrela seria esquecida.

Orion Black morreu no mesmo ano. Walburga Black durou pouco tempo depois. Sirius Black estava aprisionado, enlouquecido àquela altura, um traidor.

Remus não tinha mais ninguém.

E Regulus Black seria esquecido. Desapareceria como se nunca tivesse existido. Ninguém saberia do pequeno rei que brilhava tão intensamente.

Remus podia não ser um herói. Mas não mataria Regulus mais uma vez.

Ele se lembraria.

Se lembraria de Regulus Black.