Eu nunca, em hipótese alguma, me imaginei nessa situação. Casado, pai de família e apaixonado. Espera, eu disse apaixonado? Devo é estar ficando louco, sério. 

Onde já se viu, o Príncipe dos Saiyajins, o Grande Vegeta, o melhor de todos os universos, falando em paixão. Na verdade, não sei nem por que estou pensando sobre isso. Só que, depois de tudo o que já aconteceu, olhar para Bulma e meus filhos no jardim de nossa casa brincando, me deixa, sei lá, com uma coisa estranha no peito.

A verdade é que, mesmo eu não falando, a Bulma sabe muito bem o que faz comigo. Afinal, ela é a pessoa mais inteligente que já encontrei em toda a galáxia, e acho que é por isso que fiquei idiota desse jeito.

Uma vez, alguns anos atrás, Bulma e seus pais contrataram uma equipe de jardinagem para o nosso jardim, e então, ela me contou sobre o quanto o girassol era uma flor mágica. Obviamente que eu não queria ouvir essa merda de história sobre flores, não acrescentaria nada na minha vida e, para falar a verdade, não dou a mínima. Mas mesmo assim ela me contou — e ainda bem que me contou.

O girassol é uma flor que simboliza muitas coisas, e ela queria plantar porque significa longevidade. Bulma é apegada aos pais e a família e ela queria isso para nós, que vivamos muitos e muitos anos. Mas, também, significa felicidade, o que é essencial para convivermos bem. Achei bonito o significado e tudo mais, mas eu não estou nem aí para flor.

Só que Bulma continuava me explicando. Qualquer um sabe que quando ela quer, ela continua falando porque, bem, é a Bulma, né.

E então ela me contou que o girassol tem um poder, algo assim. E esse poder é de tirar substâncias tóxicas do solo. O que me deixou intrigado. Inclusive, quando ela me contou isso, eu peguei uma das mudas que estava no jardim para serem plantadas e fiquei analisando como que aquilo poderia ser tão bom. 

Era uma simples flor que crescia e ficava do tamanho do Trunks, girava junto com o sol e simbolizava várias babaquices que as pessoas acreditavam. Mas tirar toxinas do solo, para mim, era muito mais interessante. Era como se fosse um poder de cura ou algo do tipo.

No dia que soube disso, comecei a pensar de um jeito diferente sobre essa flor em específico. Não que eu fosse alguém que gostasse de flores, olha pra minha cara, né? Por mim, nem teríamos um jardim. 

Mas, eu estive pensando... e cheguei a conclusão que Bulma é como um girassol. Ela é importante e não só para mim. Ela é importante para todos. Mesmo que eu não queira admitir isso em voz alta, mas até para o Kakaroto ela é importante.

Em nossa família, de modo geral, ela é a felicidade — que eu claramente não tenho —, e a energia, que eu cismo em usar só ao meu favor. Já ela traz esse significado, assim como o girassol simboliza.

Para nossos amigos, ela é a lealdade. Ela quer ver todos bem, não se nega a ajudar com o que for preciso, desde uma máquina que os ajude a treinar, como com um prato de comida se você estiver com fome.

Ela nunca irá desapontar.

Além de ser alguém extremamente inteligente que inventa coisas que qualquer Deus duvidaria.

Mas, para mim, a Bulma é o girassol como flor mesmo, não simbolicamente. Ela plantou em mim uma semente dela, e extraiu toda a toxidade de mim. Me transformou no que sou hoje, pai e marido.

E mesmo que eu fique aqui, na sombra, encostado na parede que dá para o nosso jardim, só observando ela brincar com nosso filhos, eu na verdade só estou na retaguarda, para o caso de acontecer alguma coisa. Não significa que eu ame menos ou mais, eu só prefiro admirá-la e agradecê-la assim, do meu jeito.

E chega, né. Nem devia estar pensando sobre essas coisas, eu deveria estar treinando, isso sim. Afinal, eu tenho que socar a cara do Kakaroto. Mas assim que me desencosto da parede para ir até a cápsula em que treino, ouço um choro.

― Não, Bra! Não precisa chorar, foi só um susto. ― Bulma diz assim que chego e pego minha filha no colo.

― O que houve? ― pergunto já zangado.

― Ela só caiu de bunda no chão enquanto tentava andar. ― Bulma diz e sorri para mim, ela não parece preocupada. ― A bunda de fralda amortece.

― Cuidado Bulma, ela é muito pequena!

― Calma, Vegeta. Está tudo bem! ― ela disse olhando para os meus olhos preocupados.

Respiro fundo e volto a entregar a Bra para ela. 

― Pode ir treinar, não precisa ficar de vigia. ― Espera, como ela sabe? 

― Como você…? ― Antes que eu pudesse terminar de formular minha frase, ela me interrompe.

― Você acha mesmo que eu não te conheço?

E era isso, a verdade era essa. Bulma me conhecia de um jeito que nem eu sabia que poderia conhecer. Ela sempre teve fé em mim, sempre me mostrou que eu, apesar dos pesares, não a engano com pose de malvado egoísta.

E é por isso que eu amo, com todas as minhas forças, o meu girassol.