Erro + Certo escrita por Jessy


Capítulo 2
Que comecem os jogos!




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Me sento no sofá completamente devastada e trêmula, pego no meu telemóvel sentindo as lágrimas correndo mais e mais... marco o número da minha melhor amiga, preciso do conforto dela neste momento.
Ao fim de alguns toques que me pareceram demasiado longos ela atende por fim, e escuto a sua voz animada do outro lado da linha e o som de uma música alta.

— "Oi Lyn, que bom que ligou! Tudo bem?" - ela pergunta do outro lado da linha.

— "Gabi, onde está? Preciso de ti..." -eu digo com minha voz rouca do choro.

Logo ela percebeu meu tom de voz, e o dela muda automaticamente de animado e descontraído para preocupado e grave.

— "Amiga que aconteceu? Foi novamente o idiota do Rodrigo?!" - ela quase grita do outro lado para se fazer ouvir acima do volume da música.

— "Sim, eu e ele discutíamos, acredito que dessa vez acabámos..." - respondo cabisbaixa, cerrando os olhos tentado acalmar as minhas lágrimas.

— "Oh Lyn você sempre diz isso quando discutem, tenho a certeza que é passageiro e não tarda farão as pazes como todas as outras vezes." - ela diz calmamente com um certo tom  afirmativo na voz.

Ela podia até ter razão, eu e Rodrigo já discutimos vezes de mais e sempre voltamos. Na verdade eu acabo sempre por fazer de tudo para ficarmos novamente, parece que já não sei quem sou se não tiver ele do meu lado. Sou exagerada? Talvez... mas é o que sinto, é como se eu precisasse ser a sombra dele, sabe? Mas acho que dessa vez cansei, não quero mais ser sombra!

— "Não Gabi, dessa vez é sério! Ele fez algo imperdoável eu preciso esquecer ele o quanto antes, aliás já o devia ter feito à mais tempo mas nunca tive coragem, sei lá... sempre o olhei com outros olhos, procurava pelo melhor para esconder o pior... o problema é que o melhor nunca era suficiente para encobrir toda a merda que existia entre nós! Já perdoei de mais, cansei... cansei de ser a certinha que ele falou, entende?" - eu me defendo acreditando que minha amiga entenderia melhor que ninguém, afinal ela sabia de tudo, nunca escondi nada dela.

—"Como assim a certinha?" - ela me questiona do outro lado, enquanto ouço a música mais baixa e uma porta fechar, acredito que ela tenha ido para o banheiro.

—"Ele criticou meu modo de ser... minha maneira de agir... você sabe minha personalidade de como ele disse "boa menina", e eu não quero mais isso, fartei!" - eu digo já não chorando mais, a dor tinha sido consumida pelo ódio.

— "Lyn, que ele fez para você dessa vez? Pode falar estou sozinha no banheiro..." - ela me diz e sinto um tom impaciente em sua delicada voz.

— "Ele me traiu Gabi... disse que não podia mais aguentar só nos beijinhos..." - eu me abro com ela e aperto o telemóvel com força.

— "Desgraçado, garoto mais escroto, filho da puta!" - ela fala nervosa e juro que posso sentir como se ela se movesse de um lado para o outro nesse momento.

— "Tudo o que quero é tirar ele da minha cabeça..." - falo gaguejando enquanto prendo o choro que quase sai novamente.

— "Onde você está?" - ela pergunta do outro lado.

— "Em casa... onde mais estaria?" - pergunto com a minha voz fraca.

— "Eu estou em uma festa de uma faternidade com uma galera! Não quer vir para cá iria lhe fazer bem!" - ela diz com uma voz meiga.

— "Não sei se seria a melhor hora, não estou propriamente no clima para festejar, sabe?!" - eu digo, mas bem lá no fundo pondero o convite.

— "Faça-o se arrepender, mostre que também quebra as regras quando quer! E nunca algo foi tão bom para esquecer uma coisa má como fazer uma coisa divertida, vêm para cá! Diz que sim! Por favor... vai Lyn!" - ela faz uma voz de criancinha do outro lado e imagino ela lazendo beicinho, e aquilo meio que me alegra.

Ela têm razão... se eu for posso mostrar para ele que afinal não sou assim tão certinha como ele imagina, e para melhorar posso tirar ele do meu pensamento por uns momentos, certo?

— "Eu vou..." - digo demasiado rápido, tanto que minha frase sai que nem um suspiro.

— "O quê? Você vêm? SÉRIO?!!" - ela quase grita de tão incrédula por eu finalmente aceitar a sua proposta para ir com ela em uma festa de noite.

Gabi vem me convidando para esse tipo de festas faz tempo, mas sempre neguei. Nunca fui de gostar de música nas alturas, gente em cima de gente, álcool e cheiro a tabaco e outras drogas impregnados no meio ambiente... sempre foi algo que me pareceu intragável, nunca esteve nos meus planos, nunca despertou minha curiosidade! Sim sou uma adolescente estranha, sempre preferi ficar por casa numa sexta ou sábado à noite, vendo netflix ou lendo um livro, comendo pipocas na companhia de Sky, meu companheiro de quatro patas... mas aqueles comentários de Rodrigo magoaram, e eu preciso realmente viver mais, não sei se ir a festas é propriamente viver mais, mas estava disposta pela primeira vez a descubrir!

— "Sim Gabi, eu disse que vou." - sorrio e tento alegrar a minha voz devido à reação da minha amiga.

— "Que bom amiga, não é longe da sua casa, vou mandar o endereço por mensagem... e Lyn?" - ela fala.

— "Sim?" - questiono.

— "Não se esqueça de se vestir para arrasar, nada de vir tipo freira ouviu?! Imagina como uma mulher que você chama de sem vergonha se vestiria, é assim mesmo que você têm de se vestir para hoje!" - ela gargalha alto do outro lado pela minha falta de resposta. - "Fico aguardando você gata!" - ela fala e antes que eu possa retribuir ela desliga.

Logo meu telemóvel vibra com a mensagem de Gabi onde o endereço estava escrito.
Fico pensando na sua última intervenção e imagino o que vestir.

Eu sou uma garota que usa apenas roupa larga e confortável, aquele tipo que é até considerada desleixada! Quase sempre uso meu cabelo longo preso em um coque e meu corpo completamente escondido por detrás de roupas sem graça, não gosto de chamar a atenção, prefiro passar despercebida. Mas hoje não... hoje quero mostrar a ele que eu sou melhor que qualquer outra que ele escolher, e ao contrário do que ele falou não irei ser eu a perder e sim ele!

Como não tenho nenhuma roupa do tipo sexy vou até ao quarto de minha mãe que ao contrário de mim anda sempre impecavelmente vestida, com roupa chamativa e que marca todo o seu corpo esbelto, ela está a fazer o turno da noite pelo que posso aproveitar o momento.

Minha mãe me teve muito jovem, temos apenas 17 anos de diferença e por isso muitas pessoas dizem que parecemos irmãs... na verdade eu amava realmente parecer algo com ela... mas sou o seu contrário! Minha mãe é loira de olhos azuis, pele branca, alta, magra e elegante! Eu sou morena, de cabelo castanho onduldo e olho avelã, estrura média/pequena, não sou magra como minha mãe, e nem de todo elegante.

Abro seu closet e procuro algo que por milagre me possa servir, o único vestido que parece ser elástico é um vestido vermelho de lycra. Pego no mesmo e o vestido me sentindo estranhamente incomodada.

O vestido é extremamente justo e ao contrário do que acontece com minha mãe, que é muito magra, marca todas as minhas curvas, o mesmo vai até ao joelho e possui uma pequena racha de um dos lados, provavelmente o que mais me agardou foi ele não ser muito curto, para além disso têm um pequeno decote que molda os meus pequenos seios mas não os deixa demasiado reveladores.

Olho para mim no espelho de minha mãe não me reconhecendo de todo, contudo gosto do que vejo!

Procuro pelo estojo de maquilhagem da minha mãe e decido-me aventurar pela primeira vez.
Vejo um tutorial no YouTube de como fazer uma maquilhagem para festa e tento desesperadamente imita-lo.
Na primeiras 20 tentativas foi um desastre até que finalmente consigo passar o eyeliner dos demônios de forma correta, ponho um batom vermelho da cor do vestido e um rímel que realça as minhas pestanas que na realidade já são longas e curvas ao natural, passo lápis de sobrancelha para ficar com elas no ponto correto sem um fio fora do lugar e estou finamente pronta.

Procuro por um calçado confortável mas elegante pelas prateleiras e encontro umas sandálias pretas de salto largo e médio que me parecem perfeitas.

Agarro uma bolsa preta para combinar e encho ela com todas as coisas que posso necessitar.

Solto o meu cabelo e tendo da melhor forma possível deixar ele ajeitado fora do coque habitual e opto por o deixar tipicamente selvagem não desfazendo suas ondas, apenas puxando minha franja comprida para trás e prendendo com um pequeno gancho dourado evitando que tape meu olhor ou meu rosto.

Coloco ainda um relógio, minha pandora e um fio subtil para não deixar o decote do vestido tão visível e não me sentir tão "despida".

Por fim, vou buscar uma jaqueta de cabedal preta para evitar sentir o frio da noite na minha pele e finalmente saiu porta fora em busca do endereço enviado por minha amiga para a minha primeira festa noturna.


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Notas finais do capítulo

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