Enfim livres escrita por Subject 17


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hoje faz 4 anos que Undertale lançou e de uns tempos pra cá eu estou voltando a essa fandom, mesmo que esse jogo tenha sido tão importante na minha vida que eu nunca tenha de fato saído dela.
Não é algo criativo ou original, mas foi a melhor forma que eu consegui pensar de comemorar essa data. O final feliz pra mim é o verdadeiro final desse jogo afinal de contas.



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Era a paisagem tão aguardada por todos que estavam ali presentes, e que de alguma forma ainda parecia tão distante e impossível de ser alcançada. Alguns dos monstros ali sequer haviam visto o laranja que cobria o céu do fim da tarde antes, mas pareciam tão familiarizados com o ambiente, como se aquele fosse seu verdadeiro lar. E ele realmente era, um lar que havia sido tirado deles por uma guerra causada pelo medo e pela ignorância, mas que após muitos anos havia sido retomada. Agora e para sempre, a superfície era outra vez o lar dos monstros.

Frisk, mesmo que não visse nenhuma novidade em tal paisagem, ainda não podia conter a felicidade que crescia em seu rosto com um sorriso de orelha a orelha. Havia enfim conseguido, após tantos desafios que haviam levado a inúmeras mortes, concluiu sua jornada sem que tivesse que matar ninguém. Essa era sua recompensa, um tão aguardado final feliz. Olhou para sua direita, vendo os amigos que fez enfileirados um ao lado do outro.

Toriel, o primeiro rosto amigo e bondoso que havia feito em sua jornada. O sorriso e sereno em seu rosto era tão acolhedor quanto sempre foi, mas seus olhos tinham um brilho diferente. Parecia tão pensativa e saudosa que Frisk ficou imaginando o turbilhão de lembranças que deviam estar invadindo sua mente no momento. Há quanto tempo ela se imaginava vendo esse céu e respirando esse ar novamente? Sabia que a mãe cabra já tinha desistido de ter sua liberdade reconquistada, e que essas memórias estariam para sempre limitadas a serem apenas isso, como algo que para seu próprio bem deveria ser enterrado no fundo de sua mente para evitar o sofrimento que as lembranças de uma época tão distante lhe traziam. A fina camada de lágrimas em seus olhos dava a certeza pra Frisk de que ela nunca esteve tão feliz por estar errada.   

Depois dela, Sans ainda parecia com uma feição presunçosa e despreocupada. Mas mesmo que a mudança fosse mínima, os olhos atentos de Frisk ainda conseguiram reparar em uma felicidade que o esqueleto não sabia como demonstrar, e que o sorriso sempre estampado em seu rosto não era o suficiente para mostrar como estava aliviado em finalmente conhecer esse cenário. Sabia que, bem no fundo, o monstro preguiçoso também havia desistido da ideia de que a barreira fosse quebrada e que sua espécie teria seu final feliz, mas se determinou em provar para ele que estava enganado. Talvez, quando o anoitecer chegasse de vez, ele pegaria seu telescópio e voltaria para observar as tão distantes estrelas que cobririam o céu escurecido. Sim, conseguia facilmente ver o comediante fazendo isso, e que, junto de seu irmão mais novo, a criança de bom grado os faria companhia nesse momento.

O irmão mais novo e tão “exótico” estava como de costume ao lado do irmão mais velho. De todos, era Papyrus quem mais estava surpreendido com o sol. Parecia que a qualquer momento correria em direção a grande estrela, querendo provar a todos o quão incrível seria a alcançando em pouquíssimo tempo. Diferente da péssima condição em que haviam se conhecido, agora não havia mais uma necessidade de capturar humano algum. Não precisaria elaborar mais nenhuma armadilha desnecessariamente complicada e muito menos letal do que imaginava. Na verdade, era bem provável que o monstro ironicamente conseguiria fazer amizade com várias pessoas sem dificuldade, mesmo Frisk sabendo que boa parte delas não merecia uma alma tão bondosa e piedosa como a de Papyrus em suas vidas. Era engraçado com certeza, e o pensamento divertia a criança.

A capitão da Guarda Real estava logo em seguida, extremamente feliz com um ambiente que não deveria ser o mais apropriado para sua anatomia, mas que se ele a incomodava de alguma forma, ela não deixava transparecer de jeito nenhum. Os dentes pontiagudos e amarelados em seu rosto não eram mais intimidadores, os olhos não carregavam mais o ódio e não causavam medo em quem estivesse no seu caminho. Undyne estava, de tantas formas, tão diferente daquela criatura que conheceu nas cachoeiras e que causou boa parte de suas tantas mortes pela cansativa jornada. Poderia ser a que mais teria dificuldade em se ajustar para conviver com uma raça que havia causado tanto sofrimento a ela, mas Frisk ajudaria a amiga a passar por isso. Ela não estava sozinha, e não a deixaria se esquecer disso.

Tão nervosa e inquieta, Alphys parecia se esforçar para manter o coração ansioso dentro do peito. A cauda balançava rapidamente de um lado para o outro, e a satisfação no par de olhos que se escondiam por trás das lentes que refletiam o sol ainda era bem evidente. De todas, era a cientista que mais acreditava que viveria para ver esse dia chegar e provar a si mesma que nada que pudesse ver na televisão poderia se comparar com a realidade. Era tantas coisas novas que a mente curiosa poderia aprender e descobrir em um ambiente completamente novo, mas Frisk sabia que essa era uma preocupação secundária do grande réptil. Por hora, ela se preocuparia apenas em viver a vida que por tanto tempo sonhou.

Mas entre todos os monstros ali presentes, o rei deles era o único que não deixava felicidade ou satisfação transparecer. A figura grande e de feição cansada suspirou pesadamente, e os olhos que fitavam o horizonte ainda carregavam culpa como quando antes de se enfrentarem. Nenhum dos outros parecia ter reparado nisso, mas Frisk não conseguia olhar para outro lugar ou pensar em outra coisa que não fosse o psicológico destruído que corroía Asgore incessantemente por tanto tempo. Cada morte que havia os levado até ali havia sido direta ou indiretamente causada por ele e, mesmo que fosse pelo seu povo, cada corpo sem vida que havia sido entregue a ele para sempre o atormentaria. Talvez não se considerasse merecedor dessa liberdade, e poderia nunca se acostumar a viver com os humanos depois de já ter causado a morte de alguns deles. Essa possibilidade amargurava Frisk mais do que tudo porque, por mais que odiasse admitir, de fato aconteceria se ele não tivesse sua tão merecida ajuda. O passado trágico do monstro que perdeu sua família não o deixaria ser feliz com tanta facilidade.

Ignorando alguns olhares estranhos que recebia, a criança caminhou em direção ao rei abatido. A enorme, ainda mais em comparação a sua, e felpuda mão foi logo envolvida pelo pequeno par de mãos humanas. Frisk deu o sorriso mais reconfortante que poderia, não sabendo bem como se expressar com palavras ou ajuda-lo no momento. Tudo o que poderia fazer era mostrar que ele merecia ser livre assim como todos os outros. Não foram os monstros que haviam começado a guerra, e Frisk não poderia deixar que a culpa que sua espécie carregava fosse colocada no rei. E com esse gesto, por mais simples e pequeno que pudesse parecer, Asgore retribui o sorriso.  


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Notas finais do capítulo

Algumas alterações porque eu gosto de drama e colocar angst até em coisas que deveriam ser fluffy, fazer o que?



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