Sabe quando você experimenta algo e sente que nasceu para fazer aquilo?

            Eu era uma criança quando descobri a arte da escrita. As letras me encantaram à primeira vista. Eu não sabia ler, mas achava belo quem o fazia. E aos poucos, enquanto aprendia, não consegui mais parar.

            Escrevo histórias há anos. Histórias infantis, histórias dramáticas, comédias... escrevo tudo que me vem a mente. Eu não digito, eu escrevo. Não há satisfação maior do que desenhar uma obra prima em forma de texto. Sentir seu pulso fazer a caneta deslizar no papel, até então em branco, e ir formando palavras de acordo com o que imagina.

            Há coisa mais bela do que reproduzir o que sonhamos?

            Eu não posso desenhar, então escrevo.

            Meu nome é Anna. E eu o acho lindo.

Sou a melhor escritora do mundo, de acordo com meus filhos.

Crianças: Inspiração. Se pudessem escrever como os adultos, seriam autores dos melhores livros.

            Mas a honra que tenho em escrever mais uma vez, não é somente para dizer o quão lindas são palavras dançantes numa folha de papel.

Eu não vou mais escrever.

            As lindas letras que formam minhas mais preferidas palavras. Eu não vou mais escrever.

            Hoje estou de cama em um hospital, e mal consigo segurar esta caneta. Mas me esforço para escrever da forma mais legível e com a letra mais bonita possível.

            Em breve irei morrer, e este é meu último texto.

Já escrevi para meus filhos, já escrevi para parentes, escrevi para amigos. Tantas cartas de adeus. Mas quase me esqueço das minhas palavras.

            A verdade é que sinto que a escrita foi a única coisa que tive de verdade na vida.

            Que tive sem mentiras. Sem receios. Sem nenhum arrependimento.

            Que subjetivo é tudo isso. Porém, belo como o nome.

            Adeus é o nome. Despedida o significado.

Como eu disse, sem arrependimentos.

Adeus, minhas queridas palavras.