Além do Crepúsculo escrita por Maiah Oliveira


Capítulo 5
Capítulo 4 – Alice Cullen


Notas iniciais do capítulo

Oi, todo mundo que ainda acompanha essa fic, se houver alguém... Gostaria de pedir mil desculpas pela demora enorme desse capítulo, não tinha percebido que estava há tanto tempo sem postar, me desculpem mesmo. A quarentena não está sendo fácil para ninguém e espero estar mais produtiva, embora nesse capítulo específico tenha acontecido uma série de problemas que se uniram e me impediram de atualizá-lo.
Eu tive atrasos, minha beta teve atrasos, depois minha beta precisava focar em outras coisas e infelizmente teve que sair e aí lá fui eu caçar outra beta, todo processo demorou bastante na verdade, mas felizmente achei uma nova beta que é a maravilhosa!!! Muito obrigada Julia Souza por embarcar nessa jornada comigo!!!
Espero não demorar muito para postar o próximo capítulo, mas estou tentando adiantar a escrita dessa história para regularizar as postagens, sério, demorar tanto para postar me incomoda muito e acho que se conseguir adiantar minha escrita e a betagem também for adiantada, vou conseguir programar as postagens dessa história, algo que é minha meta desde o ano passado, mas agora vai meu povo, com fé em Deus, então torçam pra mim, para eu conseguir regularizar as postagens!!!



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Amigos são realmente uma das coisas mais incríveis que existem, eles são aquelas pessoas que conseguem mudar tudo para melhor de um momento para o outro, quando nossa família não pode. Amigos são a família que não compartilha do nosso sangue e Alice se tornou essa pessoa para mim desde o primeiro dia que nos conhecemos, mesmo que na época eu não tenha percebido isso.

Bella Swan

 

Quando o olhar de Bella cruzou com o da garota desconhecida por um momento ela sentiu uma forte impressão de déjà vu, mas a sensação desapareceu de maneira tão repentina como nuvens em um céu de março, a fazendo se sentir com os joelhos um pouco fracos e com a cabeça muito leve.  

E agora na casa da menina, Alice era seu nome, de banho tomado e saindo da suíte com apenas um roupão, Bella não poderia afastar surrealismo de toda a situação. Afinal, a forma como ela, uma criatura de natureza cautelosa, cegamente seguiu uma completa desconhecida para a casa dela, era tão fora do personagem para si mesma, que só poderia ser encarado com profunda estranheza. O fato de Alice explicar que não haveria ninguém em casa, conseguiu aliviar um pouco da ansiedade e o resquício de cautela que sentiu ao se encaminhar para a casa da garota. De qualquer forma, a moça de cabelos espetados, inspirava uma profunda confiança em Bella, por mais incompreensível que fosse esse sentimento. 

Havia algo em Alice que convidava a confiança, fosse o jeito como ela falou com ela ou seus lindos olhos cor de avelã, ou talvez algo tão simples e fútil, como o fato dela ser linda. E Alice era de fato linda, de um jeito delicado e feminino, era pequena, muito pequena (pequena demais também para causar muito estrago, supôs) com um rosto miúdo e traços suaves. Gentileza, alegria e uma energia nervosa incontrolável pareciam sair de seus poros, mas também havia um monte de sinceridade quando ela demonstrou preocupação com sua saúde estando no meio daquela chuva. Foi fácil confiar em Alice Cullen, mesmo que fosse em igual medida estranho.

Abandonou seus pensamentos, já se resignando em vestir suas roupas molhadas e menos que limpas, que ela jogou em uma cadeira no quarto de Alice. Contudo, para sua surpresa suas roupas não estavam mais à vista. Antes que pudesse sair do quarto para chamar por Alice e perguntar sobre suas roupas, viu disposta sobre a cama um conjunto de roupas, com seu celular ao lado delas e logo abaixo na mesma linha de visão, sapatos (botas na verdade), aos pés da cama. Se as roupas colocadas ali não foram indício o suficiente para ela, Alice apenas confirmou suas suspeitas com um bilhete ao lado da roupa que ela pegou.

 Não se preocupe com suas roupas ou tênis, as roupas estão na lavadora e o tênis secando, eles serão devolvidos assim que estiverem limpos e secos. Enquanto isso pode ficar à vontade pegando essas roupas emprestadas, bem como a bota. Estarei te esperando na cozinha, é só seguir o bom cheiro que eu tenho certeza que vai achá-la :D

 Alice C. 

Se vestiu com rapidez ainda desconfortável com toda a situação de incomodar uma completa estranha para ajudá-la. As roupas eram lindas e se ajustavam a ela como uma luva, bem como as botas, o que em si era um pouco curioso. Já que Bella duvidava que Alice vestisse o mesmo número que ela, sem dúvida essa roupa deveria pertencer a outro membro da família. Esse pensamento só aumentou seu nível de desconforto. 

Decidida a não deixar esse sentimento dominá-la, seguiu as instruções de Alice e desceu guiada pelo seu nariz até a cozinha. Enquanto andava não conseguiu deixar de notar a beleza da casa, o lugar todo era lindo e grande, bem maior que sua casa (que não era tão pequena assim). Bella estava de fato encantada com sua própria casa, mas a casa de Alice parecia saída de uma dessas revistas que mostravam a casa dos famosos, mas sem a frieza e artificialidade da maioria dessas casas, pelo contrário, havia muita vida, aconchego e um ar natural de casa, que a transformavam de fato em um lar habitado por pessoas e não uma simples vitrine de beleza decorativa. 

Como Alice tinha escrito foi bem fácil seguir seu nariz com o incrível cheiro que vinha da cozinha. Alice estava terminando de arrumar a ilha da cozinha já dispondo pratos com sopa sobre o balcão, Bella cogitou mostrar alguma educação e recusar a sopa que parecia deliciosa, mas sua educada recusa morreu de forma vergonhosa quando o som indigno e alto de seu estômago faminto fez uma aparição indesejável. Alice riu divertida, virando para trás com um olhar tão malicioso que a fez achar que Alice sabia exatamente o que Bella pretendia fazer. Resignada decidiu se sentar em uma das cadeiras e ignorar o constrangimento. 

Muito em breve ambas estavam sentadas uma de frente para a outra saboreando uma deliciosa sopa. O silêncio também foi muito bom, reconfortante e pacífico. Algo que a deixou mais à vontade, contudo era fácil ver o quanto Alice estava ansiosa para falar, mas conseguiu respeitar esse momento, algo que relaxou e acalmou a mente de Bella mais do que ela poderia dizer. 

O silêncio foi rompido enquanto Bella e Alice estavam dividindo a tarefa de lavar e secar a louça. 

— Mas então... O que estava fazendo no meio de uma chuva dessas? — Alice indagou hesitante ainda parecendo focar sua atenção no prato que lavava. 

Bella pausou por alguns segundos a secagem do outro prato, pesando o que deveria dizer. Agora, depois de estar mais calma e centrada, se sentia ridícula por toda aquela cena. Não, se sentia ainda mais ridícula depois daquela cena. Chorar na chuva porque se mudou para um lugar que não queria era tão clichê que doída, além de ser dramático de um jeito bem embaraçoso. 

— Foi uma coisa idiota... — começou dando um suspiro resignado — Estava com saudades de casa... — revelou. Agora que o som das palavras saiam da sua boca, não podia negar o quão patéticas eram. 

Uma parte de Bella queria tomar as palavras de volta, Alice era virtualmente uma estranha que não precisava e não deveria querer se envolver em seu drama pessoal. No entanto, Bella não pôde ignorar esse sentimento que lhe dizia que Alice se importaria, que ela era confiável e não estava apenas sendo educada, mas que de fato estava interessada em ouvir. E de qualquer forma, seria muita pretensão de sua parte imaginar que poderia saber o que ia na cabeça ou no coração de alguém de uma forma ou de outra. Por isso, observou as reações de Alice, enquanto continuou a secar o prato, ou melhor, fingia secar só para ter algo para fazer com suas mãos. 

— Você não precisa falar nada se não quiser... mas se quiser pode usar meus ouvidos. — falou dando um sorriso no final que foi difícil não retribuir. 

Seu julgamento poderia ser equivocado, mas ela confiou em Alice, mais que isso, ela quis confiar em Alice. Contudo, não sabia como dar voz a toda sua angústia e dilema atual, sem parecer tola ou muito infantil. Além do mais, os acontecimentos do último mês, bem como seus pensamentos, giravam em uma confusa mistura em sua mente e organizar suas ideias de uma forma que fizessem sentido, era mais complicado do que imaginou. Mas antes que Bella pudesse falar de novo e acabar com o longo silêncio que tinha seguido a declaração de Alice, ela voltou a se manifestar. 

— O que acha de um pouco de chá? 

— O que? — indagou confusa com a mudança repentina de assunto. 

— Gostaria de um pouco de chá? — enunciou de forma mais lenta dessa vez. 

— Ah, sim, sim. Chá, sim parece uma ótima ideia. — Sorriu ainda um pouco confusa. 

— Ok. 

Alice deixou a última louça para ela secar e iniciou a nova tarefa andando com calma em torno da cozinha. Decidida a ajudar e querendo algo para fazer, depois que secou os talheres perguntou para Alice, onde encontraria canecas para o chá, o açúcar e colheres. Não foi difícil seguir as instruções de Alice e logo estava ajeitando a ilha para seu inesperado chá. 

Isso lhe permitiu o tempo e a calma tão necessários para Bella conseguir organizar seus pensamentos e decidir o que e como diria o que queria dizer a Alice. Porque ela queria dizer, percebeu, ela queria muito dizer e enfim desabafar com alguém que poderia ver as coisas de fora e dar-lhe uma nova perspectiva sobre tudo o que tinha acontecido, mas principalmente ela só queria tirar esse peso do peito, se livrar dessa angústia. 

Assim que Alice voltou servindo o chá para ambas ainda sem a atenção focada em Bella, foi fácil começar a dizer o que tinha acontecido com ela, falar sobre esse último mês e sobre tudo o que tinha precedido a decisão da mudança. Bella apenas narrou os fatos, os acontecimentos, tentando manter certo distanciamento, sem revelar suas opiniões ou sentimentos a respeito desses acontecimentos. 

Por mais que estivesse vulnerável e se sentindo um pouco carente, ainda era muito cedo para se expor totalmente a uma completa desconhecida. E de qualquer forma, ainda era mais fácil narrar os acontecimentos, do que revelar seus sentimentos e pensamentos menos que nobres, sobre tudo o que estava acontecendo. Alice parecia ser uma garota inteligente, ela poderia ser capaz de ler nas entrelinhas, preencher os espaços em branco e entender o que aconteceu, sem que Bella tivesse que verbalizar algumas coisas das quais ela não tinha nenhum orgulho. 

Falar sobre tudo o que aconteceu, mesmo não revelando tudo o que pensou ou sentiu, foi um alívio. O elefante pesando em seu peito havia desaparecido, bem como boa parte da angústia que se agarrou a ela nesses últimos dias e explodiu em um rompante de impulsividade e atitude dramática e infantil. 

— Sabe... acho que você não precisa se sentir envergonhada por isso, se quer saber a minha opinião. 

 E como pensou, Alice leu muito bem nas entrelinhas, o que fez Bella não conseguir conter um tímido sorriso pelo apoio. 

— Mudanças são sempre... complicadas. — A última palavra foi dita com um notável cuidado, como se ela mudasse de ideia sobre o que ia dizer no último momento. — Digo isso por experiência própria. 

— Sério? — indagou cética. 

— Sério — respondeu sorrindo — Minha família viaja muito, já mudamos de estado diversas vezes e eventualmente de países. Mudamos para Forks, pouco mais de seis meses. Então sim, eu sei como é ter que alterar toda sua vida de um momento para o outro, sentir que está começando de novo, deixar tudo o que conhece para trás, incluindo seus amigos, e ter que lidar com um monte de estranhos e uma cultura totalmente diferente da sua. Pode ser esmagador, eu sei. Mas depois de um tempo, as pessoas se acostumam com você e você para de ser novidade e consegue alguns amigos no meio do caminho, agora se você tiver sorte vai conseguir fazer algumas conexões bem reais e até duradouras. 

— E como você está se saindo? 

— Hmmm... Vou admitir que Forks nem de longe foi nossa melhor parada... — Bella não pôde deixar de fazer uma cara arrogante quanto ao comentário — mas parece que hoje minha sorte deu uma grande guinada para melhor — terminou com um grande sorriso fazendo Bella espelhar seu gesto depois de ouvir sua declaração. 

A ideia de ter conseguido fazer uma conexão real com Alice, por mais louca que fosse, afinal elas acabaram de se conhecer, a cada minuto que passava com a outra garota, parecia mais uma realidade do que uma mentira reconfortante.  Alice não inspirava só confiança, quanto mais falavam sobre nada e tudo ao mesmo tempo, Bella percebia que falar com Alice, estar com ela, era como estar com uma velha amiga, mais que isso, era muito parecido com estar com família de verdade. Não parecia tanto com se conectar e sim com se reconectar com alguém querido e perdido. E poderia ser loucura ou carência, Bella não se importava, só estava grata que seu caminho e o de Alice haviam se cruzado e que sua amizade incipiente parecia tão cheia de promessa de se tornar algo muito maior e melhor. 

O pensamento de ter Alice ao seu lado, como sua amiga, para enfrentar esse assustador primeiro dia de aula, tornou aquele dia triste e cinzento um pouco menos ruim e depressivo, como se pequenos e pálidos raios de sol aparecessem de repente no céu, para iluminá-lo ainda que com timidez, espalhando um pouco de conforto em seu peito. 

Enquanto lembrava de beber um pouco seu chá, ouvia Alice falando um pouco mais sobre como era viver em uma cidade pequena e os últimos acontecimentos das celebridades americanas. Foi só depois de vários minutos que Bella percebeu que ambas tinham conversando em português e que Alice continuava falando sua língua. 

— Espere! Você fala português?! — interrompeu um tanto estupidamente, ainda admirada com essa descoberta. 

— Sim, pensei que você já tinha notado. — respondeu rindo. 

Era ridículo como não percebeu antes, mas em sua defesa, Alice foi a primeira pessoa com quem interagiu desde que chegou nos Estados Unidos. E ela ainda precisava se acostumar que não estava mais no Brasil. 

— Eu não... estava... — começou a balbuciar desconcertada, pela sua flagrante falta de atenção. 

— Tudo bem, acho que eu entendo. — desconsiderou Alice ainda rindo. 

Não podia deixar de encarar Alice com uma mistura de surpresa e admiração. Talvez esse fosse um dos motivos que tenha se sentido tão à vontade e que Alice tenha conseguido trazer conforto para ela de maneira tão rápida. Talvez, inconscientemente ouvindo Alice falar sua língua pátria a tenha feito de alguma forma se sentir em casa. 

— Me desculpe... é que... não é muito comum as pessoas saberem português e conseguirem falar ele tão fluentemente. 

— Eu imagino. 

— Como você... quer dizer, onde aprendeu? 

— Nós já moramos no Brasil, há alguns anos atrás, foi assim que aprendemos a língua. Ainda temos a nossa casa lá. 

— Sério?! Então todos sabem português! — disse contente e surpresa. Seria incrível de verdade conversar na sua própria língua com outras pessoas além da sua família. 

— Sim, todos nós. — respondeu parecendo muito satisfeita. 

— Me fale mais sobre a sua família. — pediu se sentido um pouco animada com a perspectiva de conhecer mais pessoas que falavam português na pequena e interiorana Forks. 

— Bom, meu pai Carlisle é uma pessoa única, adotou a todos nós... 

— Nossa! — disse surpresa mais por descobrir que Alice era adotada do que por qualquer outra coisa. 

Era difícil conciliar a imagem da garota alegre, vivaz e animada a sua frente, com a de uma criança órfã. Pensar nisso sem dúvida mudava muito sua perspectiva sobre Alice, a fazendo ainda mais incrível do que Bella pensou de início. Afinal, alguém que conseguiu lidar com esse tipo de questão e ainda assim tinha se tornando tão brilhante como ela, só poderia ser uma pessoa muito forte. E isso também lhe dava um monte de perspectiva sobre sua situação atual, afinal ela tinha muito por ser grata, ela tinha seus pais e irmão, e mesmo com o resto de sua família tão distante no momento, todos estavam vivos e bem e ela sempre que quisesse poderia falar com eles por telefone ou pela internet. 

Alice continuou a falar sobre sua família, como ela se estabeleceu com Carlisle adotando primeiro Edward e mais tarde com Esme adotando a própria Alice e seu irmão Emmett, e também como os gêmeos Hale, sobrinhos de Esme, ficaram sob sua tutela depois do terrível acidente de carro que os pais de ambos sofreram. E como depois seu último irmão apareceu como uma grande surpresa para toda família. Enquanto Alice contava sua história familiar, Bella pôde perceber que havia uma quantidade de desconforto na outra adolescente que não conseguia identificar.

Mas quando Alice começou a falar do relacionamento romântico que Rosalie e Emmett mantinham e do seu próprio relacionamento romântico com o primo/irmão, Jasper, fez mais sentido o desconforto de Alice. Afinal, ela poderia entender que tipo de escândalo seria para manter relações românticas entre primos (o que na cabeça de Bella eles eram) mesmo que não fossem parentes de sangue de fato. 

— Eu sei bem como é isso — revelou Bella, assim que Alice pausou sua conversa depois da revelação de seu romance com Jasper. 

— Sabe? 

— Sim, minha família é bem grande, muito grande, então já rolou algum relacionamento entre primos. Aliás, um dos meus tios, se casou com uma prima nossa de segundo grau, foi um escândalo na época, pelo que minha mãe contou, porque eles se casaram ao invés de ter apenas um namoro inconsequente, mas hoje em dia eles estão muito bem casados e com dois filhos e a família não liga mais pra isso. Para mim não é nada demais, tem gente que liga, mas não é da minha conta, então acho que não tenho o direito de julgar. Isso deve ter sido um escândalo quando vocês chegaram, mesmo que vocês quatro não sejam parentes de sangue. 

— Ah, sim, foi. Mas nós já passamos por muitos lugares com todos os tipos de pessoas e culturas, então hoje em dia isso mais nos diverte do que nos afeta. 

— Que bom. Mais poder para vocês!

—§- 

Foi notável que sua volta para casa foi mais seca e muito mais agradável do que sua saída intempestiva, já que nesse momento tinha o prazer de contar com a presença radiante e animada de Alice Cullen. Outra coisa que Bella notou era que os Cullen seriam provavelmente seus vizinhos mais próximos, já que a caminhada entre a residência Cullen e sua casa demorou apenas quinze minutos. Talvez ela e Alice poderiam até mesmo combinar de ir juntas a escola de vez em quando. 

Apesar de já começar a anoitecer, não havia nenhum carro estacionado na casa, o que queria dizer que seus pais ainda não tinham chegado em casa. Melhor assim, dessa forma não precisava explicar suas horas de desaparecimento para eles, já era constrangedor demais ter que explicar a seu irmãozinho o comportamento infantil e exagerado que ela tivera. 

Quando chegaram ao batente da porta para se despedirem com um abraço, Bella notou, por uma das janelas da sala, seu irmão sentado olhando para fora com um livro na mão, nesse momento sentiu a culpa pesar em seu estômago como uma indigestão. Tinha esquecido de ligar para Liam e pelo menos avisar que estava tudo bem. Ele sem dúvida havia ficado esperando uma ligação dela e se preocupou o suficiente para decidir esperá-la olhando pela janela. Ela iria ter que pedir um monte de desculpas pela sua total falta de consideração. Suspirou lamentando sua falha e se soltou dos braços de Alice. 

As duas se despediram, com Alice prometendo que se veriam muito em breve e que poderia contar com ela no seu primeiro dia de aula. Embora as garantias de sua nova amiga conseguissem diminuir sua ansiedade que esse primeiro dia já estava trazendo, bem como conseguisse alentar seu coração, não diminui o sentimento de culpa que tinha se alojado de forma desagradável em seu estômago. Por isso, encurtou a despedida das duas já se encaminhando para dentro da casa indo enfrentar a fera. 

—§- 

— Bom ver que conseguiu dar o ar da sua graça por aqui. — O tom de inegável sarcasmo não foi perdido para Bella. 

Foi a primeira coisa que ouviu ao entrar em casa, dessa vez nem poderia reclamar. Liam estava mais do que certo por estar chateado. Ela o deixara preocupado e esperando, sem saber quando ou se ela chegaria. Seria difícil pedir desculpas, pois não era um hábito frequente de sua relação. Os dois eram bons em brigar, mas o mesmo não poderia ser dito sobre pedir desculpas um para o outro. Não por orgulho e sim porque nunca foi necessário, já que nenhum dos dois conseguia ficar muito tempo zangado ou brigado com o outro. Bella podia contar nos dedos de uma mão a quantidade de vezes que um dos dois ou os dois tiveram que pedir desculpas um para o outro. Mas a bola agora estava na sua mão e seu irmão merecia ouvir isso. 

— Sinto muito de verdade, Liam — disse em uma voz apenas alta o suficiente para ele ouvir. 

— O que? — Liam indagou surpreso. 

— Me desculpe, por ter esquecido de ligar e avisar que eu estava bem e por ter te preocupado sem motivo. 

Liam estreitou os olhos para a declaração da irmã. 

— Você tá pedindo desculpas, para que eu não conte nada para a mamãe e o papai, não é?! 

Se havia uma coisa que podia conta  com Liam era para manter seus segredos, pois ele os mantinha, tanto quanto ela mantinha os dele, por isso a ideia de que ele contasse para seus pais sobre seu pequeno ataque, nem passou por sua mente. Talvez a situação fosse séria o suficiente para Liam acreditar que tinham que quebrar seu tácito pacto de manter os segredos do outro, mas Bella achava que não. Embora não fosse fazer mal pedir para manter isso em segredo, só para garantir. 

— Na verdade, isso nem me passou pela cabeça, por isso realmente apreciaria que você guarde essa situação toda para si mesmo. Eu só pedi desculpas, porque de fato sinto muito, não foi minha intenção preocupa-lo. 

Ele fez um som indistinguível quase incrédulo, mas não realmente. 

 — Ok, tudo bem! Eu sou um santo mesmo, deveria ser canonizado! 

 Bella riu com o exagero da declaração. Agarrou Liam antes que ele pudesse fazer qualquer coisa e tascou um beijo em seu rosto, algo que fez o garoto mostrar uma careta de desagrado. Liam odiava receber beijos de sua irmã mais velha.

 — Você é o melhor irmão do mundo! — disse rindo e apertando mais Liam no pescoço.

 — Tá, tá, chega, antes que eu mude de ideia — reclamou se desvencilhando dela.  

 

Em sua cama Bella refletiu sobre o incomum e turbulento dia que teve. Como uma montanha russa, cheia de altos, baixos, curvas e desvios alucinantemente íngremes para adicionar a emoção, seus sentimentos estiveram em toda parte. Mas, depois de conhecer Alice havia surgido em seu peito, entre todos os sentimentos conflitantes que sua vinda à Forks trouxe, um fio de excitação que não havia estado ali antes. Bella quase estava ansiosa para seu primeiro dia de escola e poder reencontrar a outra garota. 

 Sim, as coisas ficariam bem e esse sentimento ela só poderia agradecer a Alice Cullen.

 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam desse encontro, eram o que esperavam? Sentiram que faltou alguma coisa? Desejam ver alguma coisa que ainda não aconteceu na história ou que não aconteceu em Crepúsculo, mas que você gostaria que acontecesse aqui? Podem falar que se eu puder incorporar sua ideia na história, vou fazer isso e dar o devido crédito.



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