Desde que me conheço por gente eu tenho uma máscara de veneza.

As vezes penso, cá com meus botões, de quem eu possa ter herdado a minha máscara. Do meu pai? Não, não. Ele tinha traços fortes demais para ter usado uma máscara de veneza. Da minha mãe? Talvez sim, talvez não. Ela sempre foi bipolar com suas expressões faciais. Acho que a melhor hipótese é: encontrei a máscara jogada por ai e me tornei dona dela. 

Com o tempo eu aprendi que uma máscara de veneza só fica muito bem colocada em pessoas que são completamente e estranhamente neutras. Esse é o meu caso. Por isso a minha máscara de veneza fica tão linda em mim. EXTRAVAGANZA, MIEI TESORI.

Como usá-la? Ah... isso é um detalhe importante. Tenho uma vasta experiência em colocar máscaras de veneza e posso até confessar que quando eu era criança não sabia encaixá-la muito bem e no fim, todos conseguiam ver o meu verdadeiro rosto, e eu me culpava. Inocência de criança...

Conforme ia crescendo, fui utilizando diferentes técnicas de amarração da minha máscara. Hoje quando uso ela, sinto que ela está tão bem colocada que até parece que nossa face se fundiu e nos tornamos um rosto só.

Qual o meu segredo? Ora, segredo é segredo.

Cada pessoa tem as suas técnicas para disfarçar ou esconder completamente as suas tristezas, a sua raiva, os seus arrependimentos, a ansiedade, a magoa, o tédio, o ódio, o preconceito, a tara, a inveja, a frieza e até mesmo a felicidade, o amor, a emoção positiva, o orgulho de algo ou alguém, a fé e a coragem.

Para esconder metade de tudo isso eu uso uma máscara de veneza, e a amarração que faço dela na minha cabeça não conto para ninguém, pois, ninguém pode saber o que eu sinto.

É melhor assim.