Internamente Evans escrita por psc07


Capítulo 16
Capítulo Quinze


Notas iniciais do capítulo

SURPRESA! Hoje é aniversário de nosso bruxo favorito! E em homenagem a Harry, trago um capítulo pra vocês!!! Espero que curtam!

Criei um grupo para falarmos um pouco sobre Internamente Evans. Quem quiser, chega no meu twitter que eu mando o link!

(PS: leiam a nota ao final)

Beijossss



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Não foi tão estranho naquela segunda-feira como na passada. O sorriso de James para ela parecia estar um pouco diferente, sim. O dela provavelmente estava, mas ela realmente não saberia dizer com certeza.

O importante, como ela sempre tinha considerado, era que ninguém soubesse.

E agora, mais do que nunca, aquela Terceira Missão (lidar com tudo sem estragar sua amizade com James) parecia um caminho extremamente difícil a se fazer.

Como manter uma amizade normal depois do amigo ter dito… bem, tudo que James dissera? Pescaria inclusa, e tudo.

Bem, aparentemente, com sorrisos e conversas.

—Bom dia, Lil – Ele cumprimentou sorrindo assim que chegou e a viu no computador – Já viu todo mundo?

—Hey, James. Sim, terminando aqui e já lhe passo tudo.

—Sem problemas. Acabei de ver agora só. Vou pegar um café e volto. Quer?

Lily sorriu levemente e negou, voltando para o computador depois de agradecer.

—Ok, na próxima vez, Mary precisa levar Bertram para a gente avaliar se vale a pena tanta confusão – Sirius anunciou algum tempo depois, sentando ao lado de Lily.

—Rá, boa sorte. Ele executa a profissão de herdeiro muito bem sendo o gerente de um dos restaurantes do pai.

Sirius sacudiu a cabeça em negação.

—Só aquele idiota do James mesmo para não aproveitar a situação – Sirius retrucou. Lily riu, mas sua resposta foi desagradavelmente cortada.

—Evans, os computadores são para serem usados para atividades relacionados ao internato. Ficar batendo papo com outros… desocupados fica para local mais apropriado.

Lily fechou os olhos, respirou fundo e depois olhou para o computador, terminando a prescrição e, assim, o uso do computador.

—Me desculpe, Dr. Snape. O computador está livre, mas seus internos ainda não chegaram – Ela disse com um sorrisinho – Bom dia para o senhor.

Sirius não escondeu o sorriso com a resposta, e a cutucou quando eles se sentaram longe do residente rabugento.

—Amei a resposta, Lily – Ele disse sorrindo – Educada e assertiva. Gostaria de ter a sua paciência.

—Está acabando – Ela admitiu.

Quando James se juntou aos dois, não foi estranho, nem muito diferente. Sirius falou sobre a resposta, James deu a gargalhada de sempre – mas ela conseguia perceber um brilho a mais no olhar dele, que aumentava levemente o rubor em seu rosto.

Mas ela realmente não podia achar que passaria sem nenhum comentário de Marlene.

—Você e James parecem… sei lá. Próximos? Não sei dizer – Ela comentou quando voltavam para casa.

—Bem, amigos, talvez? – Lily sugeriu, sem tirar os olhos da rua. Mas se Marlene não tivesse entretida no celular (vendo vídeos de gatos derrubando coisas no chão), teria visto as mãos de Lily apertando o volante.

—Hum – Marlene resmungou fazendo careta – Emmeline que parece invejosa disso.

—Emme? Sério? – Lily perguntou, verdadeiramente surpresa.

—Vai dizer que você não notou? 

—Não – Bem, pelo menos não recentemente

—Mas depois do que ficamos sabendo no final de semana, não sei se ele se envolveria com alguém do hospital – Marlene ponderou – Devo admitir que fiquei horrivelmente chocada. E curiosa. Você não?

—Eu, uh, já sabia – Lily admitiu. Marlene olhou para ela, bloqueando o celular.

—Ridícula. E não falou nada? Você é mais amiga dele por acaso?

—Não, não é isso. Eu não deveria saber, foi sem querer… – E Lily relatou a conversa entreouvida para Marlene, que esperou alguns segundos antes de responder.

—Uau. Sirius realmente odeia ela – Ela comentou. Lily assentiu.

—Não deve ter sido um namoro que terminou muito bem para James – Lily disse.

—Não, realmente. Até Remus parecia incomodado quando falaram no nome dela, e Remus é um anjo – Huh. Lily não tinha percebido isso. Talvez por ter encarado James no momento, e tentado esconder seu desconforto. – Você deveria perguntar, já que são amigos.

Lily revirou os olhos.

—Não vou perguntar isso pra ele. Muito invasivo. Quando, e se, ele quiser compartilhar, ele irá – Para não dizer quão estranho iria parecer perguntar sobre isso depois da conversa que tiveram.

—Talvez eu pergunte.

E Lily não duvidava que a amiga realmente perguntasse, mas preferiu não comentar nada a respeito. 

O apartamento tinha se adequado a Tonks tão bem quanto Tonks havia se adaptado. O nome dela já estava na lista de tarefas, e a mais nova fazia tudo tão bem quanto as outras – bem, a comida ainda estava podia melhorar um pouco, mas estava em uma crescente.

Naquela tarde, Mary tinha trazido colegas para estudar com ela para uma prova importante que se aproximava. Elas ocuparam a sala, enquanto Lily e Marlene foram para o quarto da ruiva estudar juntas um artigo que seria discutido no dia seguinte.

 

James Potter 16:30

Metodologia também é importante 

É uma boa estudar…

 

Ah, sim. James iria apresentar o artigo.

 

Lily Evans 16:31

Sabe, você não deveria dar dicas assim

Vão achar que você está me beneficiando

Vão te denunciar para Moody

 

—Por que você está sorrindo desse jeito? – Marlene perguntou. Lily rapidamente bloqueou a tela.

—Meu pai – Ela mentiu – Vamos voltar, ok?

E para o estudo elas voltaram. Lily tentou não focar mais na metodologia do que teria feito antes – ela realmente não queria se aproveitar de informações que James estava passando para ela.

Como esperado, o artigo que James apresentou precisava de conhecimentos de metodologia científica. Lily agradeceu que o que ela estudara era suficiente, porque (maldito seja ele!) James direcionou duas perguntas para ela.

Benjy e Amos não conseguiram responder as que foram para eles, então Marlene respondeu uma e Emme outra. 

Moody parecia satisfeito com o desempenho dos estudantes e com a apresentação de James. Depois de lembrá-los do simpósio interdisciplinar dali a alguns dias, ele puxou o residente para um canto e ficaram conversando um tempo. Quando James retornou e Moody saiu, Lily se controlou para não perguntar imediatamente o que o preceptor tinha falado.

Mas Marlene não.

—Recebendo bronca, Potter? – Ela provocou. James sorriu e revirou os olhos. 

—Ele perguntou o que achava de botar algum interno para apresentar um artigo, para estimular. Eu sugeri Diggory ou Fenwick, considerando que eles erraram e seria bom para eles estudarem. Mas ele disse que isso não ia ajudar pois eles iam sentir que era uma punição, então definimos que vai ser um sorteio – Ele explicou.

—Moody é incrível – Lily comentou. Ela sabia que em qualquer outro serviço, não apenas Benjy e Amos iriam fazer a apresentação, como eles seriam publicamente chamados a atenção (quiçá humilhados) pela falta de conhecimento.

—Quê? McGonagall deixou de ser sua ídola? – Marlene perguntou, erguendo uma sobrancelha.

—Eu nunca disse isso – Lily replicou, dando uma cotovelada na amiga – Eu posso achar que ele é um excelente chefe e ainda ser fã da rainha do trauma, não posso?

James assentiu e lhe deu um sorriso.

Lily sorriu timidamente de volta e agradeceu por Marlene ter escolhido esse momento para olhar o celular.

—Bom, saiba que nosso próximo plantão terá a rainha do trauma – James informou.

—Amanhã é Minerva de noite? – Lily perguntou com um grande sorriso.

—A própria. Vamos ver se vai ter alguma coisa para você impressionar Vossa Majestade – Ele disse, fazendo ele e Marlene rirem, enquanto Lily corava e resmungava sobre pessoas desagradáveis.

Mas o sorriso que ela ofereceu a James quando ele estava indo embora deixava claro o que ela pensava sobre certas pessoas desagradáveis.

***

Era difícil Lily ir mal-humorada para a emergência. Ela gostava de estar lá, de ser útil no momento em que as pessoas mais precisavam.  

Foi isso que ela disse para James e Dorcas quando eles estranharam o bom humor.

Dorcas Meadows era uma colega de Lily que ela não tão próxima. Ela só sabia que Dorcas queria fazer clínica médica para depois fazer intensivismo. Lily admirava isso – o ambiente de UTI também lhe interessava.

James exibira o pequeno sorriso que Lily já estava ficando muito familiar.

—Hum. Eu não tinha pensado por esse lado – Dorcas replicou – Faz sentido. Vou adotar para melhorar meu humor.

Lily sorriu e continuou a fazer a admissão de um paciente que eles iriam encaminhar para a Ortopedia. Os três já tinham feito a ronda juntamente com o R1, Caradoc Dearborn. Tinha um paciente aguardando para fazer tomografia e avaliar se tinha apendicite, outros três esperando outras especialidades e um sob observação após uma queda.

O residente de ortopedia da noite não era Peter, então ele apenas chegou, pegou a ficha e foi para o paciente. Lily franziu a testa, e quando o residente saiu, se virou para James.

—Nós temos um relacionamento um tanto complicado com o pessoal da ortopedia – Ele esclareceu – Você não vê muito isso por causa de Pete. 

—Coitado – Lily disse em simpatia – Ter que defender os amigos lá, e ter que defender os colegas com vocês.

—Ah, não. Nós temos um acordo de nunca falar dos residentes de ortopedia daqui para que ele não se sinta mal – James explicou, e depois sorriu – Só podemos fazer piadas com ortopedia em geral.

Lily revirou os olhos sorriu também. Dorcas e Caradoc retornaram após fazerem uma sutura que precisava de mais delicadeza no rosto de uma paciente jovem.

—Não estamos com muito movimento hoje – Caradoc comentou.

E ele estava certo. Tiveram poucos pacientes, mas importantes para aprender.

A tomografia do paciente confirmou a suspeita de apendicite, e Caradoc foi para o centro cirúrgico com Dra. McGonagall. Lily ficou com vontade de ir, mas ela estava no meio do atendimento de uma paciente.

—Terão outras apendicites para você – James disse sorrindo quando Lily finalmente terminou e foi lhe mostrar o caso.

—Eu sei – Ela disse, fazendo um biquinho – Mas é Dra. McGonagall… – Lily explicou. James riu e assentiu.

—Eu entendo. Você vai na próxima – Ele garantiu – Meadows foi?

—Não, ela ainda estava jantando – Lily explicou – Eu falei pra Dr. Dearborn, e ele disse que ia tentar. Mas ela tá vendo outro paciente, então acho que não achou a tempo – Ela disse, indicando a colega.

James assentiu, lendo o que Lily tinha preenchido no computador.

—Você poderia ter colocado só diferente aqui – Ele indicou – E nunca esqueça de colocar que já entrou em contato com a ginecologia.

—Mesmo se for um homem? – Ela perguntou, mordendo o lábio inferior para esconder seu divertimento. James fez uma careta e sorriu – Entendi, vou atentar para não esquecer da interconsulta.

—Ok, vamos esperar Meadows para falarmos sobre diagnóstico diferencial de dor abdominal baixa em mulheres?

Lily assentiu, sorrindo. Era por isso que ela gostava dos plantões com James. Bem, também pelo fato de ser James, e… ela não precisava mais negar para si mesma… a presença dele por si só já era suficiente.

Mas quando ele começava a explicar alguma coisa que com certeza seria útil para sua vida profissional era mais fácil esquecer o quanto ela gostaria que a situação fosse diferente e que ele não fosse ser seu residente ainda pelos próximos dois meses.

A discussão, contudo, foi interrompida pela chegada de um paciente com falta de ar. Imediatamente James chamou as duas para ir com ele. 

—Sr. Philip, me chamo James Potter, sou médico residente e vou te ajudar – Ele se apresentou – Consegue me dizer o que houve? – Perguntou, e depois virou para Lily – Monitorização multiparamétrica e oxigenoterapia.

Lily assentiu e foi preparando o monitor no leito que Sr. Philip estava enquanto ele contava a história.

—Eu comecei a sentir uma falta de ar ontem – Ele contou, interrompendo a fala devido à falta de ar – Não dei muita importância, eu sinto isso às vezes porque fumei. Mas dessa vez não passou, então resolvi vir.

—Saturimetria em quanto, Lily? – James perguntou.

—92% – Ela informou – Vou iniciar a máscara simples com 10 litros e deixar a não reinalante separada.

James assentiu.

—Tem dor no peito? Sente como se tivesse chiando? Tem ou já teve asma? Tem pressão alta? Algum problema de saúde? Alguma alergia?

Ele negou todas as perguntas.

—Ok, Sr. Philip. Essas são Lily e Dorcas, elas são estudantes de medicina e vão conversar melhor com o senhor enquanto eu peço exames, tá? Vou deixar algumas medicações também, pra caso sinta dor.

James foi para o computador enquanto elas conversavam com Philip. A máscara parecia estar melhorando, mas a saturação não chegava na meta de 96%. Ele tinha 54 anos e era cantor. Tinha parado de cantar por alguns meses porque estava ficando com menos fôlego e a voz estranha. Ele geralmente cantava em bares, sempre acompanhado de algum tipo de bebida e cigarro.

Elas perguntaram mais algumas coisas direcionadas, até acharem que tinham esgotado tudo.

—Última coisa, Sr. Philip. Está sentindo dor em algum outro lugar do corpo? – Lily questionou. Ele franziu o cenho.

—Agora que você mencionou… bem, tem algum tempo que estou com uma dor no ouvido. Tem piorado também, mas nada incontrolável.

Lily assentiu e com um sorriso disse que era para chamar caso a falta de ar piorasse.

—Certo, o que têm para mim? – James perguntou quando elas se aproximaram. Enquanto iam relatando tudo, ele acrescentava algumas informações, franzindo a testa – Mais alguma coisa?

—Hum… ele disse que tem uma otalgia há um tempinho também, mas… – Lily deu de ombros. Mas James não pareceu achar a informação tão trivial. Ele suspirou e anotou na ficha.

—Certo, então. Paciente do sexo masculino que chega com queixa de dispneia progressiva há meses. Tabagista e etilista. Queixa de alteração de voz e otalgia no mesmo período. Perguntaram de perda de peso?

Lily ergueu as sobrancelhas. Perda de peso…?

—Não, eu… esqueci – Ela confessou. 

—Tudo bem, eu pergunto quando for lá de novo. Sempre se atentem para esse quadro – Ele abaixou o tom de voz – É sugestivo de câncer de laringe.

Lily sentiu sua boca se abrindo em surpresa. Não tinha nem passado por sua cabeça.

—Não vamos falar para ele isso, mas com certeza vamos pedir uma interconsulta da cirurgia de cabeça e pescoço. Vamos fazer um raio-x de tórax também, porque ele tem falta de ar. Alguns exames laboratoriais para afastar alguma infecção… 

Lily e Dorcas assentiram, a ruiva anotando. Quando James terminou, ela franziu o cenho.

—Eu até entendo os fatores de risco e a dispneia, mas o que a otalgia tem a ver? – Ela perguntou. James exibiu um sorrisinho.

—Anatomia pura. Por que não estuda sobre isso e traz pra mim depois de amanhã? – Ele sugeriu. Lily estreitou os olhos, mas disse que assim faria.

Mal tinham acabado de solicitar tudo para Philip quando outro paciente chegou: dessa vez uma mulher vítima de acidente de carro.

Os três se paramentaram imediatamente, e se aproximaram. A equipe do pré-hospitalar passava o caso: tinha indicação de intubação, mas não tinham conseguido.

—Pescoço curto e Mallampati IV – O médico do pré-hospitalar resumiu – Não conseguimos ver nada, e preferimos colocar uma Guedel e trazer logo.

James assentiu. Ele nem chegou a pedir o material de intubação: a enfermagem já tinha separado. Lily ajudou a testar e segurou o tubo para ele. Menos de um minuto e ele desistiu.

—Não adianta tentar muito mais tempo – Ele disse – Preciso do kit de cricotiroidostomia por punção!

A equipe olhou por um instante, mas logo foi separar o material enquanto Lily ventilava o paciente com ambu. Ela nunca tinha visto o procedimento, e estava mais atenta para aprender o máximo possível.

—Lily, preciso de sua ajuda aqui – James pediu – Calce a luva cirúrgica também.

James fez o procedimento, mas narrava de maneira que Lily (e Dorcas, mais afastada) entendessem o que estava sendo feito. 

—Certo, essa crico por punção fica por quanto tempo? – Ele perguntou. Dorcas fez uma careta.

—45 minutos – Lily respondeu.

—Exato, o que significa que a equipe de enfermagem daqui, muito experiente e preparada, já separou o material para fazer a crico cirúrgica de imediato. Ah, obrigado – Ele agradeceu quando a enfermeira lhe entregou a fonte de oxigênio – 10 litros, por favor. Lily, sabe como deve fazer aqui?

—Ocluir um segundo, soltar por quatro – Ela respondeu de imediato. James sorriu por detrás da máscara.

—Perfeito. Vai fazendo isso enquanto eu preparo aqui. Dorcas, checa a saturação.

Para alívio de Lily, a saturação se manteve boa o tempo todo. James não demorou muito para voltar com o material, e logo ele estava fazendo o procedimento seguinte, em seguida conectando ao ventilador mecânico.

—Ok, vamos colocar parâmetros básicos e depois vamos ajustando – James disse, mexendo no ventilador. Lily fez uma anotação mental para perguntar quais eram os benditos parâmetros básicos – Certo, vamos terminar o atendimento.

Eles concluíram o exame físico, liberaram o pessoal do pré-hospitalar e formam pedir os exames e fazer a prescrição. 

—Lily, é meu horário de descanso – Dorcas disse com um bocejo – Quando for o seu é só me acordar. Ou prefere que eu bote um despertador?

—Eu te acordo, pode deixar – Lily confirmou.

James estava sentado na cadeira de braços cruzados, com a cabeça jogada para trás e os óculos fora do lugar. Lily sentiu seu peito se enchendo e se aquecendo igualzinho como fazia quando ela via bebês ou filhotes: morrendo de vontade de oferecer carinho.

—Hey… – Ela disse, sentando na cadeira ao lado dele – Cansado?

—Ugh. Você é um travesseiro? Porque me parece um travesseiro – Ele resmungou sem mudar de posição.

—Não que eu saiba – Lily respondeu divertida – Dr. Dearborn deve voltar já e você vai descansar.

—Eu disse pra ele pegar o primeiro turno – James explicou – Não estou tão cansado assim, foi só esse último…

—Não gosta da emoção? – Ela perguntou com um sorrisinho. James virou o rosto para ela e consertou os óculos.

—Não muito – Ele confessou – Não sou como você ou McGonagall – James adicionou sorrindo de volta.

—Do que você gosta, então? – Lily percebeu que nunca pergunta a especialidade que James queria fazer. O residente sorriu.

—Crianças – Ele respondeu, seu rosto se iluminando.

—Você quer fazer cirurgia pediátrica? – Ela confirmou, sorrindo também.

—Sim. Eu amo crianças – Ele disse e depois fez uma careta – No bom sentido, claro. As crianças são as coisas mais puras do universo. 

—Crianças podem ser maldosas – Lily contrapôs, segurando a cabeça com a mão do braço que se apoiava na bancada à sua frente. James colocou os cotovelos no apoio da cadeira e olhou de volta para ela.

—Podem – Ele concedeu, com um sorriso levemente culpado, como se lembrasse de quando ele fora maldoso enquanto criança – Mas elas aprendem mais facilmente a não serem. Você não gosta de crianças?

Lily sorriu.

—Adoro crianças. Não o suficiente para abandonar meu plano, mas bastante.

—Então me contrariou só pra ser do contra? – Ele perguntou, dando um leve puxão na orelha de Lily, que riu.

—Bem, alguém precisa lhe manter acordado, certo?

***

Lily definitivamente estava com sono. Pela primeira vez desde o início do rodízio de cirurgia, ela estava lutando para ficar acordada durante uma visita. Ela teve que recorrer a Marlene, pedindo um lanche para não cochilar.

—Noite cheia? – Marlene perguntou quando a visita acabou e Lily conteve mais um bocejo. A ruiva deu de ombros e sorriu.

Elas continuaram arrumando as coisas para voltar para casa. Lily estava sonhando com sua cama, e debatia internamente se iria almoçar antes de dormir ou não.

—Hey, Lily – Dorcas disse se aproximando – Você deveria ter me chamado antes! Acabou descansando menos de uma hora.

Lily sorriu.

—Sem problemas, Dorcas. Não se preocupe, não teve muita coisa, você não perdeu nada importante.

Dorcas agradeceu e pediu a anotação que Lily fizera dos padrões ventilatórios, e a ruiva disse que lhe mandaria foto mais tarde.

—Se não teve quase nada, por que você ficou acordada até tarde? – Marlene perguntou enquanto elas saíam. Lily deu de ombros mais uma vez.

Na direção oposta vinha um James com expressão de cansaço, mas quando viu Lily e Marlene abriu um sorriso.

—McKinnon, arrebentou no caso hoje – Ele elogiou – Não esqueça o que eu lhe pedi para estudar ontem à noite, Lil.

—Estudar? Quando? – Ela se fingiu de desentendida e ele riu – Não esquecerei.

—Ele vem pra nossa enfermaria hoje de tarde. Vê se consegue ficar com ele – James sugeriu.

—Seria ótimo, vou tentar. Tchau, James.

—Lil, Marlene.

Elas caminharam em silêncio até o carro, onde Marlene jogou a mochila no chão quando entrou.

—De 0 a 100, qual a chance de você ter ficado acordada batendo papo com James? – Ela perguntou enquanto Lily ligava o carro. A ruiva corou.

—Falamos sobre assuntos relacionados a medicina – Ela informou.

—Anatomia não vale – Marlene disse sorrindo. Lily revirou os olhos.

—Sobre cirurgia, Marls. 

—Tipo o quê?

—Hum… cirurgia pediátrica – Ela respondeu. Bem, não era mentira.

—Se eu descobrir que essa é a especialidade que James quer… – Marlene ameaçou.

—Talvez seja. Continua sendo medicina. 

—Lily!

—É só que a conversa estava boa, e não vimos a hora passar! – Lily explicou – Não to entendendo tudo isso…

Marlene suspirou.

—Eu só quero saber a que ponto você está com seu crush em James.

Lily arfou.

—Eu não tenho crush em James! – Ela exclamou, e Marlene bufou – É completamente platônico, McKinnon. Eu admiro a inteligência e a maneira de conduzir discussões e a técnica cirúrgica.

—E a aparência.

—É, também. Continua sendo platônico – Não podia ser outra coisa, na verdade.

—Ok, ok – Marlene aceitou rindo. – Não teria problema nenhum ter uma crush nele, Lily. 

—Eu sei. Mas–

—Tá, tá. Conta qual foi o paciente que ele falou.

No final das contas, Lily preferiu almoçar antes de dormir, visto que Mary já fizera a comida. Colocou o despertador para quatro da tarde – ela ainda precisava estudar que diabos otalgia tinha a ver com câncer de laringe.

Obviamente as poucas horas de sono não foram suficiente para recuperar tudo que ela não havia dormido. Durante o plantão, Dr. Dearborn havia aparecido na emergência, aparentemente assustado, para render James. Só então Lily percebeu que já eram cinco da manhã.

Ela e James ficaram conversando em sussurros para não incomodar os pacientes e o resto da equipe de saúde, sentados na cadeira e apoiados na bancada.

Se alguém dissesse que os dois mostravam sorrisos bestas, Lily negaria veementemente – mas ela sabia, no fundo, que era verdade.

Bom, ela não tinha culpa que era tão fácil conversar com James. E a ideia parecia boa: passar um tempo com ele em um ambiente que não houvesse… riscos de… bem. É.

E realmente fora bom. Eles esqueceram da cadeira desconfortável, do sono, do cheiro peculiar que a emergência tinha… 

Então não, ela não se arrependia de ter ficado 100% batendo papo com James ao invés de dormir.

Não era tão difícil achar a relação entre otalgia e câncer de laringe (puramente anatômico, como ele dissera), e Lily aproveitou para revisar o assunto como um todo, já que ficaria com o paciente no dia seguinte.

Quando ela emergiu do quarto e foi para a sala, se surpreendeu com Remus sentado no sofá ao lado de Tonks.

—Hey, Remy – Ela cumprimentou, sentando na poltrona.

—Oi, Lily – Ele disse com um pequeno sorriso – Vou fazer 60 horas no final de semana, então preferi vir aqui antes.

Lily sorriu.

—Você sempre é bem vindo, Remy. Não precisa explicar ou justificar nem nada isso. Mas não temos comida, então… 

—Você foi no mercado há pouco tempo – Marlene retrucou da cozinha.

—Desculpe, vou reformular. Não temos comida pronta e duvido que alguém queira fazer – Lily disse.

—Têm algo contra pizza em dia de semana? – Remus perguntou.

—Sabia que tínhamos acertado ao aceitar Tonks – Lily respondeu.

Eles brigaram porque Remus queria bancar a pizza toda, mas Lily e Mary (que chegara na sala depois de ouvir falarem em pizza) acharam injusto. Tonks concordou com as garotas que deveriam dividir igualmente, enquanto Marlene reclamava da demora de avisarem que iam pedir comida.

—Agora eu já comi a sobra de yakissoba da geladeira – Ela se lamentou.

—Marlene, você tem certeza que aquilo não estava estragado? – Lily perguntou, fazendo uma careta – Tem muito tempo na geladeira.

—Não tava não – Marlene replicou.

—Eu avisei pra ela não comer – Mary acrescentou.

—Agora já era. E eu vou comer pizza também – Marlene avisou. 

—Marls, você vai–

—Não! Eu não vou passar mal.

***

Para a surpresa de absolutamente ninguém, Marlene definitivamente passou mal. A primeira fez que ela foi ao banheiro acordou todos na casa porque ela bateu a porta muito forte. Depois do susto, eles ficaram se perguntando que diabo era aquilo.

Até ouvirem o barulho dos vômitos.

Lily se levantou com um suspiro e entrou no banheiro de Marlene. Ela estava abraçada à privada.

—Vou deixar as coisas na sua cabeceira.

Marlene apenas assentiu e Lily saiu, fechando a porta do quarto delicadamente. Remus estava coçando os olhos na porta do quarto de Tonks.

—Precisa de ajuda? – Ele perguntou. Lily sorriu.

—Não, vai descansar. 

Remus assentiu e murmurou um “até amanhã” enquanto Lily seguia para a cozinha para preparar o kit. Elas sempre tinham soro de reidratação oral (mais para ressaca do que para diarreia) na geladeira. Lily pegou o frasco, um copo e um balde, e deixou ao lado da cama de Marlene.

Quando acordou, Lily resolveu abrir a porta do quarto de Marlene somente para confirmar que a amiga não conseguiria ir para o hospital no dia, e o barulho de mais um vômito lhe confirmou.

—Quer que eu traga alguma coisa, Marls? – Ela ofereceu quando estava quase pronta. A morena pediu mais soro e mais remédio para náusea.

O rosto de Remus mostrava simpatia ao ouvir os pedidos.

—Eu posso fazer um atestado se ela precisar – Ele disse brincando. Lily lhe daria uma “carona” para não fazer James desviar seu caminho.

—Nah, ela não está mais com Snape, acho que Frank não vai reclamar. E ela só tem um paciente, eu passo sem problemas.

Eles terminaram de comer, escovaram os dentes e desceram. Remus comentou sobre o horário que Lily saía de casa, extremamente cedo, segundo ele. 

—O que é bom – Ele explicou – porque você já se acostuma com o horário quando for residente.

—Não tinha pensado por esse lado – Lily confessou – Eu só gosto de chegar cedo pra conseguir terminar logo e não ficar na eterna fila do computador.

—É um bom plano – Ele concordou.

Eles foram conversando sobre o processo seletivo da residência no caminho para o hospital. Remus estava dando dicas para Lily de como estudar e de concentração. Ele contara com a ajuda de James e Sirius no processo. 

Lily mal viu o caminho, e quando percebeu estavam na entrada do hospital falando sobre a impaciência de Sirius para ensinar qualquer coisa que fosse.

—Senhor, o senhor não pode entrar por aqui – O segurança interrompeu na porta, falando para Remus. Lily franziu o cenho, sem saber exatamente o problema. Ela percebeu que os dois estavam sem jaleco e sem identificação, então realmente fazia sentido serem parados.

—Ah, eu trabalho aqui, o crachá está guardado – Remus explicou, abrindo a mochila para pegar o objeto. Lily começou a fazer o mesmo, ainda estranhando. Ela sabia que os internos eram constantemente barrados se estivessem sem identificação.

Mas não fora ela que fora parada.

—A entrada de funcionários é pelo fundo – O segurança replicou. 

—Funcionário? – Lily questionou, franzindo o cenho. Então Lily entendeu o que estava acontecendo, e pela cara de Remus, ele também.

Lily sentiu o sangue esquentando. Era uma situação bizarra e Lily estava em choque, dividida entre as opções que tinha:

Deixar Remus lidar com tudo pois obviamente não era seu local de fala ou,

Tentar interceder.

Ela olhou para Remus novamente, e percebeu que ele não estava inclinado a falar nada. E Lily entendia o lado dele: ele realmente estava sem identificação, então tecnicamente o segurança estava certo em pará-lo. 

Mas Lily sabia que a discriminação racial muitas vezes era sutil como nessas situações: o tecnicamente certo para o negro que não se aplicava para o branco. E ela sentiu que tinha, naquele momento, uma posição privilegiada da situação.

E não restava nenhuma outra opção a não ser usar seu privilégio – e não apenas por ser Remus, mas porque era o certo, sem nenhum tecnicamente envolvido.

 – Por que o senhor assumiu que ele é funcionário? – Ela perguntou.

—Ele disse que trabalha aqui.

—Bem, e por que o senhor não me parou? – Lily continuou, cruzando os braços.

—Porque a senhorita obviamente é estudante de medicina.

Obviamente? Eu não estou usando meu crachá ou meu jaleco. Estou de camisa comum e calça jeans. Ele está de camisa social, igualmente sem crachá ou sem jaleco.

—Lily, deixa pra lá – Remus murmurou, mas ela não conseguia mudar a opção no momento.

—O senhor achou que eu sou estudante porque sou branca, e ele funcionário porque é negro, não foi?

Enquanto o segurança balbuciava alguma coisa, Remus finalmente achou o crachá e mostrou, puxando Lily para entrarem.

Ela estava lívida.

Quando eles chegaram na sala de prescrição e ligaram a luz, Lily inspirou profundamente.

—Rem, desculpe – Lily pediu – Eu não deveria ter me metido. Mas foi simplesmente…!

—Eu entendo, Lily. Não foi a primeira vez e não será a última que eu terei dificuldades no mundo da medicina por ser negro. Olhe ao seu redor. Quantos médicos com mais de trinta, quarenta anos que você conhece são negros?

O silêncio de Lily foi ensurdecedor.

—É bom ver que isso te indigna também. Eu sei que as mulheres também enfrentam dificuldades, e é bom que você veja os outros grupos que precisam de ajuda. Eu só… às vezes é mais fácil não falar nada. 

Lily suspirou.

—Desculpe mais uma vez, Rem. Não quis me meter nem… ser sua salvadora nem nada do tipo. Eu só… não consegui me segurar. Foi mal, sério.

—Tudo bem. Usar seu privilégio é uma boa forma de ajudar. 

Remus sorriu e disse que eles deveriam começar a trabalhar. Ela prontamente concordou e foi ver seus pacientes, e o paciente de Marlene. Philip a reconheceu, e falou que ainda estava sentindo a falta de ar, como se ele estivesse um pouco engasgado.

—Hoje ainda vem um médico de outra especialidade ver o senhor – Ela garantiu – Vamos ver se ele vai pedir algum exame e como a gente segue. Se piorar o senhor sabe que é só avisar, certo?

—Isso que eu tenho é grave? – Ele perguntou.

—Pode ser que seja, Sr. Philip. Vamos saber mais com esse outro médico, tá certo?

Ele assentiu, e Lily fez mais algumas perguntas, se despedindo com um leve sorriso. Como tinha um paciente a mais, alguns dos computadores já estavam sendo usados, então ela sentou ao lado de Diggory, dizendo bom dia mas não recebendo nenhuma resposta.

Bem, era Diggory. O comportamento não a surpreendia. 

Assim que ela terminou de fazer as evoluções, ela foi falar com Frank para explicar o que ocorrera com Marlene.

—Espero que ela se sinta melhor hoje – Ele respondeu com uma pequena careta – Vou fazer a evolução então.

—Eu já fiz – Lily replicou – Não mudei nada na prescrição porque ele não teve queixas novas.

—Sem problemas, obrigado, Lily – Ele replicou sorrindo.

—Evans, você não deveria ficar batendo papo por aí no horário do internato.

Tendo reconhecido a voz dura, ela se virou sorrindo para encontrar o interlocutor.

—Desculpe, Dr. Potter. Podemos discutir nosso paciente? – Ela perguntou e ele sorriu, não conseguindo manter a fachada.

James assentiu e indicou um canto com duas cadeiras. Eles falaram sobre Philip, e quando estavam terminando, Remus se aproximou.

—Lily, quando finalizar com James me avisa, tá? – Ele pediu, o cenho franzido.

—Hum, já posso ir – Ela respondeu imediatamente – Tudo bem?

Ele suspirou e sorriu fracamente.

—Tudo sim.

—Opa, opa. O que aconteceu? – James perguntou, estranhando o comportamento do amigo. Lily mordeu o lábio inferior e desviou o olhar – Aluado?

—O de sempre, Pontas. Nada demais.

—O de sempre sendo você está tossindo ou sentindo dor ou…?

—Não. O outro de sempre. 

Lily percebeu o exato momento que James trincou os dentes e toda a sua expressão se tornou furiosa. 

—Nah-ah! – Remus exclamou – Nada disso. Lily já ficou irritada o suficiente por todos nós. Pelo amor de Deus, James, se controle.

—É, James – Lily endossou – Se controle. Se não eu vou ser obrigada a usar o meu privilégio e dizer que foi o porteiro de hoje de manhã na entrada de médicos e estudantes que disse para Remus ir pela entrada de funcionários.

A raiva de James se quebrou por poucos segundos quando ele olhou com um pequeno sorriso para Lily, mas quando ele voltou a olhar para Remus, tinha uma expressão menos dura.

—Vou me controlar. Vou apenas comentar o infortúnio com Moody. – James disse inocentemente – Remus, eu sei que não é minha obrigação e que são suas batalhas, mas eu faria isso por qualquer pessoa, e não somente por você. Assim como eu acho que Lily faria o mesmo. 

—Definitivamente – Ela acrescentou.

—Eu só acho que Moody e a diretoria deveriam saber disso. E podemos fazer uma denúncia anônima, sem mencionar seu nome – James finalizou – E se quiser conversar depois, você sabe que estamos disponíveis.

Remus exibiu um sorriso mais forte, porém ainda tímido. James deu um leve tapinha em suas costas. Lily sabia que se não estivessem na enfermaria ele teria abraçado o amigo. Ela também percebia que a linha entre ajudar Remus e forçá-lo a tomar atitudes sobre o preconceito era extremamente tênue dada a tendência do residente de tentar evitar qualquer tipo de conflito.

—Depois precisamos falar com Moody, sim? – James falou pra Lily. Ela assentiu com a cabeça e ele saiu, deixando a garota discutindo o caso com Remus. 

Eles terminaram bem a tempo de Moody, o preceptor do dia, chegar. Ela se adiantou para justificar a ausência de Marlene, e o cirurgião não viu maiores problemas.

—Acontece com todos nós, eh? – Ele concluiu, e depois se virou para o resto – Podemos começar então?

Aos poucos os residentes e internos fizeram uma roda e começaram a discussão. Moody pediu para ver primeiro as admissões e James pediu para que ela falasse um pouco de Philip. Ela não teve nenhum problema, visto que tinha ajudado bastante na admissão.

—Me parece ser bem delicado – Moody disse, fazendo uma careta – Já pedimos interconsulta?

—Cabeça e Pescoço vêm hoje, mas disseram que já reservaram um horário amanhã pra fazer a videolaringoscopia com biópsia – James replicou.

—Certo. Evans, qual a suspeita pra esse paciente e por quê? – Moody perguntou.

—Bem, pensamos em câncer de laringe pela queixa de dispneia progressiva associada a disfonia e odinofagia. Ele é cantor e teve que parar de exercer a profissão por isso. Além do mais, ele é tabagista e etilista, dois grandes fatores de risco. Cerca de 90% dos tumores malignos de laringe têm uma associação de álcool e tabagismo.

—Exato. Agora, o que a otalgia nos fala em relação a localização e prognóstico? – Ele questionou.

—Que existe tumor supraglótico, já que a otalgia nesse tipo de doença ocorre por inervação referida do nervo vago, que inerva acima da glote. Se for um tumor glótico ou infraglótico, é sinal de pior prognóstico porque ultrapassou as cordas vocais.

Moody assentiu.

—Já pediram tomografia cervical com contraste? 

—Estava esperando o pessoal da cabeça e pescoço na verdade, Dr. Moody – James explicou, e o chefe sacudiu a cabeça.

—Pode solicitar. Infelizmente não parece ser outra coisa. Já começou a falar que pode ser uma coisa grave?

—Sim, eu e Lily iniciamos a conversa hoje de manhã. 

—Vamos torcer pra estarmos errados, huh? Snape, sua admissão.

A fala de Moody deixou Lily meio triste. Ela sabia que a previsão era essa, mas não conseguiu se livrar do sentimento. James parecia compreender, porque quando acabou a visita ele lhe deu um pequeno sorriso e apertou levemente sua mão.

—Pode deixar que eu falo com Moody o que houve hoje de manhã – Ele se ofereceu.

—Eu posso falar com ele – Lily garantiu.

—Eu sei que pode, mas não precisa. Se ele quiser ouvir seu relato, eu aviso, ok? – James respondeu – Vai pra casa descansar que você ainda está com olheiras.

—Você também – Ela disse e ele deu de ombros.

—Valeu à pena – Ele justificou com um sorriso – Vai logo que Marlene precisa de você.

Lily fez uma careta, mas era verdade. Ela fez uma pequena parada para comprar os itens solicitados pela amiga. Quando chegou em casa, Marlene definitivamente estava melhor, mas ainda não estava 100%.

Ela tinha vomitado menos, mas ainda estava com um pouco de diarreia. Lily entregou os remédios e mais soro.

—Acha que consegue comer alguma coisa? – Lily perguntou – Posso fazer um frango grelhado sem graça pra você.

Marlene negou, mas Lily fez ainda assim para quando a amiga quisesse. Quando Marlene pediu para Lily ajudar a trocar o balde de vômito, a ruiva foi sem reclamar (bem, pelo menos externamente).

Amizade para ela era isso: ajudar na hora de mais necessidade.

***

Marlene havia melhorado, mas não o suficiente para passar o dia seguinte todo no hospital, então Lily se ofereceu para pegar o plantão dela na emergência na sexta à tarde. 

Então foi por esse motivo que Lily se viu conversando sobre a expectativa que filmes românticos colocavam nas pessoas e como isso era apenas uma garantia de decepção com Sirius Black às seis e trinta da tarde. 

Obviamente que esse era o ponto defendido por Sirius. Lily concordava até certo ponto: a expectativa de fato era grande, mas a decepção não era garantida.

—Diga uma pessoa que assista a esses filmes que não tenha se decepcionado – Ele desafiou. 

—Várias pessoas, Black – Lily respondeu.

—Me diga uma delas! Só isso que lhe peço, Evans!

—Hum… eu? 

—Nah, tá escrito na sua cara que você vê comédia romântica com uma barra de chocolate na mão – Sirius disse.

—Exato. E as decepções que eu tive foram por causa da vida, não por causa de expectativas criadas por comédias românticas. Quem assiste 10 Coisas Que Odeio Em Você ama a cena que ele canta na arquibancada, mas sabe que aquilo é apenas coisa de filme.

—Você realmente acha que ninguém nunca se decepcionou nenhum pouco porque o namorado nunca… fez um grande gesto depois de uma briga tipo aparecer na casa dela com uma caixa de som e subir escadas mesmo tendo medo de altura?

Lily ergueu as sobrancelhas, sorrindo.

—Sim, Uma Linda Mulher com certeza é o que todas as garotas imaginam como ideal de história de amor – Ela replicou sarcasticamente – Bom saber que você gosta de romances clássicos, Black.

A resposta que Lily conseguia ver na ponta da língua do residente foi interrompida quando ele foi chamado para avaliar um paciente.

—Fica aí no computador – Ele disse – Daqui a pouco vêm entregar a etiqueta e você já adianta a prescrição basal. 

Lily assentiu. Ela sabia que Sirius só lhe dissera para fazer isso porque estava quase na hora de irem embora. Não demorou muito para ela receber a ficha.

Distraidamente, Lily colocou o código do paciente e começou a fazer a prescrição para Rodolphus. 

Huh. Nome peculiar.

Assim que ela salvou a prescrição, ouviu o primeiro grito.

—...não me importa, eu exijo outro médico! – Uma mulher gritava, e Lily gelou ao ver que era acompanhante do paciente que Sirius fora atender.

—Eu sou o médico de plantão hoje. Se você quiser qualquer tipo de atendimento, será comigo. Então para de gritar feito uma maluca, ou ele vai ficar sem médico – Sirius vociferou. A mulher tinha olhos negros, mas os cabelos eram ainda mais escuros. O tom de pele era igual ao de Sirius: extremamente alvo. Ela trajava roupas que só de olhar dava para perceber que eram caras. O paciente estava de terno e gravata, mas não parecia muito arrumado; parecia que tinha rolado pela rua por algum tempo.

—Eu sabia. Todo mundo sabia da decepção que você seria, priminho. Primeiro você, depois aquela vadia da minha irmã com aquela garota esquisita— A mulher continuou falando. Lily estava em choque com a revelação da identidade dos pacientes. Ela se virou para uma das enfermeiras.

—Teria como pedir para algum preceptor da cirurgia vir aqui com rapidez, por favor? – Lily pediu, e a enfermeira assentiu assustada enquanto a ruiva se aproximava da confusão – Não vejo isso acabando bem sem um deles.

—... preferiu desonrar a nossa família se juntando à ralé, como Potter e Lupin. Olhe para você, seu imbecil. Olhe onde você está agora! Envergonhando todo mundo! Sua mãe e seu pai estavam certos e lhe bateram pouco, seu moleque ingrato…!

—Ao contrário de seu marido, que parece estar muito bem – Sirius replicou sarcasticamente. A mulher parecia ter atingido o limite, e levantou a mão em direção ao rosto de Sirius, mas Lily chegou a tempo e segurou o braço em movimento.

—Sra. Lestrange! – Lily exclamou em um tom de voz controlado – Por favor, isso aqui é um hospital! A senhora está fazendo um escândalo e se envergonhando, para não falar da perturbação que está causando aos demais pacientes. Se controle!

Lily sentiu a mulher soltando o braço aos poucos, e Lily permitiu que ela recolhesse o membro. No entanto, permaneceu encarando Sra. Lestrange.

—Isso não é jeito de se tratar um médico, Sra. Lestrange – Lily continuou, e depois abaixou o tom de voz – Se alguém aqui tem que ter vergonha da família é Sirius. Felizmente ele conseguiu se safar dessa nojeira de vocês.

A mulher riu mais uma vez, e Sirius tentou puxar Lily para longe da mulher.

—Deixe, Sirius. Se ela me bater vai ser ótimo. Faço um exame de corpo e delito ainda hoje e ela vai terminar o dia bem diferente.

A mulher riu novamente.

—Sirius, essas vadias que você arranja estão cada vez piores. Imagine um Black ser preso por uma coisa tão trivial quanto um tapa bem dado.

Antes, contudo, que mais alguma coisa pudesse ser dita, McGonagall apareceu.

—Posso saber o que está acontecendo aqui, Black? – Ela exigiu, fazendo a Sra. Lestrange rir mais uma vez.

—Vai tomar bronca, priminho? Nunca faz nada certo, uh?

McGonagall se virou.

—A senhora pode até ser paciente, mas não admito que trate nenhum funcionário desse hospital dessa maneira. Ou a senhora se acalma, ou vai procurar outro hospital para ser atendida. Black, Evans, podem ir embora.

—A prescrição base já está pronta, Dra. – Lily informou, e puxou Sirius para longe. Na verdade, ela só parou quando chegaram no conforto médico e os dois pegaram suas coisas para irem embora.

Sirius não parecia muito bem, então Lily o puxou mais uma vez até a saída. Ele se direcionou para o estacionamento, mas Lily não soltou a manga do jaleco.

—Você não está em condição de dirigir. 

Sirius assentiu e seguiu a garota até o carro, no qual ele entrou sem dizer nada. Na verdade, Lily estava dirigindo em silêncio por dez minutos quando ele começou a falar abruptamente.

—Bellatrix é minha prima – Ele revelou numa voz amarga – Aquele é o marido dela. Minha família é podre, Lily. Podre. Eles começaram a me repreender quando fiz amizade com James. James, você sabe, tem a pele mais escura que a minha, mas não chega a ser negro de fato. Ainda assim, eles odiavam James.

“Você consegue imaginar então quando descobriram sobre Remus. Meus pais surtaram. Foi a primeira vez que eles me bateram. Eu não aceitava que tinha que terminar minha amizade com os garotos. E eu odiava meus pais desde que eu me lembre. Sempre me dizendo para não me misturar, manter meu sangue puro.

“Um bando de porcaria racista. Quando Andrômeda, a mãe de Tonks, disse que iria se casar com um cara que não era podre de rico e que ela queria trabalhar, foi um caos. Bizarro. Porque como toda família tradicional, a mulher não pode trabalhar. Também são uns machistas de merda.”

Sirius deu uma risada sem graça.

—Não vou nem começar a falar sobre a opinião deles sobre gays. Você consegue imaginar, eu suponho. Eles são um bando de merdas que se acham superiores. A verdade é que são todos advogados, enfiados até o talo em política, corrupção e máfia.

“Rodolphus não caiu e rolou da escada, como ele disse. Aquilo ali foi um espancamento de alguma merda que ele fez. Não é a primeira vez que algum deles precisa de atendimento. Eles odeiam a minha profissão porque é muito mais difícil de roubar desse jeito. E porque um médico chamou a polícia quando um tio meu levou um tiro. Você sabe a política: arma de fogo é igual a polícia. Ele foi preso. Foi o dia que eu decidi de vez que eu seria médico.”

Sirius suspirou.

—Eu devo minha vida toda a James, Evans. Ele me tirou dessa bagunça. Ele me salvou disso tudo.

—Ele não teria conseguido te salvar se você não quisesse ser salvo, Sirius – Lily disse baixinho. O residente olhou para ela intensamente.

—É. Acho que não.

Ele coçou os olhos e observou o caminho.

—Esse não é o caminho da minha casa – Sirius disse.

—Eu sei que não. 

—Você está me levando pra sua casa? – Ele questionou.

—Yep. Lá temos Tonks e bebidas. Achei que fosse querer falar com ela.

Sirius apenas sorriu.

E bem, Lily estava certa. Os dois primos beberam quase uma garrafa de Whiskey. Sirius precisava desse contato com alguém da família que prestasse. Lily e Marlene ficaram observando e comentando ocasionalmente. Mary tinha saído com Bertram.

Cerca de duas horas depois, Sirius anunciou que estava na hora de ir. Tonks insistiu em ir com ele, e o garoto nem tentou resistir. Ele precisaria do apoio. Lily chamou um uber para os dois enquanto Marlene se retirou – ela ainda estava se sentindo meio mal e preferia ficar no quarto para terminar sua maratona de Hannibal com fones de ouvido para não ser atrapalhada.

Assim que eles saíram, Lily foi para o quarto e se jogou no chuveiro. Ela precisava urgentemente daquele banho demorado. E depois: definitivamente a sobra da pizza do dia anterior com uma barra de chocolate enquanto via alguma besteira na televisão.

Como sempre, ela levou muito tempo escolhendo que filme assistir – na velha sequência de vasculhar o que havia de novidade e acabar vendo algum filme já conhecido. Quando Lily repousou o prato com pizza gelada e refrigerante na mesinha em frente à televisão (e a barra de chocolate no sofá), a campainha tocou. 

—Mary, se você tiver esquecido sua chave de novo…! – Ela ameaçou indo para a porta. A amiga tinha mania de fazer isso, e sempre chegava nas horas mais inconvenientes. Lily abriu a porta e arfou – Você não é Mary – Ela disse simplesmente.

—Definitivamente não – James disse – Posso entrar?

Lily abriu mais a porta e deixou o garoto passar. Mas ele não foi muito longe, preferindo permanecer no corredor enquanto Lily fechava o cômodo.

—Marlene está melhor? – Ele perguntou, colocando as mãos nos bolsos.

—Sim. Ainda meio mal, mas conseguiu comer hoje. Mas ainda no quarto apenas com energias para Hannibal Lecter – Lily respondeu, agradecendo por ter decidido vestir um short além da camisa longa da Atlética da faculdade.

—Bom, isso é bom – James assentiu e passou a mão pelos cabelos.

Ele suspirou.

—Lily, Sirius me contou o que aconteceu – James falou – Você realmente se meteu na briga deles?

Lily fez uma careta.

—Sim? Olha, eu só ouvi um escândalo e fui ver que droga estava acontecendo e do nada essa louca está gritando com Sirius. Eu tinha que intervir! Então pedi para chamarem algum preceptor e fui lá, e bem na hora, porque a maluca estava prestes a bater em Sirius e eu tinha que ajudar… e por que você está assim?

James a olhava intensamente, a cabeça sacudindo negativamente de leve.

O castanho prendia Lily e fixava o verde.

—O que você fez… caralho, Lily. Sirius não está acostumado a isso. Ele não está acostumado a tomarem conta dele. Geralmente é um de nós que faz isso.

—Uh, desculpa?

James soltou um riso e se aproximou de Lily.

Desculpa? Eu vim aqui pra te agradecer, Lil – Ele sussurrou – Pouca gente se mete em uma confusão dessa. E eu fico… Primeiro você passa parte do seu tempo precioso da calourada ajudando Peter a ficar com uma garota. Isso por si só já é uma tarefa hercúlea – Ele disse, e Lily soltou um risinho.

James segurou o rosto de Lily com uma das mãos.

—Depois você arrasta Remus para o hospital, passa a noite com ele pra ele não ficar sozinho e ainda faz com que ele se acerte com Tonks – James continuou, segurando o rosto dela com as duas mãos agora.

—E hoje você se mete numa briga que só a gente tem coragem. Você fisicamente impede que Sirius seja abusado mais uma vez. Você traz ele pra sua casa depois que ele conta sobre a família fodida dele. Você chama um uber pra ele. Eu… – James sacudiu a cabeça – Me diz um bom motivo pra eu não te beijar agora contra essa parede.

—Eu… – Lily limpou a garganta, porque… honestamente? Era muito difícil pensar nesse motivo idiota quando a boca de James estava literalmente a centímetros da sua, as respirações dos dois se misturando, o rosto dele tão perto que ela não conseguia focar direito nos olhos do garoto – Eu não fiz nada disso por você – Ela falou finalmente. James sorriu.

—Esse é o motivo principal para o que eu quero fazer, Lil – Ele admitiu. Lily engoliu em seco, mas nada mais ocupou sua mente. Ela só conseguia pensar em quão perfeitamente as mãos de James encaixavam em seu rosto.

E no segundo seguinte, eles estavam se beijando.

Não teve a hesitação dos quase beijos; dessa vez, James agia como se não tivesse nada o segurando. Sua boca tocou a de Lily levemente primeiro, lhe oferecendo uma saída – mas as mãos da garota puxando a camisa dele foram a confirmação que ele precisava para firmar os lábios contra os dela e movimentá-los.

Não como uma guerra. Não, eles não estavam lutando um contra o outro. Pelo contrário: os dois estavam trabalhando juntos com o mesmo objetivo (qualquer que fosse o objetivo, Lily tinha certeza que saberia quando alcançasse).

Uma das mãos de Lily rapidamente preferiu repousar no cabelo de James, passeando pelos fios rebeldes e macios. Quando a garota puxou levemente, ele se sentiu autorizado a cumprir sua ameaça, e empurrou Lily pelos quadris contra a parede.

Não que ela achasse ruim; muito pelo contrário. Agora ela conseguia sentir o corpo de James contra o dela e não precisava puxar tanto. Ela conseguia sentir um braço a envolvendo pela cintura firmemente, enquanto a outra mão segurava seu pescoço, indicando o ângulo perfeito.

James parecia querer explorar o pescoço de Lily, mas ela achou contraproducente e James mal havia depositado os primeiros beijos no ângulo de sua mandíbula, depois no local em que sua carótida pulsava aceleradamente denunciando sua frequência cardíaca acelerada, quando ela usou a mão que agarrava os fios pretos para direcionar o rosto dele para o lugar certo: a boca dele estava engolindo toda a frustração da espera por aquele momento que culminava em gemidos.

Óbvio, ela fazia o mesmo por ele.

James não estava desesperado. Ele estava intenso, exatamente do jeito que ele era, aproveitando todos os segundos do contato que intoxicava Lily pouco a pouco. Ele a beijava com confiança e com certeza, seus lábios indicando o tanto que ele também esperara por aquele momento. A mão que segurava a cintura de Lily passeou pelas costas da garota, e ele soltou um leve grunhido: aparentemente percebendo que Lily não usava sutiã dentro de casa.

Então James foi lentamente levando as mãos de volta para o rosto de Lily enquanto os lábios assumiam um passo mais calmo. Ele finalizou o beijo com um sorriso, e Lily mordeu o lábio inferior.

Finalmente, ele abriu os olhos.

Lily sorriu também com o que ela encontrou naquele mar castanho.

—Acho que estou feliz pelos quases, porque esse primeiro beijo...

Ela engoliu em seco, e ele a beijou novamente, dessa vez apenas um encostar de lábios.

—Eu…

Ele colocou um dedo nos lábios dela.

—Eu sei. Isso foi irresponsável e tudo o mais. Me desculpe. – Ele disse. Lily ergueu uma sobrancelha, afastando o garoto dela. James obedeceu, mas deixou um braço na parede ao lado da cabeça da ruiva.

—Eu não ia falar isso. Mas é verdade.

James sorriu.

—Ia elogiar minha habilidade?

Lily riu e deu um leve tapa no ombro do garoto.

—Não! Eu ia dizer que precisamos conversar depois, num momento em que Marlene não esteja no cômodo ao lado podendo escutar tudo.

James sorriu mais ainda e ergueu uma sobrancelha.

—Está me chamando para um encontro, Evans?

Ela revirou os olhos.

—Não, seu tapado. Estou dizendo que agora não é o lugar ou o momento pra… nada disso.

James assentiu.

—Vamos achar esse momento depois. Eu saí de casa dizendo que ia comprar pizza e preciso comprar pizza – Ele disse.

—Vai cuidar de seu amigo, James. Ele precisa de você.

Ele assentiu, mas se abaixou e beijou Lily novamente. Dessa vez foi um beijo calmo e tranquilo, mas igualmente deixou Lily querendo mais.

—Boa noite, Evans.

James saiu com um sorriso imenso, e Lily não conseguiu não sorrir de volta depois de fechar a porta e se encostar nela.

Seu coração ainda acelerado dizia que ela tinha um baita problema para lidar, mas enquanto ainda sentia seus lábios formigando, Lily não podia se importar menos.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O TRECHO DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL SOFRIDA POR REMUS: a intenção não foi, nunca, colocar Lily como salvadora. Tentei deixar explícito que Lily apenas quis aproveitar de seu privilégio para ajudar Remus. Caso fique alguma dúvida, estou esclarecendo aqui. A medicina ainda é um meio de predominância branca absurda aqui no Brasil, e quis retratar exatamente isso. Recentemente, temos vistos mais pessoas negras ingressando nas faculdades de medicina, mas ainda precisamos melhorar e muito. 

Esse capítulo foi completamente escrito antes dos movimentos de Black Lives Matter, então não foi influenciado por isso. Mas os movimentos são importantes (muito mais que essa fanfic). Vidas Negras Importam em todos os lugares. Inclusive aqui.



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