Internamente Evans escrita por psc07


Capítulo 13
Capítulo Doze


Notas iniciais do capítulo

Hey, gente! Feliz dia 18!! Como quem me segue no Twitter viu, hoje tive problemas com meu computador, mas estou conseguindo postar o capítulo! Preciso deixar um agradecimento a Pâmela, que se propôs a postar o capítulo caso não resolvesse. Amizade é assim ♥

Enfim, espero que gostem e deixem comentários! Até a próxima!



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Tonks quase pulou em Lily quando a ruiva chegou em casa. Mary estava na faculdade e Marlene ficara no hospital pela tarde, então Lily foi a primeira no apartamento.

—Hey, boa tarde, Tonks – Lily disse com uma risada.

—E aí, Lily, beleza? – A mais jovem respondeu, um imenso sorriso no rosto.

—Aconteceu alguma coisa? – Lily perguntou. Tonks assentiu positivamente.

—Mas eu vou esperar as outras duas chegarem. De noite – Tonks disse. Lily riu e concordou.

—Vou tomar banho e depois vamos fazer o almoço, ok?

Tonks assentiu, o sorriso ainda lhe tomando quase todo o rosto. Lily tomou um banho mais demorado, mas Tonks não pareceu se importar. Lily suspeitou que talvez fosse algo relacionado a Remus considerando a conversa que haviam tido no dia anterior, mas não tinha certeza. 

Preferiu deixar Tonks comunicar quando estivesse pronta, e o almoço não parecia ser esse momento – a mais nova estava realmente concentrada em aprender. Ela se prontificou para lavar a louça, e Lily foi estudar. 

Naquela tarde especificamente ela não estava conseguindo se concentrar, e não sabia muito bem o motivo. Depois de três horas mal aproveitadas, decidiu deixar o material por ora, e retornar mais tarde com a cabeça mais vazia.

Voltou a ler um dos romances históricos que Mary lhe indicara e que ela não conseguia manter um ritmo de leitura bom, mas dizia para si mesma que iria conseguir.

Para não cometer injustiça, ela realmente conseguiu avançar a leitura naquele dia. Quando Mary bateu na sua porta dizendo que trouxera pão para o jantar, já eram quase sete da noite, e ela decidiu parar para de noite voltar a estudar.

As três garotas já estavam sentadas na mesa aguardando Lily. Quando a ruiva sentou, Marlene rapidamente pegou o maior pão e Mary reclamou que escolhera aquele justamente para ela.

—E aí, Tonks – Lily disse enquanto as duas amigas brigavam pelo pão – O que você queria dizer?

A mais nova abriu um imenso sorriso.

—Remus me chamou pra um encontro! – Tonks disse, efetivamente acabando a briga e fazendo as três sorrirem.

—Aha! Finalmente! – Marlene exclamou.

—Quando é o encontro? – Mary perguntou

—Amanhã à noite! Ele falou comigo de madrugada. Na verdade, acho que ele mandou mensagem achando que eu não iria responder, mas eu estava acordada vendo um canal no YouTube sobre tinta de cabelo feita em casa…

Lily sorriu. Parecia o tipo de coisa que Tonks faria.

—Ele disse que tinha um bocado pra conversar comigo, que a situação não era tão simples, mas que entendeu que não era o único envolvido – Tonks suspirou com um sorriso – Parece que ouviu o anjinho bom.

—Anjinho bom – Lily disse apontando para si mesma – Fiz ele entender que não importa quão difícil, tudo envolve você também.

Tonks soltou um gritinho e levantou para dar um abraço desajeitado em Lily.

—Obrigada por trazer a sensatez de volta a Remus!

Lily sorriu de volta, realmente satisfeita pelo desfecho.

—E vocês vão para onde? – Mary perguntou.

—Ele disse que ainda está escolhendo o restaurante, mas eu realmente não me importo. Vai ser ótimo de qualquer sorte, só de estar com ele.

Lily sorriu mais uma vez, e elas continuaram a jantar comentando sobre as possíveis roupas que Tonks poderia usar.

Ela não podia deixar a ocasião passar sem se vangloriar para uma pessoa específica.



Lily Evans 18:23

Sugere o Cabeça de Javali para Remus

Não é muito cheio, a comida é muito boa, bebidas baratas

Tem umas mesas legais e mais reservadas

Acho que ele não vai querer que ninguém os escute

 

James Potter 18:24

Quê?

O que…

AH

ELE CHAMOU TONKS PARA SAIR?

 

Lily Evans 18:24

Sim!

 

James Potter 18:25

Eu sou um gênio!

 

Lily Evans 18:25

Er

EU conversei com Remus e o fiz entender que ele precisava incluir Tonks nessa bagunça

 

James Potter 18:25

Sim, ok

Mas eu estava lhe apoiando o tempo todo, certo?

 

Lily Evans 18:26

Kkkkkkk

Você não tem um PINGO de vergonha na cara

 

James Potter 18:26

Você fala isso como se fosse uma coisa ruim

 

Lily não conseguiu esconder o sorriso depois de ver seu argumento jogado de volta para ela.

Como fora a única a não botar a mesa, Lily ficou encarregada de lavar a louça, e assim fez sem reclamar. Depois de terminar, sentou novamente em sua mesa, e conseguiu finalizar seus estudos.

 

***

 

Lily gostaria de dizer que ela havia esperado um pouco para fazer insinuações com Remus, mas fora mais forte que ela (não que ela tenha tentado se segurar tanto assim).

—Bom dia, Remy! – Ela disse com um imenso sorriso ao vê-lo na sala de prescrição pouco antes da visita. Remus retribuiu o gesto, contudo mais timidamente e acompanhado de uma negação de cabeça.

—Hey, Lily. Tudo tranquilo? – Remus cumprimentou de volta.

—Sim, tudo ótimo comigo. E com você? Algum… plano especial para hoje à noite? Quer uma dica de restaurante ou algo assim? – Lily perguntou, fingindo inocência. Remus riu e revirou os olhos, mas antes que pudesse falar, foi interrompido por Sirius.

—Por que ele iria precisar de dicas de restaurante? – Sirius questionou, a testa franzida.

Lily viu a cor fugir do rosto de Remus imediatamente, e pensou até em ajudar (leia-se: inventar alguma coisa), mas James apareceu nesse momento para salvá-la.

—Remus tem um encontro hoje! – James disse erguendo as sobrancelhas e sorrindo. 

Ah. A verdade então.

—Um encontro? Com quem? – Sirius continou.

—Isso ele vai ter que falar – James replicou, dando de ombros – Quando ele puder. O mais rápido possível, de preferência.

Meia verdade, aparentemente.

—E por que Lily sabe disso e eu não? – Sirius perguntou – Sabe, Aluado, estou profundamente magoado com isso!

—Porque eu ajudei Remus a conseguir esse encontro – Lily explicou – E não, não vou dizer quem é. Ele diz quando quiser. Não me mete nisso.

Sirius fez uma careta, mas Lily apenas cruzou os braços.

—Chata.

—Você que é. Remy, Cabeça de Javali é minha dica. Só digo isso.

Mas ao invés de Remus sorrir e agradecer, ele se virou para James com uma expressão de compreensão, mas um sorriso incrédulo também tomava seu rosto.

—Então é por isso que você ficou falando de nomes estranhos de restaurante o caminho todo

Lily gargalhou vendo James corar.

—Eu estava tentando ser sutil— James se explicou.

—E acabou sendo inútil — Sirius replicou alegremente – Os preceptores chegaram. Chega de conversa mole entre traidores.

Lily ainda estava rindo, mas recuperou sua normalidade ao sentar para discutir o paciente com Dr. Moody. Como sempre, tinha o caderninho de anotações na mão, e os ouvidos atentos.

Ela ficaria pela tarde na emergência, e tentou se convencer que o friozinho na barriga que sentira ao saber que James ficaria com ela era devido à possibilidade de conversarem sobre Remus e Tonks do que pela presença de James em si.

—Remus precisa contar pra Sirius – Lily disse quando a emergência ficou calma no meio da tarde. James assentiu, riscando um papel distraidamente. 

Ela já tinha percebido que James era praticamente incapaz de ficar quieto por muito tempo – nas cirurgias estava trabalhando com as mãos, e quando tinha de ficar sentado em consultório ou nas visitas, suas pernas sempre estavam se mexendo.

—Definitivamente – Ele concordou – Mas eu sei que Aluado vai demorar o máximo possível, porque ele vai querer elaborar uma forma complexa de contar para que Sirius fique menos irritado.

—Pelo pouco que eu conheço, é a cara dele mesmo – Lily disse rindo.

—Não que eu concorde que Sirius tem que ficar irritado – James acrescentou – Como você disse, Tonks é maior de idade, e tenho certeza que Remus não ficava… cobiçando Tonks quando ela era guria. Remus não é assim.

—Acho que você está corretíssimo – Lily comentou – Mas não sei se Sirius veria dessa forma logo de cara. 

—Não vai ver. Ele considera que Tonks é a única família de sangue que ele ainda tem, então tem a tendência de ser superprotetor.

Lily ergueu as sobrancelhas.

—De qualquer modo, ele vai ter que aceitar a decisão de Remus e Tonks. E se ele não quiser aceitar, eu vou botar senso naquela cabeçona!

James tentou disfarçar a gargalhada – eles sabiam que não deveriam rir tanto no hospital – e finalmente conseguiu.

—Se tem uma pessoa que conseguiria, eu apostaria em você, Evans.

Lily sorriu e deu de ombros. Eles ficaram mais uma vez em silêncio, até que a porta da emergência foi aberta, e um paciente ensanguentado foi trazido numa maca.

James e Lily levantaram de seus bancos no mesmo segundo, se aproximando do paciente enquanto calçavam suas luvas.

—Paciente de 37 anos, estava sentado num banco quando começou uma troca de tiros entre dois motoristas que haviam batido o carro e ele foi atingido. O projétil entrou no hemitórax direito, mas não achamos orifício de saída, então deve estar alojado. Fizemos 1000ml de Ringer lactato com jelco 18, mas não conseguimos intubar na ambulância, nem drenar o tórax. Taquicárdico, hipotenso.

James agradeceu e entregou o laringoscópio e o tubo para Lily.

—Você já fez isso, certo? – Ele perguntou e Lily assentiu – Vamos então, precisamos de fentanil e quetamina, por favor! Já deixa separado também material de dreno de tórax, mas antes um jelco 14. E chamem Dra. McGonagall!

Lily ignorou toda a confusão na sala, e quando viu que as medicações haviam sido administradas, prosseguiu com a intubação. James observava ao seu lado, e aparentou estar satisfeito com o resultado.

—Vamos ver pela capnografia que já está aqui – Ele disse, conectando ao ventilador – Perfeito! Agora, drenagem de alívio, qual espaço intercostal? – James perguntou, com a agulha na mão.

—No novo ATLS, 5º, linha axilar média. 

Ele lhe entregou o jelco, mas o tiro havia entrado justamente no local em que Lily dissera.

—E agora? – James perguntou, um meio sorriso.

—Um acima ou um abaixo.

—Perfeito, prossiga.

Lily fez o procedimento, e saiu ar e sangue pela agulha.

—Quais sinais clínicos me guiam para essa punção? – James perguntou.

—Desvio de traqueia, hipotensão e murmúrios vesiculares abolidos, sugerindo pneumotórax hipertensivo.

—Perfeito. E agora?

—Drenar o tórax.

Dra. McGonagall chegou justamente quando James disse que Lily poderia se lavar para fazer o procedimento com ele. Ele então passou o caso, e a preceptora assentiu.

—Já pediu os hemoderivados? Algo me diz que isso é um choque classe IV – Ela disse – Também estou achando que é um hemotórax maciço.

James confirmou e foi se lavar juntamente com Lily.

—O abdome está reativo. Drenem o tórax enquanto providencio a sala. Deixem o paciente vivo até chegar ao centro cirúrgico, ok? Encontro os dois lá.

James assentiu.

—Bom, vamos lá. Primeiro assepsia e antissepsia. Isso, perfeito. Ele já está sedado, então não precisa fazer a anestesia local, mas é importante se lembrar desse passo, certo?

—Certo.

—Agora pegue o bisturi… isso. Vou parar de falar e você me diz se tiver dúvidas.

Lily assentiu e continuou com o procedimento. James apenas dava pequenas dicas, e seu sorriso era visível pelas rugas ao redor de seus olhos.

—Excelente! Vamos lembrar de acompanhar a quantidade de sangue que sai para avaliar se realmente se trata de um caso de hemotórax maciço. – James explicou enquanto eles tiravam as capas estéreis – Sabe por que vamos levar ele diretamente para cirurgia?

—Ele está instável hemodinamicamente, com um trauma penetrante em tórax sem orifício de saída e abdome com sinais de irritação peritoneal.

—Perfeito. Estamos pronto pro transporte? – James perguntou para a enfermeira, que assentiu – Lily, você vai ambuzando ele, pode ser?

Lily assentiu e os três chegaram ao centro cirúrgico rapidamente. Lily e James deixaram a enfermeira passando o paciente para a enfermeira do centro e foram se trocar para já estarem prontos na sala quando o paciente chegasse.

—Dra. Figg, que honra! – James disse quando viu a anestesista na sala em que Dra. McGonagall estava. A preceptora olhou para James de maneira reprovadora, mas Lily percebeu os cantos de seus lábios se mexendo.

—Conseguiu fazer a drenagem? – Dra. McGonagall perguntou a ele. James abriu um imenso sorriso.

—Lily que fez, professora – James contou – Perfeitamente, se me arrisco a dizer. Até a porta tinha drenado 700ml.

Dra. McGonagall assentiu e Lily corou.

—Evans e Potter, podem ir se lavando. Teremos um instrumentador na cirurgia. Evans vai nos auxiliar hoje.

Lily assentiu e seguiu James para as pias para higienização das mãos.

—Vamos fazer primeiro a laparotomia, porque se não for um hemotórax maciço, a conduta correta já foi feita. Depois da cirurgia, quando ele estiver estabilizado na UTI, pensamos em exames de imagem – James foi explicando.

Era por isso que Lily adorava os plantões com James. Ele tinha uma paciência infinita, explicava tudo que era feito, conferia se ela ainda tinha alguma dúvida, deixava ela fazer os procedimentos. O aprendizado era espetacular.

O fato dele ser engraçado também ajudava.

Quando eles voltaram, o paciente estava entrando na sala. A mesa já estava montada, e o instrumentador já havia separado as capas. Perguntou os números das luvas e James e Lily estavam prontos para a cirurgia.

Dra. McGonagall saiu da sala para se lavar também, e Lily e James fizeram os procedimentos para garantir a esterilidade para a cirurgia.

—Dreno em 900ml, professora – James informou quando a preceptora se juntou a eles.

—Fique de olho. Bisturi na mão de Dr. Potter, por favor.

Lily observou atentamente e percebeu como James operava bem. Dra. McGonagall não corrigia quase nada, e as dúvidas dele faziam a preceptora pensar. Para Lily, que estava ao seu lado posicionada como segunda auxiliar, James ressaltava alguns pontos anatômicos importantes e mostrava manobras. Ela recebia a tarefa de afastar estruturas e observar o dreno.

—Aha, olha só, achei o projétil – James exclamou – Está alojado no fígado. Consegue perceber qual é esse segmento, Lily?

A garota se aproximou enquanto James pedia o fio para suturar o órgão.

—Hum, seria o II? Posterior lateral esquerdo?

—Exato – Dra. McGonagall confirmou – Potter, retire o projétil com cuidado para não aumentar o sangramento. Evans, como está o dreno?

—950ml, Dra. McGonagall. 

—Parece que vai estabilizar. Felizmente eu estava enganada sobre o hemotórax maciço. Evans, você vai usar o aspirador. Quero que deixe o campo limpo para Potter suturar. Consegue fazer isso?

Lily assentiu, o estômago dando voltas. Ela teria que conseguir.

James assoviava enquanto suturava o ferimento. O projétil já estava na mesa, pronto para ser limpo e entregue para a polícia.

O campo ficou limpo o tempo todo.

—Também sangramento do omento – James observou – Suturas manuais?

Dra. McGonagall assentiu, e se virou para Dra. Figg.

—Arabella, como está o paciente? 

—Estável, Minerva. Nem entrei com a noradrenalina. Acho que o tórax que estava fazendo a instabilidade. Se permanecer assim, acho que pode fazer as tomografias no caminho para a UTI.

—Certo, obrigada. Evans, sabe fazer suturas manuais? – Dra. McGonagall perguntou enquanto ela e James usavam pinças para parar o sangramento momentaneamente.

—Sim, eu sei – Lily respondeu, sentindo o frio na barriga voltar.

—Então vamos ver. 

Lily respirou fundo e aceitou o fio que James lhe oferecia com um sorriso que ela conseguia perceber pelas rugas ao redor de seus olhos.

—Lembre de acompanhar o nó até a estrutura – Dra. McGonagall disse – Isso, maravilha. Continue, aqui tem mais.

Ela mal podia acreditar que Minerva McGonagall, a lenda do trauma, estava lhe ajudando a fazer suturas manuais num omento. Era surreal! Era incrível!

Seria o suficiente para lhe desconcentrar, mas ela não deixou isso ocorrer.

Eles fizeram uma revisão antes de iniciar o processo de fechamento, e ainda colocaram um dreno. Depois de James ter finalizado a sutura da musculatura abdominal, Dra. McGonagall se afastou da mesa e tirou as luvas.

—Vou ver se acharam algum documento dele, e já pedir exames. 950ml no dreno. Vou precisar que você o acompanhe na tomografia e na UTI para passar o plantão lá. Evans, se quiser retornar para a emergência depois de ajudar Potter, fique a vontade.

—Prefiro acompanhar o paciente até a UTI, se possível, Dra. McGonagall. Ver todo o processo.

A preceptora assentiu.

—Como achar mais produtivo. Potter, antes de sair quero falar com você.

James assentiu e voltou a prestar atenção em Lily. 

—Passa pro outro lado pra darmos uns pontinhos no subcutâneo antes de fechar a pele. Não precisa ser muito apertado, pra dar espaço pra drenar e evitar uma infecção de ferida.

Lily assentiu, e eles se puseram a trabalhar. James continuou assoviando uma música tranquilamente, parando para ocasionalmente falar com Dra. Figg.

Era exatamente o ambiente de trabalho que ela queria para seu futuro. Eficaz, tranquilo e agradável.

Ela nem viu o tempo passar. Quando percebeu, já haviam terminado e estavam colocando o curativo.

—Vamos descrever e quando ele estiver pronto, seguimos para a bioimagem – James falou. Lily assentiu e o seguiu. Quando eles chegaram no computador, James fez uma careta – Posso te pedir um favor? Esqueci meu carimbo e minha caneta na sala… Primeira vez que exploro sua mais valia…

Lily fingiu ficar brava, mas foi de bom grado. Ela teria ido de qualquer jeito, mas depois do que James lhe proporcionara naquele dia…

 

***

 

Quando Lily chegou em casa, as luzes estavam apagadas, mas se podia ouvir barulho vindo do quarto de Tonks. Ela, então, deixou suas coisas no seu quarto e foi encontrar com as amigas.

Tonks segurava duas blusas enquanto Marlene e Mary opinavam – claro, cada uma achando uma mais bonita.

—Ah, Lily, finalmente! – Tonks exclamou – Marlene e Mary não conseguem entrar num consenso!

Lily riu e analisou as opções. As duas amigas realmente discordavam bastante em relação a roupas.

—Gostei da blusa preta – Lily disse.

Tonks sorriu e vestiu a blusa sugerida.

—Está muito bonita, Tonks! – Mary elogiou quando a mais nova terminou de se arrumar. As três garotas que ficariam em casa estavam deitadas na cama.

—Achei chique um encontro em dia de semana – Marlene comentou, erguendo as sobrancelhas. Tonks abriu um grande sorriso.

—Ele vai passar enfermaria esse final de semana, e não quis deixar pro outro – Ela explicou. Lily sorriu de volta.

—Eu juro que acho que ele gosta muito de você, Tonks – Lily comentou. Tonks esticou ainda mais os lábios.

—Tomara que você esteja certa – Ela comentou. 

Nesse momento a campainha tocou. Lily, Marlene e Mary saíram mais rápido e fecharam a porta do quarto, tendo Marlene ficado para trás para segurar Tonks mais um tempo.

—Uh, boa noite? – Remus disse ao Lily abrir a porta e ele ver a ruiva e Mary de braços cruzados. Era possível ouvir alguém batendo numa porta para dentro casa.

—Vamos conversar antes – Mary respondeu simplesmente, indicando uma cadeira para Remus sentar.

—Certo… – Ele falou apreensivamente, e tossiu.

—Tonks pode até ser nova aqui – Lily começou.

—E você a conhece há mais tempo que a gente… – Mary completou.

—Mas ela é muito querida para nós do mesmo jeito, e não hesitaremos em retaliar caso você faça besteira – Lily ameaçou.

Remus assentiu, as mãos nos bolsos e um sorriso meio irônico no rosto.

—Você me disse para levar isso adiante – Ele contrapôs, olhando para Lily. A garota deu de ombros.

—Uma coisa não anula a outra, companheiro. Estamos de olho – Lily alertou. Ele assentiu novamente, com mais uma tosse – Já falou para Sirius?

Remus fez uma careta.

—Já. Primeiro ele fingiu que não ouviu, depois ele ficou confuso. Mas James falou com ele. Tudo tranquilo, aparentemente. Mas… tenho certeza que vai haver alguma reação tardia.

Lily riu.

—Okay, você está liberado – Ela informou.

—Lene, pode vir! – Mary gritou. Segundos depois Marlene surgiu com os braços cruzados e Tonks um pouco vermelha.

Remus abriu um tímido sorriso ao ver Tonks, que se alargou quando ele percebeu que a garota replicava o gesto. Ele deu a impressão de que iria falar, contudo foi interrompido por um acesso de tosse.

—Tudo bem, Rem? – Lily perguntou com o cenho franzido. Ele fez um sinal de positivo com o polegar.

—To com uma tosse só – Ele respondeu – Posso lavar a mão?

Mary mostrou onde ficava o lavabo. Quando ele retornou, fez questão de pegar a mão de Tonks e dar um leve beijo, fazendo todas as garotas sorrirem.

—Okay, chega disso – Marlene disse, puxando Lily e Mary – Vão, se divirtam, e não esquece a chave, Tonks. Ou de mandar mensagem se não for voltar.

Remus corou levemente, enquanto as garotas riram. Tonks apertou a mão dele, e o levou para fora do apartamento. Ela parecia estar extremamente feliz, pela visão de Lily, e isso deixava a ruiva contente.

Ela achou alguma coisinha para comer e pegou o celular.

 

Lily Evans 19:46

Dra. McGonagall pegou no seu pé por ter me deixado fazer o dreno?

 

Ela não esperava uma resposta imediata, mas ficou com o celular na mão mesmo assim. Quando o aparelho vibrou, ela quase deixou cair o pão em surpresa.

 

James Potter 19:48

Quê?

Não

Por que você achou isso?

 

Lily Evans 19:48

Porque ela te chamou para conversar depois

Na verdade fiquei receosa de ter criado algum problema para você

 

James Potter 19:49

Muito pelo contrário

Ela disse que o dreno estava ótimo

Gostou de você

E conversou também sobre a cirurgia

 

Lily Evans 19:49

Sério?

Ela é tipo… minha ídola

Ela falou de mim?

 

James Potter 19:50

Eu imaginava isso

E sim, ela disse que você era uma boa interna

 

Lily Evans 19:50

!!!!!!!

Não acredito!!!!

 

James Potter 19:50

Por que eu mentiria?

 

Lily Evans 19:51

Eu sei lá

Vou dormir tão bem hoje!!

 

James Potter 19:51

O que um elogio não faz…

 

Lily Evans 19:51

O que um elogio da PESSOA CERTA não faz…

 

James Potter 19:51

Eu já te elogiei diversas vezes e nunca ouviu isso

Meu elogio não vale de nada, então?

 

Lily Evans 19:52

Você está dizendo, não eu

 

James Potter 19:52

Ha ha

Muito engraçadinha

 

Lily Evans 19:52

Kkkkkkk

Brincadeiras a parte

Muito obrigada por hoje

Eu aprendi um absurdo

E foi ótimo fazer procedimentos

 

James Potter 19:53

Ah, que nada

É meu dever, Lily

 

Lily Evans 19:53

Eu sei que é

Mas eu aprendo sempre mais com você

Dá para perceber que você ama o que faz

E isso contagia, e ajuda no interesse

E você se importa em explicar, lembra que estamos presentes

Estamos = internos

Então obrigada de verdade

 

James Potter 19:54

Fico feliz que consiga aprender tanto

Significa que pelo menos alguma coisa estou fazendo certo

 

Lily Evans 19:54

Além da cirurgia de hoje, claro

Você foi incrível

 

James Potter 19:54

Quantos elogios

Assim vou achar que você está tentando me subornar…

 

Lily se surpreendia sempre com a facilidade que eles dois tinham de conversar. James era muito sociável – e ela não aumentara nada do que lhe elogiara. Ele simplesmente era excelente (pelo menos na visão dela).

A surpresa naquela noite foi olhar o relógio quando disseram boa noite e perceber que já passavam de meia-noite  – e ela não estudara nada naquele dia.

Bem… Lily sempre achou que na prática se aprende muito mais.

 

***

 

As garotas não esperaram Tonks voltar. Todas precisavam acordar cedo para suas atividades acadêmicas, e dormir tarde (mesmo que não tão tarde) não era uma boa opção.

Claro que nenhuma delas sabia que Lily, na verdade, vira exatamente a hora que Tonks chegara, por ter ficado conversando até depois com James pelo celular.

Marlene achou estranho a cara de sono da ruiva, mas Lily disse apenas que não dormira muito bem. 

Lily, mesmo sonolenta, estava ansiosa para encontrar Remus e perguntar do encontro. Talvez não fosse a melhor estratégia perguntar para ele o invés de perguntar para Tonks, mas era o que ela poderia fazer – Marlene apoiou a ideia completamente.

Mas a animação das duas logo se dissipou ao avistarem Remus. Ele estava sério e pensativo, e, apesar do pouco tempo, elas já sabiam que deveriam se preocupar.

—Hey, Rem! – Lily cumprimentou com um sorriso. Ele se esforçou, mas não conseguiu retribuir com sinceridade, e depois tossiu.

—Lily, Marlene.

—Como foi ontem à noite? – Marlene rapidamente questionou. Ele engoliu em seco.

—Ela não contou para vocês? – Foi tudo que ele respondeu.

—Não. Ela chegou tarde. Estávamos dormindo já – Lily explicou.

—Foi divertido. Extremamente. Mas… – Remus suspirou – É melhor ela contar para vocês, honestamente.

Lily franziu o cenho.

—Ah não. O que você fez? – Ela perguntou.

—Eu… ainda não… sério, falem com Tonks, ok? 

Lily ficou observando o residente se afastar, meio incrédula. Que diabos tinha acontecido naquele encontro? Como Remus poderia ter ido daquele cara animado da noite anterior para esse hesitante e para baixo?

—Parece que seus poderes de cupido não foram tão bons assim.

Lily olhou para o lado e viu James de braços cruzados, um sorriso triste no rosto.

—Não sei não – Ela discordou – Ele estava muito animado ontem, e disse que se divertiu bastante. 

—Eu não tinha dúvidas de que seria bom – James afirmou – Mas você esqueceu de colocar uma coisa em consideração: a tendência de autodestruição de Remus Lupin.

—Você acha que ele está fazendo auto sabotagem? – Lily questionou surpresa. James riu.

—Esquece cirurgia, auto sabotagem é a verdadeira especialidade de Remus Lupin – Ele contou – Se ele tem uma chance de ser feliz, ele faz o máximo para não conseguir. As vezes é inconsciente, mas ele realmente acredita que não merece coisas boas por sua condição de saúde. 

—Isso não faz o menor sentido – Lily opinou. James deu de ombros.

—Fala para ele.

Lily se adiantou para fazer exatamente isso, mas foi mantida no lugar por um puxão do seu jaleco. 

—Não agora – James disse rindo – Escuta o que Tonks tem a dizer antes. 

Parecia algo sensato, então Lily resolveu escutar James. Antes de chutar Remus no traseiro ela precisava saber a real situação.

—Você tem um ponto – Lily cedeu.

—Eu vivo lhe lembrando que conheço melhor Remus que você – James falou sacudindo a cabeça – mas você parece que não quer escutar, Srta. Teimosia.

Lily abriu um grande sorriso em resposta, mostrando que aceitava o título.

—Estou em constante fase de crescimento e amadurecimento pessoal – Ela disse como desculpa. James riu e revirou os olhos.

—Vai logo ver seus pacientes pra não se atrasar – Foi tudo que ele respondeu.

Ignorando os olhares de Benjy, ela fez o que o residente sugeriu e saiu da sala de prescrição. A rotatividade da cirurgia era interessante: eles geralmente não ficavam com o mesmo paciente por muito tempo, já que era uma especialidade mais resolutiva e pontual, então conseguiam ver uma maior variedade de quadros.

Tinha o aspecto ruim de não conseguir se apegar muito bem ao paciente, porque ele já ia embora rapidamente.

Quando Lily terminou de fazer as evoluções, fez questão de erguer uma sobrancelha para James, indicando que havia acabado e com tempo extra. Ele abriu um sorriso provocador em resposta, fazendo Lily rir.

—Eliot está bem – James lhe disse quando sentou ao seu lado se preparando para passarem os casos para Dr. Weasley, o preceptor do dia.

—Quem é Eliot? – Ela perguntou, franzindo o cenho.

—Ah, é verdade, você foi embora antes – Ele exclamou, mais um lembrete para si do que falando com Lily – A família do paciente de ontem chegou e trouxe os documentos dele. Ele se chama Eliot.

—Ah! Ele está bem?

—Então, na medida do possível. Estabilizou, sem sangramentos. Está com leucocitose, mas é esperado em resposta ao trauma. Fez mais uma transfusão, mas sem reações. Não parece ter sepse nem nada do tipo. Seu dreno está funcionando que é uma beleza. 

Lily senti o rosto esquentando levemente e mordeu o lábio inferior para esconder o sorriso do elogio inerente.

—Precisou de droga vasoativa? – Ela perguntou.

—Não, está bem estável. Estavam falando em tentar iniciar o desmame da ventilação amanhã, já que os padrões estão bons.

—Fico feliz em saber disso – Lily comentou – Mas por que não me disse que a família dele tinha chegado ontem à noite?

James hesitou rapidamente, mas logo estava sorrindo de novo.

Alguém me disse que pessoas de saúde são incapazes de falar sobre coisas que não são de saúde fora do ambiente hospitalar. Estou tentando mostrar que ela está errada – Ele explicou com a mesma expressão. Lily riu.

—Me parece uma pessoa extremamente sensata – Ela respondeu, dando de ombros – Eu teria gostado de saber, mesmo que fosse algo de saúde fora do ambiente hospitalar.

—Certo, entendido. Próxima vez eu falo – Ele disse e hesitou novamente – Acho que esqueci, também. Depois que falamos da cirurgia a conversa fluiu tanto que nem mesmo pensei no hospital. Isso não é uma coisa fácil – James admitiu, com um sorriso tímido. Lily sentiu o rosto corar  inexplicavelmente.

—Esse é seu jeito de dizer que eu sou uma pessoa legal? – Ela perguntou. James riu, e depois sacudiu a cabeça.

—Esse é meu jeito de dizer que você é extremamente… interessante.

Lily sentiu sua boca se abrindo levemente enquanto olhava James nos olhos – castanhos com pontos verdes, tão expressivos quanto o resto da bela face – e sentia alguma coisa estranha no estômago, que mesmo que ela quisesse pensar mais a respeito não teria conseguido, pois Dr. Weasley chegou naquele momento fazendo com que James lhe lançasse uma piscadela e mais um sorriso antes de se virar para frente.

 

***

 

—Ok, o que foi que rolou ontem? – Lily perguntou assim que Tonks entrou no apartamento. Marlene e Mary estavam no sofá também; as três estavam esperando a torta que Marlene fizera mais cedo terminar de assar.

Tonks suspirou e se jogou no chão, deitada no tapete de modo que pudesse observar as outras garotas.

—Estava indo tudo muito bem. Fomos no Cabeça de Javali, depois fomos comprar uns doces. Ele é um perfeito cavalheiro, sabem? Eu nunca ri tanto também. Daí alguma coisa aconteceu até chegarmos no ponto de futuro e etc – Tonks contou – Ele começou a gaguejar, e eu mandei ele se acalmar. Ele balbuciou alguma coisa sobre Sirius, sobre nossas idades, e tudo me parecia desculpa. Até que ele me contou o motivo real de fazer ele hesitante.

—Fala logo, pirralha! – Mary exclamou.

—Ele tem receio por ter anemia falciforme – Tonks disse em tom jocoso. Marlene ergueu as sobrancelhas.

—Remus tem anemia falciforme? – Marlene questionou.

—Uau. Eu sempre soube que ele não era muito bom da saúde – Mary comentou – Mas não sabia o que era.

—Mas do que ele tem receio? – Lily perguntou. Tonks suspirou mais uma vez.

—Ele disse que eu mereço alguém que não é doente, alguém que eu não tenha que me preocupar com mudanças de temperatura. Alguém que não vá passar um gene defeituoso para o filho.

Lily revirou os olhos. James estava completamente correto.

—O que você acha disso tudo? – Ela questionou.

—Eu acho que ele não está levando em consideração o que eu penso sobre isso tudo – Tonks confessou, olhando para o teto – Eu não me importo com nada disso, sabe? Claro que a situação não é perfeita, mas se esse é o preço para estar com ele, eu estou disposta a pagar. Mas ele não me escuta. 

Lily sacudiu a cabeça em negação. Ela faria aquele cabeça dura no mínimo escutar o que Tonks tinha a dizer, mesmo que tivesse que recrutar outras pessoas.

 

Lily Evans 18:32

Você estava certo

 

James Potter 18:33

Eu geralmente estou

Sobre o que, dessa vez?

 

Lily Evans 18:33

Seu amigo

Eu conversei com Tonks

E ele está sendo idiota

 

James Potter 18:33

Deixa eu adivinhar

Ele culpou a anemia falciforme?

Que Tonks merece alguém melhor?

 

Lily Evans 18:34

Bingo

Você está na emergência amanhã?

Podemos combinar uma emboscada para fazer seu amigo ter bom senso!

 

James Potter 18:34

Nope

Mas Remus está

Eu confio essa tarefa a você

Se vocês conseguirem se esconder de Snape, claro

 

Lily Evans 18:34

Snape está na emergência amanhã também?

Mas não deveria ser um R1 e um R2?

 

James Potter 18:34

Eu estarei de plantão fora do Mungo’s

Remus ficará no meu lugar

 

Lily Evans 18:35

Mal posso esperar por uma tarde inteira com Snape

 

James Potter 18:35

Forças, guerreira

 

Lily Evans 18:35

Eu gostava mais quando você não era tão debochado

 

James Potter 18:36

Mentir é feio, Evans

Se eu fosse você iria estudar para ajudar o residente amanhã na emergência

 

Lily Evans 18:36

Respeitosamente

Vai se lascar

 

James Potter 18:36

Kkkkkkkk

Boa noite, Lily

 

—Falando com quem? – Marlene perguntou. Lily franziu o cenho.

—Quê?

—Você está sorrindo bastante, então fiquei curiosa…

Lily estreitou os olhos e apontou para a cozinha, onde o alarme do fogão disparou indicando que a torta estava pronta.

—É uma boa pergunta – Mary comentou enquanto elas se sentavam.

—Vocês só querem saber porque acham que é algum interesse amoroso – Lily respondeu.

—Claro que sim – Marlene confirmou.

—Bom, não é interesse amoroso. James só é bastante engraçado.

Marlene abriu um sorriso de quem sabe alguma coisa e Lily jogou uma bolinha de guardanapo nela.

—Nem ouse – Lily avisou – Ele realmente é engraçado. Tonks está de prova!

Tonks concordou e deu de ombros.

—Só acho curioso que Sirius é tão engraçado quanto, mas você não fala com ele – Marlene comentou.

—Vocês ficam bonitos juntos – Mary opinou. Lily revirou os olhos.

—Já temos um problema amoroso daquele grupinho. Vou dar um chute em Remus e depois vocês pensam em qualquer outra coisa.

Tonks sorriu e ergueu o polegar em agradecimento.

Marlene não falou mais nada sobre o assunto – nem naquela noite, nem no dia seguinte. Lily já tinha planejado que falaria com Remus na emergência – seria mais calmo e teria mais tempo.

Mas quando Lily chegou na emergência e viu Remus, a conversa saiu de sua cabeça imediatamente. Ele estava ainda mais pálido que o comum, tossindo bastante e com uma cara péssima.

—Rem, o que houve? – Ela perguntou preocupadamente. Chegando mais perto era possível perceber que ele não estava bem, e Lily só precisou encostar na pele dele para saber que ele definitivamente estava com febre.

—Só uma gripe – Remus respondeu – Vai logo passar.

Lily franziu o cenho.

—Remus, eu não sei não… você está tossindo tem um tempinho, parece que tá com febre… eu não to gostando de você completar critério pra síndrome torácica aguda.

Ele encarou Lily.

—Eu não tenho como me dar ao luxo de ter uma crise agora, Lily – Ele disse simplesmente.

—Fala isso pra seu corpo. Só uma radiografia, pra gente ter certeza que tá tudo bem – Ela negociou, mas o residente sacudiu a cabeça negando.

—Vamos focar no plantão, ok?

Lily não respondeu, e se colocou ao lado dele. O cara estava louco! Ele precisava de atendimento, no mínimo para descartar qualquer coisa mais severa.

Eles ficaram lado a lado em silêncio por alguns minutos, até uma enfermeira pedir para ele reavaliar um paciente. 

Ele estava mancando.

Esse era o limite.

Lily avisou que iria ao banheiro, mas na verdade foi procurar algum preceptor. Ela nem sabia direito onde ir, mas preferiu arriscar no conforto médico.

Ninguém da cirurgia estava lá. Com um suspiro, resolveu dar meia volta, quando foi parada por uma voz.

—Srta. Evans, o que faz aqui no meio do corredor? – Dra. McGonagall perguntou. Lily poderia ter chorado de alegria; ao invés disso, concentrou em ser mais sucinta o possível em explicar a situação.

A preceptora lhe olhou atentamente, e Lily sentiu a aflição em seu peito.

—Muito bem – Ela disse finalmente – Vamos ver Dr. Lupin.

Lily soltou uma respiração que não percebera que estava prendendo e seguiu a médica até o local onde estava. Remus estava sentado numa cadeira, cabisbaixo, tossindo.

—Dr. Lupin, você deveria no mínimo estar usando uma máscara – Dra. McGonagall alertou. Remus olhou para cima, e viu Lily ao lado da preceptora.

—Desculpe, professora. Pegarei agora.

—Está mancando, Dr. Lupin? – Dra. McGonagall perguntou, e depois se aproximou – Definitivamente febril.

—Eu estou bem – Remus insistiu, mesmo com as caretas das duas mulheres à sua frente.

—Remus, não seja teimoso – Dra. McGonagall disse no tom mais gentil que Lily já ouvira vindo da preceptora – Vá na emergência clínica, faça uma radiografia, um hemograma e o que mais for necessário.. 

—Não posso deixar a emergência sozinha, professora – Ele argumentou.

—Eu estarei aqui. Agora vá. Srta. Evans vai lhe acompanhar até receber atendimento e vai retornar. Depois, nos mantenha informadas pelo celular.

O tom dela não deixava margem para discussão – e pra completar ele foi tomado por mais um acesso de tosse naquele momento. Lily aproveitou e o puxou gentilmente pelo braço em direção à ala de clínica da emergência.

—Você não deveria ter chamado Dra. McGonagall, Lily – Remus lhe disse no caminho.

—E ter deixado você tossir até não haver mais nenhum alvéolo? Não mesmo – Lily discordou.

—Ainda assim, isso é desnecessário. Eu tenho muita coisa para fazer…

—Rem, a última vez que você ignorou sua saúde não deu certo. Vamos apenas ver se tem algo de errado, pode ser? – Lily lembrou gentilmente. Remus suspirou, mas continuou andando.

Eles foram para a recepção pegar uma senha, e logo foram chamados para a triagem. Como Remus era portador de uma doença e poderia estar com uma infecção grave (a febre foi confirmada pela enfermeira), acabou tendo prioridade.

Apesar da relutância dele em procurar atendimento, Remus pareceu mais aliviado ao ser avaliado pelo clínico.

—Vou pedir os exames, no mínimo uma radiografia de tórax e desse pé que está doendo – Só no consultório Remus admitiu que o pé começara a incomodá-lo dois dias atrás – Claro que um hemograma também. Já vou iniciar a hidratação e a analgesia enquanto isso, e pedir interconsulta da hematologia.

—A minha hematologista trabalha aqui – Remus informou, dando o nome e contato da especialista que o acompanhava habitualmente.

—Perfeito. Já prescrevi tudo, só ir para a sala de medicação. Consegui uma maca para você, já que está com o pé desse jeito.

Lily seguiu Remus até ele estar devidamente acomodado, já tomando as medicações.

—Obrigado, Lily – Ele disse relutantemente – Eu deveria ter vindo antes.

—Amigos são para isso – Ela respondeu apertando levemente a mão dele. Ele retribuiu o sorriso – Você quer que eu avise alguém?

—Não. Peter e James estão dando plantão em outro hospital, Sirius começou uma Whipple por vídeo agora há pouco, vai levar umas nove horas, e não quero preocupar meus pais – Ele respondeu.

—Não quer que eu fale nem pra Tonks? – Lily arriscou. Ele negou rapidamente.

—Esse é o tipo de coisa que eu não quero que ela tenha que lidar por minha causa. Ficar esperando numa emergência desconfortável por… nada.

Lily abriu a boca para argumentar, mas desistiu.

—Só para constar, acho que você está errado nisso tudo, mas não vou insistir porque você está doente e eu preciso voltar pra Dra. McGonagall – Ela falou simplesmente – Estarei com o celular ligado. Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, é só avisar, ok?

Ele assentiu e Lily voltou para o balcão da emergência cirúrgica, onde Dra. McGonagall estava sentada num banquinho. Lily relatou o que se passou e a preceptora assentiu.

—Fez bem em ter me chamado, Srta. Evans. 

Lily deu um pequeno sorriso.

—Algum paciente novo?

—Um corte em dedo, mas foi fazer radiografia antes para verificar se não há fratura. Quando voltar você sutura com um fio de plástica.

Enquanto elas esperavam, Snape chegou à emergência. Lily teve que segurar sua careta.

—Onde está Lupin? – Ele perguntou de imediato. Dra. McGonagall ergueu as sobrancelhas.

—Está com um problema de saúde e se juntará a nós quando puder – A preceptora respondeu. Snape pressionou os lábios tão forte que ficaram brancos. Ele pegou outro banco e colocou afastado das duas, puxando o celular imediatamente.

Lily percebeu que Dra. McGonagall olhou para ele com certa reprovação por um tempo, mas não falou mais nada. Pouco depois o paciente mencionado chegou e Lily foi separar o material. Ela ficou feliz pois a preceptora foi ajudá-la, com dicas que somente anos de experiência podiam ensinar.

Snape foi chamado para avaliar uma intercorrência, e Dra. McGonagall ficou tirando dúvidas de Lily a respeito do procedimento do dia anterior. Claramente nenhuma das duas queria a presença do residente, e o sentimento parecia ser mútuo.

—Notícias de Lupin? – Dra. McGonagall perguntou eventualmente. Lily pegou o celular, e percebeu que tinha mensagens dele.

 

Remus Lupin 17:29

Tem um infiltrado novo na radiografia

Vou ter que ficar por aqui por enquanto

 

Lily mostrou a mensagem para a preceptora, que fez uma careta.

—Diga para ele não se preocupar, que está tudo bem por aqui. Vou ver se tem algum residente disponível para assumir o lugar dele.

Lily fez como a preceptora pediu, enquanto ela mandava mensagens.

—Lupin vai faltar a residência de novo?

Lily nem mesmo ergueu a cabeça ao reconhecer a voz desagradável.

—É a terceira vez. É possível que isso aconteça? – Snape continuou.

—Sim, é possível, se for por um problema de saúde. 

—Fico apenas preocupado com a… formação dele como cirurgião, sabe?

Dessa vez Lily desviou o olhar para a conversa. Mas que cara de pau…!

—Não precisa se preocupar com isso – Dra. McGonagall assegurou – Dr. Lupin tem um desempenho formidável, e definitivamente está acima da média. Caso ele precise de mais um tempo, ele será bem vindo a ficar mais uma semana ou mês aqui no hospital. O tempo que for necessário para garantir sua formação como cirurgião.

Lily abaixou a cabeça novamente para esconder o sorriso pela resposta e pela feição de Snape naquele momento.

Talvez Snape quisesse retrucar mais, contudo naquele momento uma interna da ginecologia apareceu procurando por um preceptor.

—Ah, Dra. McGonagall! – Ela falou – Estamos precisando da senhora. Uma paciente de 32 anos foi submetida a uma cesariana ontem, e hoje evoluiu com fortes dores abdominais. Tem abdome bastante reativo, e na radiografia mostra pneumoperitônio. Achamos que houve perfuração de alça.

A preceptora suspirou.

—Vou agora. Snape, fique na emergência. Se alguém da regulação ligar, tente transferir para outro hospital. Explique que estamos com menos cirurgiões que o esperado devido a uma urgência. Srta. Evans, você vai me ajudar.

—Ela é uma interna! – Snape exclamou – Como ela vai fazer a primeira ajuda?

—Eu sei que ela consegue nesse caso – Dra. McGonagall replicou – E como você disse, ela é uma interna. Não posso deixar a emergência sem nenhum médico. Eu não estou sugerindo, Dr. Snape. Estou afirmando que será feito desse jeito.

Lily seguiu a preceptora em silêncio. A outra interna passava mais detalhes do caso, e Lily também aproveitava para ouvir. A suspeita da equipe de ginecologia e obstetrícia parecia completamente correta.

Antes que ela compreendesse muito bem, ela estava dentro da sala de cirurgia, em frente a Dra. McGonagall, enquanto uma residente de ginecologia (a ex de James, uma parte de sua mente alertou) observava de fora.

Com instruções precisas, ela ajudou a lavar o abdome com cuidado, a achar a alça intestinal que havia sido perfurada, a suturar o pequeno corte, a verificar se não haviam outras lesões, a fechar novamente o abdome, a descrever a cirurgia depois…

Ela só se tocou de tudo o que acontecera quando se sentou na cama de acompanhante do quarto de Lupin.

—Dia longo? – Ele perguntou. Lily se virou para o lado e ficou feliz em constatar que ele parecia melhor.

—Acho que Snape quer que você seja reprovado na residência – Ela comentou – Mas a cara dele quando McGonagall pediu para ele ficar na emergência enquanto nós duas fomos para cirurgia foi impagável.

Lupin soltou uma leve risada.

—O que está fazendo aqui? Seu plantão acabou – Ele perguntou. Lily olhou para ele como se ele estivesse bêbado.

—Tá doido? Você acha que vou te deixar sozinho aqui?

Remus ergueu as sobrancelhas.

—Eu falei com James e ele não vai conseguir sair antes – Lily contou – O mesmo para Peter. Sirius ainda está em cirurgia e não deve sair tão cedo. Tonks disse para Marlene mais cedo que estava indo para a casa de uma colega e as duas iam virar a noite estudando com os celulares desligados.

Ele continuou sem parecer entender. Lily revirou os olhos.

—Eu não ia te deixar sozinho aqui, Rem. Você está doente. Está chateado por isso. Eu entendo. Não nos conhecemos há tanto tempo assim, mas para mim parece. Eu não vou simplesmente te abandonar, porque não é isso que amigos fazem. Capiche?

Finalmente, Remus sorriu.

—Obrigado, Lily.

Ela devolveu o sorriso e deu de ombros.

—A dor melhorou? – Lily perguntou.

—Melhorou. Já estou com antibiótico. Minha hematologista disse que era pra eu ter vindo antes, mas que não parece que vai ser como da outra vez. Estou saturando bem, e o infiltrado é pequeno.

—Que bom. Fico feliz que te arrastei na hora certa.

Eles continuaram conversando até que Remus foi descansar. Lily pegou um livro no celular e foi ler até cair no sono. Antes de dormir pediu para Marlene ir mais cedo no dia seguinte e levar uma muda de roupa para o hospital para o dia seguinte.

 

***

 

Ela acordou com alguém tocando em seu ombro e viu o rosto de Sirius. Ele sorriu e chamou com a cabeça para fora do quarto. Lily olhou no celular: eram cinco da manhã. Com um bocejo, ela seguiu Sirius.

—Estava em cirurgia até agora? – Lily perguntou. 

—Nah. Acabei tudo umas duas da manhã, mas não olhei o celular e fui dormir. Quando acordei agora que vi o celular e vim o mais rápido que pude. Como ele está?

Lily contou tudo o que ocorrera novamente, e como ele passou a noite. A hematologista iria passar novamente para avaliar se ele precisaria de uma transfusão sanguínea e a melhora de Remus.

Sirius ia responder alguma coisa, mas eles ouviram passos apressados no corredor e se viraram para ver James chegando, os óculos tortos, os cabelos bagunçados e a roupa completamente amassada.

A imagem tinha alguma coisa muito agradável para a garota, e ela sorriu.

—Lily! Sirius! Só consegui sair agora. Como ele está?

Ela repetiu tudo que tinha dito para Sirius pacientemente, mas quando Peter chegou, tão esbaforido quanto James, ela deixou que um dos outros explicasse, e entrou no quarto.

Marlene havia mandado mensagem dizendo que já tinha acordado e estava indo já já para o hospital. Quando ela guardou o celular que se virou, percebeu que Remus estava alerta, observando a porta.

—Bom dia, Rem. O resto de seu quarteto chegou – Ela informou com um sorriso – Vou chamá-los.

Lily não conseguia tirar o sorriso do rosto ao ver os três residentes rodeando a cama de Remus. Era o tipo de amizade que era perceptivelmente verdadeira, e ela admirava muito.

—Quer dizer que estamos devendo mais uma para a interna que brigou com Snape? – Peter perguntou depois de alguns minutos de conversa. Lily revirou os olhos.

—Eu realmente não gosto dessa identificação… – Ela comentou. Remus soltou uma risada.

Lily ignorou o olhar de James que ela sentia em si enquanto Remus contava o que McGonagall havia feito no dia anterior na emergência.

—Evans, eu juro que você vai ser a morte de Snape nesse hospital! – Sirius exclamou com uma gargalhada.

Lily estreitou os olhos, mas sua resposta foi interrompida por uma leve batida na porta. Remus disse que podia entrar, e Marlene não estava sozinha.

—Dora? – Remus perguntou, aparentemente em choque com a presença da garota. Ele se sentou mais ereto na cama – O que está fazendo aqui?

—O que você acha que estou fazendo aqui? – Tonks disse, jogando uma mochila na cama ao lado de Lily. A ruiva estava sorrindo, e piscou para Marlene – Marlene me disse que você estava internado desde ontem e que não deixou Lily falar comigo?

—Eu sabia que você tem uma prova hoje – Ele explicou – Eu não queria te atrapalhar…

—Eu era perfeitamente capaz de estudar aqui, Remus! – Tonks exclamou – Eu poderia ter perguntado por mensagem para outras pessoas se tivesse dúvidas! Minha prova é pela tarde!

Remus suspirou.

—É exatamente o tipo de coisa que eu não quero que você precise se envolver, Dora – Ele explicou – Ter que vir pro hospital correndo porque eu estou tossindo.

—Bom, se estivéssemos juntos mesmo você não procuraria o hospital correndo porque eu teria feito você procurar atendimento antes— Tonks retorquiu. Os rapazes cederam espaço perto da cama para a garota se aproximar.

—Mas esse é o ponto. É o tipo de coisa que você não deveria ter que te preocupar, Dora. Você é jovem, merece muito mais! – Ele insistiu enquanto a garota sacudia a cabeça em negação.

—Lily teve que quase te ameaçar para você ir pra emergência. Ela estava preocupadíssima com você. James estava quase tendo um filho no plantão. Marlene estava extremamente aflita. Nenhum deles está namorando com você, e ainda assim todos estão aqui – Tonks disse, mostrando o quarto – Eles são todos jovens. E nenhum deles se importa. Você acha que eu deixaria de me preocupar com você? Honestamente acha isso?

Remus suspirou.

—É diferente, Dora. Você sabe que tenho limitações por causa da minha situação. Nós falamos sobre isso – Ele tentou, passando a mão pelo rosto.

—Você fala como se essa decisão fosse ser agora. Isso é pro futuro, Remus. Você está usando uma desculpa de ter filhos! Você mesmo disse que não queria ter filhos cedo! Existe estudo genético, eu posso fazer esse estudo. E se tiver risco, podemos adotar. Você sabe disso, muito melhor do que eu inclusive.

Eles se olhavam como se não tivesse mais ninguém no quarto.

—Diga que você não gosta de mim, e eu paro. Fale que não quer ficar comigo, e eu saio por aquela porta. Mas se você está usando a falcemia como desculpa para não se permitir ser feliz, eu não vou deixar – Tonks concluiu.

—É claro que eu gosto de você, Dora. Você sabe que sim. Mas você também sabe que eu sou defeituoso.

—Que bom – Ela concluiu estendendo a mão – Porque eu não aguentaria estar com ninguém perfeito.

Com uma risadinha e uma sacudida de cabeça, Remus pegou a mão estendida e levou até seus lábios, depositando um leve beijo.

—Ok, essa é a hora que todos nós saímos – Lily anunciou, pegando sua mochila e seu jaleco. Ela sorriu para Remus – Eu volto de tarde para liberar Tonks para a prova. Você me ajuda a estudar. Escuta a garota. Ela é esperta.

Remus sorriu e assentiu, se despedindo dos outros também. 

—Bom, eu vou logo para a enfermaria – Sirius anunciou ao saírem do quarto – Vamos dividir os pacientes dele?

—Sim, claro. Se mais alguém quiser ajudar, ótimo, se não a gente dá conta – James confirmou.

—Ponto positivo – Marlene disse para Lily enquanto eles caminhavam – é que parece que aqueles vão se acertar. Ponto negativo é que você perdeu seu chuveiro – Ela deu uma fungada perto de Lily e sorriu – E olha que tá precisando.

Lily revirou os olhos.

—Eu termino mais cedo e vou pro quarto – Ela respondeu.

—Ei, nada disso – James discordou – Pega sua muda de roupa. Você pode usar o conforto feminino da cirurgia.

Lily ergueu as sobrancelhas.

—Não precisa, sério – Ela afirmou, sentindo as bochechas corarem levemente – Juro que Marlene estava brincando sobre estar fedendo.

Sirius gargalhou.

—Vai tomar seu banho, Evans – Sirius falou – Não tem nenhuma residente mulher na enfermaria. Só quem tá usando o conforto é Dra. McGonagall, e ela não está aqui hoje, e nem se importaria considerando tudo. James consegue a chave para você.

Lily balbuciou alguma coisa mais, mas não conseguiu mais negar. Ela realmente queria tomar um banho. Marlene lhe entregou a sacola com a roupa e pegou a mochila, e se adiantou para a enfermaria com Sirius. Peter foi para a ala da ortopedia, e ela e James seguiram para o conforto.

—Lily, eu nem tenho como te agradecer – James disse.

—Pelo quê? – Ela perguntou franzindo o cenho.

—Por ter cuidado de Remus quando a gente não pôde – Ele explicou – Nós somos muito superprotetores em relação a ele, e dessa vez não percebemos nada. Ele não queixou de dor ou de tosse ou de febre. Nada. Então acho que se não fosse você, ele teria ficado muito pior.

Lily corou.

—Ele é um pouco teimoso – Ela comentou – Mas depois que coloquei McGonagall na jogada foi mais fácil. E ainda consegui juntar ele e Tonks!

James riu.

—Como você sabe que eles se resolveram? Não tinha nada resolvido quando saímos – Ele desafiou.

—Quê? – Lily exclamou – O beijinho que ele deu na mão?! Os olhares que eles trocaram?! Está tudo mais do que resolvido. Só observe.

Ele realmente observou – só que os olhos estavam focados em Lily.

—Parece que não sou o único romântico aqui – James comentou. Lily deu de ombros, sorrindo levemente de canto de boca.

—Talvez.

Eles pararam na frente de uma porta, e ele entregou uma chave.

—É só me dar de novo na enfermaria. Fique tranquila que eu deixo para ver os seus por último. Quem é seu outro residente?

—Frank.

—Certo. Eu falo com ele também. Depois é só me entregar a chave.

Lily sorriu timidamente.

—Muito obrigada – Ela disse.

—Eu que digo isso. Agradeço mesmo por tudo que você fez por Remus.

Lily mordeu o lábio inferior.

—Ele também é meu amigo. Eu fiz o que eu faria por qualquer amigo.

O imenso sorriso que James abriu iluminou seu rosto todo e expulsou até a última gota de cansaço que invadiam suas feições.

—Eu sei. Obrigado mesmo assim.


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