With love, Lily. escrita por ravenwlily


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

eu hesitei em postar porque é algo bem bobinho mas, já que concluí e isso é um milagre, resolvi publicar mesmo assim
apreciem ♡



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Não sou boa com palavras (afinal, não é a minha arte, é a sua) mas Emmeline me incentivou a escrever, a pôr pra fora o que estava e estou sentindo, então aqui estou eu.

Quando você me contou que iria se mudar — com aquele brilhante sorriso sonhador e com os olhos castanho-esverdeados nostálgicos —, eu hesitei e minha expressão vacilou. Você havia me dito que tinha algo importante para me contar e me convidou para um café. Ainda me lembro do que pedimos. O meu era puro e tinha dois cubos de açúcar, e o seu era um cappuccino com creme.

Você ficou receoso com a mudança na minha expressão. Tratei de consertá-la. Nunca diria a você que sentiria sua falta mais do que qualquer outra coisa. Jamais. Você daria um jeito de permanecer no Brooklyn ao invés de fechar contrato com a editora de San Francisco e perderia a chance de crescer no seu ramo.

Você irá ser reconhecido. Eu sei disso. Você tem uma habilidade fantástica com a escrita. Sua paixão transborda e seu talento é genuíno, e isso é lindo. Em hipótese alguma eu seria egoísta e estragaria uma oportunidade dessas para você.

Era uma manhã de segunda-feira e você, meu amigo, não se deixou enganar pela minha atuação imediata. Segundo suas próprias palavras, você me conhece melhor do que eu mesma. E talvez isso seja verdade.

Minha fala pode ter soado falaciosa naquele momento, mas eu gostaria que soubesse que não menti. Realmente trata-se de uma oportunidade de ouro para você e eu não esperava menos chances como essa para um cara tão talentoso.

Você não pareceu, de todo, convencido e sua feição deixou transparecer sua desconfiança, mas, relutante, continuou o assunto sobre a editora e me deu mais detalhes a respeito.

Uma semana depois, apesar de ter se tratado de um até logo e você ter me abraçado por mais tempo do que deveria (mais um pouco e você teria perdido seu vôo, idiota), doeu como um adeus. Você levou uma parte de mim com você, e deixou uma sua comigo.

E foi quando você deu as costas a mim e aos meninos (Sirius sente sua falta por mais que se negue a admitir e Remus gostaria que você soubesse que sempre lembra de você quando vê um novo best-seller na livraria da Pince, inclusive) que eu percebi que você me faz transbordar.

Transbordar amor, carinho e paz. Transbordar alegria, sorrisos e calor. Transbordar atenção, calmaria e juventude.

Eu sou completa, assim como você, e sei disso, mas você me complementa. Temos nossos momentos de tempestade mas sou (somos) tão melhor juntos que sozinhos. Eu me questiono se algum dia meu vocabulário será vasto o suficiente para descrever o quão eu sou grata por ter conhecido você há vinte anos — quando éramos crianças e devido ao fato de sermos vizinhos. Palavra alguma é capaz de carregar em seu âmago o quanto eu amo você e sou apaixonada pela pessoa incrível que você é. Você me inspira a ser melhor todos os dias e cada segundo que tivemos é importante e precioso para mim.

Você é meu ombro para chorar e meu porto seguro. Somos melhores amigos e eu confiaria minha vida a você se fosse preciso. Seu perfume amadeirado está impregnado nas minhas roupas e eu não nego que seu cheiro as torna melhor.

Um adendo: roubei algumas camisas suas. Espero que não se importe (muito).

Eu gostaria de ter dito antes que meus sentimentos por você não são somente fraternais, assim como você fez, antes de partir.

Você se juntou à multidão prestes a embarcar e segundos depois voltou, apressado e determinado. Sua expressão me deixou confusa por algum tempo, mas, quando você me beijou, eu pensei em mais nada. Meu foco era você e sua boca na minha.

Após nos separarmos, você murmurou que tinha deixado de me ver como melhor amiga há muito tempo, provavelmente no fim do colegial. Sussurrou que sentiria muita falta de mim e que me amava.

Eu entendi. Consegui ver em seus olhos. Eles brilharam e eu pude sentir a sinceridade em cada palavra. No entanto, balbuciei nenhuma palavra compreensível e os alto-falantes anunciaram a última chamada para o seu embarque. Ver você ir embora foi doloroso, e creio que sentiu o mesmo ao nos dar as costas.

São três da manhã de um domingo de dezembro e meu corpo não consegue descansar porque você não sai da minha mente. Não consigo parar de escrever. É como se eu prolongasse um encontro que só teria fim quando eu acabasse de grafar.

É clichê escrever cartas em pleno século XXI e talvez eu pudesse simplesmente esperar mais alguns dias para rever você, porém continuar faz parecer que você está aqui ao meu lado e eu estou falando há horas sobre meus sentimentos, enquanto você apenas escuta com atenção, o cenho franzido e um sorriso bobo reprimido.

Minha mente me bombardeia de lembranças com você sempre que o relógio marca meia-noite. Lembra-se da vez em que você alcançou o primeiro andar e invadiu meu quarto pela janela? Lembra-se que me convenceu a sair àquela hora com você e parou seu carro em uma estrada qualquer? Lembra-se que nos encostou na porta do motorista e me puxou para um abraço apertado? Eu verifiquei o horário no meu relógio de pulso e era exatamente meia-noite. Tornou-se​ nosso momento dali em diante.

Recordo-me de um verão chuvoso que nos deixou entediados dentro de casa na adolescência e de como ele levou você a resolver que era uma ótima ideia encher a cozinha de sua mãe de fumaça, ao tentar fazer meus biscoitos preferidos de chocolate com canela enquanto eu lia um conto seu no sofá da sala.

A história em questão era apaixonante. Cativante. Extraordinariamente cativante. Assim como você.

Naquela mesma tarde, após passarmos séculos limpando o local para poupar sua mãe da sua bagunça, que passou a ser um pouco minha também quando quebrei ovos na sua camisa (em minha defesa, escorreguei na farinha espalhada pelo chão de madeira), você sussurrou ao meu ouvido: “Vê? Funcionamos bem. Somos incríveis juntos. Até mesmo limpando as paredes.”

Agora eu acredito.

Outro adendo: não gosto de dar razão às suas palavras, já que você fica muito convencido e um sorriso maroto brinca em seu rosto, mas você estava certo.

Você é James Potter e eu sou Lily Evans, e eu sinto sua falta desde que se virou e entrou naquele avião, há quatro meses.

Mal posso esperar para ver você.

Com amor, Lily.

P.S.: Obrigada por me apresentar Imagine Dragons. Lembro de você toda vez que ouço Birds.

P.S.²: Mensagens via WhatsApp e chamadas de vídeo por Skype não são suficientes.

P.S.³: Lembra-se do Natal de dois anos atrás? Neste, é a minha vez, e, ao contrário de você, não vou usar o visgo como desculpa para roubar um beijo seu.


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Notas finais do capítulo

sejam legais e me digam o que acharam, bjs



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