— Adrien... Chat! – se corrigiu, no entanto deu de ombros – Que seja! Isso, foi um erro. Essa noite... Não deveríamos saber...

— As nossas identidades, eu sei. – revirou os olhos e se aproximou – Mas agora sabemos e temos que lidar com isso. Não é o fim do mundo.

— É, mas...

— "Mas..." o que, Marinette? – a garota sentiu um arrepio ao ouvir o seu nome sair da boca dele em um tom mais sério – Acha que não podemos continuar tudo numa boa? Somos uma ótima dupla, o que aconteceu hoje não vai mudar isso.

— Tem razão. Eu só acho perigoso. – sua postura e tom de voz eram tímidos agora. Adrien via em sua frente, uma perfeita mistura de personalidades da Marinette e da Ladybug que conhecia. – Sabe, caso algum vilão nos capture.

— Me capture, você quer dizer.

— Não foi isso que eu disse.

— Mas é a verdade. Normalmente eu sou o capturado. – deu de ombros. – E você acha perigoso que eu saiba sua identidade por causa disso. Eu entendo.

— Chat...

— Você sabe que eu me sacrifico porque Paris tem mais chances de ser salva por você. – disse sério – Não quero que pense que eu sou um incompetente. – Adrien deixou claro, lembrando de quando tinha falhado com o Miraculous da cobra, quando lutaram contra Desperada.

— Eu nunca pensaria isso. Você e eu temos métodos diferentes, não lembra Mister Bug? – ele sorriu.

— Falando nisso, sinto saudades da Lady Noire. Ela era mais divertida. – Marinette abriu a boca, como se estivesse ofendida.

— Você não achava isso quando estava com o meu Miraculous, Bugaboy. Ou devo dizer, Kitty Kat? – o loiro riu.

— Eu adoro quando me dá apelidos, Bugaboo. – a garota corou levemente.

— Em resumo, não acho que você seja incompetente. Nunca acharia isso. Só que precisamos tomar mais cuidado agora. – se afastou mais e fechou os olhos – Spots off! – desfez a transformação, deixando Adrien ainda mais hipnotizado.

— Olá. – Tikki cumprimentou o garoto, que apenas acenou com um sorriso. – Vou ir recuperar as minhas energias. – Marinette assentiu e a kwami foi para dentro.

— Voltando ao assunto...

— Ah, sim. Cuidado. – relembrou, balançando a cabeça – Eu vou tentar tomar mais cuidado. Não se preocupe.

— Tudo bem. Eu também vou. – Adrien ainda estava meio perplexo, não sabendo como agir direito ao falar com Marinette sobre isso. – Parando pra pensar, por um lado vai ser mais fácil a gente se encontrar.

— É.

— E também podemos ter um álibi.

— Sim.         

— E podemos despistar...

— Marinette!

— O quê?

— Eu amo você. – a garota arregalou os olhos e paralisou. Sabia dos sentimentos dele por Ladybug, obviamente. Tanto que Chat Noir tinha brincado mais cedo, sobre os sentimentos recíprocos. Mas não viu essa chegando. – Antes que diga que eu amo a Ladybug, e não você, eu quero dizer que eu amo sim. E nada vai fazer eu mudar esse pensamento. Mesmo que seu amor seja apenas por mim sem a máscara. Eu continuo te amando.

— M-Mas... Você não me amava antes.

— Eu sempre amei você.

— Se você não soubesse que eu sou a Ladybug, você acha que estaria me falando isso agora? – ele ficou em silêncio. – Foi o que eu pensei. – Marinette abraçou o próprio corpo, por conta da brisa gélida que bateu bem na hora. No seu rosto tinha uma expressão sentida.

— Provavelmente eu não diria agora, mas tenho certeza que daqui a alguns dias eu diria.

— Como pode ter certeza?

— Porque é impossível não se apaixonar por uma garota como você. – o fitou um tanto surpresa. – Já o que você sente sobre mim... Eu sei que o Adrien e o Chat Noir fazem parte da minha personalidade, mas eu não certeza se você sabe disso. Afinal, você gosta de mim como Adrien.

— Bem, agora eu sei que sim. – deu de ombros.

— E você continua sentindo o mesmo? Porque eu sou o garoto que você conhece na escola, mas também faço piadas ruins, cantadas péssimas, sou impulsivo, convencido e outras coisas mais. E eu estou ok com tudo isso, faz parte de mim. Mas e você?

— Eu te amo. – disse no impulso, fazendo o loiro piscar várias vezes, assimilando. – Quero dizer, eu estou bem com tudo isso. Nunca gostei de você por ser o Adrien Agreste. Mas sim por sua gentileza, amizade, pelo carinho. Coisas essas que não faltam em você como Chat. – sorriu – Só que eu nunca tinha pensado no Chat Noir dessa maneira, porque estava mais preocupada salvando a cidade. Não podíamos ter nada se nem nos conhecíamos por trás das máscaras.

— Mas agora a gente pode. – se aproximou dela, pegou sua mão e depositou um beijo – Isto é, se você quiser. – Marinette sorriu.

— Você é muito importante pra mim, Chat. Ou Adrien, como preferir. – eles riram e a azulada se aproximou mais, colocando as duas mãos sobre os ombros dele e o encarando com ternura – Estar ao seu lado é tudo que eu mais quero. Seja lutando, ou..

— Namorando. – completou ficando com o rosto bem próximo ao dela. – Você é tudo pra mim, princess. – finalmente acabou com a distância entre os seus lábios, a beijando com vontade. Chat Noir colocou suas mãos na cintura dela, enquanto ela o puxava mais para si. O momento parecia certo, perfeito. Por mais que já tivessem se beijado brevemente antes, nada se comparava àquilo – Se eu estiver sonhando, não me acorde. – disse assim que se separaram pela falta de ar, fazendo ela rir.

— Digo o mesmo. – Adrien acariciou o rosto de Marinette, tomando cuidado para não machucá-la com as garras.

— Aquele dia... Da estátua. Então o que você disse era sério? – a azulada desviou o olhar, constrangida.

— Sim. E eu sei, fui uma completa idiota. Aquilo foi totalmente constrangedor.

— Eu ronronei pra você duas vezes. Acho que eu entendo alguma coisa sobre constrangimentos. – segurou o queixo dela, fazendo com que olhasse pra ele.

— É, mas não é nada comparado.

— Você quer mais? Eu tenho um travesseiro com a fronha da Ladybug e eu durmo abraçado nele todas as noites. – Marinette piscou os olhos, assimilando o que ele tinha acabado de ouvir, em seguida caiu na gargalhada – Pode rir, eu deixo. – deu de ombros, conformado.

— Quer dizer que eu tenho um fã?

— O melhor. Alya e Chloé não são nada comparados à mim.

— Wow! – ela se aproximou, envolvendo o loiro em um abraço e deitando a cabeça sobre o peito dele – Desculpe por aquilo. Sabe, da estátua. – disse, aproveitando que ele não conseguia ver seu rosto.

— Não precisa se desculpar, princess. Na verdade quem precisa sou eu. – beijou o topo da cabeça dela – Mas nós dois somos meio bobos.

— Não posso discordar disso, Kitty Kat. – ouviu um ronronado e olhou rapidamente para Chat Noir, que estava paralisado. – Parece que você gosta mesmo desse apelido brega.

— Eu não quero comentar sobre isso. – Marinette riu novamente.

— Você quer entrar? Está frio aqui na rua. – o herói a encarou. Não podia ir embora muito tarde, mas ao mesmo tempo queria poder passar a noite conversando com ela.

— Quero, mas só um pouco. Preciso ir antes que fique muito tarde.

— Tudo bem. Também não pretendo dormir tarde, não quero me atrasar para a aula. – foi para dentro do quarto, seguida pelo loiro.

— Vai ser difícil. – lançou um olhar de tédio para ele. – O que foi? Agora estamos em um nível de intimidade que não tem como voltar atrás. Se prepare para muitas piadas ruins, Dupain-Cheng.

— Ah não, Agreste! – brincou fazendo careta – Isso quer dizer que eu posso te chamar de “Kitty Kat” na frente de todo mundo?

— Você não ousaria.

— Acha mesmo?

— Acho, porque senão eu vou te chamar de “Bugaboo”.

— Você não pode. Pois todos sabem que esse é o apelido que o Chat Noir deu pra Ladybug. – cruzou os braços com um olhar convencido.

— Droga! – riu e olhou em volta. Em seguida, sorriu ao ver suas fotos na parede – “Fã de moda”, hein? – ironizou, apontando com o polegar – Agora eu acredito que na verdade você seja fã do modelo. – Adrien fez uma careta sugestiva e as bochechas dela esquentaram de leve.

— Eu não quero comentar sobre isso. – repetiu a frase dita por ele.

— Justo. Mas o que você acha, a minha bunda fica mais bonita nessa calça – apontou para uma das fotos, que estava parado meio de lado –, ou no meu traje de super-herói? – Marinette sentiu seu rosto queimar e rapidamente jogou uma almofada nele. – Ei, que violência! Eu só pedi uma opinião.

— Você é muito chato!

— E você é muito linda. Somos o casal perfeito. – se aproximou dela, segurou o seu rosto e a beijou novamente – O que acha da gente namorar? Eu acho incrível.

— Acha mesmo? – questionou um pouco séria.

— Por que? Você não acha? – por alguns segundos teve medo que ela não aceitasse.

— Acho, mas... Tenho um pouco de medo do que as pessoas possam achar. Na verdade, um certo receio.

— Eu sei o que vão pensar, será tipo “aquele garoto incrivelmente lindo está namorando uma garota incrivelmente linda!”. – ela socou o braço dele de leve. – Mesmo com você me agredindo, eu te amo. – a puxou para um abraço apertado.

— Também te amo, Kitty Kat. – ronronou, fazendo ela rir. – Esse apelido é incrível! Vou passar a usar ele com muita frequência. – ele respirou fundo e deu de ombros.

— Nem vou tentar me defender mais.