Memória escrita por Subject 17


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Caramba, faz um bom tempo que não posto nada sobre Undertale.
Enfim, de uns tempos pra cá eu me vejo voltando um pouco pra essa fandom e me relembrando dessa época boa da vida.
Uma dessas memórias, ironicamente falando, é a minha praticamente obsessão com esse cenário que acabei colocando nessa fic.
Enfim, espero que gostem.



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Não era um cenário novo, na verdade era provavelmente um dos se não o mais familiar que já havia vivenciado em toda sua jornada. A melodia, que já deveria ter se tornada saturada e cansativa após tanto tempo ouvindo-a incessantemente, era uma das poucas coisas que ainda prendia completamente a criança naquele mundo que se tornava cada vez mais previsível.

A doce sinfonia era harmônica e ritmava as batidas de seu coração de maneira que nunca conseguiu compreender. As consecutivas gotas de água caiam contra o guarda-chuva, o som produzido por elas se juntando a canção sem palavras. A perfeita combinação melodiosa teve um impacto tão inexplicavelmente grande na sua igualmente grande aventura, e isso antes mesmo que descobrisse mais sobre ela. Sobre quem era aquela estátua, e do porquê de ter sido abandonada em um lugar tão solitário. Ela estava constantemente sozinha até que recebesse a longa visita da criança admirada, a mercê do descaso e indiferença recebia pelos que passavam pela região. Esses que nessa jornada não eram muitos, sendo a maioria agora um aglomerado de poeira que se esvaia com o vento.

Não conseguia pensar em palavras que pudessem explicar o que sentia ou o que passava pela sua cabeça, mas não importava quantas vezes chegasse ao final daquela história e a repetisse novamente para tentar algo novo, aquele era um cenário que jamais deixaria passar. A estátua, a chuva, a caixa de música perpetuamente escondia de sua visão, mas nunca de sua audição. Tudo isso combinado prendia a criança como magia, a enfeitiçando de maneira intensa e irresistível, e até mesmo seus olhos eram completamente fixados na imagem a sua frente. Não importava se seu próximo passo a faria ir adiante em sua jornada ou voltar para a sala onde reproduziria a melodia em um piano abandonado, beirava o impossível se afastar dali.

O pequeno ato de bondade era imensamente recompensado, e isso era uma das coisas mais misteriosas daquele mundo. Não estava salvando ninguém, mas sim condenando toda uma raça a uma eternidade aprisionada enquanto achasse que isso poderia lhe entreter. Por que, entre todas as verdadeiras boas ações que poderia fazer, colocar um guarda-chuva em uma estátua era a atitude mais recompensadora que já havia encontrado? Algo que não importava quantas vezes repetisse, valeria a pena passar por tudo de novo?

Seus amigos, sua família como já foram considerados tantas vezes, a alegria deles não importava tanto quanto isso. Nem antes nem nunca, e isso não pesava em sua consciência de forma alguma. Poderia ser julgada, taxada como impiedosa pelos atos cruéis, mas isso seria sempre indiferente quando a barreira fosse cruzada e o pôr do sol alcançado, de novo, pelo que já deveria ser algo próximo da décima vez. Talvez fosse até mais, já havia perdido a conta, mas sabia que algumas das vítimas de sua obsessão ainda se lembravam. Realmente uma pena para elas, mas não pretendia mudar isso.

Respirou fundo, e olhou fixamente para o rosto deprimentemente abaixado da estátua. Ela parecia tão triste, e de fato tinha motivos para isso. Se despediu da velha amiga, com a promessa que não demoraria a voltar para encontrá-la novamente. Seguiria com a impiedosa e surpreendente trajetória que a levava adiante, sem saber que isso para sempre a impediria de ouvir a melodia outra vez.


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Notas finais do capítulo

Só pra caso não tenha ficado muito claro o último parágrafo: uma vez que você conclui a rota genocida (que é a que Frisk ta seguindo nesse cenário) você não pode mais ouvir essa música. A menos que, imagino eu, você mexa com os arquivos do jogo.



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