Marinette estava sentada no banco do lado de fora da sala do delegado, enquanto seus pais estavam dentro na sala falando com ele.

— Marinette, você está bem? – Adrien Agreste entrou, fazendo com que ela se surpreendesse e ficasse de pé.

— Estou, eu... – foi interrompida por um abraço apertado. – Eu estou bem. Mas... Como soube que eu estou aqui?

— Minha assistente soube por um conhecido que trabalha aqui. – mentiu. Sabia de tudo quando se tratava de Marinette. – O que aconteceu? – pousou a mão sobre o rosto dela. Marinette segurou a mão dele e retirou do seu rosto, engolindo em seco. Adrien respirou fundo, um tanto irritado por isso, porém não podia demonstrar.

— Eu fui fazer uma entrega para os meus pais e vi um senhor morrer, e aí ele disse umas coisas e eu entrei em pânico e chamei a polícia, mas quando eles chegaram... Ele... Ele não estava mais lá.

— O que ele disse pra você? – Marinette colocou a mão no bolso, apertando os dois colares que o senhor tinha dado para ela e dito para que ela cuidasse com a própria vida. Porém decidiu não falar nada sobre.

— Coisas sem sentido, eu não sei ao certo. Eu estava assustada demais. – admitiu, sentindo seus olhos ficarem marejados novamente.

— Está tudo bem agora. – abraçou ela novamente.

— Marinette? – ouviu a voz do seu namorado.

— Luka? – desfez o abraço e correu até ele, o beijando.

Adrien cerrou o punho observando a cena e deu um longo suspiro. Precisava se controlar para não fazer nada precipitado.

— Você está bem? – segurou o rosto dela, que assentiu. Em seguida, notou o loiro parado logo atrás – O que ele faz aqui? – sussurrou.

— Ele veio ver se está tudo bem.

— Aham. – Luka sabia que Adrien se importava muito com Marinette, até demais. Sinceramente, não via problema que sua namorada tivesse uma amizade com o loiro, se não soubesse das más intenções dele. – E aí. – o cumprimentou de longe. Adrien apenas acenou e colocou suas mãos nos bolsos.

Os pais de Marinette saíram da sala e foram até ela.

— Está tudo resolvido, podemos ir pra casa. – Sabine disse e ela assentiu.

— Obrigada por ter vindo, até. – Marinette acenou para Adrien, que fez o mesmo. Logo, Luka passou o braço por cima dos ombros da namorada e a puxou para si. Enquanto isso o Agreste observava a cena, decidido a fazer umas ligações assim que chegasse em casa.

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Marinette colocou o boné com o logotipo da padaria e pegou as três caixas de doces que seus pais fizeram e pediram para que ela entregasse. Em seguida, saiu a pé mesmo, pois os locais eram perto o suficiente para isso.

— Aqui está, tenha uma boa tarde.

— Obrigada, querida. Igualmente. – a senhora pegou a caixa e Marinette pegou o dinheiro. Logo, foi para o próximo local, que era a casa de ninguém menos do que Adrien Agreste.

Tocou o interfone e o portão se abriu, pois provavelmente Nathalie tinha visto pelas câmeras que a garota tinha chegado.

— Oi, como vai? – Adrien cumprimentou assim que as portas se abriram.

— Vou bem e você?

— Melhor agora. – a azulada riu e entregou a caixa para ele. Adrien pegou uma nota de dentro do bolso e entregou para ela. A garota estendeu o troco, porém ele negou – Pode ficar.

— Você já me deixou ficar com o troco ontem e antes de ontem. – estendeu a nota novamente.

— Então fique de novo. Como uma gorjeta. – piscou.

— Assim mais parece que você está me pagando um salário. – os dois riram.

— Eu poderia. Sabe, você poderia vir trabalhar comigo se quisesse.

— Agradeço, mas não acho que daria conta da responsabilidade. – se deu por vencida e guardou o troco – Aliás, como você consegue cuidar de uma empresa?

— Na verdade quem cuida é o meu pai e a Nathalie. – deu de ombros – Mas eu estou tomando conta da administração aos poucos.

— E ainda estuda. – disse impressionada – Você por acaso tem tempo para descansar?

— Porque você acha que eu peço doces? – balançou a caixa de leve, fazendo ela rir – São ótimos para o meu momento de descanso. Os melhores que eu já comi, na verdade.

— A padaria Dupain agradece o seu elogio. – brincou, fazendo uma reverência. – Bom, agora eu preciso ir.

— Ah, ok.

— Tchau, Adrien. – acenou e saiu.

— Tchau. – a porta se fechou assim que Marinette passou por ela e Adrien foi até o seu segurança e estendeu a caixa de doces pra ele – Pode ficar. – o loiro odiava doces. A única razão pela qual pedia quase todos os dias, era o fato de Marinette vir entrega-los. – Nathalie? – a assistente veio correndo.

— Sim?

— O Henry ligou de volta?

— Ainda não. Ele precisa de mais tempo para organizar os papéis. Falta pouco para ele concluir.

— Certo. Qualquer novidade me avise.

— Como quiser. – assentiu.

— Essa noite vou sair, não me espere.

— Vai precisar do motorista? – negou e subiu as escadas. Sua assistente o observou e logo voltou para seus afazeres, sabia perfeitamente o que o Agreste pretendia.

***

— É um absurdo eu ter que pedir doces só pra ver a minha namorada! – Luka brincou, em seguida, comeu um dos doces e Marinette riu. Ele largou a caixa e foi até ela, a abraçando.

— Você sabe que meus pais não deixam eu sair em horário de trabalho.

— Eu sei, eu sei. Mas pelos menos você pode me visitar à noite. – a colocou contra a parede e depositou um beijo nos lábios dela.

— É, pelo menos isso. – disse assim que se separaram, porém permaneceram com as testas coladas – Eu amo você, Luka.

— Também te amo, Marinette. – segurou firme a cintura dela, sem machucar e a beijou novamente – Sinto saudade de quando a gente ficava de bobeira durante as tardes. – acariciou o rosto dela – Queria poder passar mais tempo com você. – a azulada sorriu.

— Eu também, acredite. Em breve isso vai mudar.

— Eu sei. Vamos juntos para a faculdade, morar no alojamento que o governo proporciona, trabalhar em uma lanchonete por meio período até a gente se formar. – deu um beijo rápido nos lábios dela – Então conseguiremos um emprego na nossa área. Eu vou ser um músico incrível e você uma ótima estilista.

— Espero que a gente consiga tudo que planejamos juntos.

— Nós vamos, não se preocupe. – sorriu e se afastou. – Falando nisso, o Adrien tem incomodado você na aula? – Luka sentou na cama e deu leves batidinhas, para que a namorada sentasse ao seu lado e logo Marinette o fez.

— Não. Ele quase não vem, tenho feito os meus trabalhos sozinha.

— Você precisa fazer mais amigos. – a envolveu com seus braços.

— Eu tento, mas o pessoal não vai muito com a minha cara.

— Na minha opinião, elas se assustam com o Adrien, ou ele afasta elas de você. – Marinette riu – Estou falando sério, aquele garoto é manipulador e obcecado por você.

— Talvez, mas eu acho que ele é só meio carente. – o garoto revirou os olhos.

— Os problemas de família dele não podem justificar tudo. – a azulada olhou para ele.

— Podemos parar de falar do Adrien? – Luka riu e assentiu.

— É claro, me desculpe. – depositou um beijo na cabeça dela e a apertou mais. – Essa noite você vai poder me visitar?

— Sim. – Luka deitou e puxou Marinette junto – Ei!

— O que foi?

— Você sabe que eu não posso ficar muito. – ele deu de ombros.

— É só dizer que se perdeu. – ela riu.

— Você não tem jeito mesmo.

— Ah, fica mais uns cinco minutinhos!

— Mas eu já vou te ver à noite.

— Por favor! – fez um biquinho, que sabia que a namorada não resistia. Marinette então revirou os olhos e se acomodou melhor nos braços dele.

— Ok, mas só um pouquinho.

***

— Henry ligou e disse que já está tudo certo. – Nathalie informou Adrien, fazendo com que ele desse um sorriso.

— Agora é só esperar. Excelente! – desviou os olhos do quadro de sua mãe – Meu pai já foi para o quarto?

— Sim. Você precisa conversar com ele sobre as novas contratações.

— Vou sair agora. Diga a ele que conversamos amanhã. – ela assentiu, então Adrien saiu e foi até o seu quarto. – Plagg? – chamou assim que entrou no quarto e o kwami surgiu.

— O que foi Mestre?

— Vamos dar um passeio. Plagg, claws out! – Chat Blanc se transformou e saiu pela janela decido a espalhar um pouco de caos pela cidade, enquanto dava andamento ao seu objetivo de achar e destruir todos os Miraculous.

Desde o dia que descobriu que sua mãe morreu por causa do Miraculous do pavão, seu grande propósito se tornou destruir todos os outros.

No mesmo dia que soube sobre sua mãe, encontrou o Miraculous do gato, que pertencia ao seu pai, em sua casa, junto com o livro e decidiu se rebelar contra as regras de Gabriel, pois tinha poder para isso.

E agora passaria por cima de tudo e todos para conseguir o que queria.

***

Multimouse corria por cima dos prédios, fazendo uma rápida patrulha antes de ir para a casa do namorado.

Depois de impedir um assalto, notou que a noite parisiense parecia calma, então foi na direção da casa de Luka. Porém, não demorou muito para que encontrasse o seu arqui-inimigo.

— Saudades? – Chat Blanc questionou, pousando na frente dela.

— Nenhum pouco. – respondeu com um olhar de tédio – O que faz aqui? Não tem nenhuma caixa de areia para limpar? – ele riu com escárnio.

— Muito engraçado, ratinha. – se aproximou – Podia ter vindo como Multifox hoje, facilitaria o meu trabalho e eu poderia pegar os dois Miraculous de uma vez só. – foi a vez dela rir.

— Nem você acredita.

— Você sabe que eu sou capaz. Só falta esses dois.

— E vai continuar faltando. – pegou sua corda e envolveu Chat Blanc nela, em seguida puxou e fez com que ele girasse e caísse de cara no chão.

— Sua...

— Não, não. Sem xingamentos, gatinho! – ele grunhiu e ficou de pé, limpando o sangue que escorria da boca por conta do tombo.

— Por que não me entrega o Miraculous de uma vez ao invés de ficar brincando?

— Ah, mas eu adoro brincar! – ironizou.

— Então vamos brincar de gato e rato, mas você vai ver que é tão agradável. – avançou.

Multimouse desviou e acertou um chute em Chat Blanc. O vilão então recuou e logo foi na direção dela novamente, porém com mais determinação, tornando difícil para a azulada desviar dos seus golpes.

Não demorou muito para que ele acertasse um soco nela, o que fez com que ela caísse rolando.

— Estamos quites. – riu, assim que viu o corte no lábio dela.

— Nossa, que ótimo! – exclamou irônica, passando a mão por cima e limpando o sangue. Tentou levantar, porém Chat Blanc acertou um chute nela e fez com que ela caísse novamente a batesse as costas nos concreto duro. – Ai! – grunhiu de dor.

— O que foi, ratinha? O chão é o seu lugar. – tentou acertar outro chute, no entanto, Multimouse segurou a sua perna e a puxou, fazendo com que o loiro caísse ao lado dela.

Chat Blanc rapidamente se atirou por cima de heroína e tentou acertar outro soco nela, que segurou o seu braço. Tentou acertar mais um, mas ela também segurou.

— Cataclysm! – acionou seu poder, fazendo com que ela arregalasse os olhos. – Sabe que o meu objetivo é destruir o seu Miraculous, esteja você usando ou não. – sorriu perverso e forçou a mão.

Multimouse sabia que não seguraria a mão dele por muito tempo, então precisava pensar rápido.

O loiro continuava forçando e estava quase atingindo a azulada, porém num ato repentino, ela puxou a mão dele e fez com que ele acertasse o prédio. O chão abaixo deles se partiu e os dois caíram dentro do prédio abandonado.

A heroína rapidamente puxou sua corda e jogou numa estrutura, conseguindo ficar pendurada. Chat Blanc continuou caindo e então pegou o seu bastão e estendeu na horizontal, parando a queda. No entanto, como não estava preso em nada, o metal foi deslizando até que ele caísse de vez no chão. Contudo, não tinha se machucado muito.

Quando olhou para cima, notou que Multimouse não estava mais lá, então fez uma careta de dor e decidiu ir para casa. Tinha se lesionado mais do que pretendia.

***

— Eu estou... Ai... Bem! – Luka riu e continuou limpando o machucado no lábio da namorada. – Você devia ter visto o outro cara. – brincou.

— É, imagino como Chat Blanc deve ter ficado. Você teve sorte de conseguir se pendurar. – colocou o algodão no lixo – Mas não deve fazer isso de novo, é muito perigoso.

— Também acho. – Mullo disse, fazendo Marinette sorrir com a preocupação dele.

— Mas eu não tive escolha. Era isso ou ele destruía o meu Miraculous comigo junto. – o kwami fez uma careta de espanto. – Acho que vou ter que começar a andar com o Miraculous da raposa também. É arriscado, mas Chat Blanc é muito poderoso.

— É, devia. – o garoto concordou, porém Marinette notou que seus pensamentos pareciam estar em outro lugar. Na verdade, desde que tinha chegado, o namorado parecia meio estranho.

— Aconteceu algo? – ele olhou para a azulada com os olhos levemente arregalados – O que foi? Por que você está meio estranho? – Luka deu um longo suspiro e sentou na cama.

— Eu recebi uma ligação da faculdade de artes. – disse sem encará-la.

— A de Paris? – sentou ao lado dele.

— Não. A de Londres. Na Inglaterra. – encarou Marinette, que parecia não ter processado a informação.

— Mas você não se inscreveu pra ela. Ou se inscreveu? – ele negou.

— Não me inscrevi. Não achei que fosse passar e eu queria ir pra faculdade com você. – entrelaçou sua mão na dela. – Mas ao que parece eles viram meus vídeos na internet e me querem lá.

— Isso... É incrível. – tentou parecer empolgada. Não que não estivesse feliz, só estava meio receosa. – E o que você vai fazer? – Luka a encarou sem dizer nada, porém Marinette sabia que aquele olhar queria dizer que seus planos com ela, tinham ido por água a baixo.

***

— E aí? – Adrien indagou assim que Nathalie entrou no seu escritório – Alguma novidade?

— Ele aceitou. O Sr. Couffaine vai embora no mês que vem para a Inglaterra. – o loiro sorriu. Seu corpo todo doía, porém a notícia o deixou mais aliviado. Quase que esquecendo da dor.

— Mande um agradecimento para Henry. Sabe, por ter conseguido a bolsa para o meu amigo. – disse a última parte com um tom irônico.

— Como quiser. – Nathalie saiu, o deixando sozinho.

— Pobre Marinette. Ficará tão só e precisará de um ombro amigo. – balançou a cabeça, dando um sorriso – Finalmente as coisas estão saindo como eu quero.

***

Marinette deixava as lágrimas caírem enquanto olhava para uma foto sua com Luka, tirada há alguns meses durante o aniversário dele no boliche da cidade.

— Calma, tudo vai ficar bem! – Mullo tentou acalma-la.

— Eu estou feliz por ele, mas... Dói tanto. – deixou seu corpo cair na cama e abraçou o travesseiro, ainda segurando a foto.

— Não é como se você nunca mais o verá. Ele vai continuar sendo o seu namorado. Só que à distância. – a garota fungou, encarando o teto.

— É, pelo menos isso.