Nathalie apressou o passo para chegar à tempo na sala de seu chefe. Gabriel tinha dito que precisava dela o quanto antes, o que era bem incomum que ele a chamasse com urgência. Logo, sabia de que se tratava de um assunto importante.

A mulher parou em frente à entrada do escritório, ajeitou a roupa e o cabelo. Em seguida bateu na porta.

— Entre.

— O senhor precisa de algo?

— Preciso dar uma palavra com você. Feche a porta por favor. – Nathalie assim o fez e foi até a mesa dele, encarando brevemente a estranha caixa preta com detalhes avermelhados. – Você sabe o que é isso? – apontou e a mulher negou. – São joias mágicas. Cada uma delas representa um animal e concede poderes especiais ao seu portador.

— Isso é... Fascinante!

— Exato. Mas estão faltando algumas. E eu preciso de todas para finalmente concluir o meu plano.

— O que o senhor pretende fazer para encontra-las? – Gabriel ficou de pé e estendeu um broche com o símbolo de pavão para ela.

— Para isso, precisarei da sua ajuda. O que acha? – Nathalie encarou o broche e pensou por alguns segundos. Em seguida, deu um sorriso e se aproximou, pegando a joia.

— Pode contar comigo, senhor.

— Excelente. – Gabriel também sorriu – Era tudo o que eu precisava ouvir.

***

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***

— Ladybug, cuidado! – Queen Bee parou na frente da heroína, desviando os ataques dos robôs com o seu pião.

— Valeu.

— Presta mais atenção, Bugaboo! – Chat Noir debochou com um sorriso irônico. Ladybug rapidamente lançou o ioiô na direção dos pés do loiro, fazendo com que ele tropeçasse e caísse de cima da estrutura de metal. – Aí! – reclamou e Carapace deslizou de joelhos no chão, segurando o amigo antes que ele caísse. – Você quase me fez cair!

— O que foi, kitty? Presta mais atenção! – repetiu com o dobro de ironia.

— Gostei! – Viperion fez um toque com a azulada e Ryuko olhou feio para os dois.

— Vamos ver se vão gostar disso. Uproar! – Roi Singe acionou o seu poder e um macaco de pelúcia caiu em sua mão.

— Não! – Pegase tentou o impedir, porém Bunnix não deixou e o herói jogou a pelúcia na direção de Rena Rouge. A garota estava de costas para ele, quebrando um dos robôs, então não viu quando foi atingida. Várias ilusões apareceram na sala de treinamento e era quase que impossível saber o que era real e o que não era, deixando todos confusos.

Uns caiam, outros derrubavam uns aos outros achando que fossem os robôs. E depois de alguns segundos de caos, Mayura surge.

— Chega! – a voz dela foi ouvida nos microfones, vindo do lado de fora e as máquinas da sala foram desligadas – Roi Singe, por favor faça isso parar.

— Certo. – Kim estalou os dedos, retirando os efeitos do seu poder.

— Ótimo. Treino encerrado. Daqui a pouco Hawk Moth deseja vê-los na sala dele. – a equipe se entreolhou preocupada. Não era um bom sinal.

— Aposto que foi culpa sua. – Alya disparou para Kim, iniciando uma discussão entre eles, como sempre.

— Claro que não, eu só estava defendo o meu amigo da sua amiga.

— Ah, por favor. – Marinette revirou os olhos – Como se eu tivesse atacado ele. Por favor controle melhor a sua equipe, Chat Noir.

— Eu controlar melhor? Acho que quem deveria fazer isso é você. – uma nova discussão foi iniciada e por fim Mayura adentrou a sala.

— Chega de discussão e treinamento por hoje. Não cabe a mim dizer o que Hawk Moth quer com vocês, mas eu sugiro que descansem. O dia de amanhã será cheio. – os heróis assentiram e saíram em direção aos quartos da mansão.

Ladybug e Chat Noir caminhavam lado a lado, seguidos pelas suas equipes. No geral, eram todos uma grande equipe, contudo, também tinham as suas subdivisões – lideradas pelos portadores dos Miraculous da criação e da destruição. O que era o “equilíbrio perfeito”, segundo Gabriel Agreste.

— Cuidado no próximo treino, talvez você acabe caindo “sem querer”. – Adrien disse sem olhar para Marinette. Não estava a ameaçando de verdade. Por mais que os dois se “odiassem”, jamais fariam mal a ela nesse sentido. Contudo, adorava provoca-la.

— Se eu cair, você cai também. – a azulada sorriu, abrindo a porta do seu quarto e adentrando o local – Spots off! – desfez a sua transformação e Tikki caiu cansada em suas mãos. Por mais que não tivesse utilizado o seu poder especial, o treinamento foi longo e cansativo. – Descanse Tikki, segundo a Nathalie, amanhã teremos um dia cheio. – disse, acariciando a kwami.

— Tá bem, Marinette. – Tikki sorriu e foi até a sua caminha, feita pela sua portadora.

A azulada suspirou e foi direto tomar um banho. Depois disso, esperou Nathalie chamar todos os heróis para irem até a sala de Gabriel.

— Nós temos uma missão. – o homem disse sem cerimônias – Acho que encontrei o Guardião e se eu estiver certo, ele está com os outros Miraculous restantes.

— Então é só chegar lá e pegar? Moleza! – Alix comentou e ele negou.

— Não. Amanhã eu entregarei o plano tático que eu e Nathalie montamos, já que ele pode ter algum sistema se segurança. Vocês vão como uma grande equipe, sem subdivisões. A não ser que precisem.

— E se Paris estiver sob ataque nesse meio tempo? – Marinette questionou.

— Uma coisa de cada vez. – ela assentiu, por mais que não estivesse tão satisfeita com a resposta. – Espero que você e Adrien consigam conduzir a missão amanhã.

— Nós vamos. Ao menos eu sim. – o loiro deu de ombros e um sorriso convencido se formou em seus lábios, fazendo a garota revirar os olhos. Sempre tão irritante. – Não se preocupe, pai. Vamos conseguir.

— Excelente. Agora estão dispensados. – dito isso os dez adolescentes saíram de dentro da sala e caminharam em direção aos seus respectivos quartos. Enquanto o restante discutia sobre a missão do dia seguinte, Marinette permanecia calada e pensativa.

Já fazia algumas semanas que a azulada se questionava sobre o propósito de estar ali. Tudo bem que era uma honra servir ao seu país como Ladybug. Só que algumas coisas estavam começando a ficar embaçadas para Marinette, como por exemplo, o propósito de Gabriel Agreste, que cada vez menos se importava com a segurança dos franceses e sim em ter todos os Miraculous existentes.

Marinette balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos contraditórios.

— Boa noite. – respondeu aos demais, adentrando o quarto em seguida.

O cômodo estava escuro, pois já era noite. Contudo, Marinette sabia perfeitamente aonde ficava a sua cama e caminhou diretamente para ela. Assim que deitou, escutou a porta abrindo e alguém entrando. Em seguida, a pessoa – que também sabia perfeitamente aonde a cama de Marinette ficava – deitou ao lado dela.

— O que faz aqui? Temos missão amanhã e precisamos dormir. – disse, sabendo quem era. Estava acostumada com as visitas noturnas.

— Eu sei, eu só estou com vontade de ficar com você. – respondeu, fazendo Marinette sorrir.

— Achei que estivesse planejando como me derrubar no próximo treino. – Adrien riu e virou na direção dela.

— Eu sei o lugar perfeito que você poderia cair. Na minha cama, o que acha. – foi a vez dela rir, enquanto se aproximava do loiro e o beijava.

— Você é muito idiota.

— É, talvez eu seja. – permaneceram perto um do outro e Adrien passou a acariciar as costas de Marinette – Eu estava pensando... Você não acha que seria uma boa contar sobre nós? – a azulada deu um suspiro pesado e deitou de barriga para cima.

— Você sabe o que eu penso sobre isso.

— É, eu sei. Mas não podemos esconder por muito tempo.

— Devemos, Adrien. – disse em um tom triste. Não é como se ela quisesse manter o quase namoro dos dois escondido, e sim, era o certo a se fazer – Você sabe o que vão falar, que eu fui escolhida como uma das líderes porque simplesmente namoro o filho do Gabriel Agreste.

— Aposto que a equipe não vai falar isso.

— Talvez eles não falem, mas o pessoal lá fora sim. Infelizmente somos quase que celebridades também e qualquer coisa que a gente faz, tem repercussão. – lamentou. A parte do carinho que a população da França demonstrava pelos seus heróis, era incrível. Contudo, toda a parte midiática era péssima. Além de salvarem o país, precisavam tomar cuidado com cada um dos seus atos e palavras, pois a imprensa certamente não perdoaria nenhum deslize – Sem contar que eu duvido que o seu pai fique contente com isso. – Adrien suspirou pesadamente e deitou do mesmo jeito que Marinette.

— Por que certas coisas têm que ser tão complicadas? – ela deu de ombros, por mais que ele não pudesse ver – Eu vou ir para o meu quarto. Estou cansado e se eu dormir aqui, não acordo antes do pessoal pra voltar pro quarto de manhã.

— Tudo bem. – o loiro foi até Marinette, segurou seu rosto com delicadeza e a beijou demoradamente.

— Nos vemos amanhã na missão, Ladybug.

— Até, Chat Noir. – deu outro beijo rápido nela – Boa noite.

— Boa noite, Bugaboo. – dito isso, saiu do quarto, deixando Marinette sozinha e pensativa.

Ser parte da melhor e maior equipe de heróis do país, certamente era incrível. Entretanto, não era um mar de rosas como muitos pensavam. 

***

Gabriel sorriu de lado revendo o plano para capturar o Guardião dos demais Miraculous. Era perfeito.

— Como se sente senhor? – Nathalie questionou – Amanhã é o grande dia.

— Me sinto confiante. – admitiu – Estamos mais perto do que nunca de conseguir todos os Miraculous. Acredito que esse Guardião esteja com todos os que faltam.

— O senhor pretende aumentar o número de portadores?

— Não. Acho que já terei o que preciso caso encontremos todos. – se recostou na cadeira, pensativo – Mas caso ainda falte algum, acredito que vou precisar aumentar o meu exército.

— E acha que eles vão conseguir amanhã?

— Não posso afirmar, mas estou bem confiante quanto à isso.

***

Marinette analisava o plano entregue por Nathalie e Gabriel, assim como os demais heróis. Adrien chegou ao lado dela, a assustando brevemente.

— O que você quer? – questionou de maneira rude, como era comum se tratarem na frente das pessoas.

— Eu estava analisando e aqui seria muito mais rápido se usássemos o Cataclysm pra entrar. Nos cortaria metade do tempo. – mostrou uma das portas. – Mas eu não posso gastar o meu poder, senão eu não estarei no confronto com o Guardião. Não sabemos o quão perigoso ele pode ser. O que você acha?

— Você está mesmo pedindo a minha opinião?

— É. Infelizmente você é uma boa estrategista.

— Fico feliz que reconheça isso, kitty. – ele revirou os olhos.

— Fala logo o que acha, ou eu pergunto pra outra pessoa.

— Ok, calma. – analisou o plano. – Podemos usar o Cataclysm e parar para você recarregar enquanto a Ryuko e o Pegase fazem o reconhecimento do local. Vamos ganhar metade do tempo usando o seu poder, então eu acho que até você recarregar, ainda vamos ter o tempo sobrando.

— Entendi. Boa ideia.

— Sei disso. – sorriu convencida e Adrien fez o mesmo.

Hawk Moth e Mayura passaram todas as instruções necessárias para a execução do plano e liberaram os heróis para irem até o local aonde o suposto Guardião dos Miraculous estava.

— Atenção. – Ladybug disse – Agora. – apontou para Chat Noir.

— Cataclysm! – o loiro acionou o seu poder especial e destruiu a porta do prédio.

— Reconhecimento. – Pegase e Ryuko saíram na frente, para fazer o que tinha sido pedido. Enquanto isso, os outros se reuniram ao redor de Adrien, para que ele recarregasse.

— Tudo limpo nos corredores. – Ryuko anunciou e assim que Chat Noir estava de volta, avançaram. – Mas achamos uma entrada que leva ao subsolo, não estava na planta do prédio.

— Precisamos verificar. Chat Noir, leve a sua equipe para o local planejado e eu vou com a minha para o subsolo. – Adrien pensou em questionar, mas achou melhor não. Seu pai não gostaria nem um pouco se a operação fosse colocada em risco por uma breve discussão. – Pegase e Queen Bee, na frente comigo. Viperion e Rena Rouge atrás. Qualquer movimento estranho, acione a Second Chance.

—Certo.

— Ladybug na escuta? – era Chat Noir – Nem um sinal do Guardião, mas estamos lidando com o sistema de segurança que é bem avançado. Cuidado aí em baixo.

— Ok, entendido. Pode haver o sistema de segurança, tomem cuid...

— Robôs! – Queen Bee alertou.

— Second Chance! – Viperion acionou o poder, como Ladybug tinha dito e os heróis começaram a desviar dos disparos.

— O Guardião! – Rena Rouge gritou, apontando para um velho aparentemente chinês, que colocava a senha em uma porta, se preparando para fugir. – Não vai dar tempo de passar por tudo isso.

— Cuidem do sistema de segurança. Pegasse, eu preciso de um portal para o outro lado da sala.

— Voyage! – o herói abriu uma passagem para a porta que o Guardião tinha acabado de sair. Ladybug então passou por ele e saiu correndo atrás do velho, não demorando muito para alcança-lo. A azulada lançou sei ioiô nas pernas dele e puxou, fazendo com que ele caísse.

— Acabou Guardião! Aonde estão os Miraculous?

— Nunca vou dizer! Pode me matar se quiser! – Marinette engoliu em seco.

— Não quero ter que fazer isso. – disse com a voz trêmula só de pensar na possibilidade – Só me diga aonde estão os outros Miraculous e você fica vivo. – ele riu.

— Você sabe que isso não vai acontecer.

— Somos heróis, não matamos ninguém.

— Acha mesmo que Hawk Moth me deixaria vivo? – parou para pensar.

— Eu deixaria.

— Mas não é você quem manda, não é? – a garota ficou em silêncio – Me mate de uma vez, antes que Hawk Moth faça isso, porque eu não vou dizer aonde estão os outros Miraculous. – Ladybug puxou o seu ioiô de volta e ajudou o velho a levantar.

— Eu não sou como Hawk Moth e eu não vou matar você. Eu só preciso saber aonde estão os outros Miraculous. É pelo bem do país.

— Hawk Moth só quer o próprio bem. Os Miraculous não podem ser usados para propósitos egoístas. Vocês apenas acham que estão servindo o país, mas não passam de marionetes dele. – Marinette não discordou e desviou o olhar. Fazia muito tempo que estava se questionando sobre as mesmas coisas.

No começo foi incrível ser escolhida para portar o Miraculous da criação e trabalhar como uma super-heroína da França. Mas agora as coisas não pareciam exatamente claras como eram antes.

— Normalmente os portadores dos Miraculous da criação e da destruição têm capacidades extraordinárias e não apenas pelas joias. É preciso ser forte para equilibrar a balança. E pelo que eu vi, você não é como eles, garota. – disse, atraindo a atenção da azulada. – Eu sei que você quer fazer a coisa certa, mas não é assim. Não trabalhando para Hawk Moth.

— Eu...

— Ladybug? Na escuta?— Rena Rouge chamou pelo comunicador.

— Sim.

— A situação está feia aqui, não tem como ir todo mundo ajudar você no momento. Vai precisar de alguém para capturar o Guardião?— Marinette encarava o velho, enquanto escutava o que a sua colega de equipe dizia.

— Não precisa. Ele fugiu.

— Sério isso?

— Sim. Deve ter usado o poder especial de algum Miraculous. Estava o perseguindo e ele sumiu. – inventou – Vou dar mais uma procurada e estou retornando em breve.

— Entendido.

— Não vou matar você. Pode ir embora. Mas espero que você esteja certo do que você disse. – Ladybug deu as costas para ele.

— Espere! – chamou a atenção dela – Pegue isso. – entregou uma caixinha preta pequena com detalhes vermelhos, a qual lembrava muito a caixa no escritório de Gabriel – Abra quando estiver sozinha. Temos muito o que conversar. – Ladybug apenas assentiu e guardou a caixa. – Até breve, Ladybug.

— Até...

— Mestre Fu, pode me chamar de Mestre Fu.