O Legado Petrova escrita por Alexia Morgan


Capítulo 3
A Altivez Petrova




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781858/chapter/3

— Nádia voltou para casa um pouco antes de escurecer, e assim que abriu a porta da cabana teve seus braços agarrados com força pela mãe, sob os olhos cruéis de Sara.

— Escuta aqui, menina. Eu não quero saber de drama. Você não ouviu nada e seu pai não vai ouvir nenhum comentário sobre isso, está me entendendo? Você me deve sua obediência, sou sua mãe e....
PLAFT!
O quê mais Magdalena ia dizer foi obliterado por um forte tapa que Nádia lhe deu na face. A garota girou no mesmo lugar e deu um tapa com as costas da mesma mão no rosto da irmã mais velha.
— Nunca mais fale assim comigo. Você está me entendendo? - A voz de Nádia tremia de fúria. - Eu NÃO sou sua filha, eu NÃO vou obedecer a alguém que pensa em me vender como gado. Tenho certeza que o seu marido, que não é meu pai, irá dar tapas muito mais fortes nas duas se eu contar o que eu sei.
Nádia bateu com os ombros nas duas para poder abrir espaço e se aproximar do caldeirão de sopa que fervia. Agora que sabia que não pertencia àquela pobreza, se permitirá liberar a personalidade forte que sempre escondera em tentativas vãs de mostrar aos pais que podia ser melhor que sua irmã mais velha. Isso agora não tinha mais importância. Esses não eram seus pais.
— Não se esqueçam que eu sou uma nobre e tenho um castelo. - Nádia levantou os grandes olhos da tigela de sopa em suas mãos e olhou para as duas loiras ainda paradas à porta, estupefatas. - Tenho certeza que o povo reconhecerá os traços dos Petrova em meu rosto e não terei problemas em reassumir o que é meu. Amanhã de manhã, você irá indicar onde eu encontro o meu castelo, e irei descobrir eu mesma sobre minha família, mãe. - A última palavra soou como um xingamento na boca de Nádia.
— Ora, sua bastarda abusada! - Sara avançou para a irmã com a mão levantada, e só parou quando Nádia jogou a tigela quente em sua cara. Sara caiu de joelhos, o rosto vermelho por causa do líquido fervente.
— Eu não falei com você, escória. Falei com a sua mãe.

Antes que qualquer palavra mais fosse dita, a porta se abriu e o pai ficou emoldurado pela madeira enquanto apreendia a cena: a esposa parada com a boca ligeiramente aberta, Nádia perto do fogo e Sara caída no chão, o rosto sujo de sopa e a tigela de madeira quebrada perto dela.
— O quê houve aqui?
— Sara tropeçou e derrubou a sopa nela mesma. - Nádia fez um biquinho de desagrado que fez sua fisionomia ficar ainda mais parecida com a da mãe que não conhecia. - É uma desastrada.
Girando no mesmo lugar, ela deu um alto suspiro enquanto pegava outra tigela e se servia de mais sopa. A garota sorveu o líquido quente olhando sob a borda da tigela para as pessoas que, até aquela manhã, ela pensara serem as mais importantes de seu mundo. Algo havia se quebrado dentro dela do lado de fora do celeiro, e ela apenas os via como as pessoas que podiam fornecer a informação que precisa. Ah, e eles iam lhe dizer tudo que queria saber.


O resto da noite percorreu em um pesado silêncio, e após beber água Nádia voltou a deitar na cama que dividia com as filhas de Magdalena - era assim que pensava nas meninas. Não suas irmãs. Isso elas nunca foram, nem de sangue nem de coração.

 

Assim que o pai saiu com o nascer do sol, Nádia vestiu a capa de inverno de Sara, que era de melhor qualidade que a sua, amarrou algumas maçãs em uma bolsa improvisada no cinto e cutucou Magdalena sem o menor carinho.
— Para qual direção eu vou? É bom não tentar me enrolar; eu só volto depois que encontrar meu castelo. E nós duas sabemos que você quer que eu esteja em casa quando o seu marido voltar. Ou ele fará muitas perguntas. Vamos! Responda!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Legado Petrova" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.