A noite havia caído e Hirotaka se direcionava ao apartamento de Narumi. Agora que ambos tinham um relacionamento consolidado, ele costumava mais ir na casa dela, e como se aproximava os últimos meses do ano, também vinham com eles alguns dos eventos nerds mais importantes da época, e claro, sua namorada não estaria fora dessa tendo uma nova obra para terminar de produzir e exibi-la nos eventos. Isso não o incomodava exatamente.

Desde o início era assim, e até ele mesmo a ajudava na edição de alguns projetos que a rosada sempre deixava para concluir de última hora. Entendia muito bem que ela tinha amor pelo hobbie que se dedicava a praticar, e particularmente amava vê-la fazendo aquilo que gostava.  No entanto gostaria de ficar com ela ao menos no final de semana mesmo que não fosse como desejava. Havia subido ate o andar do seu apartamento, ao tocar a campanhia se deparou com uma figura totalmente desajeitada, trajando um conjunto de moletom, cabelos desgrenhados e um óculo que enfatizava suas olheiras e olhos vermelhos, sinalizando que estava a horas de frente a tela do computador:

— Ah... hirotaka... é você

— Sim... o que aconteceu? ...

— Estava terminando algumas páginas. Infelizmente eu estou ocupada...

— Tudo bem. Eu já esperava isso. Enquanto continua nas suas reticulas, irei farmar alguns jogos que não tive tempo durante a semana.

A expressão de Narumi pareceu se iluminar com a versatilidade e compreensão do namorado deixando ao menos um beijo no rosto dele e voltando para seus trabalhos.

Hirotaka por sua vez não tinha muito o que fazer. Teria que se contentar em ficar jogando enquanto apenas apreciava a presença dela focada em um de seus “Boys love”.

A noite passava e quando Hirotaka se deu conta da hora, já se aproximava das três horas da madrugada. Poderia ainda ir para casa, mas sem notar antes, o sono já havia tomado e a preguiça de enfrentar o frio la fora so aumentava. Em contra partida, Narumi ainda continuava desenhando sem parar com o copo de café ao lado que ele havia a servido antes.  Poderia dizer que esta estava cem por cento mais focada nesse projeto do que no trabalho do escritório durante a semana. Espreguiçando-se apenas a disse que iria se deitar na cama para um cochilo, e quando ela fosse dormir o acordasse para sair.

Assim, se aconchegou na cama. O que não esperava na verdade era a reação reversa da mulher a sua frente. Esta havia virado em sua direção com um olhar um tanto quanto sinistro, mas ele podia dizer que não tinha bom pressentimento disso.

— N-Narumi... por acaso você... olha

— Calma! Claro que eu não faria nada com você. Mas veja bem, são três da manhã. Hora perfeita para criatividade não acha?

— Hein? – Não estava gostando do rumo que isso estava tomando.

— Eu só preciso de algumas fotos sugestivas, se é que me entende!

Não tinha mais volta. Narumi havia surtado e agora usava Hirotaka como seu modelo para capa de um de seus livros de gênero picante. Não sabia como ainda ficava surpreso com os rompantes de estranheza que a namorada apresentava, mas talvez não esperasse que fosse usado como modelo nesse sentido.

Narumi o submetia a várias poses na cama, com uma sugestiva conotação sexual nas fotos. Achava que Hirotaka no topo de suas qualidades seria um ótimo modelo para suas criações uma vez que ele tinha o perfil perfeito do ativo dominante em uma relação Yaoi. Na ultima foto que gostaria de tirar desabotoou metade de sua camisa deixando um pouco a amostra seu peitoral e finalizou usando um cachecol fingindo que as mãos dele estavam presas acima da cabeça na parte superior da cama. Hirotaka podia dizer que esse foi o momento mais embaraçoso mesmo que suas expressões não mostrassem isso.

Porém, podia dizer também que estava se segurando naquele mini ensaio fotográfico da namorada. Toda sua proximidade o fazia se segurar para não roubar ao menos um beijo como recompensa daquele momento, mas manteve-se na linha. No entanto, essa ultima foto provocava seus desejos mais do que gostaria. Aparentando estar amarrado como um “dominado” para a foto, Narumi havia subido nele agora estando sentada contra sua pelve com uma perna de cada lado de sua cintura. Já achava que quem estava prestes a sair do eixo nos próximos minutos seria ele nessa situação.

  “Tão perto e nem posso toca-la...”

Depois dela finalizar o que queria, continuou aonde estava conferindo as fotos no celular e elogiando a própria façanha e seu “modelo”. Ele havia se livrado da amarra na cama e havia se sentado também com ela em seu colo lhe mostrando as fotos. Esta estava tão entretida na tela do celular, que não percebeu quando hirotaka perdeu totalmente o interesse nisso e agora olhava para o perfil dela tão próximo de si. Queria tanto toca-la de alguma forma que estava quase ficando incontrolável essa vontade.

Não soube exatamente quando ou como, mas quando menos percebeu, já estava afastando o cabelo dela espalhando pelo ombro e aproximava o rosto de seu pescoço dando inicio a uma trilha de beijos subindo até seu maxilar. Narumi havia congelado no momento sendo trazida a realidade e agora se dava conta da posição que estava em cima dele. Havia se empolgado a ponto de ficar naquela situação. Hirotaka durantes os beijos que depositava sentia a pele dela se arrepiar com o toque e um leve rubor surgir no rosto dela, mas não conseguia parar com a caricia.

 Espalhava beijos pelo rosto dela que ainda não tinha dito nada apenas deixando leves suspiros escaparem de seus lábios até Hirotaka chegar no ponto que queria. Tomando os lábios dela para si, deu inicio a um beijo lento e apaixonado. Estava sem pressa alguma. Apenas queria saborear aqueles lábios macios que a um tempo não os experimentava. Narumi mesmo ainda surpresa com o ato, não o afastou cedendo aos encantos do seu gamer. Hirotaka havia ido além segurando o rosto dela com as mãos adentrando uma delas no cabelo da rosada aprofundando ainda mais o beijo explorando como podia com a língua.

Ao termino, deixou selinhos naqueles lábios já vermelhos, e não se afastou totalmente estando com o rosto a pouquíssimos centímetros do dela, podendo ainda sentir sua respiração descompassada com essa atitude inesperada dele. Hirotaka admitia gostar de presenciar as mínimas reações que o corpo dela demonstrava pelo seu toque.

— Desculpe ... – Não queria quebrar a atmosfera criada no momento.

— Não ... tudo bem...

— Você já terminou as fotos?

— Sim, e ... Hirotaka – não conseguia desviar daqueles olhos marcantes que a fitava, nem conseguia negar a vontade que crescia. Pegando o rosto dele com as mãos retornou ao beijo de antes sendo prontamente correspondida. Hirotaka podia ser alguém de poucas palavras e expressões, mas seus gestos sempre carregavam intensões e sentimentos, e no beijo que ele havia iniciado antes, podia sentir saudades da parte dele. Confessava que nos últimos dias havia se dedicado mais aos seus livros do que ao namorado que a única coisa que fazia era ser compreensivo e ficar plantado a vendo desenhar como foi nas ultimas horas.

Agora percebia que estava com saudades dele também e ambos já não estavam mais agindo racionalmente deixando suas mais profundas emoções os guiarem. Narumi terminou de desabotoar a camisa dele empurrando contra os ombros largos de hirotaka, enquanto ele adentrava as mãos no moletom que Narumi usava explorando sua fina cintura levantando também a peça de roupa para se livrar dela os forçando a se separarem por alguns segundos. Eles ainda não haviam chegado naquela fase do relacionamento. Hirotaka mesmo tendo os sentimentos entre ambos esclarecidos, não havia a pressionado a um contato corporal a mais. Sempre respeitou o tempo dela e seus limites. Mas o olhar que ela estava o dando naquele momento, parecia estar com visível desejo, mas ainda hesitante.

— Narumi, eu não vou te pressionar a nada se não quiser.

— Eu quero! – terminou de afastar a blusa dele, estando ambos sem uma das peças de roupa. Agora ele parecia estar tenso sob seu toque.  Não o culpava, esse ainda era o efeito por estar na defensiva em um relacionamento antes unilateral. Mas pretendia quebrar qualquer resquício disso. Assim como ele fez antes, começou a distribuir beijos pelo pescoço dele também seguindo ate sua boca, mas ao sentir o cheiro de loção masculina que emanava dele, atreveu-se a lamber sua pele e demorar ainda mais nos beijos viciada naquele cheiro.

 Hirotaka por sua vez já não controlava sua mão que explorava aquela pele sob sua mão seguindo ate o fecho so sutiã. Algumas vezes a zoava por ter peitos pequenos ou uma estatura de corpo tão pequena, mas a verdade é que não ligava nem um pouco para isso quando se tratava dela. Só o fato de a ter em seus braços, nada mais o importava. A amava de todas as formas. Entre beijos quentes e carícias, consumaram sua primeira noite como casal, compartilhando o calor entre seus corpos sem se conterem, onde os únicos barulhos escutados ali eram os leves gemidos entre ambos e a incessante declaração de amor que trocavam: “eu te amo”.