—Vai ser a minha babá, hoje?

—As nossas irmãs estão ocupadas com as coisas do casamento. Pensei que seria uma boa oportunidade de passarmos um tempo juntos. O que acha?

—Vai me ajudar a limpar o jipe dos McAdams?

—Nem pensar. Mas você terá o meu apoio moral. E eu vou te levar até o rancho deles.  

—Bem que você podia pedir a Bella para me tirar desse castigo. - Deu seu melhor sorriso.

 -Não vou cair nessa. Agora pegue a pá e vamos trabalhar. - Apontou e Seth o obedeceu.

—O que estão fazendo? - Jasper aproximou dos dois. 

—Seth vai tirar o esterco do carro e depois vamos levar até o lava jato. 

—Obrigado, cara. - Seth sorriu agradecido, sabia que iria convencê-lo. 

—Não estou te fazendo nenhum favor. Só um profissional para limpar direito aquela bagunça. E a Bella disse que vai descontar do seu salário. 

—Eu nem tenho um salário. - Ele desconfiava que ficaria sem o joguinho que Bella prometeu dar. 

—Vou com vocês. 

—Achei que estivesse resolvendo as coisas do casamento. 

—Estou quase surtando. Não aguento mais ter que decidir entre branco gelo e branco neve. Qual a diferença? Branco é branco.

—Nunca pergunte isso perto da minha irmã. - Seth o alertou. 

—Agora já é tarde. Eu perguntei e ela fez um discurso enorme. Tive que sair correndo. E a Alice me acusou de ser um insensível e de não estar dando importância ao casamento. Acho que são os hormônios da gravidez falando, ela nunca foi assim.

—Dica. – Seth fez uma pausa dramática. - Finja que está entendendo tudo. Se ela te perguntar qual cor prefere, aponte para qualquer uma e diga que acha aquela cor mais elegante. No final das contas, a opinião dela é que vai prevalecer. Você só precisa demonstrar interesse. 

—Ótimo conselho, Seth. - Jasper passou o braço em volta dos ombros dele. - Até que você entende das coisas. Mas é melhor eu manter distância até a raiva delas passar. 

—Sem dúvidas. Mulheres são muito complicadas. - Seth bufou como se já tivesse passado por muitas complicações. 

—Seth, preciso da sua ajuda para comprar um presente para a Bella. Do que ela gosta? 

—De trabalhar. - Edward esperou, mas o garoto não deu mais nenhuma dica. 

—O que você costuma dar de presente para ela? - Insistiu e ele deu de ombros. 

—É a minha mãe que compra os presentes. 

—E o que a sua mãe costuma comprar? 

—Sei lá. Roupa, livro… ah! Sapato. A Bella ama sapatos. Elas sempre falam de sapatos. 

—Estava querendo algo mais pessoal. O que acham de uma joia? Nos filmes sempre dão joias e flores. 

—Opa, vamos com calma aí. - Jasper pediu erguendo as mãos. 

—É, cara. Vocês estão namorando tem uns dois dias. 

—Sim, mas eu quero que ela saiba que é especial. E que estou levando a nossa relação a sério. A Bella gosta de grandes gestos românticos.

—Mas, joias? Um anel pode dar a impressão errada. Não pode apressar as coisas ou ela vai sair correndo. - Jasper estava feliz pelo cunhado estar namorando, mas não queria vê-lo apressar as coisas e estragar tudo. 

—E um colar? Não é bem algo que signifique um compromisso. - Edward estava certo de que queria um compromisso mais sério, mas não sabia se Bella queria o mesmo. Talvez ela ainda estivesse atrás do príncipe encantado dela. 

—Ela gosta de colar. Usa um que era da vovó Swan. 

—Então vou comprar um colar. - Edward decidiu. 

—Vamos logo, então. - Seth colocou a pá no chão, mas Edward o parou. 

—Limpar o carro primeiro, amigo. 

[..]

—Cansada? - Bella acompanhou Edward em silêncio. Eles foram até o rancho dele. 

—Um pouco, mas na verdade estou preocupada. - Ele apertou a mão dela. 

—O que houve? 

—Minha mãe me ligou e quer jantar comigo amanhã. 

—Achei que fossem ficar mais alguns dias. - Ele estava desapontado. 

—Tenho que resolver algumas coisas e preciso devolver o Seth para os pais dele. 

—Qual é? Ele não é um mau garoto. – Ele gostava do cunhado.

—Não mesmo. Eu o amo, juro que amo, mas tem alguns limites. E não gosto de ficar longe da minha mãe por muito tempo. Ela é um pouco complicada. - Os dois sentaram lado a lado de frente para o lago. 

—Espero conhecê-la um dia. - Edward tirou uma caixinha de dentro do bolso. - Um pequeno presente. - Colocou nas mãos dela e Bella o beijou. 

—Não precisava. Você já me deu muito. 

—Bella, você fez com que eu me sentisse vivo de novo. Me mostrou que os sonhos podem mudar e que não podemos desistir ou perderemos momentos ainda melhores do que imaginávamos. Vamos lá, abra. - Bella levantou a tampa e olhou para a pequena chave. 

—É a chave do seu coração? - Perguntou rolando a chave nas mãos. 

—Não precisa de chave, ele está aberto para você. - Bella levou as mãos ao coração. 

—Edward Cullen, você sabe ser romântico. - Acariciou o rosto dele. - O meu também está aberto para você. Acha que estamos indo rápido demais? 

—Acho que agora é um pouco tarde para essa pergunta. - Coçou a cabeça e depois pegou a chave das mãos dela. - Essa é a chave da minha futura casa. Deixamos o carro lá no lava jato e fomos passear pela cidade. Queria te comprar um colar, na verdade, eu comprei. - Ele tirou o colar do bolso e colocou no pescoço dela. 

—É lindo, Edward. - O colar era dourado e tinha três estrelas nele. 

—Seth queria que comprasse um que tinha um cavalo, mas achei que não era muito o seu estilo. 

—Eu teria amado. Me faria lembrar de você. 

—Esse também vai. - Apontou e ela ergueu uma sobrancelha sem entender. - Depois te explico. 

—Tudo bem. Eu amei o presente. Os dois. - Pegou a chave de volta. 

—Depois da joalheria continuamos andando pela cidade e eu vi uma loja de materiais de construção. Eu nem pensei duas vezes. Entrei e comprei uma porta. Vou ter que mudar um pouco o projeto, a porta é maior do que tinha planejado. 

—A primeira coisa que você comprou para a sua casa é uma porta? 

—Tinha que começar por alguma coisa. - Os dois riram. - Amanhã vão nivelar o terreno e começarei a construir a casa. - Edward segurou a mão dela. - Você me perguntou se acho que estamos indo rápido demais, e eu acho que não. Nos conhecemos tem uns três meses e namoramos há uns dois dias, mas eu sinto que te conheço a vida toda. Quero que faça parte da minha vida por um longo tempo e quero que tenha a chave da minha casa. E quem sabe um dia também possa chamá-la de sua. - Bella fungou e secou as lágrimas com a mão livre. 

—Sobre estarmos indo rápido demais, acho que encontrei, o meu príncipe encantado. 

—Oh, eu sinto muito. - Soltou a mão dela. - Fico feliz que tenha encontrado e… 

—Edward, você é o meu príncipe encantado. - Explicou ao ver que ele tinha entendido tudo errado. - Você achou que estivesse falando de outra pessoa? 

—Eu não sou nada do que você procura, Bella. 

—Não é? Bem, você não tem o tipo físico que eu procurava e nem o estilo, mas sabe o que descobri? Que isso não tem a menor importância. Eu quero alguém que esteja ao meu lado, que me faça feliz e que eu me sinta segura e a vontade com essa pessoa. E quero que essa pessoa se sinta da mesma forma ao meu lado. Estou feliz por ter você ao meu lado e adoraria chamar essa casa. - Apontou para a ainda inexistente casa. - De nossa. Embora eu ainda não esteja pronta para isso. - Confidenciou e Edward assentiu.

—Vamos devagar nessa parte. - Garantiu e Bella o abraçou, passando as pernas em volta da cintura dele. - E vamos rápido na outra parte. - A beijou e os dois se deitaram na grama olhando para as estrelas. 

—Acho que estou me apaixonando por você, Edward. 

—Por que fala como se fosse algo ruim? 

—Não é ruim, mas é um pouco assustador. Sentir algo tão forte por alguém em tão pouco tempo. Ver sua vida mudar completamente. 

—Não quero que a sua vida mude, a não ser que seja para melhor. Sei que tem o sonho de fazer a sua empresa ser grande e tem o meu total apoio nisso. Vamos dar um jeito. 

—Ah é? - Bella não queria desistir dos sonhos dela. 

—Sim. Nós vamos. Sei disso porque eu também estou… - Respirou fundo tomando coragem para dizer as próximas palavras. - Me apaixonando por você. Agora será que posso te explicar o motivo das estrelas? - Se colocou sobre ela e a beijou com paixão. Bella não precisou de muito tempo para descobrir o motivo e amou ainda mais o presente. 

[...]

—Chegamos. - Bella estacionou em frente à casa do pai. - Gostou da viagem? 

—Se gostei? Foram as melhores férias de todas. Pena que foram poucos dias. Mas vamos voltar em breve, não vamos? 

—Talvez. 

—Desculpa, Bella. Sinto muito se estraguei a sua viagem. 

—Seth, você não estragou nada. Foi ótimo viajar com você. O que fez naquele dia foi uma idiotice sem tamanhos, mas sei que só estava tentando se divertir. Ainda é jovem e vai fazer muitas idiotices. Só tente não mexer com esterco nunca mais. Me cobraram uma fortuna para lavar o carro.

—Eu sei. Lá se vai meu plano de ir para Paris ano que vem. 

—Irmãozinho, nem se eu realmente te pagasse você conseguiria ir para Paris. – Os dois riram.

—Bella, muito obrigado por ter me levado, mesmo que tenha sido obrigada pelo papai. Eu sei que sou meio irritante às vezes. 

—Eu gostei de ter você ao meu lado. Eu amo você, meu irmão. - Apertou a bochecha dele. - É só que eu não tenho muita paciência com crianças. 

—É melhor ir se acostumando. - Seth a avisou. 

—Ah é? Está pensando em passar mais tempo comigo? 

—Também. Mas não é disso que estou falando. O Edward quer ter muitos filhos e bem, ele é gêmeo. Isso quer dizer que vocês têm chances de terem mais de um filho por vez. Você pode até já estar grávida de gêmeos. 

—Seth. - Bella virou o encarando. - Vamos esclarecer uma coisinha. Eu não estou grávida e por favor, não fale isso na frente do papai. Ele já vai surtar quando souber que estou namorando o Edward. 

—Ele é um cara muito legal. Estou feliz que esteja namorando ele. 

—Está feliz por nós dois ou por causa do rancho? 

—As duas coisas, é claro. O rancho é incrível demais. 

—Queria gostar de lá tanto quanto você gosta. – Seth conseguiu se conectar com o rancho, já Bella ainda não podia dizer o mesmo. 

—Vai morar lá um dia? - Ele esperava que sim.

—Não sei. Eu gosto do Edward, gosto de verdade, mas eu não quero abrir mão da minha vida. Gosto de morar aqui, gosto do meu trabalho e de tudo o mais que faço. Não estou pronta para uma mudança drástica agora. Decidimos que vamos manter as coisas como estão, por enquanto. Vou algumas vezes para o Texas e o Edward vai vir para cá algumas vezes e vamos ver como as coisas ficarão. 

—Desde que você esteja feliz. - Deu de ombros e abriu a porta do carro. 

—Meus amores! - Sue saiu correndo e envolveu os dois em um abraço apertado. - Senti tanta falta de vocês. 

—Mãe, não tem nem uma semana. - Seth reclamou, mas no fundo ele estava feliz em rever a mãe. 

—Não importa quantos dias são. Senti saudades do mesmo jeito. Bella, você está tão radiante. 

—Foi o ar puro que me fez bem. - Ela corou e Sue entrelaçou o braço com o da enteada. 

—Acho que esse ar puro tem outro nome. 

—Crianças, que bom que chegaram. - Charlie não demonstrou o mesmo entusiasmo da esposa. - Como foi a viagem? Seth se comportou? - O garoto engoliu em seco. 

—Como um anjinho. - Bella respondeu para alívio do irmão. 

—Querido, conte ao seu pai tudo sobre o rancho. - Sue pediu. 

—Foi incrível. Todo mundo lá é muito legal. O Vovô é meio biruta, mas é legal. Esme é demais e faz umas comidas maravilhosas. Jasper é mais caladão, mas é legal também. E o Carlisle é demais. Ele me ensinou a montar, laçar bezerro e disse que você tem que ir lá, papai. Para pescarem juntos. 

—Ah é? - Seth começou a falar sem parar e Sue aproveitou para levar Bella até a cozinha. 

—Desembucha logo. - Exigiu servindo café para as duas. 

—Edward e eu estamos namorando e ele me levou para ver as estrelas. 

—Ver estrelas? - Bella moveu as sobrancelhas sugestivamente e Sue riu. - Vocês não perderam tempo. Estou feliz por ter encontrado alguém que a faça feliz. 

—Ele faz, Sue. Ele não é nada do que eu imaginava. Eu achava que ele era um bruto chato, mas Edward é tão doce e gentil. Ele me deu a chave da casa que ele ainda vai construir. Quer que um dia eu vá morar com ele. Isso me dá medo. 

—O amor sempre dá medo, querida. Quando conheci seu pai eu pensei: de jeito nenhum vou namorar com esse cara. Charlie mal falava duas palavras comigo. Pedi para que ele escrevesse cartas. Eu amava cartas. 

—E ele te escreveu? 

—Apenas uma. Mas foi a melhor carta que já recebi. Ela fica guardada no cofre, pois é uma das coisas mais preciosas que eu tenho. Eu poderia viver sem as cartas, mas quanto mais eu conhecia o seu pai, mais eu percebia que não queria viver sem ele. - Sue suspirou e Bella colocou a mão sobre a dela.

—Somos tão diferentes, Sue. Edward quer ter muitos filhos e eu apenas um. Moramos em estados diferentes. Eu gosto de sair para dançar, embora não faça isso com muita frequência, e acho que ele não é muito de sair. 

—Eu nunca quis me envolver com um homem que tivesse filhos. E sabe o que descobri? Que o fato de Charlie ter você era uma das coisas que mais amava nele. Pensei comigo, se ele ama a filha desse jeito, ele deve ter um coração debaixo de toda aquela armadura. As diferenças são difíceis de resolver, mas não são impossíveis. Só conversem, mantenham o respeito e não façam nada precipitado. Não é porque ele te deu a chave da casa que você tem que se mudar para lá. Acho que ele quis dizer que se você quiser, você pode ir para lá e não que você precisa ir. 

—Já disse que você é a melhor madrasta do mundo? - Bella a abraçou. 

—E você é uma filha maravilhosa. Quero que seja feliz, meu anjo. Não importa como. 

—Obrigada. - Bella queria chamá-la de mãe, mas achava que isso seria uma traição com Renée. Mas não importava como ela a chamava, o importante era que Sue sabia que Bella a amava e a considerava com uma mãe. - Agora me conte tudo sobre a viagem de vocês. Quero todos os detalhes.