Angel of Circus escrita por Milly Malfoy


Capítulo 4
A Noite do Anjo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥ ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781767/chapter/4

Capítulo 4

— A Noite do Anjo

 

~Flashback on~

11 Anos Atrás

 

—Ela possui uma doença degenerativa nos olhos. Gradualmente ela perderá a visão até ficar completamente cega.

—Mas ela só tem oito anos.! Deve ter algo que possa ser feito! - Gritou o pai desacreditado.

—Existe uma cirurgia, mas ela tem um preço altíssimo e uma grande porcentagem de chance de não funcionar. - Oftalmologista concluiu com pesar.

[...]

              No meio da madrugada, Rosária acorda de um pesadelo horrível. Estava cada vez mais frequente desde o dia que o seu médico anunciou que perderia a visão por completo. Se levantou e ia até o quarto dos pais, pedir para dormir com eles. Ao chegar na frente da porta viu que a luz estava acesa e ouvia murmúrios vindo da porta entreaberta. Ela aproximou a mão da maçaneta até ouvir:

—Nós não podemos desistir dela! E nossa filha, pelo amor de Deus. - Rosária congelou na porta, era a voz de sua mãe.

—Mas não temos condições de investir tudo isso nela. Nunca esperávamos que ela fosse ficar cega. Nos podemos ter outra, uma que não seja tão problemática.

—Mas é a nossa filha, Rubens. Não podemos simplesmente abandona-la.

—E não vamos fazer isso. Olha, quando eu fui no bar para espairecer da notícia do oftalmologista da Rosária, enquanto desabafava com o barman, conheci uma senhora gentil que se ofereceu para adota-la.

—O que?? Você quer entregar a nossa filha a uma estranha que conheceu num bar de esquina?! - Gritou a mãe sem se conter.

—Não é bem assim. Ela parece ser alguém inteligente e até meio rigorosa. O que deve ser bom ter um pulso firme para educar uma criança. Ela é dona de um circo, já adotou outras crianças com algum tipo de problema como a nossa filha para trabalhar nesse circo. Ela até ofereceu dinheiro para a adoção.

—Em outras palavras você quer vender a nossa filha para uma dona de circo. Santo Deus, Rubens! Como pode cogitar algo assim!

—Tem que pensar nela também, querida. Fizemos tudo que podíamos por ela, mas mesmo assim ela vai ficar cega de qualquer jeito. Não podemos concertar isso. Vai mesmo querer ver ela ficar assim? Lá no circo ela terá um emprego fixo, trabalhando com outras pessoas como ela. E o dinheiro que senhora ofereceu... será ótimo para nós. O que eu ganho no meu emprego mal paga todas as consultas de oftalmologista da Rosária.

—Eu...não sei Rubens. Nós nunca mais a veremos...nossa filhinha. -Lamentou indecisa.

—Temos tempo para pensar ainda. A senhora disse que o circo dela ficará mais alguns meses  nessa cidade antes de partir partir para a próxima. Temos esse tempo pra decidir...

              Ouve mais alguns murmúrios baixos, pouco compreensíveis e em seguida a luz do quarto foi apagada. Com lágrimas correndo dos olhos, Rosária voltou correndo para seu quarto e se jogando na cama. Afundou a cabeça no travesseiro com tudo que ouviu ecoando na cabeça. Ela não só perderia a visão, perderia seus pais, sua casa tudo. Ela seria vendida pelos próprios pais para uma circo.

[...]

              Rosária fazia as malas com certa dificuldade graças a visão embaçada, mas ainda conseguia distinguir alguns objetos se focasse bem o olhar. Juntando seus poucos pertences que seriam úteis levar. Quando acabou, fechou a malinha com um suspiro triste. A mãe apareceu na porta. Rosária não pode ver sua expressão, mas se pudesse veria os olhos vermelhos e inchados como se estivesse chorando a pouco. Ela se encostou na batente da porta e disse:

—Querida, a senhora Mars chegou para leva-la. Já terminou de arrumar suas coisas, meu bem? - falou amorosa, como se a tal senhora Mars fosse busca-la para um acampamento de férias e não leva-la para sempre.

—Sim mamãe, acabei -falou soluçando e começando a chorar novamente — Eu não quero ir, eu quero ficar com vocês, não deixem ela me levar!

—Querida já conversamos sobre isso, será melhor pra você viver com pessoas em uma condição parecida com a sua. Vamos logo anjinho, ela está esperando na sala. - Falou e estendeu a mão para a filha.

—Melhor para quem? Para mim ou para a senhora e o papai. Vão me entregar para ela por dinheiro! Ela esta pagando vocês!

—O que? Como sabe do... - falou com os olhos arregalados, parecendo realmente assustada

—Eu ouvi você e o papai aquele dia. Eu dou muita despesas pra vocês! - Despejou aos prantos.

—Meu bem nós a amamos, mas não temos condições de continuar a criando devido a essas circunstâncias. - Falou com a voz fraca —Vai ser melhor para você, agora vamos, a senhora Mars está esperando. –Guiou a filha lentamente pelo corredor. Ao chegar na sala viu uma mulher de idade muito elegante sentada ao sofá com as pernas cruzas e um olhar severo, ao mover a cabeça em direção as duas, seu olhar se fixou em Rosária e abriu um sorriso predador e se levantou.

—Então essa é a pequena Rosária. Uma graça de criança. Seus olhos são adoráveis, uma mistura de cores entre branco e verde. Fascinante!

—Eles eram totalmente verdes antes de... bom - Disse o pai de meio desconfortável .

—Bom são lindos. Suas malas são essas? - Apontou para duas malinhas pequenas - Tem mais alguma coisa que queira levar, criança?

             Rosária apenas acebou negativamente com a cabeça. Afinal não tinha vontade de levar nada por que nem queria ir. Apenas queria que nada daquilo estivesse acontecendo.

             Assim Rosária se despediu dos pais com um abraço. Seus olhos traziam uma expressão de que estava implorando aos pais para não fazerem isso com ela. Assim Elsa Mars passou as mãos no ombro da garota e a guiou para fora da casa em direção ao pequeno trailer estacionado em frente a residência dos Sharpe.

~Flashback off~

[...]

            Era noite de véspera de Natal. Angel estava sendo arrumada para sua apresentação especial. Já estava vestida com seu traje especial, e com um maquiagem suave, quase não perceptível. Uma assistente acabou de cachear seus cabelos e finalizou colocando a coroa de flores em sua cabeça.

—Perfeita. - Elsa bateu palmas, só falta o gran finale. -Virou Angel de costas e começou, com ajuda de duas assistentes, a ajeitar as gigantes asas sintéticas coberta de plumas e penas delicadas. Enquanto elas tentavam prender as asas, ela já sentiu a diferença das outras asas que já usou. Eram bem mais pesadas. Não só por ser quase que o triplo do tamanho das que já usou, mas por ela ter um mecanismo que faz as asas abrirem manualmente, e para isso existia uma estrutura de ferro por dentro das asas, o que fazia pesar mais.

—Elsa, não está fixando. É muito pesada. -Umas das assistentes começou lamentando.

—Não me venha com conversa, ela vai usar essas asas. Foram caras é e o ponto alto da noite a abertura de asas!! –Elsa parecia histérica, ela queria que tudo nessa noite fosse perfeito, não é para menos, ela estava apostando todas as fichas nesse evento, o circo estava se tornando menos popular de uns tempos para cá, essa era a chance de reconquistar  público.

—Mas o suporte dela não é o suficiente para fixar as asas. Talvez não de para usar... - A outra assistente tentou, mas foi cortada.

—Não!! Ela usará essas asas nem que eu mesma tenha que costurar essas asas diretamente nas costas dela!! - Berrou fora de si.

Angel sentiu um arrepio horrível.  Após várias tentativas fracassadas de prender as asas, Angel já prevendo que Elsa faria qualquer coisa por esse especial, perguntou com medo da resposta:

—Como vamos prender as asas em mim? - Estava sentada na enfermaria, Elsa vasculhava equipamentos junto da enfermeira do circo.

—Vamos ter que costurar uma parte, senão vai cair.

—Não dá para quem segurar o mecanismo para abrir as asas, ficar sustentando elas atrás de mim durante a apresentação?

—Faram isso, mas se for só assim as pessoas vão reparar que ela está solta. Então pelo menos uma parte dela tem que parecer estar fixa na suas costas. - Elsa parecia insana, ela estava mesmo obcecada por essa apresentação.

—Vai chamar outro médico ilegal para fazer o procedimento, como o que instalou o suporte em mim? Ou vai fazer você mesma? -Falou debochada, internamente torcendo para que ela percebesse o quão louca era aquela ideia.

—Vou fazer eu mesma, mas ela vai me auxiliar- disse se referendo a enfermeira.

Elsa pegou uma agulha em formato de gancho para a costura e fios grossos pretos como linha.

—Posso pedir uma anestesia? –No fundo sabia que era uma pergunta estúpida, mas estava apavorada. Por sorte não podia enxergar o olhar insano que Elsa lhe lançou.

—Por acaso você se esqueceu de onde você vive? Acha isso é um hospital? Que temos algo assim aqui? Remédios para dormir são os nossos anestésicos, caso tenha se esquecido, e isso você não pode tomar agora, ou não vai estar acordada na hora da apresentação.

            Angel foi colocada de costas e assim Elsa colocou uma parte superior de onde asa deva ser fixada e colocou sobre as costas dela assim pegou a linha e a agulha e iniciou o processo.

[...]

—Senhoras e senhores! Agora para finalizar o nosso evento especial de Natal...a nossa estrela da noite...ANGEL!! O anjo do circo!!

             A plateia que estava quase completamente lotada, um grande contraste com as últimas semanas. Aplaudiam e assoviavam e uma cortina vermelha com detalhes dourados que foi instalada justamente para essa ocasião foi aberta, revelando Angel ao lado de uma gigante árvore de Natal. Usando seu novo traje e de pés descalços para passar uma imagem mais angelical. O posicionamento estratégico de Angel foi calculado para não deixar que o seu colega que abriria suas asas não aparecer agora também era para evitar ver os pontos da asa recém –costurada nela. A música começou e Angel começou a cantar:

Essa é uma noite especial,

Tão aguardada e sem igual,

Essa é a magia do Natal.

Tudo é lindo e ilumina,

A árvore me fascina.

Duendes fabricam presentes,

Para deixar crianças contentes.

O bom velhinho e suas renas,

No trenó viajam na noite serena,

Torça para na lista dos bonzinhos torça para estar.

Os anjos tocam a trombeta,

Para anunciar que chegou finalmente

A noite especial que é,

O Natal.

 

              No momento e que a musica estava em seu ápice ergueu os braços lentamente e junto a eles as asas foram lentamente se abrindo e se erguendo. A plateia se surpreendeu e começou a ovacionar. Porém quando as asas eram erguidas ela sentiu alguns dos pontos de ambos os lados se abrindo, não suficiente para fazer a asa se desequilibrar, mas para fazer alguns filetes de sangue saírem e uma dor aguda atravessar seu corpo. Com sorte não deixou a voz falhar, continuou cantando, a única coisa que deixou externar foi algumas lágrimas se formando no canto dos olhos, que para a plateia foi apenas a emoção da música fazendo efeito nela, então aplaudiram ainda mais.

           Mas se alguém olhasse por trás veria claramente uma cena no mínimo perturbadora. As asas totalmente abertas e erguidas, gloriosamente e fios se sangue escorrendo de onde elas se sustentavam.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários??



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angel of Circus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.