Quando fui me deitar tranquei a porta como eu sempre fazia. Não tinha como chamar por Ben, mas eu sentia a presença dele na casa.
Deitei na cama depois virei e abri a gaveta do criado mudo. Peguei meu consolo e o deixei ao meu lado. Tirei o short de dormir. Disfarcei um sorriso quando liguei o vibrador e fingi que iria me estimular puxando minha calcinha para o lado.
— Você sabe que com um pênis de verdade é bem melhor né? - Sorri abertamente olhando para Benjamin.
— Eu sabia que você não resistiria.
— Você fez isso só para chamar a minha atenção?
— Sim. - Falei desligando o vibrador e arrumando a calcinha de volta ao lugar. - Preciso falar com você.
— Era só chamar.
— Achei mais legal fazer isso para ver a sua reação.
— E caso eu não reagisse?
— Eu teria um orgasmo. - Dei de ombros. - Mas 99% eu tinha certeza que você iria reagir. - Lancei um olhar para o volume em sua calça e sorri.
— Ok. Vamos fazer assim. Quando precisar, chame. Não provoque se não for consumar o ato.
— E quem disse que eu não quero consumar o ato? - Rebati.
— Do que você precisa?
— Senta aqui?
— Vamos dizer que é melhor eu ficar por aqui.
— Vee foi atacada. E ela acredita que seja Patch. Quero que me diga a verdade. Foi ele?
— Não. Eu acho que não pelo menos. Por que ele faria algo assim a ela?
— Por que queria atacar Nora.
— Opa. Isso é informação importante. - Falou vindo sentar na cama. - Como sabem que é Nora que eles queriam?
— Por que... Alguém atacou o carro uns dias atrás. Nora e eu temos certeza que era uma pessoa. Eu lancei a pessoa longe enquanto fugíamos. O carro estava todo amassado e com o vidro quebrado. Mas quando olhamos com Vee o carro estava intacto somente tinha uma rachadura no para-brisa. Aquele dia Nora viu que estava sendo seguida e Vee vestiu sua jaqueta. Ela saiu na rua e a pessoa a seguiu. Claro que quando viu que não era Nora bateu nela e fugiu. Mas ela iria matar. Vee falou que a pessoa apontou a arma para ela.
— Eu tenho que ir.
— O que vai fazer? - Perguntei segurando seu pulso.
— Vou falar com Patch.
— Não vai não. Não conte isso ao Patch ou eu nunca mais contarei nada a você.
— Mas... Eu tenho que descobrir quem anda fazendo isso.
— Eu sei. Mas contar ao Patch não irá ajudar.
— Vai ajudar e muito.
— Por favor. - Pedi. - Por favor, não conte nada a ele.
— Tudo bem. - Ele estalou a língua. - Mas eu vou falar com algumas pessoas. -Beijou meus lábios e se afastou.
Saiu pela janela e só o que ouvi foi barulho de asas.
Na terça de noite eu estava deitada na cama escutando música e terminando um trabalho para outra semana quando Nora entrou no quarto. Tirei os fones de ouvido e a encarei.
— Vamos ao Bordeline. Troque essa roupa.
— O que vamos fazer lá?
— Comemorar a saída da Vee do hospital.
— Conta outra. - Falei e ela revirou os olhos.
— Vamos tentar descobrir mais sobre Patch. Hoje é a noite de folga dele. Vamos lá.
— Não to a fim.
— Por favor, vamos comigo.
— Ok. - Murmurei levantando da cama. - Me de 15 minutos.
— Encontro você as 7 lá então. - Olhou o relógio do celular. - Vou passar para pegar a Vee.
— Ok.
Fui para o banheiro e tomei um banho, vesti uma camiseta gola v, um canguru moletom cinza, calça jeans. Calcei minha bota de cowboy que já estava desbotada.
Estacionei o Skyline do lado do neon e desci do carro. As meninas estavam me esperando ao lado do carro.
— Atrasada. - Nora falou.
— Só alguns minutos. - Falei. - O que é isso? - Apontei para as sacolas que ela segurava.
— Um disfarce. - Vee respondeu.
— Você não vai pagar esse mico. - Murmurei encarando Nora. - Você vai?
— É a única chance.
— Você pirou.
— Olha aqui. - Vee falou quando paramos na calçada em frente as portas de entrada. - Eu meio que convidei algumas pessoas. Quanto mais, melhor, certo?
— Quem? - Nora perguntou.
— Jules, Erik e Elliot. - Lancei um olhar para Nora. - Momento da verdade: eu meio que andei encontrando o Jules. Escondido.
— O quê? - Nora e eu perguntamos juntas.
— Você tinha que ver a casa dele. Bruce Wayne não pode competir. Os pais dele ou são traficantes na América do Sul ou são da máfia. Já que eu ainda não os conheci, não posso dizer qual das opções.
— Quando aconteceu? - Nora perguntou.
— Um pouco depois daquela agradável manhã no Enzo’s.
— Agradável? Vee, você não tem ideia...
— Espero que eles tenham chegado antes e reservado uma mesa. - Vee olhou pela multidão. - Eu não quero esperar. Estou seriamente a dois curtos minutos de morrer de fome. - Nora a segurou pelo cotovelo e a puxou para o outro lado.
— Há algo que eu preciso lhe contar...
— Eu sei, eu sei. Você acha que há uma pequena chance de Elliot ter me atacado domingo à noite. Bom, acho que você confundiu o Elliot com o Patch. E depois que você fizer a sua parte hoje à noite, vai ver como estou certa. Acredite, eu quero saber quem me atacou tanto quanto você. Provavelmente até mais. É pessoal agora. E enquanto estamos nessa troca de conselhos aqui vai o meu: Fique longe do Patch. Só para se manter viva.
— Fico feliz que esteja tentando me manter viva, mas olha só. Eu achei um artigo...
As portas do Bordeline se abriram.
— Bem-vindas ao Bordeline. - A hostess falou. - Mesa para três esta noite?
Elliot estava em pé atrás dela dentro do hall, ele sorriu. Ao lado dele estava Erik.
— Ladies. - Elliot juntou as mãos se aproximando. - Maravilhosas, como sempre.
— Onde está o parceiro de crime de vocês? - Vee perguntou entrando no hall.
— Más notícias. O homem está doente. Vocês terão que se contentar apenas com nós.
— Doente? - Vee perguntou. - Como assim “doente”? Que tipo de desculpa é doente?
— O tipo em que a comida sai pelos dois lados. - Vee fez careta.
— Informação demais.
Enquanto eles se sentavam lancei a Nora um olhar do tipo "vou te matar!".
Segui atrás dos três que iam na frente com Nora ao meu lado. Ela nos arrumou uma mesa.
— Está boa?
— Ótima. - Elliot respondeu tirando a jaqueta. - Adoro este lugar. Se a sala não manter você aquecido, a comida certamente irá. - A hostess sorriu mais.
— Você já esteve aqui antes. Podemos começar com batatas e a nossa mais nova salsa de jalapeño? É a mais apimentada.
— Eu gosto das coisas apimentadas.
— Volto logo com as batatas e a salsa. A sua garçonete estará aqui para anotar os pedidos.
Nos sentamos e eu comecei a suar. A culpa me atingindo. Eu não tinha culpa claro, mas também não queria que Ben pensasse que eu estivesse saindo com aqueles idiotas.
— Roxo é a sua cor, Nora. - Elliot apontou para o cachecol que ela desenrolava do pescoço e amarrava na bolsa. - Destaca os seus olhos.
— Então por que você não nos conta mais sobre Kinghorn Prep.? - Nora perguntou sorrindo.
— É. - Vee falou. - Há alguma sociedade secreta lá? Como nos filmes?
— O que há para contar? Grande escola. Fim da história. - Ele pegou o menu e o analisou. - Alguém interessado em um aperitivo? Eu estou.
— Se é uma escola tão boa, por que você se transferiu? - Nora perguntou.
Notei o musculo da mandíbula de Elliot saltar antes dele sorrir. Erik se remexeu na cadeira.
— As garotas. Ouvi dizer que elas eram muito desinteressantes nessas partes. O rumor era verdadeiro. - Ele piscou para ela depois lançou um olhar para Erik que sorriu me encarando.
— Com toda a certeza. - Erik falou. - Estou arrumando os papéis para me transferir também.
— Por que Jules não se transferiu também? - Vee perguntou. - Poderíamos ter sido o sexteto fabuloso, só que um pouco melhor. O sexteto fenomenal.
— Os pais de Jules são obcecados pela sua educação. Intensidade nem sequer cobre parte disso. Juro pela minha vida, ele está indo direto para o topo. O cara não pode ser parado. Quer dizer, eu confesso, sou bom na escola. Melhor que a maioria. Mas ninguém ultrapassa Jules. Ele é um deus acadêmico.
— Nunca conheci os pais dele. Nas vezes em que fui lá, eles estavam sempre fora da cidade ou trabalhando.
— Eles trabalham muito. - Ele voltou a encarar o menu.
— Onde eles trabalham? - Nora perguntou e Elliot tomou um longo gole de água.
— Diamantes. Eles passam muito tempo na África e na Austrália.
— Eu não sabia que a Austrália era grande no comércio de diamantes. - Nora falou.
— É, nem eu. - Vee falou.
Era uma mentira, podia ver na mente dele. Mas sua mente era estranha. Era como se ele não pensasse por si.
— Por que eles estão morando no Maine? - Nora perguntou. - Por que não na África? - Elliot não tirou os olhos do menu.
— O que vocês vão pedir? Acho que a steak fajita parece boa.
— Se os pais de Jules estão no negócio de diamantes, aposto que eles sabem muito sobre escolher o anel de noivado perfeito. - Vee falou. - Eu sempre quis uma esmeralda com corte solitaire.
Nora chutou Vee por baixo da mesa e ela a espetou com o garfo.
— Oww! - Nora resmungou.
A garçonete parou ao lado da mesa.
— Algo para beber?
Elliot e Erik nos encararam.
— Coca Diet. - Vee falou.
— Água com pedaços de limão, por favor. - Nora falou.
— Uma água para mim está bom. - Falei.
A garçonete voltou com as bebidas e Nora levantou.
— Vee. - Nora falou. - Você gostaria de me acompanhar até o banheiro feminino?
— Por que você não vai sozinha? Acho que seria um plano melhor.
— Eu estava planejando ir sozinha, mas eu realmente gostaria que você se juntasse a mim.
— O que há com as garotas? - Elliot perguntou sorrindo. - Eu juro, nunca vou conhecer uma só garota que vá sozinha ao banheiro. - Ele balançou a cabeça e sorriu. - Contem-me o segredo. Sério. Pago cinco dólares para cada uma. - Ele colocou a mão no bolso traseiro. - Dez, se eu for junto para ver qual o grande lance lá dentro.  - Vee sorriu.
— Pervertido. Não esqueça isso. - Vee falou entregando a Nora os sacos do 7-Eleven. - Lixo. - Ela explicou para Elliot. - A lixeira do lado da minha casa estava cheia. Minha mãe perguntou se eu podia jogar fora quando saísse.
— Nikki? - Nora me chamou.
Eu estava pronta para dizer que iria junto, mas meu celular tocou.
"Saia para a rua. Agora!"
O número era privado, mas eu já tinha ideia de quem era a mensagem.
Levantei.
— Obrigada por isso. - Resmunguei para Nora antes ir para o corredor.
Quando sai do restaurante encontrei Ben. E pela sua cara ele não estava muito feliz.