Space Between escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

FALA GALERAAAAAA

Cheguei com mais uma fanfic no site, mais uma GSR porque eu não me aguento. Na verdade estava de boa e do nada quis escrever uma fanfic angst dos dois é isso.

Na verdade ela seria uma songfic baseada na Space Between da Sia porque eu gosto muito dessa artista demais da conta. Sendo que aí eu acabei mudando de ideia e ela virou apenas uma fic, quase uma semi-songfic???

O significado desta música pende bastante para uma separação, mas como é de GSR que a gente tá falando *isso não existe*, tampouco o episódio Forget Me Not que a gente finge que nunca existiu, que é um delírio coletivo de todo mundo.

Se fosse colocar um espaço de tempo para esta fic seria entre a sexta e a sétima temporada de CSI, mas essa questão fica a critério de vocês.

BEM, APROVEITEM!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781693/chapter/1

Onde estava a chama que aquecia os dois corações? A paixão, antes ardente e arrebatadora, aos poucos estava se apagando. O que houve? Havia algo de errado, mas em quem por a culpa? Os dois amante, proibidos de ter aquele relacionamento, se encontravam em vários e vários impasses. Uma série de situações inusitadas, discussões momentâneas e a falta de conversa só tornou nítido o que já suspeitavam antes: o relacionamento estava esfriando. Ambos eram orgulhosos demais para admitir, tentando imaginar caminhos que não existiam para manter o que sabe se lá restou.  

Eles sentiam os sintomas, porém se recusavam a aceitar o diagnóstico, fingindo que uma hora tudo aquilo iria melhorar. Do diagnóstico viria a decisão: terminar ou lutar por algo do qual tanto lutaram. A mente de Sara martelava em todo o momento quando estava perto dele, ainda mais naquela cama, deitada bem ao seu lado. Havia silêncio no quarto. Estavam tão perto fisicamente um do outro, porém a distância era gigantesca. Todavia, ninguém queria dar o primeiro passo. Medo de cortar o delicado fio que os sustentava. O espaço era ensurdecedor entre eles, assim como o silêncio. Aquilo machucava, mas seria uma dor ainda maior se os dois pusessem um fim. 

— Eu vou me arrumar — disse ele, se erguendo da cama vagarosamente. Os efeitos da situação eram refletidos em seu comportamento e até mesmo vontade de trabalhar. 

Sara permaneceu na cama enquanto o assistia se afastar dela. Sem se mover, o observou com atenção esfregar a mão pelo rosto com se tentasse afastar o sono de si. O cansaço era evidente e as horas de descanso pareciam não existir. 

Houve apenas uma breve troca de olhares. Sem beijos antes de se preparar para o trabalho, sem abraços, sem toques, tampouco aquele brilho em seus olhos ardentes de paixão. Frieza, apenas. 

Ela nem respondeu. Desviou sua atenção do supervisor e ameaçou se levantar, porém se virou para o outro lado e se ajeitou na cama, dando a impressão de que não sairia de lá tão cedo. A verdade era que Sara o queria bem longe e, ao mesmo tempo, segurá-lo desesperadamente e implorar por uma resposta. Voltar a beijá-lo como sempre, envolvê-lo em seus braços e fazer amor de um jeito apaixonado como tanto fizeram. Mas não tinha forças no momento. Quem sabe um dos dois daria o passo, ao menos antes que tudo entre eles tivesse um fim. 

Sara nunca quis ter o poder de ler mentes, porém queria ler a dele, somente a dele. Ainda assim tinha medo do que fosse descobrir. 

—-------------—--------------------------- 

Já no laboratório era a hora de pôr alguma máscara e disfarçar não apenas o relacionamento, como a crise enfrentada nele. Chegaram separados como de costume. Sara se encontrou com os colegas na sala de reunião enquanto esperavam pela chegada de Grissom com os casos do turno. Ensaiou algumas conversas momentâneas e disfarçava alguns sorrisos tímidos até que ele chegou. Sério como de costume, um pouco mais para Sara. Com certeza ela imaginou o supervisor tentando afastar do trabalho os problemas tidos com sua namorada. Decerto, o homem grisalho evitou encará-la por muito tempo; fazia isso quando não estava bem com ela. 

Boa noite a todos. Grissom os cumprimentou enquanto segurava uma série de papelzinhos em suas mãos. Visou os companheiros por alguns segundos e logo indicou o trabalho de cada um. Catherine.  

Será que eu sou a sortuda da noite? brincou a CSI ao se levantar da mesa, pegar o papel de Grissom e visualiza-lo rapidamente. O semblante dela não precisou de muita explicação: caso mediano, pelo menos estava por conta própria.  

— Nick, Warrick. — Grissom ergueu o próximo caso para os dois. Eles se levantaram e apostaram uma corrida do nada para saber quem pegava o papel primeiro. Percebendo isso, o supervisor baixou o item em sua mão e os encarou com um semblante reprovador. Entregou as informações do caso para Warrick. 

Sobraram apenas Greg e Sara, justamente o caso mais leve: assalto em residência, o suficiente para um CSI dar conta. Só que ele quis assim, queria Sara na companhia de alguém que não fosse ele, talvez para servir de algum ombro amigo, o que viesse de bom. 

Greg, Sara. 

Sanders foi o primeiro a se levantar e buscar o caso. Um pouco vibrante pelo efeito do seu café caríssimo, ele se virou para Sara fazendo um gesto para que viesse logo, a fim de resolver o “grande" caso. Ela se levantou em seguida e já sendo a única da sala junto de Grissom porque Greg já havia saído, a morena lhe lançou um único olhar afiado. Aquilo disse muita coisa ainda que não lhe tivesse falado uma única palavra. 

—----------------------------------------- 

Ei, Sarinha, que cara é essa? Greg perguntou no momento em que se encontravam a sós para tirar possíveis digitais na cena do crime. Esperou a oportunidade, uma escapada do raciocínio do trabalho para falar sobre algo mais particular. 

Sara andava meio distraída ultimamente, percebeu o amigo. Pedia desculpas com uma frequência maior, inventava respostas para as perguntas pessoais e se distanciava dos outros emocionalmente, mesmo nas saídas para beber ou comer alguma coisa. Vinha com clássica resposta “estou bem” como uma defesa interna para quem tentasse desvendá-la. 

Minha cara de sempre. Ela brincou tentando disfarçar. Focada naquelas digitais mal parou para fitá-lo. 

— Você sabe do que eu falando. Greg se mostrou um pouco mais sério que na primeira pergunta. 

Ao terminar de fazer seu trabalho naquela parede da sala, a CSI respirou fundo e encarou o amigo e colega de trabalho, disfarçando um semblante afetuoso. 

Não tenho conseguido dormir direito esses dias e por isso estou assim. Deu de ombros. Obrigada por perguntar. 

Ela tinha em mente que sua tentativa de o ludibriar não deu muito certo. Ao menos ganhou algum tempo até as coisas se resolverem... talvez. 

—------------------------------------- 

O supervisor do turno da noite preferiu assumir um caso por si só. Desta forma não precisava dar explicações para qualquer um que perguntasse algo sobre ele. Não que não recebia perguntas do tipo, pois era sempre um martírio para qualquer um tentar entender a mente ou as feições de Grissom, mas fez o possível para se manter sozinho. Era torturante, porém a melhor alternativa que encontrou. Ele pegou um atropelamento com fuga numa rua paralela a Strip e menos movimentada que a principal. A noite fria servia como um cobertor para isolá-lo de seus problemas fora do trabalho; de um modo bizarro foi confortante. Daquele modo podia agir como o velho Grissom e ninguém iria saber o que se passava em sua própria casa.  

Grissom Trabalhou no modo automático, direto ao ponto. Imerso em seus afazeres, chegou a se esquecer por alguns instantes que vivia um relacionamento que não devia viver e que talvez estivesse próximo de seu fim.  

—------------------------------------------------------ 

Após uns quatro dias Catherine entregara seu relatório final, a última da equipe a finalizar o caso dado por Grissom anteriormente. Os outros a aguardavam exaltados, visto a aposta interna que fizeram na qual o último a entregar o caso pronto iria pagar a rodada no final de semana. 

Vocês vão me pagar. Ela os ameaçou com um tom sadio, mas de certa forma verdadeiro. Sentindo-se motivada, a CSI prometeu ser a primeira a resolver o próximo caso quando combinassem a aposta novamente. 

A noite de sábado para domingo foi reservada para os amigos se divertirem. Warrick, Nick, Greg, Catherine e Sara deixaram o descanso em casa para trás e foram aproveitar os raros momentos de folga no trabalho. O pessoal chegou a convidar o supervisor, que recusou o pedido. Nem disse nada a Sara, preferindo se manter na sua. Melhor para a morena, porque tinha a chance de se desvencilhar da situação difícil vivida por ela e pelo namorado. 

No começo foi pura diversão para os amigos. Houve conversa jogada fora, bebida à vontade, e coisa boa para comer. Greg e Nick até arriscaram algumas músicas no karaokê, virando motivo de piada sadia entre os outros. Sara ficava gritando o nome deles e os incentivando a continuar com a brincadeira. A CSI aproveitou o quanto pode o tempo com eles, não passou do ponto com o álcool porque havia prometido a si mesma não fazê-lo; deu para disfarçar um pouco, se perder um pouco da realidade. Ao final da “festinha”, Sara já revelava um pouco mais de sua verdadeira face, abatida. Não levou muito tempo e foi a segunda a ir embora, logo depois de Warrick. 

Ela teve duas opções, passar a noite em sua própria casa e reaparecer somente para o trabalho; ou voltar para a casa do namorado e dar de cara com um ambiente gélido, que a fazia se retrair só de pensar. O pior é que se acostumou com o lugar, com o cachorro de Grissom, Hank, com sua cama, tão confortável parecendo ter sido feito sob medida para ela. Claro, sentiria falta nem que fosse por uma única noite da companhia daquele homem. Masoquista, talvez? Pensava, zombando de si mesma, sabendo que voltar para a casa de Grissom mataria seu desejo de tê-lo por perto e ao mesmo tempo alimentaria um sentimento pesado. 

—------------------------------------ 

Passava de uma da manhã quando Sara chegou ao condomínio; preferiu voltar logo para não acabar exagerando na bebida e ter problemas depois. Usou a chave que recebera dele e entrou com cuidado para não fazer barulho. Algumas luzes acesas pela casa chamaram sua atenção, então percebeu com rapidez que ele ainda não tinha ido para a cama. Ela pedia fervorosamente que Grissom não estivesse sentado em seu sofá com a TV desligada, apenas esperando por sua chegada. Antes mesmo de saber a resposta já ficou irritada. 

Tudo isso mudou quando o viu dormindo sob a mesa. Provavelmente caiu no sono enquanto lia ou estudava a pilha de papéis e livros em volta dele. A morena relaxou os ombros para respirar fundo. Só de olhar para seu rosto já podia sentir a mistura de sensações queimando seu interior, por isso achou melhor seguir para a cama o quanto antes. Queria não imaginar que Grissom o estava esperando por ela esse tempo todo. 

— Hum...? Sara? — Acordando um pouco assustado, o homem gemeu de sono e tentou se recompor rapidamente.  

Não era o que Sara gostaria. 

Ele passou a mão sobre o rosto e pressionou as têmporas com certa força. Lamentou por ter dormido e deixado toda aquela bagunça, mal sabendo quanto tempo passou. 

Oi. Eu vou dormir. 

O quê...? O supervisor franziu as sobrancelhas tentando se encontrar naquela conversa. Céus... 

— Deveria fazer o mesmo — disse, já dando seus primeiros passos em direção ao quarto, mas parou e deu meia-volta. — A propósito, por que não está na cama? 

Eu... Como sempre, Grissom vinha com suas respostas vagas ou quem sabe suas conhecidas “não-repostas”. Ele passou a mão pelo rosto novamente e tentou esticar seu dolorido pescoço. Então suspirou e tentou ser direto: Não consegui... dormir. Então fiquei... lendo esses artigos. 

O olhar reprovador de Sara falou muita coisa. Após cruzar os braços e fazer um gesto negativo com a cabeça, a mulher não viu mais motivos de permanecer ali e se encaminhou para o quarto. 

Sara chamou-a um pouco ansioso. 

Ela não queria dar ouvidos a ele na verdade, mas se virou por instinto como sempre o fazia com o homem que amava. Vendo-o com a mão direita erguida, seu coração disparou por um instante. Talvez vivenciaria o momento “daquela conversa”, o divisor de águas do qual tanto temeram e tanto precisaram. 

Ao encontrar seus olhos, de repente, Grissom perdeu toda a concentração e todas as palavras que uma hora buscou dizer. Se viu isolado diante de um mar da dúvida e o medo da rejeição. Assim como era antes de assumirem o relacionamento. Ele foi baixando as mãos na medida que sua coragem ia embora, voltando à estava zero. 

— Descanse — declarou, já com voz mais baixa. Não era isso o assunto que buscou dizer, tanto ela quanto ele sabiam disso. 

O pior de tudo era que Sara já esperava uma reposta como esta. Decepcionada com e até consigo mesma por não falar a real verdade entre os dois, apenas lamentava dentro de si. Sentia-se num barquinho à deriva ao lado dele; um barquinho que aos poucos afundava e que ninguém tinha coragem (ou forças) para se salvar. 

Acha mesmo que eu vou? questionou-o, virou-se e saiu de sua vista. 

—------------------------------------------------------------------ 

O namoro de Sara e Grissom estava chegando ao fim; a simples e complicada verdade. No entanto eles se amavam intensamente. Desesperadamente. Não podiam deixar aquele amor se desfazer após tanta luta para firmá-lo. Isso não estava certo. Mas o que fazer? Ambos continuavam a dividir a mesma cama, porém o espaço de quilômetros permanecia entre eles. Até as discussões eram evitadas para não cortar de vez o frágil fio que os ligava. Somente o passado não era o suficiente para os dois sustentarem o namoro e qualquer discussão poderia ser a última. 

Enquanto trabalhavam, fingindo que não havia nada entre eles, outro medo surgia no meio daquelas nuvens escuras: um novo amor. Grissom tentava, mas de vez em quando se pegava imerso em pensamentos exagerados. Sara, a mulher que amava, descobrindo em outra pessoa a chance de viver uma vida junto sem enfrentar os problemas encarados com um homem de meia idade. Pensar nisso lhe apertava o peito, uma angústia iminente que acabava com seu dia.  

O pior de tudo era achar ser o único que pensava isso, porém Sara também tinha seus momentos de dúvida. Imaginava-o às vezes com alguém que não fosse ela passando noites enrolados em cobertas, aproveitando o tempo juntos vendo filmes selecionados a dedo. Uma troca de beijos, carícias, horas de conversa jogada fora. Sequer poderia imaginar aquilo, seu estômago já revirava só de pensar. 

Sara, você vai solo desta vez dirigiu ele a palavra à subordinada, sendo ela a última da equipe a ser denominada a um caso. 

Em silêncio a CSI caminhou para perto do supervisor e pegou a anotação do caso, mas em vez de deixar a sala de reuniões ela permaneceu, frente a frente com ele. 

— Até quando isto vai continuar? — Ela o questionou, falando baixo, porém completamente audível para ele. 

A pergunta não precisou de explicações, levando Grissom a mudar sua feição na mesma hora para alguém chocado ao receber. Ele umedeceu os lábios brevemente e olhou por instinto para os lados numa tentativa de se situar e manter o controle. 

— Nós não... deveríamos falar sobre isso aqui — afirmou sem muita segurança em sua voz. 

E aonde nós vamos falar sobre isso, hein? Ela ergueu as mãos esperando por uma resposta dele. Porque em casa não adianta. 

Grissom baixou o olhar, o mesmo gesto que fazia quando se sentia preso a uma situação na qual gostaria de sair, porém não sabia como. Quando o viu fazer aquilo Sara soube na hora que a conversa havia terminado pois não haveria saída para ambos. 

Sara tomou seu caminho, deixando-o sozinho na sala. Alguma coisa deveria ser feita ou o amor pelo qual tanto lutaram para sobreviver não passaria de uma simples boa lembrança que teve um fim trágico. 

—-------------------------------------------------- 

Era uma quinta-feira, quatro e meia da tarde. Sara chegou em casa após ter comprado alguma coisa para repor o estoque de comida. Foi sozinha como sempre para evitar ser vista com Grissom, além de ser um motivo para ficar um tempo longe dele e colocar a cabeça no lugar. Ela entrou em sua casa imaginando-o estar fazendo alguma coisa relacionada ao trabalho, totalmente focado em seu mundo; por isso decidiu em seguir até a cozinha para guardar o que comprou. 

Entretanto deu de cara com ele. 

Grissom não estava dormindo desta vez, pelo contrário, mantinha-se bem acordado. Sentado no sofá numa posição reflexiva, mãos entrelaçadas, parecia ter ficado ali por um bom tempo, apenas esperando por ela.  

Sara não soube o que dizer, sentiu-se acuada pelo olhar direto recebido assim que entrou na casa e acabou permanecendo em silêncio, sem reação. 

— Nós temos que conversar — disse, agora sem hesitação. 

A frase na qual tinha medo de ouvir e que ao mesmo tempo Sara desejava. Ou para por um fim naquilo tudo ou para os dois se resolverem de uma vez. Sem esperar por sua resposta, Grissom se ergueu do sofá e tentou pegar as compras de sua mão para ajudá-la, porém ela não pareceu ceder tão facilmente. 

Me deixe te ajudar, você já fez de mais por hoje. 

Sei que está tentando amenizar as coisas. Ela respondeu, sem ter outra escolha a não sei aceitar sua ajuda. 

É isso mesmo. 

Como esperado, os dois não guardaram as compras em seus devidos lugares, apenas deixaram em cima da mesa por iniciativa de Grissom que estava ansioso. Não via a hora de ter aquela conversa e imaginava que Sara não estava muito afim de executar aquele trabalho. 

Sara, o que houve entre a gente? 

Sua pergunta chegou lá no fundo do peito e doeu. Em ambos. O silêncio sepulcral no cômodo deixava a pergunta ainda mais dolorosa. Quem sabia responder? 

Nós... estávamos tão bem... Ele ergueu os braços. Sua feição dizia muito sobre seu estado, confuso, desesperado por uma resposta e por uma solução que terminasse de vez com aquela angústia. 

Eu...- 

— Eu tenho culpa nisso? — Grissom perguntou de repente. — Sou eu quem provocou esta situação? 

— Gil, eu não quero procurar um culpado! — Sara retrucou incomodada por ele querer levar a culpa de uma vez. — Eu, você, o que importa! O que isso vai adiantar? — Cruzando os braços de modo defensivo, a morena se dirigiu até a sala e acabou se sentando no sofá. 

— Se não é culpa nossa, então o que é, Sara? — Ele a seguiu quase no mesmo instante. — O que está causando esse estado na gente? Parece que nós... não estamos mais nos entendendo. — Ao mesmo tempo que finalmente abriu a boca para falar sobre o relacionamento deles, Grissom não conseguiu se sentar ao lado dela para encará-la nos olhos.  

A quietude tomou conta da sala, juntamente com a sensação de frieza e da distância. A conversa estava machucando mais do que se esperava. 

— Se você quiser nós podemos terminar com isso agora. Basta apenas me dizer. 

A expressão em choque da morena não precisou de explicações pelo modo como ficou após a sugestão de Grissom. Por mais natural que tenha saído, para ele foi arrancar de sua garganta espinhos e mais espinhos. Grissom não queria terminar, longe disso, mas tinha de saber a opinião dela. Doeu, mas sentiu que era necessário. 

— Nós lutamos tanto por isso — admitiu a morena, seus olhos baixos emanavam tristeza. Chegou a sorrir por um instante, incrédula pelo que estavam passando. Acabar com tudo aquilo, depois de tantas e tantas batalhas seria quase que lançar fora um lindo jardim plantado com lágrimas. 

O semblante de Sara o quebrou de vez. Ele não podia ficar parado ali de pé apenas vendo-a ficar daquele jeito então se sentou ao lado dela. 

— Não sei se faria tudo aquilo de novo porque... demorei demais a entender o que sentia por você. — Grissom focou em seu rosto para saber se ganharia um sorriso, porém sem resposta. Ele queria tanto acariciar seu rosto e trazê-la para perto, mas tinha medo de sua reação. 

— Acho que... nós deixamos o nosso amor definhar. — Dizer aquilo doeu tanto quanto ouvir. 

— Nós podemos consertar. — Ele sugeriu, ainda com esperanças. Notando uma lágrima descer em seu rosto, prontamente o supervisor a enxugou com o polegar. — Isso se... ainda quiser. 

A longa pausa para respirar fundo revelou a tensa e delicada situação na qual os dois se encontravam. Qualquer resposta tinha de ser pensada bem, ou poderia terminar num desastre. 

— Eu te amo, mas será que ainda vale a pena a gente continuar junto? — perguntou, terminando de enxugar a lágrima que escapou. O silêncio em seguida fez o peito de Grissom se apertar. Imaginou que fosse o fim de tudo.  

Possivelmente era a pergunta que iria definir o destino do relacionamento entre eles. 

Também me perguntei isso. Várias vezes. Grissom falou após ficar quieto por alguns segundos. E quando pensava numa resposta a única coisa que vinha à mente era a Conferência em São Francisco. A imagem de uma jovem mulher sorrindo para mim e me fazendo corar. 

Sua vitória foi ganhar um sorriso dela. Curto e tímido, mas o suficiente. Sara não olhou para ele, porém o gesto o atingiu diretamente. 

Seus olhos brilhavam a cada pergunta e me deixava cada vez mais intrigado. 

Eu não pude me segurar naquela época comentou, com um sorriso triste desta vez.   

Não sabia que tinha me apaixonado. Ou talvez sabia, deu de ombros mas escondi isso de mim mesmo. 

Grissom se intrigou com o contínuo silêncio de sua namorada. Pensou que suas palavras não fossem suficientes para reparar os danos de antes. 

Me desculpe. Não sei se foi por causa de uma briga passada ou porque deixei o nosso amor esfriar que nós ficamos assim. Acho que devia ter feito mais. 

Seus olhos, vermelhos, enfim encararam os dele. Ela mordeu o lábio com força, lutando para trazer para fora todos os sentimentos. 

Me desculpe, Gilbert. Eu só... fiquei reclamando e não fiz nada lamentou. Parece que... no final não éramos para estar juntos. Sua voz foi falhando a cada instante. 

— Quem disse que não? — Ele discordou. — Você abriu meus olhos, Sara — declarou firmemente.  Eu te amo como eu nunca pensei que iria ou pudesse amar uma pessoa. Você lutou por isso todos esses anos e agora eu... quero continuar lutando junto. 

Depois de tantos dias gélidos, ouvir suas palavras fez seu coração aquecer de um jeito do qual morria de saudade. Grissom era um homem de poucas palavras quando não se tratavam sobre o trabalho. Mas quando se tratava do relacionamento com Sara, as poucas palavras conseguiam fazer a diferença. 

Deixamos tudo isso no modo automático e... nos esquecemos que não é assim que mantém um relacionamento. 

Eu sei. E lamento por isso. 

Ainda receoso, Grissom tocou a mão dela, que descansava sob a perna, e a envolveu na sua com delicadeza. Esperava uma resposta contrária ou não muito boa, porém ela deixou que o fizesse. 

Eu não quero que isso acabe, mas... não dá para continuar assim. 

— Não vai — afirmou ele, gerando um sorriso quase incrédulo da morena. Notando que ela desviou sua atenção dele, Grissom tocou em seu queixo, ganhando-a de volta. — Vamos recomeçar.  

Recomeçar? 

— Sim. Todos os dias quando te vejo eu me apaixono de novo, não vejo problema nisso. Quero recomeçar e estou disposto. 

Aos poucos os lábios da morena se curvaram no sorriso mais contagiante que ele viu desde os tempos anteriores à “briga”. Tempos anteriores porque mal sabiam dizer quando ocorreu o momento da rachadura no relacionamento. O rosto dela também corou. Ela mal sabia do poder que tinha sobre ele com seu sorriso, era quase mágica. 

Na busca por um culpado em particular, Grissom e Sara enxergaram a culpa em si mesmos. 

Eu não queria ter agido daquele jeito. 

— Esqueça. Como você disse: quem se importa com culpados? — Ele resvalou a mão sobre seu rosto. O toque foi eletrizante para quem o fez e quem recebeu. Há muito tempo não havia este tipo de toque tão íntimo, daqueles que os causava frio em suas espinhas. Uma mistura de amor, carinho e até mesmo sensualidade. 

Seus olhos se encontraram em um daqueles momentos em que as palavras já não eram necessárias. Mal contaram o tempo no qual ficaram ali, o que já era um começo. Horas atrás mal conseguiam se encarar direito. A química entre os dois era impossível de ser explicada, apenas eles a entendiam. 

Por puro impulso, Sara se inclinou para perto dele e, segurando seu rosto com vontade, beijou os lábios dele como alguém que não via a pessoa amada por muito tempo. De certa forma era verdade, permaneceram juntos por dias, porém não havia contato. Dois estranhos dividindo a mesma cama. 

Quando se desvencilhou do beijo, Sara manifestou uma feição extremamente sobressaltada. Agiu por instinto, não conseguindo resistir um só minuto ao homem à sua frente.

Também senti a sua falta. Ele brincou enquanto suas testas permaneceram rentes uma a outra. 

— Eu queria saber se tudo isso era real. Se não é apenas um sonho que depois vou acordar e nos encontrar distantes mais uma vez. — Ela balançou a cabeça lamentando. 

É real. O supervisor afastou uma pequena mecha para trás, aproveitando para tocar em sua pele macia. A cada dia Grissom se apaixonava por ela, e a cada minuto ele era atraído seu olhar; intenso e hipnotizante. Não havia ninguém mais que pudesse causar isso nele. 

Então me prove que é. 

Aquele era mais um desafio do qual Grissom não podia resistir; desafio do qual implorava por receber, ainda mais quando se tratava de Sara. Envolvendo sua nuca, ele a puxou para perto e a beijou lentamente, do jeito que mais gostava de fazer. Os culpados da história já não eram importantes, tampouco faziam diferença. O mais importante no momento eram os beijos trocados pouco a pouco e os toques, tão desejados após o tempo distante. 

Ela se levantou primeiro quebrando o beijo, porém levando Grissom consigo. O silêncio já era o suficiente para os dois, que não eram os melhores com as palavras. Bastava apenas um gesto, um olhar para dizer sua mensagem. Eles seguiram para o quarto e terminaram na cama, sem pressa. Ainda tinham tempo até o turno do trabalho começar e terem de por aquela máscara, fingindo serem apenas amigos. 

Ainda sentados sob a cama, ele a ajudou a tirar suas roupas primeiro enquanto beijava e tocava cada canto que ia sendo despido, ganhando de sua namorada gemidos satisfatórios. Aos poucos ia perdendo a cabeça e mal havia tirado as próprias roupas. Sorrindo ao notar aquilo, Sara tomou a iniciativa de “ajudá-lo” a se despir, peça por peça. Lento, mas sem perder a graça. Pelo contrário, os instigava ainda mais. 

Sem trajar mais nada, Grissom a guiou para que se deitasse e começou a desferir beijos seguidos em seu rosto e lábios com paixão, quase como da primeira vez. Quando chegou ao pescoço os sons que Sara fazia se tornaram mais frequentes, mais altos, combustível para ele continuar. 

Me desculpe falou ofegante enquanto beijava seu pescoço com urgência.  

Me desculpe também respondeu, depois ergueu seu rosto para que pudesse fitá-lo nos olhos. Os dois se encontraram num beijo lento, sem pressa. Eles não queriam terminar tão rápido para aproveitar e compensar o tempo tão longe, mesmo estando perto.  

O silêncio do quarto, antes ensurdecedor, foi superado pelos sons de ambos que preenchiam o cômodo fazendo-o perder todo o seu tamanho. Os dois amantes reencontraram o amor que os ligou da primeira vez. Cada toque parecia ser o primeiro, quando suas mãos buscavam conhecer o corpo do parceiro com voracidade, mas ao contrário do começo, não havia o medo de explorar cada contato. A falta que aquele momento fazia aos dois os consumia por dentro, somado ao medo da separação e da perda. Quando trocavam olhares após beijos, não podiam sequer imaginar o real motivo que os levou a um estado apático; Grissom e Sara estavam perdidamente apaixonados e talvez aquilo tenha sido uma prova, um teste para o relacionamento dos dois. 

Ao se unirem finalmente eles deixaram o tempo de lado, assim como a urgência. Queriam aproveitar cada segundo ali, imaginando que as horas parassem. Ninguém podia satisfazer as vontades daqueles dois, tanto físicas quanto íntimas, emocionais, sexuais. Assim como seus corpos se encaixavam perfeitamente, um completava o outro. 

A medida em que os minutos se passavam os beijos ansiosos iam dando lugar a encontros menos breves e respirações ofegantes enquanto seus corpos se movimentavam cada vez mais rápido. Quando terminaram, exaustos, voltaram ao seu lugar na cama.  

Você acredita agora? Ostentando um sorriso largo Grissom perguntou ainda com a respiração arfante. 

Não sei. Talvez precise de outra prova. Sara o provocou, ainda sem olhar para ele. 

O comentário logo deu origem a uma risada entre eles. Quando resolveram se olhar fizeram isso ao mesmo tempo, gerando um clima hipnotizante entre eles, aquela chama que os atraía sem precisar trocar palavra alguma. Sara não resistiu e se achegou ao namorado. Tocando em seu rosto possessivamente, beijou-o uma única vez sem economizar na intensidade.  

Eu não quero que isso aconteça mais. Céus, eu não... tinha em mente o quanto isso doía até acontecer. Ele envolveu seu braço em Sara, trazendo-a para mais perto. 

— Não me diga. Acha que foi fácil dormir do seu lado esses dias todos e nem ao menos tocar em você? 

Grissom não se conteve com a resposta e acabou rindo novamente, gesto que a deixava desmontada. Instintivamente ela deslizou os dedos sobre o canto da face dele, enquanto seus olhos passeavam por cada canto, admirando as curvas de seu sorriso. 

— Eu amo você. Não se esqueça disso. 

— Como eu poderia? — Ele respondeu sem hesitar. Depois se virou de lado, de modo que pudesse vê-la melhor. E eu não quero que se esqueça que... mesmo que as palavras não saiam... O homem tocou em seu rosto com ternura eu vou continuar amando você desesperadamente. 

Os olhos da morena brilharam. Grissom era o homem que a ganhava mais por suas atitudes, mas não ficava por trás com suas declarações sinceras. 

— Quer me deixar mais derretida por você, Gilbert Grissom? — Sara esperou pela reação risonha antes de lhe roubar um beijo. 

Tudo para reconquistar a minha amada. 

Hum. Mas deixa eu te contar um segredo. 

Qual? perguntou curioso. 

Você nunca me perdeu. 

Ao contrário dela, Grissom ficou sem reação ao ouvir sua namorada. Ela era especialista em desconcertá-lo, tirá-lo de sua zona de conforto e “jogá-lo” para ambientes nunca antes pensados por ele. Amor, paixão, loucura, sedução. Somente com Sara foi que ele pode desfrutar do desconhecido. 

— Eu... fico feliz em saber disso. — Dava para notar o vermelho por sua face, o que a deixou ainda mais atraída. Acho que... é você quem quer me deixar derretido. Ele falou sem jeito. 

Que bom. A morena se ajeitou no travesseiro e o chamou para perto. Estou exausta. Acho que só vou levantar quando der a hora de sair. 

Mas e as compras, querida? 

Sara deu de ombros e se ajeitou ainda mais na cama. 

Deixe para depois sugeriu sem um pingo de receio. Quer mesmo sair daqui para arrumar compras, Gil? 

Atentando para seu semblante relaxado, aquele sorriso que o cativava desde sempre, Grissom não viu o porquê de sair dali. Os dois estavam bem novamente após um período conturbado, um desafio que temiam não conseguir atravessar juntos. O espaço antes de quilômetros que os separava em uma cama, agora foi preenchido mais uma vez, do jeito que nunca deveria ter mudado. 

Fazendo companhia a ela, Grissom passou a mão por seus cabelos, acariciando-os do jeito que Sara adorava. O que mais importava era compensar o tempo “perdido” pelos dois. 

Não. As compras podem esperar. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

VOCÊ QUER, FORGET ME NOT?????

Então, pessoal, eu espero que tenham gostado. Enquanto não me encaixo com Manhunters, eu vou tentar escrever outras fics e postá-las aqui. Ultimamente tem me vindo umas ideias legais para fics GSR e Frussell e espero poder escrevê-las o quanto antes e compartilhá-las com vocês. Muito obrigada a todos que leram, vocês são demais. Fiquem à vontade para comentar ou me mandar uma mensagem no privado sobre as fics, ideias e tudo mais. Beijos! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Space Between" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.