Estranha Sensação escrita por Loreh Rodrigues


Capítulo 28
Fúria Sandoval


Notas iniciais do capítulo

⚠️ ALERTA ⚠️
Capítulo com uso de palavras de baixo calão e referência ao ato sexual.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781654/chapter/28

***
Victoria tomou todo o cuidado para sair sem que Heriberto acordasse. Ele costumava ter um sono mais pesado dependendo do quanto faziam sexo pela noite. Obviamente o exercício e o relaxamento provenientes da paixão tinham efeito sobre a qualidade de seu sono. Ela sabia que decepcionaria Heriberto, e até a si mesma com sua atitude, mas não conseguia aceitar que Bernarda estivesse tão confiante com relação a ela. E, muito menos agora, que ela se sentia tão insegura pelo problema em sua mão.

Victoria nunca havia tido nada de graça. Havia tido que lutar por cada uma das coisas que possuía e, a nada, absolutamente nada, valorizava tanto quanto seu prestígio e talento como estilista. Sua marca, bem como sua casa de modas, eram seu ponto mais forte e, portanto, sua maior vulnerabilidade. E o fato de ter que enfrentar aquela limitação lhe recordava que tudo nessa vida é efêmero, inclusive a fama, o dinheiro e o prestígio.

Consciente do quanto tudo que ela mais valorizava era fugaz e poderia desaparecer como poeira, as relações adquiriam ainda mais valor, sobretudo uma. O que para a maioria das pessoas estava em primeiro lugar, para Victoria, compunha o segundo plano. E, ao mesmo tempo em que tudo que ela havia construído com tanta garra e sacrifício estava em risco, Bernarda ainda ousava ameaçar o que fazia parte de seu segundo plano que, naquele momento, era sua única e mais segura base de sustentação: o amor de Heriberto.

Não tinha outra escolha senão fazer o que, se dependesse dela, haveria sido feito desde a noite anterior - mostrar a Bernarda que Heriberto não estava em disputa e só havia um jeito de fazer isso. Era tão cedo quando ela saiu que a Casa de Modas Bernarda ainda não estava aberta, mas ela sabia o endereço da megera, tinha consciência da importância de manter bem vigiada sua maior inimiga.

A empregada pediu que ela esperasse na sala, pois sua patroa estava tomando café, iria avisá-la que Victoria estava ali. Bernarda abriu um sorriso de triunfo logo que apareceu frente a Victoria, mas foi surpreendida por uma fúria que poucas vezes a estilista deixava ver. Ela voou em cima da rival derrubando-a no sofá enquanto agarrou seu pescoço com um olhar de ódio que surpreendeu Bernarda, pois ela notou que Victoria seria capaz de matá-la.

— Você está me devendo isso desde o dia do lançamento de minha coleção sua ladra, vadia, e fracassada! — Gritou. — Você não queria ver o que sou capaz de fazer longe da imprensa?

— Me solte! Onde está toda aquela classe, Sandoval? — Atacou ela segurando as mãos de Victoria.

— Seus ataques não me atingem, Bernarda! Eu já enfrentei o demônio e, nem mesmo ele, foi páreo para mim. Escute bem, aí, nessa posição, porque eu não vou repetir. Você convenceu meu ex-marido a roubar meus croquis, deu pra ele no meio do meu desfile e até ganhou uma notinha ou outra com meus desenhos. Mas quanto a Heriberto, eu vou te falar uma só vez fique longe dele ou eu vou te estrangular com toda a força do ódio que tenho contra você! Você entendeu? — Balançou o colarinho da roupa dela e a soltou, afastando-se.

— Eu sabia que você gostava desse médico, mas olha só, que interessante... Está de quatro por ele. — Deu um risinho cínico tentando retomar o ritmo de sua respiração. — Tudo isso só por uma consulta inocente?

— Você foi longe demais! E você não me conhece, Bernarda, não sabe do que eu sou capaz e já ultrapassou todos os limites da provocação. Fique longe de Heriberto! — Ela nem sequer a escutava o ódio que tinha por ela lhe escapava pelos poros.

— É você quem não me conhece, Victoria. — Bernarda se aproximou dela sem se intimidar pelo ataque físico que ela lhe havia feito no início da visita. — Aquele homem vai terminar em minha cama, vai me foder com força, como nunca fodeu você... — A cara de Bernarda era de puro deboche e malícia

— Cale a boca, sua vagabunda! — Gritou Victoria ao ser capaz de imaginar com horror a cena descrita por Bernarda.

— E quando eu não aguentar mais de tanto gozar, porque saber que ele é seu homem vai aumentar muito meu tesão, — Bernarda ignorou a advertência de Victoria e continuou, sorrindo — aí eu vou te chamar porque eu quero ver a sua cara quando souber que o homem por quem você é louca de amor, me comeu como nunca comeu você!

Victoria se aproximou e segurou a cabeça de Bernarda por trás, pelos cabelos e disse intimidativa bem próxima do rosto dela por entre os dentes trancados:

— Se você ousar voltar a se aproximar dele, você morre! — Afirmou antes de soltar sua cabeça ao sentir sua mão latejar.

Bernarda não seu mexeu. O risinho no canto da boca demonstrava que a luta estava armada. Ela moveria céus e terra para fazer com que Heriberto se apaixonasse por ela, agora era uma questão de honra. E, se não acontecesse, não abria mão de conseguir uma noite de paixão com ele a qualquer preço.

Victoria saiu dali consciente do quanto a rival estava obstinada naquele objetivo e com medo. Medo de não saber lidar com os ciúmes e terminar estragando seu relacionamento porque não podia pensar, não podia suportar a simples ideia de que Bernarda chegasse perto de Heriberto, olhasse para ele com desejo, o tocasse...

***

— Heriberto ligou? — Indagou Victoria a Antonieta depois de beber a goladas a água que Lucy lhe havia servido antes de sair da sala.

— Não. — Respondeu a amiga estranhando a pergunta. — Eu pensei que você tivesse dormido com ele, você saiu daqui ontem dizendo que ia para o flat.

— Eu fui. Mas, nós brigamos e... — Victoria levantou os olhos e encarou Antonieta. Só nesse momento se deu conta de que ela própria estava trêmula, ainda não tinha superado as ameaças de Bernarda.

— Então você não dormiu lá? E por que, brigaram, Victoria? Vocês estavam tão bem desde que você decidiu não viajar. — Apesar de conhecer Victoria, Antonieta não entendia o que estava acontecendo.

— Eu dormi lá. Brigamos porque Bernarda foi vê-lo no hospital se fingindo de paciente e ele não me deixou sair para ir falar com ela.

— Fez ele muito bem. — Ponderou Antonieta. — Eu nem posso imaginar o que você faria se fosse ver aquela vaca depois disso que me contou.

— Sim, ontem eu não fui. Depois da briga, fizemos as pazes, transamos e terminamos a noite exaustos, mas hoje de manhã... — A calma nas palavras não condizia com o furacão que passava dentro de si.

— Victoria, você foi atrás dela? Por isso está preocupada se Heriberto ligou? — Antonieta se sentou de frente para ela e segurou sua mão.

— Bernarda quer me tirar o Heriberto, Antonieta. — Contou Victoria fragilizada. — Amiga, eu vou perdê-lo. 

***

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estranha Sensação" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.