The Collateral Beauty escrita por hrhbruna


Capítulo 3
02


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo pessoal :) é curtinho, mas eu queria deixar alguma coisa para o fds



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Lily assistiu com um aperto no coração enquanto seu filho ansiosamente olhava para a janela e esperava o sinal de alguma coruja. Ela sabia bem que daquela vez Harry não estava aflito para receber uma resposta se Ron poderia ir passar alguns dias na casa dele ou vice-versa, naquele verão tudo que Harry sabia falar era sobre seu padrinho.

Ela estava pondo a mesa, uma tarefa que era normalmente de seu filho, mas este se encontrava sentado ao lado da janela esperando a resposta de Sirius.

— Será que ele está bem? — Harry perguntou baixinho enquanto brincava com a comida.

— Eu aposto que sim. Sirius sabe se cuidar. — disse tentando demonstrar confiança, mas mesmo ela se fazia aquela pergunta todos os dias.

Ao encostar a cabeça no travesseiro, rezava para que Sirius estivesse bem e para que a perdoasse. Lily tinha certeza que Padfoot não teria muitos problemas com aquilo, ele não era do tipo rancoroso, e havia na carta que escreveu para Harry o dito para ‘transmitir lembranças’ a sua mãe.

Pelo que seu filho a contara, Sirius estava irreconhecível. Harry o descreveu como um homem sujo, com cabelos na altura dos cotovelos, dentes amarelos e um constante ar sombrio.

Lily podia imaginar que Sirius tinha mudado. Deuses, algum deles não tinha afinal?

Mas não podia deixar de pensar que o Sirius Black de 22 anos não tinha nada de sombrio, pelo contrário, ele sempre tinha um sorriso no rosto e uma piada pronta para fazer todos morrerem de rir. Ela se lembrava daquele Sirius de 22 anos com muita dor nos últimos 12, porque ela acreditara por todos aqueles anos que o homem que foi seu melhor amigo, padrinho de seu filho, tinha traído sua família.

— Então, você e Hermione vão ao teatro amanhã com os pais dela? — Lily disse com um sorriso significativo e tentando conduzir a conversa para um contexto diferente.

Harry corou terrivelmente e a suplicou para parar de sorrir daquele jeito. Ele tinha um enorme carinho pela melhor amiga, Lily estava ciente, mas ela tinha uma vaga esperança em si de que Harry algum dia começasse a ver Hermione de uma forma diferente de irmã.

— Eu não gosto de ‘Mione desse jeito. Estou cansado de lhe dizer. — Harry disse como se estivesse falando com uma criança.

— Oh. Perdoe sua mãe. — suspirou Lily enquanto enrolava o macarrão no garfo. — Eu sempre sonhei em ter uma filha e eu gosto de Hermione.

— Eu aposto que sim. — Harry brincou. — Vocês duas são iguaizinhas.

Lily sorriu com carinho ao pensar na nascida-trouxa. De fato, ela via muito de si em Hermione, mas ainda conseguia ver uma mente ainda mais afiada que a sua.

— Somos né? Ok... e quanto a Ginny Weasley? Pensei que ela tivesse uma queda por você.

—Mãe. — Harry franziu o cenho. — A maioria dos pais não estimula seu filho de treze anos a encontrar namoradas!

— Eu não sou uma mãe comum. Eu sou uma mãe legal. — Lily apontou mastigando um pouco de almôndega. — E não estou falando para vocês se beijarem ou coisa assim. Vocês podem só se contemplar se quiserem.

Harry achou graça, mas depois disso Lily já estava assustada demais com o pensamento de seu filho namorando. Eles terminaram a massa e comeram a sobremesa no sofá, de frente para a televisão, assistindo a um programa estúpido.

Depois do que aconteceu em Godric’s Hollow, Lily decidiu que apesar de criar o filho como bruxa, ela queria que Harry crescesse na parte trouxa de Londres. Eles se mudaram para uma casa simples, igual a tantas que eram espremidas numa rua larga e majoritariamente residencial.

Ficavam longe de turistas e da bagunça do centro, mas perto de praças e parques onde Harry poderia ter contato com outras crianças e se misturar entre elas.

Quando os primeiros sinais de magia apontaram, Lily percebeu que ela precisava imergir Harry mais na vida mágica. Ela o apresentou para Neville Longbotton e durante os primórdios da infância, os dois eram inseparáveis e chegaram a comemorar aniversários juntos.

Augusta Longbotton ficava sempre muito satisfeita em dizer que seu neto era melhor amigo do Menino-Que-Sobreviveu, mas Neville rapidamente perdeu o lugar para Ron Weasley quando Harry o conheceu no trem para Hogwarts.

Pensar no menino gordinho, filho de seus amigos queridos, a fez se lembrar que há um tempo ela não pagava uma visita a Alice e Frank. Se fosse sincera, Lily não se sentia bem ao visitar a garota que tinha sido sua melhor amiga na escola e ver que ela sequer a reconhecia.

As duas dividiram o mesmo dormitório por sete anos, trocaram segredos e confidências. Lily havia sido dama de honra no casamento dela com Frank e as duas até mesmo passaram a gestação inteira juntas, acompanhando a outra nas consultas quando James e Frank estavam em missão pela Ordem.

— Mãe, eu estava pensando que esse ano talvez devêssemos fazer alguma coisa mais íntima, em casa, para meu aniversário. — Harry disse com o semblante muito sério, como se de fato os dois estivessem tendo uma conversa de negócios.

Lily arqueou as sobrancelhas, silenciosamente. Ela não se lembrava de Harry já ter tido uma grande festa de aniversário, especialmente porque em primeiro lugar eles viviam num apartamento com espaço limitado, segundo porque Harry era um menino discreto – muito parecido com ela e muito diferente do pai naquele aspecto – então ele nunca pediu um grande aniversário.

— Mesmo? — respondeu, interessada em ver a que ponto Harry queria chegar.

Embora tivesse um leve pressentimento...

— Podíamos jantar juntos. — Harry continuou, ficando levemente ansioso. — Eu, você... de repente convidamos o Sirius também. O Remus.

Ela sentiu seu coração apertar ao ver a hesitação de Harry. Estava bastante claro que seu filho temia magoá-la, sendo que embora ele não tivesse crescido com uma figura paterna, jamais tinha lhe faltado amor, carinho, zelo e os bens que um pai “provedor” normalmente era incumbido na sociedade.

Entretanto, estava pelo menos bastante evidente para ela porque Harry queria tanto que os dois melhores amigos de seu pai convivessem com eles, especialmente Sirius – era porque ele queria sentir mais da presença de James.

Lily sabia que ela falhava naquilo. Ela ainda não conseguia falar de James sem a voz ficar embargada, ela não conseguia se lembrar das coisas que ele fazia, de seus hábitos, de sua voz e de seu cheiro sem cair em prantos.

Os primeiros anos foram tão difíceis. Ela olhava para seu filho dormir no berço, via todas aquelas correspondências chegarem e se perguntava que diabos iria fazer. Como iria administrar a fortuna que James lhes deixara? Ele não tinha a ensinado, ele pessoalmente ainda estava aprendendo já que o pai morrera há pouco mais de um ano.

            Fora isso, ela precisava ser mãe. Ela precisava tomar conta de Harry, mantê-lo seguro e longe das ameaças iminentes.

— Ah querido. Bem, certamente podemos convidá-los, mas eu não gostaria que você se antecipasse muito e criasse expectativas. — Lily disse com o rosto sereno e tranquilo. — Acho que você percebeu quão longe Sirius está.

— Ele poderia aparatar. — Harry respondeu com os olhos brilhando de antecipação.

— Ele não tem mais a varinha, filho. — Lily lembrou-o.

— Sirius não precisa da varinha para se transformar em cão. — Harry lembrou-a. — Alguns bruxos podem desaparatar sem a varinha. Ele me parece um bruxo bastante acima da média... como meu pai era

Lily suspirou e passou as mãos pelo rosto. Ter um adolescente em casa não era fácil.

Mas o que aconteceu antes mesmo que Lily o dissesse que poderiam enviar um convite, chamou mais sua atenção. Ela viu Harry levar a mão a cicatriz.

Lily sentiu os pelos em seu corpo arrepiarem. Ela viu Harry fazer aquilo algumas vezes enquanto era um bebê, mas pouquíssimas desde então. Naquele verão ele tinha esfregado a cicatriz pelo menos umas três vezes na sua frente.

— Está doendo? — perguntou nervosamente.

— Pinicando. — Harry respondeu. — Mas eu tenho certeza que não é nada demais.

Ele só se apressou a garantir aquilo a mãe porque a copa de quadribol seria dali alguns dias. Não queria que ela se preocupasse e nem que o privasse de ir.

Quando já passava das dez, eles disseram boa noite. Harry fechou a porta do quarto, como de costume, e Lily foi para o próprio dormitório. Eles dormiram quase instantaneamente, a mãe completamente alheia ao fato que o filho tinha sonhos significativos envolvendo um rato traidor e seu mestre.


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