Abstinência escrita por Carol McGarrett


Capítulo 2
02


Notas iniciais do capítulo

De volta com a continuação. Não vou dizer muita coisa para não estragar vindouras surpresas.
Tenham uma boa leitura!



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O caso não teve nenhum avanço, e quanto mais tarde ficava, menos esperanças eu tinha de que íamos conseguir solucioná-lo. Estava contando as horas para Jen voltar do Congresso, por três motivos.

Primeiro, eu precisava ter uma boa desculpa para deixar a equipe falando sozinha, ou eu ia despedir todos eles.

Segundo, ela tinha me prometido um copo de café. Talvez isso aliviaria os problemas com o primeiro ponto.

Terceiro, é ela, não eu, quem tem que aguentar o SECNAV respirando sob o pescoço. E, uma vez que ela não está aqui, ele resolveu que iria monitorar as investigações por ele mesmo. E, começo a entender os motivos dela ficar tão irritada quando ele começa a dar pitaco no trabalho dela. O cara é um verdadeiro pé no saco.

Estava procurando algo para me distrair enquanto a equipe (e SECNAV) vinham com as teorias mais absurdas sobre o caso, quando vi no canto da gaveta uma bala.

Eu detesto balas, e doces no geral, mas sei quem deixou essa aqui e me lembro exatamente do que ela falou: “Essa aqui vai ficar bem nesse canto, Marine, vai que um dia falta café, não é?” – E, dizendo isto, ela piscou para mim e saiu correndo.

Peguei a bala de café em minhas mãos e sorri com a lembrança. Definitivamente ela não tem jeito e, pelo visto sabia prever o futuro também.

Dei uma outra olhada no relógio. Eram quatro e meia da tarde, Jen tinha ido para o Capitólio às duas e meia. Duas horas deveriam ser suficientes para ela resolver tudo, mas enquanto ela não chegava com a nossa salvação, me contentei com a balinha de café. Não era a mesma coisa, mas era o que eu tinha no momento.

Quando a falação ficou além do suportável, resolvi tirar um tempo. Não tínhamos chegado a lugar nenhum e Ducky ainda estava fazendo as autópsias, o que provavelmente demoraria. Assim, me refugiei no elevador. Ou essa era minha ideia. Já que quando as portas se abriram, uma Jen ainda mais mal-humorada me encarou com olhos irados e narinas infladas.

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— Eu consigo sentir cheiro de café em você, Jethro. Onde você conseguiu um copo? – Eu perguntei enquanto o puxava para dentro da caixa de metal.

— Eu não tomei nenhum copo, Jen. Estava esperando você chegar com o que me foi prometido. – Ele disse de pronto.

Não acreditei nele. Olhei com atenção para o seu rosto. Não tinha nenhuma mancha de café, mas o cheiro estava ali.

— Eu procurei em todos os Starbucks e cafeterias que encontrei Jethro, café é item de luxo nessa cidade, nem no Capitólio tem. – Respondi a ele. E comecei a olhar dentro dos bolsos dele. Algo ali cheirava a café.

— Merda.  – Ele xingou. – Como vamos lidar com SECNAV agora?

— SECNAV?! – Levantei minha cabeça na direção dele. – Eu saio por duas horas e você consegue aprontar confusão com o Secretário da Marinha? Jethro?! Justo hoje?

— Eu não aprontei confusão nenhuma. Ele apareceu aqui querendo conversar com você. Como a Madame Diretora não estava aqui, ele resolveu se intrometer na minha investigação. – Ele respondeu ofendido, bem perto de mim.

Madame Diretora? Sério? – Eu estava a milímetros de seu rosto, uma tentação e tanto, mas também estava furiosa.

— Jen...

— Onde você conseguiu café? Eu posso cheirar café em você, Jethro, e não é o seu cheiro de costume. Onde? – Ele não me passaria para trás, eu estava a um mísero milímetro de começar uma briga com ele...

— Não é café, é uma bala de café! – Ele me respondeu.

— Ótimo. Serve. Onde está? – Eu perguntei e comecei a vasculhar seus bolsos novamente. Tinha que estar ali em algum lugar.

— Jen, o que você está fazendo? – Ele me perguntou surpreso.

— Como o que? Estou procurando a bala. – O que tinha demais em procurar uma mísera balinha de café nos bolsos do meu marido.

— Você está tentando tirar a minha roupa, Jen? – Ele tornou a me perguntar.

Levantei a minha cabeça em um átimo e o encarei, o que ele queria dizer com aquilo? 

— Não que eu ligue, mas estamos dentro do elevador. Qualquer um pode aparecer a qualquer minuto. – Ele deu de ombros.

Eu apertei o botão de emergência para parar a maldita coisa.

— Eu não estou tentando tirar a sua roupa, Jethro. – Disse. Apesar de que notei, tarde demais é verdade, que tinha praticamente arrancando o blazer dele e estava procurando com muito afinco o docinho nos bolsos de trás da calça dele – Eu quero a bala.

— Eu já comi. – Ele respondeu sem cerimônia.

— Você O QUE? – Como ele tinha feito isso comigo?

— Estava te esperando. E estava a um triz de arrancar a cabeça do Torres. Foi por pura prevenção...

— Tem quanto tempo? – Não liguei para os motivos dele. Ele ainda cheirava a café...

— Uns dez minutos... ou menos... eu não sabia que você já estava chegando. – Ele tentou se defender.

Se ele cheirava a café... talvez, só talvez... Eu teria que experimentar.

Agarrei seus ombros com força e o puxei para baixo, por conta da neve lá fora, fui obrigada a deixar meus saltos em casa e estava com uma bota baixa, o que deixava a nossa diferença de altura consideravelmente desfavorável ao meu favor, então, sem pedir, o beijei ali mesmo, dentro do elevador. E como eu suspeitava, ele ainda tinha o sabor de café na boca. E era tudo o que eu precisava.

Ele entendeu as minhas intenções erroneamente. Meu único desejo ali era provar um pouquinho do gosto do café que ainda estava na boca dele, graças à balinha que ele havia comido. Já Jethro parecia muito tentado em ter uma outra experiência dentro do elevador, e me agarrou com força, me espremendo entre ele e a parede de metal e me erguendo do chão, fazendo com que eu fosse obrigada a enroscar minhas pernas em torno da sua cintura. Confesso que não reclamei, nessa nova posição, eu poderia beijá-lo muito melhor e sentir todos os gostos de sua boca com muito mais facilidade.

Mas a minha alegria durou pouco, pelo menos para mim. Eu logo precisei de ar e tive que interromper um dos melhores beijos da minha vida. Ainda buscava por ar, quando ele passou a beijar minha clavícula.

— Você... você ainda tem gosto de café na boca. – Eu disse entre a minha respiração.

Ele parou o que estava fazendo. E me olhou espantado.

— Então, esse beijo? – Ele arqueou as sobrancelhas.

— Volta aqui. - Eu o puxei para mim, esperando ainda conseguir sentir o gosto do café e daquilo que eu considero puramente Jethro, novamente.

Mas ele resistiu, e sendo mais forte que eu, e estando em uma posição onde ele conseguia se mexer e me deixar presa pelo seu quadril, apenas afastou o rosto e me perguntou ceticamente:

Esse beijo, desse jeito, é só para você poder sentir o gosto do café? – Ele disse totalmente ofendido.

Olhando por esse lado, talvez tenha sido um pouco exagerado da minha parte... mas quem se importava?

— No começo sim... mas... acho que eu saí do controle. – Eu pude sentir as minhas bochechas queimarem quando ele colocou a situação desse jeito, bem na minha cara.

— Saiu do controle. Jen, você é realmente viciada em café! – Ele disse, tentando se afastar.

Enlacei minha perna na dele e o trouxe volta.

— Como se você não fosse. – Falei sedutoramente. – E você estaria a fazendo a mesma coisa se fosse ao contrário. E, só para constar, não é só em café que eu sou viciada. – Sussurrei de encontro ao seu lábio inferior e mordisquei o lugar.

Ele ponderou. Mas, não muito feliz por ter sido usado como meu meio mais próximo de ter um pouco de cafeína, conseguiu se soltar do meu abraço, e, chegando bem perto do meu ouvido apenas disse:

— Não enquanto estivermos no escritório, Jen.  – Ele jogou na minha cara a minha fala de horas atrás. - Além do mais, o seu chefe está atazanando a minha equipe, dê um jeito nele. – Ele me abaixou e cruzou os braços.

Enquanto eu tentava me fazer apresentável, e ele também, - É incrível a facilidade que nós dois temos de, rapidamente, conseguir tirar a roupa um do outro! -  o celular dele tocou.

Olhei o visor junto com ele, meramente curiosa. Era DiNozzo.

— Hora de voltar ao trabalho, Jen. Mesmo sem cafeína. – Ele deu um beijo em minha têmpora e me abraçou de lado.

— Quanto ainda falta para que possamos ir para casa? – Eu suspirei e enterrei minha cabeça em seu ombro.

— Com o seu chefe igual a um touro bravo respirando em nossos pescoços, muito tempo.

Ligamos o elevador, ele saltou no andar ele, e eu fui para o meu, além de estar com abstinência de cafeína, agora eu estava com abstinência de Jethro também.

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 Mal haviam se passado cinco minutos e Jen descia as escadas para conversar e convencer o Secretário da Marinha a nos deixar em paz. Quando o homem se recusou, vi que ela teve que usar todo o seu autocontrole para não mandá-lo embora aos chutes.

— Como eu te disse mais cedo, senhor, – ela disse levando-o em direção ao elevador. – assim que a equipe tiver qualquer novidade sobre o caso, eu te informarei pronta e pessoalmente. – Ela garantiu.

— Isso já está levando tempo demais. – SECNAV reclamou.

— É um caso de assassinato triplo, sem nenhuma pista ou evidência física. Posso te garantir, senhor, que a equipe está dando o máximo para que esse caso seja solucionado o mais rápido possível.

SECNAV grunhiu qualquer coisa que eu não entendi e, assim que as portas se fecharam, Jen se virou na direção onde estávamos, e, pela sua cara, era a nossa hora de receber um sermão.

— Por tudo o que há de mais sagrado, resolvam logo esse maldito caso. Ou eu sou bem capaz de matar o SECNAV com minhas mãos.

— É nisso que estamos trabalhando. – Tony disse de pronto.

Jen o encarou, creio que pensando se valia à pena se arriscar em bater atrás da cabeça de DiNozzo, e apenas soltou:

— Não. Vocês estão criando mil e uma teorias, mas ninguém aqui ainda conseguindo provar que alguma delas tem condições de ser o que realmente aconteceu dentro daquela fragata! – Jen soou triplamente mais irritada agora.

Estava vendo até onde a sorte de DiNozzo ia, e quando Jen iria finalmente sentar um tapa atrás da cabeça dele, Cynthia a chamou no escritório.

Ela lançou um último olhar raivoso em direção à equipe e pediu agilidade, para logo em seguida subir apressada para a sala do trono.

A equipe estava um tanto assustada com a explosão de Jen, fazia um bom tempo que ela não bancava a diretora sem coração, e, ao invés de recomeçarem a investigar, ficaram olhando, iguais a um bando de bobos, para a porta da sala dela.

— E aquele que não conseguir formular uma teoria e prova-la até amanhã de manhã, não terá mais emprego. – Ameacei a todos com um tom de voz pior do que Jen havia usado.

Foi o que bastou para que todos eles se sentassem e recomeçassem a investigar.

Como eu havia previsto para Jenny quando saí do elevador, o caso realmente se arrastou por horas. Eram sete da noite e nenhuma pista, tinha sido encontrada. O culpado realmente havia trabalhado duro para não deixar que o pegássemos. E, com a insistência de SECNAV para que o NCIS desse status de alta prioridade para este, até mesmo Jen resolveu descer para nos ajudar. E ela vinha comendo algo.

— Onde estão todos? – Ela perguntou com a boca cheia, entrando no meio das mesas e pegando a cadeira mais próxima para se sentar.

— Dei uma pausa para eles, quinze minutos para refrescarem a cabeça. – Respondi. – O que você está comendo?

— Você não vai acreditar no que eu achei caído no chão do meu carro mais cedo! – Ela disse um pouco mais feliz.

— O que foi? Um pacote de bala de café? – Tive que provocá-la.

— Não! Isso! – E ela me mostrou um enorme pacote de MM’s – Não é café, mas tem quase a mesma propriedade de me deixar mais animada. Quase. – Ela me garantiu.

Olhei para o pacote gigante de chocolate, será que valia a pena?

— Não vai pegar, não? Foi para isso que eu desci até aqui! – Ela perguntou.

Tomei o pacote de suas mãos e enchi a minha mão direita com muitas bolinhas coloridas.

— Vai ter que servir. – Murmurei enquanto mastigava o doce.

— Acredite em mim, - Jen começou – não é exatamente café, mas pelo menos não estamos privados de toda e qualquer coisa que tenha  poder de nos fazer ficar acordados e racionando sobre esse caso. – Ela virou a cadeira em direção à TV onde a ZNN transmitia as últimas notícias sobre o assassinato, e, aumentando como sempre faz, disse tinha um serial killer a solta. 

— Isso é pura mentira. Ducky não encontrou nenhum sinal que pudesse provar esses absurdos. – Ela gritou para a TV.

— Xingar a TV não vai te levar a nada. – Eu a adverti.

— Pelo menos a TV eu posso xingar, Jethro, sem perder o emprego, pois a única pessoa que eu realmente queria dar um belo tapa, não está aqui agora. – Ela se defendeu.

— SECNAV?

Ela deu uma gargalhada.

— É, ele. Ele se safou por pouco hoje...

— Vai ficar para ajudar? – Perguntei.

— Vou. Não aguento mais ficar enjaulada naquele escritório, aqueles relatórios podem esperar mais pouco, ninguém vai morrer por eles. – Ela deu de ombros.

 - Fique à vontade. Aqui estão os papeis com as informações. – Entreguei tudo que sabíamos sobre o caso até então.

— Tem algo de novo, que eu ainda não tenha escutado? – Ela me perguntou.

 - Para falar a verdade, não.

— Então... – ela tornou a encher a boca de MM’s. – Vai ser daqueles que ficam na mesa por dias. Não tem lógica Ducky não ter encontrado nada de estranho nos corpos.

— Abby ainda não terminou as análises do sangue. –  Tomei o pacote das mãos dela e comi mais um monte de chocolates.

— Vamos ter que esperar a Santa Abby para ver o que realmente aconteceu. – Ela se ajeitou na cadeira e colocou os pés na minha mesa, como ela fazia nos tempos de novata.

— Espero que você tenha alguma teoria sobre tudo isso. – Tentei tirar os pés dela da minha mesa, mas ela só me olhou feio.

— Talvez eu tenha, mas você não vai gostar. – Jen me garantiu.

— Sou todo ouvidos. – Imitei a posição dela e despejei os chocolates em cima da mesa entre nós.

— Isso não foi nada higiênico, Jethro. – Ela reclamou.

— A teoria, Jen. Quero ouvir.

— Queima de arquivo.

— Você só pode estar brincando, não é?

— Não. Eu vejo como uma possibilidade. O que mais não deixaria vestígios? E se quem os matou é extremamente habilidoso. Um tiro, de uma arma que não deixa ranhuras na bala. Sem sinais de luta. Sem nada. Isso foi assassino de aluguel. – Ela disse me apontando as fotos na TV.

— Ou sniper. – Dei uma outra possibilidade.

— Vocês, snipers, não preferem uma arma mais potente e agir de longe não? – Ela me olhou zombeteira.

— Sim.

— Não vejo como um atirador se meteu nisso. Tá com mais cara de alguém da CIA, MI6, Inteligência da Marinha...

— Faltou a KGB.

— Oficialmente ela não existe. – Ela me garantiu.

— Nem helicópteros pretos.

Ela buscou por mais um docinho.

— Jethro, cadê o chocolate???

— Como cadê? Eles estão...

Olhamos para a mesa, e tínhamos acabado de comer todo aquele pacote enorme de chocolates.

— Mas já? Não deu nem para sentir o gosto! – Ela reclamou.

— E, muito menos, falar que tem algo de parecido com café. – Olhei feio para ela.

— O que você queria? Não deve fazer efeito em você porque o seu nível de vício de cafeína já passou, em muito, do tolerável. – Jen me respondeu nervosa.

— Então aqui temos o roto falando do esfarrapado. Quem estava me beijando só para sentir gosto do café era você! – A acusei.

— Shhh. Fala mais baixo! Quer que o DiNozzo ou a Bishop espalhe para todo o prédio? – Ela calou a minha boca com a própria mão.

Dei um sorriso para ela, era tentador. Mas não valia a pena ter o falatório de todos os agentes por trás de nossas costas pelos próximos dois meses.

— Agora que o efeito do chocolate passou. Você tem mais alguma ideia, Diretora?

— Tenho. Que tal eu.... – E ela parou de falar quando ouvimos a equipe discutindo algo enquanto saiam do elevador.

— Mas eu estou te dizendo, Ellie. Se não for o Chefe vai ser a Diretora que vai matar alguém hoje. Você ouviu a Cynthia, a mulher está sem café. E o Gibbs também. E eu não quero ser a vítima dos dois! – Ouvimos a voz do DiNozzo.

— Quem sabe um não mata o outro? De vez em quando eles se pegam na briga, mesmo... – Torres completou.

Eu e Jen olhamos um para outro. Ela sorriu para mim, e se abaixou atrás da divisória, me levando junto para trás da escada. Era hora de saber qual era a última fofoca sobre nós.

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— Como vocês não perceberam que os dois, os dois estão a um ponto de explodirem? – Perguntei para os demais que estavam na cafeteria do outro lado da rua comigo.

— Tony, não seja tão... tão... como é mesmo a palavra, ah, sim, implicante. Você sabe como o Gibbs fica quando temos um caso sem pistas. – Minha adorada Ziva me respondeu.

— O Gibbs, sim. Mas a Diretora também? No mesmo dia? Só pode ter acontecido algo.

— E aconteceu, Tony. Um caso de homicídio triplo, com o SECNAV na cabeça da Diretora. Ponto só isso. – McObvio concordou com a ninja.

— Não é nada disso. – Cynthia surgiu atrás de nós. – Estão sem café, os dois. A Diretora está a ponto de matar alguém por isso.

— E como você sabe, oh, nossa adorada informante da Sala do Trono?

— Ela mesma saiu para comprar café mais cedo. E voltou sem. E mil vezes mais furiosa do que tinha saído. E depois, quando vocês chegaram de Norfolk, o Agente Gibbs foi na sala dela, e tudo o que eu pude escutar foram os dois reclamando da falta de café.

— Isso não vai ser nada bom.... – Ellie disse com a boca cheia.

— Nem tanto, é só não ficar na linha de tiro.  – Torres disse prático.

— E como eu fico longe da linha de tiro, Torres? – Cynthia perguntou com ar de poucos amigos.

— A Diretora nunca irá fazer mal você! – Todos falamos ao mesmo tempo.

— A Diretora não, mas já o Agente Gibbs... – Ela completou infeliz.

— Tenho um plano. – O Lorde Elfo começou.

— E eu já não gosto dele. – Ziva o cortou. – Nenhum plano que envolve o casal vinte do NCIS funciona. Eles sempre, sempre, descobrem antes da hora e acabam conosco.

— Mas esse é mais simples. – McGee continuou sem graça.

— E seria? – Juntei as minhas mãos e escutei o que McPuxa-Saco tinha a dizer.

— Culpem o SECNAV. Temos que direcionar o ódio dos dois para o Secretário.

— Isso não vai dar certo. – Cynthia disse.

— E por que não?- Torres perguntou.

— A Diretora já saiu com o SECNAV na cabeça hoje. Arranjem outro bode expiatório.

Todos, sem exceção olharam para mim.

— Acho que está na hora de voltarmos. – Troquei o rumo da conversa e fiz meu caminho para a saída.

Era só atravessar a rua, mas Ziva não deixou barato.

— Tony, você é o mais indicado. Os dois confiam em você. Usar você como isca da ira deles, em prol do benefício do restante da equipe é a melhor saída.

— Eu já disse que não!

— Mas Tony. Alguém tem que fazer um esforço para o bem da equipe. Não é você o Agente Sênior? – Ellie fez coro. Já dentro do elevador.

As portas se abriram em nosso andar.

— Mas eu estou te dizendo, Ellie. Se não for o Chefe vai ser a Diretora que vai matar alguém hoje. Você ouviu a Cynthia, a mulher está sem café. E o Gibbs também. E eu não quero ser a vítima dos dois!

— Quem sabe um não mata o outro? De vez em quando eles se pegam na briga, mesmo... – Torres completou.

— Mais fácil eles incendiarem o prédio todo do que um matar o outro. – Ziva completou.

— Então... como vamos fazer para que a ira e a falta de cafeína dos dois não recaia sobre nós? – Ellie disse parando perto das mesas.

Demos uma olhada em volta, nenhum sinal dos dois.

— Prendemos o Gibbs em algum lugar? – Torres disse.

Apenas o olhamos descrentes.

— Tudo bem, o Gibbs E a Diretora, na sala dela. Os dois que se entendam presos. – Ele continuou.

— E eu posso escrever a minha carta de demissão depois disso, porque a primeira pessoa que eles vão ver quando saírem de lá, será eu! – A fiel secretaria disse, se encaminhando para as escadas.

— É um péssimo plano, Torres. Enjaular o Gibbs não é uma boa ideia, nunca. Enjaular um Gibbs sem café e do lado da Diretora igualmente sem café, mais fácil você pedir para morrer antes que eles te encontrem.— Ziva falou se sentando na sua mesa. – Porque eles vão te encontrar e vão te matar, com resquícios de crueldade. – Ela terminou sombria.

Ouvimos Cynthia abrir a porta da sala dela, ao que parece os dois não estavam a vista mesmo. Ou assim eu pensava, porque em menos de dez segundos, o Chefe apareceu bem atrás de mim, fazendo os meus fieis amigos se encolherem atrás de suas mesas.

— Oi Chefe.... estamos de volta para achar a solução do caso. – Eu falei enquanto esfregava a parte de trás da minha cabeça. Acho que todo o prédio ouviu esse tapa, um indicativo que, pelo menos, Gibbs havia escutado o plano do Torres.

— A Diretora vai se juntar a nós para resolvermos esse caso. – O Chefe anunciou, e foi só aí que eu notei, ela estava parada bem ao lado dele, com uma cara tão fechada quanto, um claro sinal de que também tinha escutado o plano.

Toda a equipe iria ser demitida hoje.


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Notas finais do capítulo

Jennifer Shepard sem cafeína é um perigo!! Particularmente falando, a cena do elevador é a minha cena favorita, aliás foi pensando em uma cena assim que nasceu essa história!
E aí, vocês têm alguma teoria maluca antes que eu chegue com o último capítulo??
Obrigada por lerem, e até o próximo e último capítulo!
xoxo



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