Drunk in Love escrita por Anacchan


Capítulo 1
Capítulo Único




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Maldita hora em que resolvi deixar esse idiota beber.

— Hana-chan, como ele é pesado! — Kazuya reclamava, enquanto me ajudava a carregar Teppei escada a cima.

— Fica quieto e continua carregando! — eu disse, forçando aquele corpo desnecessariamente enorme a continuar subindo. Ao menos conseguia se manter de pé.

               O corredor estreito dificultava ainda mais a passagem, considerando que nenhum de nós é pequeno e os degraus, por conta do peso extra, pareciam a cada momento ficarem mais altos. Que ótimo fim de noite, não?

— Makoto... — ele sussurrou pausadamente e baixo, como se pegasse um fôlego. — Vamos pra casa... Eu quero deitar...

— É o que estamos tentando, idiota. — suspirou fundo, sentindo ele se apoiar mais em meus ombros, como se tentasse, completamente em vão, nos ajudar a continuar subindo.

— Tá quase acabando. — ouvi Kazuya dizer, em meio a suspiros cansados.

— Você tá sendo otimista, né? Falta um lance ainda.

— Já falta um lance. — corrigiu o outro, frisando a primeira palavra. — Não seja pessimista, Hana-chan!

— Tsc...

— Me deixem aqui. — Kiyoshi disse, parecendo começar aos poucos a não se segurar mais.

— De jeito nenhum! Estamos no meio da escada! — o forcei para cima, apoiando melhor. — Vamos terminar.

— Makoto... — ele resmungou, fechando os olhos e apoiando a cabeça em meu ombro.

               Eu nunca mais o deixo beber assim em uma festa, definitivamente...

***

Após alguns longos minutos da trajetória pela escada, eu e Kazuya conseguimos dar banho naquele exagero de homem e colocá-lo na cama. Um bêbado teimoso, mas nada que eu não conseguisse dar jeito. Claro... as coisas não saíram lá muito bem como eu pensei que sairiam durante nossa Odisseia trazendo Kiyoshi para casa. Seu tamanho era equivalente à sua estupidez, coisa que tornou ainda mais difícil o trajeto. Na rua, onde pode ter acontecido de escorregarmos umas três vezes num gramado e devido ao peso daquele corpo enorme, caímos. Veja bem, “pode ter”. Não que ele precise saber disso amanhã, não é mesmo? Melhor até verificar os resquícios de grama que tinha visto em suas costas.

Enfim, a parte dos lances de escada foi complicada. O arrependimento de não ter procurado um apartamento num prédio com elevador bateu tão forte em minha bunda que atualmente não sei dizer se essa dor que estou sentindo foi do tombo ou dele.

Ao terminar essa cansativa luta contra a escada e seus imensos degraus, pensando que a batalha estava vencida, acabamos esquecendo completamente de uma parte crucial: Teppei precisava de um banho. Eu nunca pensei que isso seria uma tarefa tão complicada e que aquele ser doce e lerdo por natureza poderia ser tão teimoso enquanto bêbado. Resumindo a ópera: o banho saiu, juntamente com uma porta do box quebrada. Como aconteceu eu ainda não sei, mas ele vai dar um jeito nela quando estiver em condições.

— Tem certeza de que não quer ficar aqui? — perguntei, vendo Kazuya se ajeitar para ir para casa.

— Sim. — ele sorriu. — Hiro-chan está me esperando, he,he.

— Entendi. — eu ri, já sabendo do que aquilo se tratava.

— Qualquer coisa, pode me ligar. — ele seguiu para a porta. — Volto aqui correndo.

— Tudo bem. — afirmei com a cabeça, o acompanhando até a porta.

— Boa noite, Hana-chan. — ele saiu, acenando.

— Kazuya. — chamei, vendo-o virar para mim.

— Hum?

— Obrigado.

               O rapaz pareceu assustado no começo, porém, logo abriu um sorriso e se virou para seguir para as escadas, me deixando sozinho na porta do meu apartamento. Suspirei pesadamente. Kiyoshi provavelmente já devia estar dormindo. Bom, seria muita sorte se realmente estivesse.

Rumei para o nosso quarto, onde o corpo enorme semi-morto do meu companheiro descansava, jogado em nossa cama de qualquer forma. Levei minhas mãos a testa e suspirei. Seria outra missão difícil conseguir me encaixar naquele colchão, porém, o menor dos meus problemas daquela noite.

— Makoto. — ouvi a voz de Teppei, levemente abafada pelo travesseiro. — Makoto, você tá aí?

— Sim. — falei, me aproximando da cama e me sentando próximo ao outro, que se virou para mim, me olhando. — O que foi?

— Makoto. — a voz evidentemente embriagada chamou de novo, como se eu não tivesse atendido nem mesmo a primeira vez, enquanto ele se aproximava. — Makoto.

— O que é? — eu olhei, já perdendo o pouco de paciência residente em meu ser. — O que foi?

— Makoto, a gente precisa casar! — ele se levantou num pulo, como se nem mesmo tivesse ingerido sequer uma gosta de álcool, elétrico, me deixando complemente assustado. — Você aceita casar comigo?!

— Teppei... o q... De onde tirou isso?!

— Eu não sei! — Teppei agora parecia um pouco agitado, ainda falando de forma embolada. — Eu olho pra você, eu vejo seus olhos, seu corpo, escuto sua voz e só consigo ficar cada vez mais apaixonado! Eu preciso casar com você, Makoto! Por favor! Aceita casar comigo?

— Mas, Teppei, já somos casados! — expliquei, recebendo um olhar bêbado e assustado de cachorro triste. — Há dois anos!

— Sério? — ele me viu assentir, abrindo um sorriso enorme e estúpido, exalando uma felicidade que eu nunca havia visto antes. — Sério que somos casados?!

— Sim, idiota.

— Meu Deus! — exclamou um pouco alto, completamente animado e surpreso, me puxando para um abraço desajeitado e cheirando a álcool. — Eu tenho muita sorte!

— Considerando que estou a um passo de te dar um soco na cara, eu acho que não. — respondi com dificuldade, devido ao aperto do outro. — Me solta.

— Eu te amo tanto, Makoto. — ele me apertou mais. — Estava o caminho inteiro pensando em como te pediria em casamento! Mas, eu não sabia que já estávamos casados! Eu tenho muita sorte!

— Você está bêbado, Teppei. — falei, me soltando do aperto. — É melhor descansar, antes que eu te bata.

— Você não faria isso. — riu de um jeito bem bêbado, fechando os olhos devagar. — Já somos casados... Como eu sou sortudo... — suspirou, devaneando e sorrindo bobo.

— Tsc... — desviei o olhar, sentindo meu rosto queimar com aquelas declarações absurdas.

               Por que você precisa ser assim, Teppei Kiyoshi? Por que tem que falar essas coisas constrangedores e sem sentido tão naturalmente, idiota? Por que me deixa assim, mesmo após tantos anos? Acho que nunca terei resposta para essas perguntas...

— Makoto. — ele me chamou de novo, se aproximando. — Makoto... Dorme comigo.

— Você é um bêbado muito teimoso e carente. — comentei, cedendo ao corpo dele que se aproximava.

— Quero sua companhia.

— Seu cheiro de álcool me faz querer dormir sozinho. — respondi com uma careta, fazendo ele rir.

               A noite seguiu assim. Mesmo bêbado, ele demorou certo tempo para conseguir pregar os olhos, tempo este que gastou metade perguntando se realmente nos casamos e falando o quanto ele queria realmente casar comigo, se não fôssemos. Não conseguia evitar suspirar pela estupidez. Ficou bêbado ao ponto de se esquecer até mesmo sobre o nosso relacionamento. Olhei para o seu rosto, já havia pegado no sono e parecia tranquilo, com os lábios repuxados num sorriso terno. Acabei por acompanhá-lo daquela forma, sentindo o calor de um homem que jamais pensei que pudesse me acolher de tal forma. Mesmo que me irritando quase que em tempo integral, no final... talvez o sortudo tenha sido eu.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler! ♥



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