No Scrubs escrita por Pinkie Bye


Capítulo 1
Único; I don't want no scrubs


Notas iniciais do capítulo

— Fanfic para o desafio de one-shots “O que não te satisfaz”, que é sobre escrever uma fanfic sobre um casal que você não shipa.
— Casal escolhido: BBTerra (Mutano/Garfield Logan e Terra/Tara Markov);

***

Tradução do nome da fanfic: Nenhum babaca.
Tradução do título do capítulo: Eu não quero nenhum babaca

***

Bom, olá pessoas!
Sempre quis participar de um desafio e fiquei tão feliz por ter conseguido escrever essa one em um mês, foi um trabalho muito árduo que valeu a pena o resultado. Queria agradecer a Barbara e a Evelly pelo apoio que me deram ♥.
Bem, fazia tanto tempo que eu não escrevia algo sobre os Titãs e conversando com a Barbara me lembrei da época que eu lia e até me arriscava em escrever fanfics deles e aproveitando que a segunda temporada da série estreia em Setembro agora, resolvi voltar aos velhos tempos e escrever uma one-short deles para esse desafio.
O casal é BBTerra e eu não os shippo por achar eles forçados e superficiais demais, principalmente na séria animada de 2003. Tipo o Garfield acaba de conhecer ela e já morre de amores? Gente! Definitivamente não é assim que o amor funciona, demora um tempo, talvez muito tempo, até você ter certeza que está apaixonada de verdade, pelo menos é assim que eu penso, não acredito em amor à primeira vista, para mim isso que ele sentiu foi no máximo uma paixão, ele nem conhecia ela direito! E nas HQs os shippo muito menos, lá ela só usou ele e os outros demais Titãs porque estava do lado do Slade, traiu a confiança deles e ainda tinha relações sexuais com o Exterminador (e também por causa dessa traição que eu sempre a odiei durante minha infância).

Enfim... Quero que saibam que eu dei o meu melhor e eu espero sinceramente que vocês gostem dessa one-short ♥.



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No Scrubs

Capítulo único — I don't want no scrubs

 

Já era Sábado, sete horas da noite e eu ainda estava naquela situação deplorável, jogado no sofá como um perdedor há dois dias sem tomar banho. O motivo disso tudo? Simples, Ela possuía nome e sobrenome, Rachel Roth. Há quase uma semana ela terminou nosso relacionamento de um ano e meio comigo, disse que não estávamos mais tendo a mesma sintonia e que ela estava apaixonada por outra pessoa. Aquilo para mim foi como se tivessem tirado meu chão, atirado em meu peito, eu já tinha feito tantas coisas por ela, me preocupado tanto com ela, que o baque não foi outro, não saio mais de casa desde aquele dia, só saiu para ir para faculdade para não prejudicar meu desempenho.

Durante essa semana fiquei me perguntando se eu havia feito algo de errado. Será que eu tinha exagerado na bebida no nosso último rolê de novo? Tinha forçado a barra mais uma vez nas minhas piadinhas na última prova que ela fez e não teve uma nota muito boa? Falei demais quando eu deveria ter ficado quieto? Ou ela realmente se cansou de mim? Bom, não tenho coragem para perguntar isso a ela.

Ouvi uma risada alta vindo da porta da sala, era Kory Anders, minha colega de apartamento e minha melhor amiga, junto com o namorado dela, Richard — Dick — John Grayson que também era um grande amigo meu. Eles tinham acabado de voltar do supermercado e aparentemente, pelas roupas desarrumadas e cabelos levemente bagunçados, tinham se pegado no carro do Grayson uns minutos antes de entrar.

— Você me faz tão bem amor. — ela disse abraçando ele e selando seus lábios. Olhei para aquela cena com uma sobrancelha arqueada. Aquilo realmente era sério? Ficar de vela no meu próprio apartamento?!

— Eu estou atrapalhando o casalzinho aí? — perguntei me sentando no sofá.

— Aah oi amigo Garfield, nem tinha visto você aí.

— Eu acabei percebendo.

Richard olhou para minha situação com seus olhos azuis de cima a baixo. Eu estava com o cabelo todo embaraçado, camisa toda suja e com a barba suja de Doritos, sem contar que eu provavelmente não estava com um cheiro lá muito agradável, já que eu estava em greve de banho.

— Meu Deus! O que aconteceu com você, Logan? — ele lançou a pergunta com uma cara misturada de nojo e preocupação.

— Ressaca de Rachel. — respondi simplista com um sorriso fraco.

— Amigo você não pode ficar assim nesse estado pra sempre, você sempre foi tão animado e otimista, vamos levantar esse astral aí! — Kory falou se sentando do meu lado.

— Levantar astral? Como se eu estou no fundo do poço! A Rae me abandonou sem pensar nos meus sentimentos! — cruzei os braços.

— Digamos que isso é uma espécie de Lei do Retorno. — Richard se pronunciou se sentando ao lado de Kory. — Gar, você foi um babaca e partiu corações de meninas durante anos, agora você está levando o troco. Tudo que vai, volta. — completou com um sorrisinho, soltei um grunhido.

— Richard! — Kory olhou para ele com um olhar de reprovação. — Não tá ajudando!

— Desculpa aí, minha princesa, mas o que ele fez de mal para os outros um dia ou outro iria voltar para ele, principalmente com a Markov aquela vez...

Levantei bufando e fui para o meu quarto.

— Viu o que você fez?! — ouvi Kory indagar, brava, para Dick.

Tranquei a porta e me atirei na cama.

Tara Markov... Uma das minhas ex-namoradas, um dos meus casos mais sérios. Conheci ela no primeiro ano do Ensino Médio, antes de começarmos a namorar sério no final do Segundo ano, já havíamos ficado algumas vezes. Eu sentia que ela me completava e acho que ela sentia o mesmo. Todavia nossa relação não tinha terminado muito bem, eu não sei o que aconteceu, porém eu acabei me cansando dela, seus beijos eram bons, porém eu queria descobrir bocas diferentes, gostos diferentes.

Eu lembro que o fim de nossa história começou quando ela me flagrou aos beijos com outra aluna de nossa sala, Andrea Romero, atrás das cortinas do Palco de Teatro e eu deixei escapar que eu não a traí somente naquele momento, também teve a Jane, a Suzie, a Megan e a Scarlett, e não deu outra, ela deu um tapa forte na minha cara, disse que me odiava, me chamou de idiota e que não queria me ver nunca mais.

Tara não chegava a ser popular, porém era bem falada e respeitada por todos e era como uma espécie de irmã mais nova para Richard na época, eles se conheciam desde o primário. Depois do nosso término do relacionamento de seis meses, ela nos evitava no corredor, inclusive ele e no final do terceiro ano mudou-se de escola e acabou perdendo o contato de vez com Dick. Ele ficou mega furioso comigo e está com um pé atrás comigo desde então.

— Idiota! Garfield Idiota! — Gritei contra o travesseiro. Fiquei naquela posição na cama por um tempo até que acabei pegando no sono.  

Eu estava deitado de bruços com o travesseiro em cima da cabeça quando senti jogarem algo sobre mim, tirei o travesseiro e vi uma toalha sobre mim e quem havia jogado era Dick.

— Você não tem casa não mano? — demandei me sentando na cama. Ele passava mais tempo aqui do que na casa dele, parecia até que ele morava aqui também.

— Anda Garfield, pare de drama, você não é assim! Eu e Kory vamos sair daqui trinta minutos, vá tomar banho, você irá com a gente.

— Obrigado, mas passo. Não tenho interesse.

— Garfield, a Rachel era legal, mas se não deu certo, não deu cacete! Aposto que ela não iria querer te ver nessa situação por causa dela. Bola pra frente. E você não irá morrer por causa disso. — eu olhava para o chão enquanto ouvia-o. — E cara você é incrível e eu não estou falando isso só porque somos amigos há tempos. — nós dois rimos.

 — Você meio que tem razão. — concordei olhando para ele.

Lembrei que antigamente ele não era conselheiro e muito menos ajudava a levantar a autoestima dos outros daquela maneira e sim era um garoto rico, egocêntrico e sem amigos. Kory realmente o mudou.

— Para onde vocês querem me arrastar?

— Pra uma festa ué! — replicou simplista. — Vai ser legal, com várias gatinhas do jeito que você gosta. — foi até a porta e se retirou do quarto.

— Não tenho nada a perder mesmo. — murmurei e caminhei, com preguiça, até o banheiro.

Vinte minutos e eu já estava de banho tomado, vestindo uma camisa de linho azul com um blazer vinho por cima, uma bermuda jeans branca, sapatênis marrom e cheirando a perfume Kaiak. Cabelo arrumado e bem lavado.

— Achei que você não iria. — Kory manifestou-se assim que cheguei na sala. — Que bom que irá conosco!

 Ela vestia um vestido rosa colado ao seu corpo, tomara que caía que batia até suas coxas. Calçava saltos altos igualmente rosas.  Seus longos cabelos ruivos e ondulados estavam soltos e usava uma maquiagem que realçava ainda mais seus olhos esmeraldinos.

— Se não desse uma pequena pressão, ele continuaria trancado no quarto se remoendo. — Dick comentou.

Ele vestia uma camiseta polo branca com uma calça jeans padrão. Sapato preto social e cabelo abaixado com gel.

— Realmente... — cocei a nuca. — Mas aonde vai ser essa festa?

— Na chácara do West, um colega de faculdade meu.

— Mas será que eu devo ir? Eu nem sequer conheço esse cara, brô.

— Relaxa cara, o Wally não liga para essas coisas, quanto mais gente nas festas dele melhor, ele não se importa se são conhecidas ou não, a festa bombando e tendo um bom reconhecimento é o que basta.

Wally West, ele era muito reconhecido em toda faculdade por suas festas que eram maravilhosas e que coisas inesquecíveis sempre aconteciam ali. — Será que algo assim poderia acontecer naquela noite?

— Tudo bem.

Descemos e pagamos nossas motos. Kory subiu na garupa da moto de Dick e eu fui sozinho. Segui Dick até a chácara e mano, lá tinha muita gente, muita gente mesmo e estava cheio de gatinhas!

A chácara era enorme e cheia de árvores ao redor da festa — o que eu adorava — além de estar muito bem iluminada com luzes verdes e amarelas. A piscina era gigante e possuía uma cascata.

— Dick Grayson, Kory Anders e companhia. — um rapaz ruivo se aproximou de nós, ele vestia uma camisa florida e uma bermuda larga. Ele olhou para cada um de nós enquanto se pronunciava.

— Olá Wally. — Dick respondeu apertando sua mão e batendo em suas costas.

Então aquele era o tão famoso Wally West? Achei que ele seria mais do estilo mauricinho, afinal era podre de rico.

Kory também o cumprimentou, abraçando-o. Para mim ele apenas balançou a cabeça e eu fiz o mesmo.

Uma mulher de cabelos que batiam nos ombros e da cor rosa chegou abraçando ele e lhe dando um selinho. Era Lucky, a namorada de Wally. Ela cumprimentou Kory e Dick abraçando-os e apenas disse um “oi” para mim.

— Boa festa para vocês! — o ruivo falou saindo acompanhado da mulher.

— Obrigado. — Dick agradeceu. — Bom, Gar, eu e a Kory aqui vamos lá dentro, você vem com a gente?

— Não, vou ficar aqui, sabe paquerar um pouco. — Caso eu conseguisse, já que Rachel se negava a sair de minha cabeça.

— Tudo bem. Até depois. — falado isso, eles se foram.

Várias pessoas ao meu redor dançavam com os copos cheios de bebidas alcoólicas nas mãos. Fiquei procurando o bar, descobri que se encontrava dentro da casa. A música do lado de fora estava alta, do lado de dentro estava o dobro do lado de fora, já que a mesa do DJ estava instalada perto dos sofás. Pedi uma batida de bombeirinho e fui para o meio da galera dançar um pouco.

Não fazia nem muito tempo que eu havia chegado quando uma mulher de cabelos longos e pretos se aproximou de mim. Começou a dançar junto comigo, na minha frente. Balançava seus longos cabelos com a mão e olhava fixamente para o meu rosto. Num momento da música que era mais coladinha, ela entrelaçou os braços no meu pescoço e sussurrou no meu ouvido:

— Estado civil e orientação sexual?

— Solteiro e Hétero. — respondi mordendo o lábio inferior. Ela me puxou para os sofás e começamos a nos pegar loucamente. O mesmo se repetiu mais duas outras meninas, uma ruiva e outra cacheada.

Me despedi com calor da última mulher com quem tinha ficado, estava indo pedir mais uma batida quando A Vi...

Eu reconheceria aqueles longos cabelos lisos e loiros de longe. Aquela cintura fina. Os olhos azuis turquesas. Ela caía tão bem naquele vestido azul de alças que batia em seus joelhos... Mas que porra! O que a Tara estava fazendo aqui?! Fazia anos que não a via desde Aquele Dia...

Tentei passar por ela sem que ela me percebesse.

— Garfield Logan?  

Droga! Ela tinha me visto!

— Que coincidência encontrar você por aqui.

— Tara, quanto tempo. — comentei com um falso sorriso.

— Né. — ela deu um risinho. — Você ainda mora aqui?

— Sim.

— Eu me mudei há cinco anos para Gotham City no fim do Ensino Médio, mas sempre nessa época do ano, quando tô de férias da ‘facul, eu venho aqui visitar meus pais. Tô no meu quinto ano de medicina.

— Legal Tara. Tô no meu último ano de Biologia, depois vou seguir para campo da Genética.

— Olha, tenho um futuro Geneticista aqui na minha frente. Pelo visto vai seguir os passos de seus pais.

— Eles pegaram demais no meu pé para eu começar uma graduação, e como desde pequeno gostava do trabalho deles, resolvi seguir o mesmo caminho deles. Mas vou confessar é muito forçado.

— Você vai conseguir, é esforçado, quando quer, mas é. — ela riu baixinho. Eu fiquei quieto. Ficamos assim durante um tempo, de frente um para o outro, em silêncio. — Que tal sentarmos para conversar?

— É uma boa ideia. — concordei meio a contragosto e sentamos de frente ao bar.

Eu ofereci uma bebida para ela, dizendo que eu ia pagar, ela negou, já que ela estava dirigindo. Não precisava ser um gênio para ver que ela era mais responsável do que eu.

Ela me contou sobre como era à faculdade, como Gotham era grande e seu período de adaptação quando se mudou para lá. Também relatou sobre as diversas amizades que fez por lá e que agora ela tinha uma nova melhor amiga — que antigamente eram Kory e Rachel —, o nome dela era Barbara Gordon e elas viviam grudadas, ambas faziam o mesmo curso. Ela dizia que Barbara era uma ótima amiga que sempre a fazia sorrir mesmo nos seus piores momentos.

Depois foi quando chegou à parte mais chata, quando eu tive a brilhante ideia de fazer uma pergunta tão comum, que dependendo do estado atual da pessoa, pode machucar e/ou fazer lembrá-la de algo que estava tentando esquecer.

— Está namorando alguém? — indaguei, ela engoliu em seco e olhou para o lado, sem graça. — Não é necessário responder se não quiser. Não queria falar nada demais. — tentei me corrigir ao ver seu constrangimento.

— Não, tudo bem, eu respondo. — se endireitou na cadeira. — Eu estava até dois meses atrás com um lindo rapaz chamado Garth Lennes. Um descendente de asiáticos, surfista e estudante de Biologia Marinha. 22 anos. Nós já estávamos juntos há quase três anos — seus olhos se encheram de lágrimas. — Tudo estava indo bem, até... Até...

— Até...?

— Até eu pegar ele com outra mulher na nossa cama. — apertou os braços. — Naquele dia, eu havia voltado duas horas mais cedo do trabalho por conta do feriado do dia seguinte, não o avisei, queria fazer uma surpresa e no final quem foi surpreendida fui eu. — uma lágrima escorreu de seus olhos, todavia logo a loira a limpou.

— Eu sinto muito por isso... — coloquei minha mão em suas costas.

— Eu não quero nenhum babaca. Pelo menos não mais. — dirigiu seu olhar fixo para mim. — Eu devo ter um dedo podre para homens, primeiro você que me traiu e agora Garth que cometeu uma traição bem no momento que mais precisei e confiei nele. — desviou os olhos rapidamente para o lado na intenção de disfarçar e enxugar depressa mais lágrimas que escorriam.

— Você conhecia a mulher? — a loira ficou em silêncio. — Desculpe se eu parecer invasivo, você fala se quiser. — Tara continuou quieta por mais um tempinho até suspirar fundo.

— Karen Beecher. Está no segundo ano de Física. Estuda no mesmo período que ele. É negra, cabelo black power e muito bonita! Eles se conhecem desde a infância e sempre foram inseparáveis, uma vez ouvi atrás da porta a própria mãe dele falando com a mãe dela que não acreditava que a relação deles nunca tenha passado de uma simples amizade. Eu sempre senti ciúmes, mas não queria demonstrar, conversar com ele sobre isso, não queria fazer o papel da namorada louca ciumenta. Talvez tenha sido minha culpa nosso relacionamento acabar. — bufou pesadamente. Também bufei.

— Eu entendo como deve estar se sentindo, hoje fez uma semana que a minha até então namorada terminou comigo alegando que estava gostando de outra pessoa. Eu sempre a via conversando muito com Damian Wayne, que por pura coincidência, é irmão mais novo do meu melhor amigo, eu sempre vi aquele pivete cantando ela e ela rindo das cantadas dele. Não sei o que eu fiz de errado para ela desistir de mim e preferir ficar com aquele piralho.

— A culpa não foi sua, Garfield. — ela colocou sua mão sobre a minha. — Você é incrível! Nós dois somos.

— Sim, a culpa também não foi sua, e também, perdão a palavra, mas Garth era realmente um babaca, por conseguir viver sem o seu amor.

— Bom, Gar você não pode falar muito, já que também já fez a mesma coisa comigo uma vez.

— Mas nós éramos adolescentes.

— Não importa, ainda era uma traição, também me machucou. — me encarrou séria e eu senti um aperto no coração, pois ela tinha razão, eu era tão monstro, tão culpado quando esse tal de Lennes naquela época. Nessa semana eu senti na pele o que eu provoquei nas garotas durante a adolescência, esse coração partido que dói até o fundo da alma, essa sensação de ter sido insuficiente. Como o Dick disse, agora estava recebendo o troco.

— Mas eu te perdoei, todo mundo erra e todos merecem uma segunda chance. — acrescentou e me olhou de uma maneira mais profunda, senti como se ela pudesse me ler por dentro, fez carinho em minha mão e a outra que estava livre pousou em minha bochecha. Seus olhos estavam embasados por algumas lágrimas. Se aproximou um pouco mais e colou nossos lábios num beijo calmo. Eu retribuí abraçando sua cintura. Perdi a noção do tempo enquanto sentia aqueles seus doces lábios, que nem tinha me tocado do quanto sentia falta, sobre os meus.

Nossa pegação continuou por um bom tempo, ambos estávamos matando saudade da boca um do outro. Rimos quando nos separamos pela falta de ar.

 Ela se levantou de repente e eu a olhei com interrogação. A danadinha pegou minha mão e me puxou, correndo, até a piscina e pulou. Resultado? Nós dois caímos nela com roupa e tudo. O salto foi tão repentino e fundo que a água espirrou nas beiradas da piscina e molhou as pessoas que estavam ao redor da mesma, teve algumas que ficaram muito putas, mostraram o dedo do meio e amaldiçoaram até os nossos futuros tataranetos, entretanto nem demos bola.

— Você é louca. — comentei rindo e voltamos a nos beijar.

Logo, depois de uma meia hora, ela teve a ideia de irmos ao apartamento dela. Fomos na minha moto, foi Tara quem dirigiu já que era a única de nós dois que estava sã. Descobri que ela veio de carona com algumas amigas.

Chegamos ao apartamento dela aos beijos, ela destrancou a porta e depois que entramos eu fechei-a com o pé. Tínhamos que fazer silêncio já passará da meia-noite e os vizinhos estavam dormindo. Voltamos a nos beijar, ela subiu no meu colo e abraçou minha cintura com suas pernas. Os capacetes em minha mão caíram no chão.

A prensei contra a parede aprofundando o beijo, seus lábios eram quentes e macios. Minhas mãos deslizavam por seu corpo até chegar a suas pernas e eu pude levemente apertá-las. Meus lábios deslizaram até chegar a seu pescoço a mostra, com isso ela começou a soltar gemidos abafados. Senti suas delicadas mãos em meus cabelos e eles sendo puxados e alguns fios sendo arrancados, no entanto não chegou a fazer minúsculas trilhas em minha cabeça. Sentia que meu corpo estava em puro êxtase.

Nos separamos e ficamos nos encarando, ela mordia seu lábio inferior e podia sentir chamas em seu olhar. Por um segundo lembrei-me dos olhos violetas e misteriosos de Rachel... Sua timidez, as covinhas que formavam em suas bochechas sempre que tentávamos fazer alguma coisa... Cada dia com ela era uma descoberta diferente, Rae era a luz do fim do túnel, o tesouro inalcançável que um pirata demora a vida inteira para alcançar e quando o alcança não consegue desvendar seu mistério e a cada dia é uma descoberta nova e memorável. Que droga Rachel!

Markov inclinou a cabeça para a direita, virei para lá e vi a porta de seu quarto entreaberta. Entendi seu recado assim que voltou a me beijar com urgência. Uma de minhas mãos subiu sua coxa e foi até seu longo e sedoso cabelo. De início estranhei, estava tão acostumado aos cabelos curtos e ondulados de Rae... Meu coração apertou e eu comecei a me sentir novamente confuso, o quão mau caráter eu estava sendo com aqueles pensamentos; Eu estava com Tara para fingir que ela era Rachel ou eu estava com ela para sentir novamente a nostalgia de um velho amor adolescente?

A peguei no colo e a deitei delicadamente na cama. Não pude deixar de perceber uma foto de um certo asiático de cabelos longos com um troféu de natação em mãos em sua mesa de cabeceira, do lado dela, uma outra foto, essa com os dois abraçados, de noite e a Torre Eiffel iluminada de fundo; um imã de geladeira em formato de coração escrito “I Love You” numa fonte bonitinha e com corações ao redor era o que grudava a foto ao suporte de metal.

Talvez ela também estivesse comigo para suprir a falta que ele fazia dentro dela, talvez ela também estivesse me usando afinal de contas. Não chegamos a falar nada apenas juntamos nossos lábios novamente.

Era um profundo desejo de consumo de nós dois. Parecíamos que queimávamos por dentro, eu necessitava fazê-la novamente minha, era algo maior do que eu. Todavia eu não podia negar a mim mesmo o óbvio, nós estávamos sendo tão egoístas com o nosso falso carinho.

Era difícil respirar com ela debaixo das cobertas. Retirei aos poucos seu vestido e sutiã, ela também fez o mesmo com minha camisa de linho. Apenas seguimos nossos instintos, suprimos a falta de carinho e atenção das pessoas que queríamos. Dois seres solitários se tornaram um. Dois corações partidos se juntaram naquela noite e ela foi longa, precisa e inesquecível para nós dois.

Eu acordei cedo no outro dia, ela estava do meu lado, coberta dos pés a cabeça, deitada de lado sorrindo enquanto dormia, esbocei um sorriso. Me levantei devagar, coloquei minha roupa, peguei meus capacetes que estavam jogados na sala e saí do apartamento.

Pus meu capacete e amarrei o reserva na parte do passageiro. Montei na moto, contudo antes de dar partida eu mandei uma mensagem para Tara. 

[08:00] Eu já fui embora, não se preocupe comigo.

De volta ao apartamento, Kory e Dick, que como sempre havia dormido na minha casa, estavam assistindo TV. Kory assim que me viu foi me receber com um forte abraço e estava super animada querendo saber como tinha sido minha noite, querendo saber se eu tinha encontrado alguém. Respondi que sim, no entanto não citei quem foi à garota, ainda mais com Dick ao seu lado, que apesar de nossa amizade de anos, não perdia uma oportunidade de me chamar de irresponsável, e as provocações só piorariam se descobrisse que a Markov estava envolvida em tudo isso.

— Bom, conseguiu sanar a dor pelo menos? — questionou Richard.

— Talvez partes dela.  — respondi com um breve sorriso. Esquecer um velho amor não era uma tarefa tão fácil quanto ele imaginava.

No meu quarto, joguei-me na minha cama. No celular havia uma mensagem dela.

[08:30] Tara: Eu amei nossa noite ♥.

Sorri de lado e corei um pouco ao ler mentalmente sua resposta.

O restante do dia foi tudo muito monótono, como todo Domingo costumava ser. Kory tinha saído no começo da tarde com Dick e só voltaria amanhã cedo. Aproveitei o silêncio da casa e decidi dar foco ao meu TCC, para adiantar algumas coisas.

Graças a noite anterior a frequência de Rachel em minha cabeça tinha diminuído, igualmente como a dor que me incomodava até ontem no meu peito. Entretanto ao mesmo tempo eu me sentia um pouco mal por ter sido usado por Tara e sujo por também ter feito o mesmo com ela. 

No comecinho da noite, quando acabei de tomar meu banho, uma mensagem apareceu em meu celular.

[19:30] Tara: Eu preciso de você.

Poderia vir até aqui?

Visualizei-a pela barra de notificações e sorri ao lê-la. Me arrumei, penteei meu cabelo, passei novamente o perfume Kaiak e quando fui pegar minhas chaves que estavam em cima da rack da sala me bateu a indecisão. 

Estava em dúvida se deveria ir me encontrar de novo com ela essa noite, medo de voltar a agir como o monstro destruidor de corações que só usava as meninas que eu era há dois anos, no entanto nossa noite me fez tão bem e senti que teve o mesmo efeito nela e eu admito que fiquei feliz ao ler sua mensagem...

Sem receio peguei a chave, com um pouco de peso na consciência, porém decidi deixar minha racionalidade para lá.  

Rachel era perfeita para mim, não obstante Tara também podia voltar a ser...


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