Meu Zorro escrita por Dri Viana


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo neste dia para trazer a vocês esta oneshot.

Quem não gosta de 'ver' a Sara com ciúmes do Grissom?

Boa leitura e divirtam-se.



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Quando Grissom colocou o chapéu preto e viu seu reflexo no espelho da porta do guarda-roupa, suspirou feito aqueles garotos descontentes com a roupa escolhida a dedo pela mãe. Sentia-se ridículo naquele traje todo escuro com direito a capa e máscara. E para piorar, ainda tinha aquela calça lhe apertando em lugares que ele não gostava. Mas aquele vestuário era por uma causa era nobre.

Uma festa a fantasia onde o valor cobrado pelos ingressos de entrada somado ao valor arrecadado no leilão que ocorreria no evento, seriam doados para o hospital que tratava de crianças com câncer.

A causa até podia ser nobre, entretanto, o supervisor não se sentia nada à vontade fantasiando-se de super-herói. Isso combinava mais com Greg, Warrick, Nick e o restante do pessoal do laboratório que em sua grande maioria eram jovens, o que não era o caso dele, um sujeito de meia idade.

Havia comprado o ingresso da festa só para ajudar, pois não tinha a menor pretensão de comparecer ao evento. Mas sua linda e esperta namorada acabou se aproveitando de um momento em que ele estava totalmente vulnerável e a sua completa mercê, para lhe ‘induzir’ a aceitar ir àquela festa.

’Gris...’’

‘’Sim...‘’, ele conseguiu resmungar enquanto era consumido por um prazer indescritível proporcionado por sua namorada à medida que ela ia acelerando sua cavalgada sobre ele.

‘’Adoraria que fosse a festa a fantasia.‘’

‘’Sara esse não é um bom momento pra falar disso.‘’

Para ela era. Sara desejava bastante que Grissom fosse ao evento, inclusive, já tinha em mente sua fantasia caso ele aceitasse a sugestão que ela tinha a lhe dar.

‘’Por favor, vai!’’, reduzindo o ritmo de seus movimentos, Sara insistiu naquele pedido. "Vai ser divertido.", segurou nos pulsos do namorado e os ergueu acima de sua cabeça grisalha, que descansava ao travesseiro macio da cama dela, para logo depois beijar seus lábios. Tudo para seduzi-lo, ou melhor, induzi—lo a ceder.

‘’Querida, eu vou ficar ridículo fantasiado de super-herói.‘’

Aquela sua resposta a fez imediatamente parar os movimentos e isso desesperou o supervisor que já estava na iminência de chegar ao clímax.

‘’Não, não pare, por favor!’’, implorou, tentando se desvencilhar das mãos dela que o prendiam.

‘’Tenho certeza de que não ficará ridículo coisa alguma.’’

‘’Sara...‘’, sob ela, ele tentou se mexer para incitá—la a fazer o mesmo, mas para o desespero de Grissom isso não aconteceu. "Vamos, querida, continue isso é judiação."

Ela quase cedeu ao riso por seu desespero, mas ao invés disso, se manteve parada e ainda jogou mais duro com seu namorado.

‘’Então diz que vai a festa e eu continuo, Griss!‘’

"Ah, Cristo!"

Sara sabia que estava apelando demais com ele, mas era seu último recurso. Sua última cartada , na verdade, de convencê—lo a ir àquele evento. A festa estava marcada para dali a dois dias e ainda precisava comprar a fantasia dele caso conseguisse dobrar seu namorado. A sua ela já tinha comprado dias antes e na mesma loja também já viu a dele.

‘’Tudo bem, eu vou... eu vou! Mas, por favor, continue o que estava fazendo.‘’

Agora cá estava ele em frente ao espelho, fantasiado de Zorro e sentindo-se o mais ridículo dos seres humanos!

Sara... Sara... Só você para me colocar nessa situação!

Ela era sua perdição. O tinha nas mãos e sabia disso. Tanto que usava de todo o seu encanto para convencê-lo do quê quer que fosse. O convenceu não só de ir a festa, como também de usar àquela fantasia. 

"Sara o Zorro não tem barba e olhos azuis.", ele rebateu quando ela lhe mostrou na loja a fantasia que adoraria ver nele.

"Mas amanhã ele passará a ter, oras!", ela sorriu feito uma menina levada e com malícia completou em um tom baixo só para ele ouvir: "E ainda será o Zorro... Mais bonito e gostoso de todos."

A reação dele foi instantaneamente de arregalar os olhos e a dela de rir dele.

— É, vamos lá, Zorro. - Grissom disse ao seu reflexo.

Da cama apanhou o celular e a carteira. Com sua capa preta esvoaçante saiu do quarto, mas antes desligou a luz. Enquanto vinha pelo corredor, ligou para o celular de sua namorada para avisar que estava saindo e a encontraria na festa. Ela não quis de jeito nenhum se arrumar ali. Vinha fazendo mistério quanto a sua fantasia, algo que só deixou o supervisor curioso para vê-la.

Assim que finalizou a ligação que durou dois minutos apenas, Grissom saiu do apartamento e trancou a porta.

***

O conhecido salão de festa era amplo o suficiente para ter um palco, pista de dança com jogos de luzes psicodélicos, barzinho e área externa.Várias mesas estavam dispostas pela extensão do salão até próximo à pista de dança.

Grissom, involuntariamente sorriu ao entrar ali. Parecia até que estava dentro de uma convenção cinematográfica com todos aqueles inúmeros heróis e vilões que via circulando pelo local. Eram vários rostos conhecidos, alguns escondidos atrás de máscaras outros não; caracterizados com capas, colãs ou roupas dos mais variados super-heróis ou vilões.

Em meio aos vários personagens acomodados em diferentes mesas, o supervisor conseguiu com certa dificuldade identificar seu pessoal por entre aquele povo fantasiado. O grupo, exceto Sara, estava reunido em torno de duas mesas unidas. Tão logo os avistou o supervisor foi até eles.

Chegando a mesa ele foi cumprimentado por um empolgado Superman (Greg), o Lanterna verde (Warrick), o Batman (Nick), a Mulher gato (Catherine), Doutor Estranho (Hodges), o mágico Mandrake (Dr. Robbins), Luke Skywalker (Dave) e o único vilão do grupo Jigsaw (Jim).

— Vilão, Jim? - indagou Grissom ao se acomodar na cadeira vazia ao lado do capitão.

— Pois é. Quis ir na contramão da maioria.

— Puxa com tantos heróis em alta, o Zorro seria o último que achei que escolheria pra você, chefinho. – brincou Greg aos risos, mas imediatamente o jovem parou de rir ao receber um olhar nada amistoso de Grissom. - É... Quer dizer... Hum... Boa escolha essa sua chefe. Combinou bem essa fantasia com você! ... Aí, eu vou buscar uma bebida pra mim lá no bar. Já volto, pessoal.

O CSI mais jovem encarnou o personagem que estava vestido e saiu rápido como uma bala dali, causando risada nos demais que ficaram.

— Basta um olhar seu atravessado para o Greg se pelar de medo, Grissom. - Nick não perdeu a chance de brincar.

— Mas, eu devo concordar com o Sanders, que realmente de todos os heróis em alta com as recentes produções cinematográficas, não achava que você optaria por um que estava em baixa como o caso do Zorro. - Catherine opinou antes de saborear um gole de seu drinque Pink Baby feito com Gim, groselha e suco de lima-da-pérsia.

— Quando pequeno eu gostava bastante deste herói. - inventou para justificar aquela escolha, já que não podia contar a verdade posto que seu romance com Sara era segredo até para os amigos do casal. Mas mal ele sabia que certo capitão andava desconfiando fortemente do romance entre supervisor e subordinada, depois de vê-los se despendido em um clima bem suspeito no estacionamento do laboratório semanas atrás.

— Ah, eu também estou vestido do meu herói preferido. - Nick revelou com empolgação.

Um garçom parou oferecendo de sua bandeja alguns tipos de bebidas ao grupo, apenas Grissom pegou um copo com uísque, pois os demais estavam todos ainda com seus copos 'abastecidos'.

Assim que o garçom se foi, uma voz bem conhecida ressoou atrás do supervisor.

— Grissom é você?

O supervisor e os demais viraram o rosto para a dona da voz. Era Sofia caracterizada como a versão loira da Viúva Negra, vestindo um macacão de couro bem justo, com gola em V e de mangas longas.

— Eu mesmo, Sofia.

— Oi, pessoal. - ela cumprimentou os demais. - Você ficou muito bem nessa fantasia. - a detetive abriu um sorriso enorme e tocou o ombro do supervisor com certa intimidade, que faria Sara não se agradar nada. Ela morria de ciúmes de Sofia.

— Obrigado. Você também está ótima.

— Obrigada!... Será que posso me juntar a vocês?

O pessoal concordou sem problemas. E para o azar de Grissom, a detetive loira se sentou, justamente, na cadeira vazia de Greg situada entre Catherine e Grissom.

— Sofia quase eu vinha fantasiada desta personagem. Ainda bem que não vim, senão seríamos duas vestidas assim. - contou Catherine aos risos e fazendo a outra mulher rir também.

O grupo logo engatou em um papo sobre a festa. Quieto na sua, Grissom apenas escutava a falação enquanto volta e meia lançava um olhar à porta de entrada do salão na esperança de ver sua namorada aparecer e acabar de vez com sua curiosidade a respeito de qual personagem ela havia se fantasiado.

— Você sempre mais na sua né? - quis saber Sofia se aproximando o bastante do supervisor para se fazer escutar pelo mesmo, já que a música ambiente estava alta.

— Sim!

— Está apreciando a festa com essa temática?

— Não muito.

Ele não era de badalações e a fantasia, menos ainda. Adoraria estar em sua casa com Sara assistindo algum filme ou série. Mas estava ali e pior, sem sua namorada, que sequer ainda havia dado o ar de sua graça no evento.

Por que está demorando Sara?

— Já eu estou adorando. Viu que tem até pista de dança aqui?

Ele olhou para Sofia temendo aonde ela queria chegar com aquela fala.

— É, eu vi!

Não me faça convite algum!

— Podemos depois dançar uma música?

Ela tomou a liberdade de tocar sua coxa e ele ficou petrificado com aquela sua mão atrevida. Olhou discretamente para os demais a mesa e a grande maioria estava mais entretida em suas conversas paralelas. Mas Catherine e Jim os espreitavam descaradamente e a julgar pelo sorriso que ambos exibiam disfarçadamente, ele podia apostar que os dois tinham visto a ação ousada de Sofia.

— O que me diz Grissom?

O leve aperto que Sofia desferiu em sua coxa, fez o supervisor voltar a focar sua atenção assustada na detetive.

Graças ao retorno de Greg que chamou a atenção de Sofia ao elogiá-la com aquela fantasia, Grissom viu a detetive largar sua coxa e foi salvo de ser indelicado com a loira ao recusar sua proposta.

Felizmente, depois de falar com Greg, Sofia não cobrou por uma resposta sua a proposta feita, o que Grissom agradeceu imensamente.

Os minutos foram passando e nada de Sara chegar, algo que começava a impacientar e também preocupar Grissom. Pelas suas contas desde que ligou para ela, já dava muito bem para sua namorada ter chego ali.

— Calma, amigo! Sua super heroína logo chega!

Com rapidez, ele virou o pescoço na direção do capitão, que havia cochichado aquilo.

— Minha super heroína?? Eu não sei de quem está falando.

Grissom viu seu amigo capitão sorrir balançando a cabeça antes de bebericar uma dose do seu uísque.

Ao lado do supervisor, Sofia lhe observava sem ter noção do que ele e o capitão tanto cochichavam, já que a música ambiente estava alta.

O supervisor nem imaginava, mas a detetive veio a festa decidida a conquistar Grissom caso ele também viesse ao evento. De hoje aquele homem não lhe escapava!

Já fazia semanas que viera trabalhar ali e desde que chegou, encantou-se por ele. Só que o homem era arredio e vivia fugindo de suas investidas e convites para tomarem café juntos depois do trabalho. Só que aquela noite Sofia estava disposta a quebrar a resistência do supervisor charmoso e com sorte, quem sabe, até não acordasse amanhã ao seu lado.

Grissom arriscou uma nova olhada despretenciosa à porta e foi então, que ele viu sua namorada surgir caracterizada igual a mais recente Mulher maravilha do filme que eles assistiram semanas atrás em um canal de TV fechado.

Seu coração pulou de alegria ao passear os olhos nela lindamente vestida como aquela personagem. A justa blusa tomara-que-caia na cor vinho que parecia em couro sintético, moldava com perfeição sua silhueta esbelta; a saia azul que devia ser também em couro sintético batia no meio de suas coxas; os cabelos estavam soltos e enfeitados com uma tiara; nos pulsos braceletes dourados; e para terminar de compor o visual botas. Ela estava sem dúvida alguma, a Mulher maravilha mais linda que seus olhos já viram.

Escutou quando alguém do grupo a mesa notou que ela havia chego e comentou com todos ali, mas ele não ousou tirar os olhos da heroína dona de seu coração. Ela então os avistou de longe e veio na direção deles.

Quando por fim ela encostou a mesa a primeira coisa que notou, foi Sofia sentada ao lado de Grissom e não gostou nada de ver a detetive ali, mas disfarçou. TEVE que disfarçar, já que havia muitas outras pessoas por perto.

Cumprimentou os amigos e foi elogiada por todos por sua fantasia, inclusive por seu namorado que foi comedido nas palavras em virtude da presença do pessoal ali. O que não se pode dizer o mesmo de Greg. O CSI mais novo foi o que mais teceu elogios saidinhos e rasgados a perita, despertando ciúmes em Grissom.

— Sara nada de sair de perto de mim, viu mocinha? Não quero ter que usar minha super força espantando outros heróis.

— Até parece, Greg.

A risada foi geral a mesa, até mesmo Grissom não se conteve e sorriu.

***

Catherine reclamava ao seu lado sobre o novo namorado de Lindsey não aparentar ser boa pessoa, mas Sara estava mais interessada em prestar atenção em Sofia acomodada do outro lado de Willows e junto de Grissom, MUITO junto.

A namorada do supervisor já estava começando a se irritar com a detetive loira. Sofia não só tentava monopolizar a atenção de Grissom para si, como também volta e meia se inclinava para bem perto do supervisor a fim de lhe cochichar sabe se lá o quê ao ouvido. Menos mal que Sara era capaz de notar o desagrado do namorado toda vez que a detetive se aproximava perigosamente dele.

— Sara!

Ela se virou assustada para Catherine que chamou o seu nome alto e bem rente ao ouvido da morena.

— Ai, Catherine! O que foi?

— Eu que te pergunto isso. - a loira riu por conta do susto da amiga. - Você nem estava prestando atenção em mim e no que eu dizia.

— Desculpa é que...

— Estava só de olho no Grissom com a Sofia que eu vi. - com o dedo indicador a loira apontou seu próprio olho direito e sorriu.

Totalmente sem graça Sara esboçou um sorriso. Pensou em dizer algo, mas Catherine foi mais rápida.

— Sabe que eu acho que vai rolar algo entre eles. - cochichou a loira.

Sara detestou ouvir tal comentário da amiga. Mas ainda sim não deixou de indagar:

— Vai é?!... Por que acha isso?

— Ah, é que antes de você chegar, eles já estavam de papinho ao pé do ouvido e houve até um momento em que vi quando ela colocou a mão na coxa dele.

A namorado do supervisor quase engasgou-se com o ar diante do que ouviu. Grissom não daria tamanha liberdade a Sofia ou daria?

— Você tem certeza disso? Será que não viu errado, Cath? - Sara lançou um olhar sério na direção de Grissom e Sofia. Flagrou a detetive mais uma vez perto, MUITO perto do supervisor, quase esfregando na cara dele o decote V de seu macacão.

Abusada!

— Claro que tenho certeza, Sara. Ele ficou todo errado com a mão boba da Sofia. E quer saber? Até torço pra rolar algo. Ele bem merece ter uma vida fora do laboratório.

E ele tem!, Ela sentiu vontade de dizer, mas não podia.

Precisava falar com seu namorado o quanto antes e tirar aquela história à limpo de Sofia tocar sua perna. Detestou saber dessa história. Como ele permite que algo assim aconteça? Tinha que dar um jeito de falar a sós com ele. Mas como faria isso? Foi então que ela teve uma ideia.

— Catherine, eu preciso ir ao toalete, sabe onde fica? - cochichou para a amiga.

— Sei. Te levo.

— Não é preciso. - Sara disse rapidamente. Se sua amiga loira fosse ia estragar seu plano. - Eu gosto de ir sozinha ao banheiro. Só me explica como chegar lá.

— Tá bem.

***

Já tinha quase uns três minutos que ela estava impaciente na varanda, escondida em um canto, mais precisamente atrás de um vaso de palmeira grande, quando ouviu seu nome ser chamado de maneira hesitante por seu namorado.

— Aqui atrás. - com a mão direita ela sinalizou detrás da planta.

Grissom prontamente foi até lá.

— Oi! - ele a cumprimentou, sorrindo e fez menção de lhe beijar.

— Nem pensar. - Sara brecou sua intenção colocando a mão na boca dele e impedindo seu beijo. - E pode começar a explicar como você deixa a Sofia tocar sua perna?

Os olhos azuis do supervisor se arregalaram em surpresa atrás da máscara preta. Não foi difícil de ele deduzir como Sara soube da mão boba de Sofia.

— Catherine te contou!

Ela apenas balançou a cabeça de maneira afirmativa.

Grissom quis voltar até a mesa e dar uma bela bronca em sua amiga por ter aberto a boca e contado aquilo, justamente, para a namorada dele.

— Estou esperando sua explicação Gilbert!

Quando ela lhe chamava pelo primeiro nome era porque ela estava irritada e ele, possivelmente, encrencado.

— Sara, ela me pegou desprevenido. Não sei o que está havendo com a Sofia.

— Sério que não sabe? - ela questionou em tom irônico e cruzou os braços. - Nem desconfia? Porque eu sim. Ela está querendo te conquistar, Grissom.

Ele bem sabia disso. Não era bobo, ainda que às vezes se fizesse, como tentou segundos atrás. Contudo, fez questão de deixar bem claro para sua namorada a opinião que tinha quanto as intenções de conquista da detetive.

— Mas eu não estou nenhum pouco interessado em ser conquistado por ela ou qualquer outra. Até porque já fui conquistado há muito tempo... Por você, Sara. Agora que tal parar de brigar comigo por causa da Sofia? - ele pediu com uma voz branda e ajeitando uma mecha castanha do cabelo de Sara que estava tapando uma parte de seu rosto.

— Eu não gostei nada dela ter te tocado. - ela afirmou menos irritada que antes.

— E saiba que nem eu. Foi estranho e desconsertante. - ele viu Sara suspirar e fechar os olhos. - Você ficou linda nessa fantasia. - de perto ela estava mais linda ainda vestida daquela personagem. E só de pensar, que aquela super heroína forte, linda e ciumenta era só dele, seu coração entrava em festa.

— Está querendo me comprar com elogios? - ela o encarou fingindo seriedade.

— Não. Mas estou pensando se com um beijo eu consigo isso.

Ela apertou os lábios um contra o outro. A raiva já havia evaporado.

— Por que não tenta pra descobrir, Zorro! - retrucou a perita.

Ambos sorriram e Grissom logo já acatava a sugestão da namorada dando-lhe um beijo demorado o suficiente para fazê-los perder o fôlego.

— Vamos embora daqui? - sussurrou o supervisor após o beijo.

— E o pedido do prefeito?

O sujeito havia passado na mesa deles alguns momentos atrás convocando o supervisor para falar algumas palavras antes do leilão.

— Esqueci!

— Acho melhor voltarmos ou vão desconfiar da gente. - ela avisou, deslizando o polegar pelos lábios dele para limpar o batom que acabou sendo transferido para ele por conta do beijo.

— É, vamos.

— Eu vou primeiro e depois você vai. Mas antes... - Sara fez uma pausa e só após aproximar bem seu rosto ao de Grissom, prosseguiu na fala: - Eu quero que você tome uma providência com relação a Sofia... Ou eu tomo!

Ela sorriu, bicou os lábios dele com um selinho e saiu dali de onde estavam como se não tivesse dito nada de mais.

Grissom ficou estático diante da ameaça. Será que sua namorada chegaria a tanto?

— Melhor não pagar pra vê!

Dois minutos após a saída de Sara, Grissom também saiu dali para seguir de volta a mesa. Chegou lá e só encontrou Dave, Sara, Jim e Albert rindo de algo.

— Posso saber qual é a piada? - perguntou enquanto se acomodava ao lado da namorada, que estava sentada perto do capitão Brass. Agradeceu ao fato de Sofia não estar ali.

— Hogdes dançando que nem um boneco de posto! - apontou com discrição Brass na direção do técnico de laboratório que dançava (ou tentava isso) na companhia de Wendy.

Grissom lançou um olhar a pista de dança e encontrou não só Hogdes como os demais dali da mesa exceto Sofia, dançando uma música eletrônica. Do grupo Hodges era o mais desengonçado. O supervisor sentiu até pena da parceria de dança de Hodges.

— É por isso que não me arrisco em dançar. Para não pagar esse mico. - Dave foi quem comentou e os demais riram.

— Eu já passei da idade de dançar esse tipo de música. Uma lenta ainda vai, mas esse som agitado não é pra mim  - foi a vez de Brass opinar.

O grupo ficou a se divertir observando os demais dançando. Era engraçado ver aquele pessoal todo fantasiado dançando. Em determinado momento as músicas agitadas deram lugar a baladinhas mais lentas. E foi, justamente, nessa ocasião que Sofia apareceu, e já foi logo convidando Grissom para uma dança. O supervisor tentou sair da saía justa, já que Sara estava ao seu lado lhe fuzilando com o olhar. Ele alegou que não gostava de dançar. Mas Sofia não lhe dava ouvidos e insistia. Talvez faltasse pouco para ela começar a implorar. Foi então que Grissom lembrou da ameaça de Sara e resolveu aceitar o convite da detetive, pois assim teria a chance de falar com ela e dar um basta naquela situação toda.

Ele viu a alegria de Sofia quando cedeu ao seu pedido. E viu o desentendimento misturado a ira no olhar da namorada. Sabia que mais uma vez tinha se encrencado com ela. Mas depois explicaria a sua amada porque de aceitar o convite da outra mulher. Agora só queria pôr um fim naquele flerte todo. Deixar claro a Sofia que não estava interessado em romances, porque já vivia um às escondidas.

Mas assim que chegaram a pista de dança e Sofia agarrou seu pescoço e colou seu corpo ao dele, Grissom concluiu que foi uma péssima ideia ter essa conversa com Sofia enquanto dançavam. Meio sem jeito segurou na cintura dela e começaram a se mover no ritmo lento da música.

— Você dança bem!

— Obrigado. Você também.

Por cima dos ombros dela, ele pode ver a cara nada boa de Sara e outra vez, se arrependeu de ter cedido ao pedido da detetive. Mas agora já foi! Só precisava falar logo e acabar com aquilo ali, antes que lhe traga mais encrenca com sua namorada.

— Sofia, eu sei o que você está fazendo.

— Dançando com você. - ela sorriu enquanto seu olhar encarava o do supervisor.

— Não me refiro a isso.

— A quê então?

A pergunta dela lhe fez pensar por um segundo que talvez tivesse interpretado errado as intenções da detetive. Será que ela não estava tentando lhe conquistar como Sara observou?

— Grissom não vai me responder?

— É que não sei como dizer isso, sem ser interpretado como grosseiro e constranger você.

— Pode falar, sem problema o quê quer que seja. - com um sorriso, ela o incentivou e tomou a liberdade de aproximar seu rosto perigosamente do dele, deixando apenas uns centímetros de distância entre eles.

De sua mesa a vontade de Sara ao ver tal cena foi de levantar e ir embora, mas se conteve. Grissom não tinha nada que dançar com aquela mulher. O que ele tem na cabeça?

— Quer dançar, querida?

Ela virou o rosto para o capitão ao seu lado.

— Aceite meu convite como uma espécie de ajuda para livrar seu super-herói das garras da viúva negra. - o capitão cochichou com um sorriso brincalhão.

As desconfianças dele sobre aqueles dois se tornaram certeza diante das evidências que eles deixaram escapar aos seus olhos astutos. A cara abobalhada de Grissom quando viu Sara, foi nítida para Jim; bem como o ciúme da perita diante da proximidade de Sofia de Grissom tanto quando estavam ali na mesa, como agora que dançavam; e para fechar, o que acabou de vez com as dúvidas: ter visto os dois ainda pouco se beijando atrás de uma planta na varanda.

O casal nem desconfiava, mas pouco depois que Grissom saiu para ir encontrar Sara na varanda após receber um SMS dela, o capitão foi atrás dele para confirmar suas suspeitas de vez. E foi o que aconteceu diante da cena que viu.

— Como você...

— Vocês não são tão discretos quanto pensam, querida.

Ela arregalou os olhos com aquela resposta. O que mais seu namorado e ela prezavam, era pela discrição. E ouvir que eles não eram discretos sendo que vinham escondendo aquela relação há dois anos, foi um susto. 

— Não querem compartilhar conosco aqui o que tanto cochicham aí? - Albert chamou a atenção deles.

— Nada de mais, doutor, apenas estou chamando a Sara para dançar. Vamos lá, querida.

Ela aceitou de bom grado o convite e seguiu com o amigo capitão até a pista. Logo nos primeiros passos da dança, Sara não tirou os olhos de seu namorado e Sofia que pareciam conversar sobre algo.

— Há quanto tempo você e aquele velho marujo estão juntos? - quis saber o capitão após terem inciado a dança deles.

— Há dois anos.

Jim se surpreendeu com a resposta. Não achou que aquele relacionamento já tivesse tanto tempo assim. No máximo imaginou que fosse algo recente e de poucos meses. Agora anos? Jamais!

— Espero que ele venha cuidando muito bem de você, porque senão terá que se ver comigo.

Ela já ia responder ao capitão quando viu uma cena bem desagradável. Sofia tentando beijar Grissom.

Pois era agora que ia mostrar para essa imitação barata da espiã russa, Natasha Romanov, que o super-herói que ela estava tentando beijar, já tinha dona.

— Jim, você disse que ia me ajudar a livrar o Grissom das garras da viúva negra. Então vem aqui comigo.

Sem dar oportunidade ao capitão de pronunciar um A que fosse, Sara o puxou rumo ao encontro de Grissom e Sofia.

— Sofia, me ouve. Eu... - Grissom tentava com delicadeza afastar Sofia e evitar o beijo que ela queria lhe dar. A mulher não queria lhe ouvir e do nada veio com essa de beijá-lo.

— Com licença. - Sara chamou a atenção dos dois, que olharam para ela na hora. Enquanto Sofia demonstrava certo desagrado pelo surgimento da perita morena, Grissom estava aliviado e ao mesmo tempo preocupado. - Sofia, querida, me empresta aqui o seu parceiro de dança e fica com o meu.

Quando Sofia pensou em rechaçar aquela proposta, Sara já havia tomado seu lugar nos braços de Grissom e iniciava uma dança lenta com ele.

— Vamos lá dançar, Sofia? - propôs Jim vendo a detetive observar o supervisor dançando com Sara.

Sem outra alternativa a loira aceitou nada satisfeita o convite do capitão. Mas não havia perdido a esperança de ainda fisgar o supervisor depois.

Enquanto isso... Grissom explicava a Sara a razão de ter aceitado dançar com a detetive.

— Achei que seria uma ótima oportunidade de falar com ela, dizer que eu não estou interessado nela. Só que Sofia não estava muito disposta a me ouvir.

— Porque estava mais interessada em te beijar. Mas se ela não quis te ouvir. Então... Ela vai ver que você não está disponível para ela.

— Como assim?

Sara não se deu ao trabalho de responder, apenas tascou um beijo no namorado.

Na mesma hora algumas dezenas de pares de olhos se arregalaram diante da cena.

E quem dançava parou.

Quem conversava se calou.

Quem ria parou (exceto Jim) para observar sem ainda acreditar, que realmente estivessem vendo supervisor e subordinada aos beijos.

— Céus! Você é maluca, Sara.

Dane-se que todos ali acabavam de descobrir sobre o relacionamento deles e que possivelmente sofreriam algum tipo de punição de seus superiores devido ao romance que tinham, o qual infringia as regras de trabalho do laboratório. Ela só queria deixar muito bem claro a Sofia que aquele Zorro que ela queria, era seu e de mais ninguém.

— Agora a Sofia sabe que você é MEU ZORRO.


FIM

 


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Notas finais do capítulo

Pra quem chegou aqui meu agradecimento e mil beijos. Espero que tenham gostado. Até a próxima.



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