Ensamblar constrito escrita por Apaixonada sama


Capítulo 1
pa-ra-noi-a.


Notas iniciais do capítulo

+ Postado na Undertale Amino Brasil.
+ Postado no Wattpad e SpiritFanfiction.

+ Retrata ao menos, uma sensação de paranoia e constantes perguntas. Isso serve como gatilho para certas pessoas, prossiga com cuidado. ♥



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“Eu só quero uma vida boa e fácil. O que há de errado com isso?”, Sans questionou enquanto caminhava lentamente com as mãos no bolso pela neve que estava um pouco aquecida. Os raios solares resolveram fazer uma aparição por aquela região, era um milagre não ter derretido todo aquele carpete gélido. – Por mais que fosse incomum uma luz solar nascer ali. O ar frio ultrapassava o corpo esquelético, que estava acobertado pelo casaco colorido e o cachecol vermelho.

Parou e observou a ambientação ao redor, analisando cada detalhe minucioso. Os pinheiros mergulhados na neve, as rochas pequenas que fixamente se acomodaram ali ao decorrer dos anos, pássaros que cantarolavam em uma distância razoável... Crianças correndo e brincando na friagem não tão intensa... Aquilo parecia estranho para Sans. Sentia-se como se já tivesse vivenciado tudo, mas nenhuma lembrança parecia trazê-lo de volta para aqueles dias antigos. Nem se forçasse, as memórias assemelhavam-se como um resquício. Apenas um ‘tira gosto’ que ousava deixar na vontade.

O esqueleto sentia como se fizesse parte daquilo tudo, porém não estava encaixado para participar. Como um narrador que apenas só é capaz de observar e não interagir: Estava perdido. Era como um estranho. Uma cor cinza entre o preto e o branco. O ‘dois’ no meio dos ‘códigos binários’.

De todas as coisas que pudessem ser únicas e originais, somente se sentia esquisito. Deslocado. Era evidente que estava se sentindo assim, já que seus supostos amigos também o tratavam dessa forma. E então, se pegou questionando:

“Será que eles de fato são meus amigos?”

Não que duvidasse da lealdade deles... Muffet era sempre generosa e fazia doces a mais para ele. Alphys tinha um humor estranho e duvidoso, quando falava de seus animes. Undyne ainda mantinha a compostura forte, mas bondosa. No entanto, era impossível se lembrar do motivo delas agirem assim. Ou desde quando começou essa amizade.

A sensação que sentia era como se fosse arrancado de um lugar e encaixado no outro, sem mais nem menos. Não, não... Aquilo era certamente pior.

“O que eu fiz?”, chutou uma pedrinha pequena, assistindo sua pantufa voar longe. Bufou estressado, locomovendo-se em passos incertos até seu calcante macio. Ao colocá-lo de volta no pé esquelético, gesticulou como se fosse um simples “respirar fundo”, para se acalmar. Todavia, as frases sempre se repetiam em sua mente:

“Sinto algo... Mas é com o Sans.”, “É estranho... Eu não sei o que há de errado com o Sans.”, “Vocês sentem como se alguém tivesse faltando?”;

Aqueles questionamentos pareciam infinitos e todos sem soluções... Não sabia se aquilo tinha algo haver com os supostos ‘sonhos’ que mais pareciam previsões de um futuro distante, onde todos morrem. Isso começou a se repetir diversas vezes, de formas diferentes, mas sempre termina de maneira semelhante: Seu torso é cortado fora por uma criança. Uma única facada. Muffet, Undyne, Papyrus... Todos os restantes tinham essas visões aterrorizantes também.

É para isso que surgiram reuniões secretas. Para ver se encaixavam alguma coisa com a outra... Até mesmo os novos vizinhos da região, os irmãos raposa não escapavam dessa tão dita “chacina”. E embora essas conversas fossem feitas para achar a solução, saíam com mais dúvidas ainda:

Quem era aquela maldita criança? Não podia ser Chara... Ele estava ocupado demais com suas esquisitices de falar sozinho. E notavelmente as características não enganavam: A altura, as vestimentas... Até mesmo o cabelo. Tudo era tão diferente. Por outro lado, sua intuição não enganava... Sentia que tinha dedo do humano no meio disso tudo. Óbvio.

E na busca de encontrar respostas, sentia-se afogado em um mar repleto de perguntas. Ajeitou o capuz vermelho na cabeça, olhando friamente para o chão. O que afinal estava acontecendo? E... Por que com ele? Nem ao menos Papyrus fingia que está tudo bem. Acaba agindo estranhamente na presença do esqueleto menor, não consegue parecer confortável com ele por perto.

Desistindo de encarar o chão, pensou em algo que o aliviasse. No entanto, sua mente estava conturbada. Só queria arrumar um jeito de desvendar o que estava ocorrendo quando sua presença não era requisitada. Cogitou a possibilidade de sequestrar Mettaton e modificar seu sistema, para que jogasse ao seu favor.

Alphys podia ser inteligente. Dotada de esperteza.

Apesar disso, Sans era matraqueado. Tinha experiências e sabia que era capaz de fazer isso... Mesmo que não soubesse ‘como’ tinha dons para isso. Não tinha nenhuma lembrança de na Capital, ter cursado alguma engenharia robótica. Muito menos, fazia ideia de que maneira sentia-se tão habilidoso.

É. Queria testar suas capacidades.

Deu meia volta, jornadeando até a região de sua casa. Onde anteriormente estava. Assistiu novamente a petizada brincando, corriam de um lado para o outro, com uma alegria estampada em seus rostos singelos. Não havia tempo para ser gasto com aquela brincadeira, entreouvia um chamado para que fizesse o que tinha que ser feito.

Pôs a mão na maçaneta, girando-a para o lado lentamente. Sua mão hesitava constantemente, sentia-se estranho. Abriu a porta, não sendo recebido pelo rangido que ela fazia quando executava a ação proposta. Fechou-a em silêncio, entrevendo o cômodo pelo qual foi recebido. A sala de estar. O carpete em todo o chão lhe trazia um conforto inexplicável, assim como as cores claras que corroboravam nas paredes. A mesinha no canto da sala permanecia a mesma, além do sofá novo. Os mesmos ladrilhos roboravam e indigitavam a entrada da cozinha... E ah, claro. A televisão em cima da estante.

Sua percepção ressaltava um único sentimento de nostalgia. E então, sentiu-se confuso: Por que esse banzo? Essa saudade iminente... Não havia razão para estar desse jeito. Mas, suas íris luminosas e acerejadas demonstravam certo aconchego ao visualizar um âmbito tão desafogado. As coisas lhe pareciam novas. Por mais que já tivesse vivenciado a estupefação de estar ali diversas vezes, isso sempre voltava.

Sempre.

Era como um pequeno coelho amarelo que retorna à sua toca, depois de muito adiar a entrada.

Abriu a porta do quarto. Não chegou a adentrar muito o cômodo, pois havia entrevado ali mesmo, não deixando de exibir uma feição estática, estupefata e estarrecida. As mãos já tiritavam, solidificando o pânico notável. E suas íris não conseguiam se desviar daquela situação.

— O que você está fazendo aqui? — Ulteriormente o silêncio, a pergunta finalmente conseguiu demitir-se. Aproximou-se ainda petrificado.

— Ah, Sans... — A resposta veio de Papyrus, cadavérico como um fantasma. Era como uma criança que fora pega no flagra pela mãe, após cometer uma artimanha abscôndita. Notavelmente, estava furtivo. A forma como resfolgava ofegante entregava que não era para saber que estava ali. — Vim olhar um negócio... Já estava de saída.

— Sim, mas... — Sans olhou para a mão do irmão, que portava diversas folhas de caderno, com desenhos. Se fosse capaz arregalar os olhos, ao enxergar melhor as ilustrações, já o teria feito há muito tempo. — N-não...

Em um ato veloz, Sans correu tentando alcançar as folhas. No entanto, em um ato vertiginoso, Papyrus ergueu as folhas no ar, ainda as refreando. Enquanto o irmão mais velho tentava pegar os rabiscos com dificuldades, praguejava por tudo aquilo estar acontecendo.

— Papyrus... — Disse, após desistir. — Me dá isso. Agora.

— Sans, eu não posso... — Resguardava as folhas ainda no alto, de forma incansável. Tinha diversas vantagens por ser alto. — Por favor...

— Eu sou o irmão mais velho aqui. Você vai me devolver isso. — Olhou para Papyrus, tentando não perder a paciência. — Agora.

O irmão mais novo produziu um ruído, semelhante a um suspiro de conformação. Logo, entregou os desenhos ao Sans, que ainda encarava com certa tensão. Murmurou um pedido de desculpas rápido, saindo do quarto às pressas, não deixando nem ao menos oferecer perguntas. Não bateu a porta, no entanto, sem chances de correr atrás dele.

A apreensão havia passado por uma distensão. O desconforto era maior. Estava ao ponto de carpir, o seu desespero era impediente. Analisava os desenhos apreensivamente, folheando-os um por um.

“Papyrus... O que você estava fazendo aqui?”, seus questionamentos não conseguiam cessar. E, olhando atentamente para os rabiscos, o nervosismo e a inquietude o preenchia facilmente:

Todos eles eram debuxos sobre morte. E se tinha alguma dúvida sobre ser Chara por trás disso tudo, ela se dissipou, ao ler uma advertência cominadora. Sentou-se na cama, permitindo-se ler aquilo de forma fixa.

Sem resultados.

Ah, Chara... Maldição, o que você fez? O que você quer mostrar com isso?


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