As vigaristas escrita por Letícia Pontes


Capítulo 9
Jantar


Notas iniciais do capítulo

oi, to meio borocoxó



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Ana estava sentindo-se forte e queria aproveitar isso. Queria aproveitar cada momento que se sentisse bem pois a qualquer instante a morte poderia leva-la, principalmente agora que havia pago um boa quantia para deixar o hospital e ficar "em paz". Ela ouvia atentamente o rapaz gabar-se de como já havia conhecido o mundo, sobre seu dinheiro e sua beleza. A vontade dela era de vomitar nele, mas manteve um sorriso enorme como se estivesse totalmente interessada sobre ele. Ela notou Tamires e Mirela observando-a, mas logo foram todos interrompidos por Osvaldo.

—Agradeço que tenham vindo até aqui hoje, e peço que por favor compareçam hoje ao jantar que darei com minha família, quero muito que todos conheçam vocês.

Pouco tempo depois todos despediram-se, o que tornou aquela tarde rápida com não mais do que uma hora de encontro. O velho insistiu que Maiara ficasse por lá, mas ela falou querer estar com as irmãs no hotel. A intenção era mostrar para ele o quanto eram unidas, e por isso uma hora ou outra ele não ia mais aguentar de ter que passar tanto tempo longe da namorada e ia sugerir que todas fossem para a mansão dele. Isso era ser vigarista: Plantar ideias e fazer as pessoas acharem que foi ideia delas. Quase o filme "A origem" na vida real.

De volta ao hotel, Ana preocupou-se em estudar mais sobre o tal do Lucas que parecia tão imensamente interessado nela. Tamires e Mirela se concentraram em analisar juntas a lista que falava sobre os sobrinhos do velho Osvaldo. O mais velho deles tinha 30 anos de idade, se chamava Olavo e era empresário também no ramo de automóveis como o tio e o primo mais velho. Depois dele vinha Mariana, uma modelo de 30 anos que era gêmea de Olavo. Ela não era de interesse das meninas. Depois deles vinham Marcelo de 27 anos e Diogo de 26, os dois eram psicólogos e mantinham uma clínica juntos. E por fim a irmã mais nova deles, Priscila, que era uma desocupada de 19 anos que apenas torrava o dinheiro da família por aí..

Osvaldo teve apenas um irmão, chamado Olavo. Olavo e Osvaldo se casaram ainda novos, sendo eles de famílias milionárias e as moças também. A esposa de Osvaldo faleceu pouco após dar a luz ao seu último filho. Olavo colocou seu nome no filho mais velho e depois teve mais quatro filhos antes de ter um ataque cardíaco que o levou a morte. Agora restaram apenas Osvaldo, sua cunhada e seus filhos que juntos eram em oito.   Mateo, o filho do meio de Osvaldo, tinha uma filha de 3 anos e era divorciado. Quanto aos sobrinhos de Osvaldo, apenas as duas moças tinham filhos. Mariana, a mais velha, tinha gêmeos de cinco anos e se mantinha casada com seu marido desde os 23 anos de idade. Já a mais nova havia tido um bebe apenas a dois anos, ou seja, engravidou aos 17 anos  e não contava a ninguém quem era o pai da criança.

Ana decidiu que vestiria branco neste jantar que aparentemente só levaria as pessoas da fichas , Osvaldo  e sua cunhada. O branco deixava as pessoas achando-a alguém confiável, e agora que ela havia fisgado a atenção de Lucas, precisava seduzi-lo de forma que confiasse nela. Calçou um sapato cor de rosa claro e maquiou-se de forma sutil. Os longos cabelos loiro escuro combinavam com tudo.  Maiara estava menos preocupada em agradar, ela já não aguentava mais o velho e decidiu que usaria um vestido roxo escuro com salto agulha e maquiagem pesada.

Mirela e Tamires precisavam acertar na escolha se quisessem chamar a atenção de um dos sobrinhos do velho. Por isso Mirela apostou em um vestido vermelho sedução que mantinha um decote enorme, já Tamires um vestido de veludo azul marino, ombro a ombro. Saíram assim que o relógio marcos sete horas e foram de táxi até Lagoa, que ficava a quase dez minutos de Ipanema. Desceram de frente a um restaurante que boa parte era de vidro e entraram elegantemente em fila indiana.

Assim que Osvaldo viu sua amada namorada, acenou de longe empolgado. Havia mais do que a sua pequena família, ali. Alguns senhores e senhoras seguravam taças elegantemente e conversavam baixo. A música clássica ecoava baixa no salão decorado todo de branco e dourado. Obviamente o local havia sido alugado apenas para eles, não estava parecendo um restaurante normal e sim uma festa de gala.

Maiara seguiu até ele com um grande sorriso e abraçou-o como quem tinha muitas saudades. Ana ajeitava o vestido depois de ver que Lucas a observava de longe com uma expressão de admiração. Ele pegou uma taça  extra e se dirigiu até a moça convidando-a a segui-lo sem cumprimentar os outros.

—Mal-educado. - Tamires falou depois que ele saiu e recebeu uma cutucada de Mirela.

—Infelizmente ele sempre foi assim. - Uma voz surgiu atrás das duas amigas que se viraram devagar para reconhecerem os rostos de Olavo, Marcelo e Diogo.

Não que eles soubessem que elas já sabiam quem era exatamente cada um deles. Olavo, o mais velho, estava com as duas mãos nos bolsos de sua elegante calça social e olhava as duas moças sorrindo amigavelmente sem mostrar os dentes. Marcelo, o filho do meio, mantinha uma das mãos em um mini game e na outra uma taça de champanhe rose, e por fim Diogo, que parecia muito interessado nos dois decotes e esfregava as mãos freneticamente.

—As senhoritas são amigas da namorada do meu avô? - Olavo perguntou.

—Somos irmãs. - Mirela respondeu sorridente. - Me chamo Mirela, prazer. - Ela apertou a mão de cada um, mas Marcelo não tirava os olhos de Tamires que retribuiu achando que aquele poderia ser seu alvo.

—E qual seu nome? - Ele perguntou finalmente para a moça que ele secava desde que a vira.

—Tamires. - Ela sorriu sem estender a mão para nenhum deles.

Um som agudo fez todos se assustarem e tamparem os ouvidos, o microfone foi ligado e uma voz rouca falou nele.

—Boa noite a todos. - Osvaldo estava em cima de um pequeno palco e do seu lado estava Maiara com um rosto sorridente que emanava pura bondade. - Agradeço aos amigos e familiares que aceitaram o convite de estar presente esta noite. Como sabem, tive muito lucro nos últimos anos e a cada dezena de anos comemoro meu sucesso. - Mirela achou o narcisismo fascinante, mas Tamires enojou-se. - Além disso, esta é uma noite mais do que especial para mim, pois eu gostaria de fazer um pedido. - Ele entregou a taça que segurava para um dos convidados e enfiou a mão no bolso. -Minha cara Maiara, aceitaria ser a minha esposa? -Ele estendia a ela uma caixinha de vidro transparente e os convidados entoaram sons de surpresa .

—Jesus amado. - Tamires falou um pouco alto atraindo os olhares de quem estava perto.

 

 


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Notas finais do capítulo

Me fala o que está achando.



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