As vigaristas escrita por Letícia Pontes


Capítulo 12
Mariana


Notas iniciais do capítulo

Bem vindo a mais um capítulo dessa longa história



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Mariana era uma mulher elegante e cruel. Estava usando um vestido preto que valia no mínimo dois mil reais e joias que Mirela nem quis imaginar o valor. Tinha certeza que tinha diamante ali naquele pescoço, dedo, pulso e orelhas. A mulher sentava-se de forma ereta e olhava para a moça como quem estivesse olhando a alma de alguém. Ela levantou a cabeça de forma  imperativa e observou Mirela da cabeça até o torso, onde era visível , uma vez que ela já estava sentada. Maiara não se importou em agradar.

—Já não basta meu tio caindo na lábia da sirigaita comilona, agora você vai se deixar levar por um decote, Olavo? - Ela falou seca e Diogo sorriu de canto.

O garçom estava servindo os pratos na mesa deles e parecia atento a conversa. Serviu vagarosamente cada prato enquanto observava Mariana e Mirela de canto de olho. Olavo encarou a irmã furiosamente.

—Mariana, não vou tolerar mais um de seus chiliques. Por favor.

—No que seus pais trabalham? - Ela virou-se para Mirela tentando pega-la de surpresa.

—Meus pais faleceram. - Ela fez cara de sentida. Pensar na morte da mãe ajudou com isso. - Nós vivemos da herança deles e estamos todas seguindo os passos da nossa irmã mais velha. - Ela apontou para Maiara. - Estamos adentrando ao ramo da moda. - Ela sorriu ao garçom agradecendo pelo prato.

—Resposta estudada? - A mulher retruca rapidamente.

—Mariana, por favor. - Olavo esfrega o rosto nas mãos.

—Não, Olavo, só estou conhecendo-a.

—Eu não entendi bem. Você está chateada com que exatamente?

Mariana bufou batendo a mão na mesa. Talheres bateram e fizeram um som alto atraindo alguns olhares curiosos, mas ela apenas se limitou a comer e os outros fizeram o mesmo. A mulher loira continuou fuzilando Mirela com olhares cheios de ódio, mas Mirela se limitou a ignora-la conversando com Olavo que pedia desculpas pela irmã ciumenta e desconfiada. Por sorte Mirela tinha ótimas histórias já criadas havia muito tempo, para poder sempre mentirem com provas. Olavo começou a perguntar sobre o suposto ramo da moda em que elas estavam trabalhando e Mirela abriu uma página online onde mantinha diversas informações, algumas verdadeira e outras eram pura mentira. Tiraram fotos em estúdios e faziam diversos tipos de anúncios e propagandas. A página deixava parecer que eram requisitadas por gente de alto escalão. Ela mostrou algumas coisas sem muitos detalhes e ele parecia fascinado. Enquanto isso Mariana escutava a conversa em dúvida de até que ponto aquilo era verdade. A mulher já havia visto diversas aproveitadoras entrarem na família e manipular os homens. Era incrível como eles eram suscetíveis a isso. Entre os irmãos, primos e tios, os únicos com a cabeça no lugar para isso eram Diogo, Mateo e Bernardo. Os outros sempre eram usados pelas mulheres de forma tão óbvia que chegava a ser ridículo. Mariana só não sabia que agora eles estavam lidando com profissionais. As carinhas de anjo e a pouca idade não tornava-as menos perigosas.

Cada uma delas estava usando um novo documento naquela missão. A mais nova era Ana, por causa da aparência meiga que tinha, ainda assim ela tinha 21 anos no novo documento. Maiara como mais velha estava com 26 e entre as duas estavam Tamires com 24 e Mirela com 23. Todas estavam já conversadas sobre seu papel na suposta empresa delas e também naquele plano. Esta noite teriam que conversar sobre a queridíssima e amada irmã mais velha daquela família.

Ana sentia-se enjoada então comeu menos da metade do prato que haviam servido à ela. Lucas insistia que ela deveria comer mais um pouco.

—Estou satisfeita, já. Estou um pouco doente e comer mais não me fará bem. - Recusou de forma educada.

—Tudo bem. - Ele ficou observando-a por alguns segundos. - Quer tomar um ar fresco? Está se sentindo mal agora?

—Não, não. Agora estou bem.

Ele voltou a comer em silêncio, contudo de vez em quando a olhava preocupado. Ela já estava se sentindo incomodada com a insistência do olhar, mas se convenceu de que a preocupação era um bom sinal do avanço da relação deles. Assim que ele terminou a refeição, sentou-se de lado na cadeira observando-a.

—Você está livre amanhã? - Ele sorriu.

—Depende. -Ela tentou jogar, mas era óbvio que sairia com ele se pedisse.

—Gostaria de leva-la a praia. Temos uma casa de praia aqui perto, acho que vai gostar.

Ela sorriu falsamente tímida e olhou para seus próprios dedos antes de responder.

— Pegue meu número. Vou ver se as meninas não marcaram nada, caso não tenham, aceito sua proposta. Só porque quero conhecer a praia. - Ela brincou.

Ele riu animado e pegou o celular para anotar o número que ela falava.

 

Tamires estava encantada com a facilidade que teve para conversar com Marcelo. Principalmente depois que Mateo e a ex-esposa deixaram-nos a sós e foram embora para casa. Os dois tinham gostos em comum de verdade, Tamires acabou por não precisar fingir que gostava de basquete apesar de ser um esporte pouquíssimo comentado no Brasil. Os dois eram apaixonados por motos e o assunto acabou rendendo por muito tempo.  Ela fazia um certo esforço para não se esquecer de que ele era um alvo e não um paquera de verdade.

Quando o relógio marcou onze horas em ponto, Ana procurou por Mirela para sugerir de irem embora. A garota não se sentia bem e não queria demonstrar nada na frente de ninguém. Isso poderia atrapalhar os planos de alguma forma. Relutantemente Lucas se despediu dela enquanto Mirela procurou por Maiara que acabou sendo convencida pelo velho chato a ir com ele para casa uma vez que agora estavam noivos. Se ela insistisse em recusar, estaria sujeita a desconfianças.

Mirela caminha até Tamires de testa franzida, reparando que a conversa fluía naturalmente diferente dela com Olavo, sentiu um pouco de inveja de como a amiga era tão boa naquilo. Acenou para ela antes de se aproximar e Tamires se endireitou diminuindo o sorriso.

—Estamos indo, você vai conosco?

—Bom, vou. - Tamires estava relutante em se despedir de Marcelo, mas ele a animou.

—Se não for dormir cedo hoje, me convida então para uma partida online. - Ele sorria e ela retribuiu animadamente.

Despediram-se e seguiram para a saída.

—Ei, cuidado pra não cair nas garras dele. Ele quem tem que cair nas suas. - Mirela riu brincando, mas com uma certa verdade no que dizia.

—Relaxa, mamãe. - Tamires respondeu brincalhona, mas nem ela acreditava em si mesma.

 


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