Oblivion escrita por Lucca


Capítulo 17
Batalha Final


Notas iniciais do capítulo

Sei que devem estar chateados comigo com a demora nas atualizações. Perdão! Eu também esperava ter mais tempo nessa situação de quarentena. Mas ainda não consegui me organizar.

Sobre essa história: chega de evitar o embate. Agora eles vão para o tudo ou nada!
Mas todo herói precisa se fortalecer antes da luta.

Boa leitura.



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Weitz pediu quatro dias para organizar a reunião secreta com os representantes certos da Casa Branca. Oito pessoas cuidadosamente selecionadas. Todos do Team concordaram. Após tantas decepções, precisariam desse tempo para colocar todas as suas emoções em ordem para o enfrentamento final.

Para Jane e Kurt, esse tempo passou voando. Ben, que começou a andar há cerca de 15 dias, agora queria correr atrás de Bethany e isso não os deixou um minuto de paz. Mas a agitação que os envolveu era mais que desejada. Seus momentos em família até aqui tão raros era tudo para eles. Esse tempo só aumentou a determinação do casal em enfrentar tudo e todos para conquistar seu paraíso.

— Bee, preste atenção: só aqui na sala. – Kurt disse ajoelhado em frente a filha e segurando nos seus bracinhos para garantir que teria sua atenção enquanto a garotinha tentava conter a vontade de continuar correndo, gritando e rindo pela casa com o irmãozinho a seguindo.

— É divertido, papai. O Ben já sabe correr. Mas ele ainda não é rápido como eu!

— Sim, ele corre. Também estou empolgado com isso. Mas precisamos mantê-lo aqui na sala. Papai está exausto e concordamos em deixar a tia Jane descansar um pouquinho. Preciso da sua ajuda. Você pode ser minha assistente, agente Bethany Weller?

— Sim! Sim! – ela disse com o olhar alegre e concordando em manter a cumplicidade com o pai – Ele vai ficar na sala. Eu sou esperta, papai. Serei sua melhor agente!

Exatos quinze minutos foi todo o tempo que a brincadeira permaneceu restrita à sala. A pequena agente Bethany Weller cedeu à tentação de correr em direção a cozinha e ter o irmãozinho a perseguindo. Kurt se levantou do sofá o mais rápido que pode tentando alcançá-los. Sabia que seria fácil Ben desistir da perseguição à Bethany se encontrasse qualquer coisa mais perigosa pra fazer no caminho como uma tomada para enfiar o dedinho ou escalar os puxadores das gavetas do armário.

Quando retornou à sala com Ben no colo e puxando Bethany pela mão. O menino não estava nada satisfeito por ter sua diversão interrompida. Chorando, resolveu apelar:

— Mamã... mamã... mamã... – repetia choramingando e esperneando nos braços do pai.

— Shshshshhshs, quieto, Ben, por favor. – Kurt tentava o acalmar.

Nesse momento, Jane apareceu descendo as escadas trazendo papel e giz de cera.

— Quem quer desenhar????

— Eu! Eu! Eu! – Bethany respondeu saltitante já se aproximando de Jane que espalhou tudo pelo chão para deixar ao alcance das crianças.

Kurt respirou sentindo-se derrotado. Não se passou nem meia hora desde que ela subira pra descansar.

— Jane, concordamos que repousaria um pouco.

— Eu estou bem, Kurt. – ela disse pegando o filho de seus braços – Pronto, estou aqui, Ben. – e o garotinho olhou para ela fazendo beicinho. – Vamos brincar de desenhar.

— Mas temos três filhos agora e o caçula também precisa de você.

— Eu descansei um pouco... Não consigo ficar lá deitada ouvindo Ben me chamar. Desejei tanto poder ter momentos assim com Avery, depois desejei tanto poder ouvir, ver e brincar com Ben quando o envenenamento do ZIP piorou. Sem contar no tempo que passei na tribo indígena afastada de todos vocês. Não quero perder nada disso agora. Além disso, já suportei privações de sono bem piores, acho que meu corpo está adaptado a isso e não terei um colapso só porque a gravidez está me dando essa vontade de tirar um cochilo em pleno dia.

— Eu entendo... – Kurt disse a abraçando e beijando seus cabelos. Estavam habituados a deixarem palavras simples esconderem a complexidade de tudo que viveram. Conhecia cada sentimento borbulhava dentro dela: as perdas do passado, a incerteza do futuro.

Jane se sentou no chão, colocando Ben sobre suas pernas numa tentativa de mantê-lo ali e evitar novas corridas pela casa. Bethany logo começou a rabiscar, mas sempre cobrando a ajuda dela. Kurt se juntou à família, tentou auxiliar Bee, mas a garotinha parecia decidida a só aceitar Jane. Pouco depois, se juntou ao irmão sentando-se nas pernas de Jane.

— Bee, aqui. Que tal ficar com o papai? – Kurt tentou, mas a garotinha fingiu não ter ouvido.

Jane acenou que estava tudo bem mesmo sabendo que ter os dois filhos no colo de uma só vez colocaria o marido a beira de uma crise de proteção.

— Vermelho, eu preciso do vermelho! – Bee pediu e Kurt alcançou o giz e ofereceu à filha que não o pegou.

Jane, então, estendeu a mão pegando o giz e o entregando a Bee que sorriu e já começou a rabiscar o papel fazendo o pai franzir a testa intrigado com suas reações.

— Obrigada, mamã. – disse rápido focada em sua obra de arte.

— De nada, meu amor. – Jane respondeu acariciando o braço da garotinha e beijando seus cabelos enquanto lançava à Kurt um olhar de súplica.

Bethany estava muito apegada à ela nos últimos dias, mas era a primeira vez que a chamava de mãe. Nem Jane nem Kurt queriam que a lembrança de Allie fosse apagada. Ela foi uma mulher incrível e mãe de Bethany, por isso mesmo depois de sua morte continuaram deixando a garotinha chamar Jane de tia. Essa mudança de comportamento os pegou de surpresa. Teriam que conversar sobre isso considerando os impactos que isso teria para sua princesinha. Mas não era o momento certo para isso. Precisavam se manter vivos e retomar suas vidas primeiro, derrotando Madeline e Shepherd.  

Tasha continuou tratando Reade com frieza. O olhar dela misturando desprezo e decepção o atingia de forma certeira. No primeiro dia, ela ainda estava realmente muito brava. A partir do segundo dia, aquilo se tornou uma espécie de teste já que ela julgava que a reaproximação deveria partir dele com um memorável pedido de desculpas. No terceiro dia, Rich e Boston resolveram interferir e chamaram Reade para uma “orientação” geral. Depois disso, ele resolveu mudar de estratégia.

Naquela noite, Patterson e Roman estavam configurando os últimos detalhes dos programas que criaram enquanto verificavam se todos os drivers que espalharam tinham chegado em segurança. Seriam seu plano B caso seus novos “aliados” se voltassem contra ele. Por isso, Sophia estava com Tasha.

Reade sabia como Miguel estava dando trabalho para adormecer ultimamente. A falta de uma rotina tinha afetado bastante todas as crianças. Então, bateu na porta do quarto e entrou mesmo achando que não era bem-vindo.

— Você precisa de ajuda? – ofereceu sem adentrar no ambiente.

Sofia choramingava na cama, enquanto Miguel se esgueirava pra fora dela decidido a voltar para seus brinquedos.

Tasha bufou mostrando-se insatisfeita:

— Miguel faz barulho e não deixa Sophia adormecer. Ela quer que fique com ela na cama, mas ele me quer no chão. – informou sem olhar para ele.

Ele a conhecia o suficiente para saber que isso era sua forma de aceitar a ajuda. Dirigiu-se até o canto de brinquedos e sentou-se puxando Miguel para seu colo. Tasha aproveitou para ninar Sophia que logo adormeceu. Só então prestou atenção à silenciosa brincadeira que ocorria entre seu filho e o homem que ela amava.

Dois robôs de brinquedos eram movimentando dando vida à uma história contata de tom de ninar quase sussurrada. Reade usava versões diferentes de voz para cada um deles. Isso parecia hilário para Tasha, mas ela conteve a gargalhada ao ver que Miguel tentava prestar atenção, mas já piscava duro embalado pelo tom de ninar. Assim que os olhos do pequeno se fecharam, os braços longos e fortes de Reade o aconchegaram e ele começou uma canção antiga, um jazz que ouviram juntos na manhã seguinte à primeira vez que se amaram.

Com cuidado, ele se levantou do chão e seguiu cantando e ninando Miguel. Só quando viu que o garotinho estava definitivamente dormindo, se virou para Tasha pedindo orientação:

— Onde posso colocá-lo?

Antes que o olhar dele alcançasse o rosto dela, o sorriso maroto que ela ostentava desapareceu dando lugar a feição séria que queria impor:

— No berço. – disse seca, se levantando rápido da cama.

Após depositar um beijo na cabecinha de Miguel, Reade o deitou cuidadosamente no berço e o cobriu.

— Durma com os anjos, garoto. Novas aventuras te esperam amanhã.

Tasha lutou com o sorriso e as lágrimas ao ver o quanto aqueles dois se dava bem. Mas manteve firme, estava determinada a não facilitar as coisas para ele:

— Sua história funcionou. Ele dormiu. Mas Miguel precisa aceitar a hora de dormir e não ser enganado pra isso.

— Ele vai entender, Tash, quando tudo voltar ao normal, ele vai entender. Você vai saber como ninguém devolvê-lo à rotina de sempre. Na bagunça que estamos vivendo, ele só quer uns minutos a mais com quem ama.

Ela engoliu seco e precisou virar de costas para ter tempo hábil pra esconder as lágrimas.

— Mas ele gosta de você. Ontem Rich e Boston não conseguiram fazê-lo adormecer por nada. – ela disse por fim, aliviando um pouco a tensão que estava impondo a conversa.

— É um garoto muito esperto... como a mãe dele. Será um homem incrível um dia. Inteligente e capaz assim como você. – e colocando as mãos nos bolsos, disse – Olha, Tash, eu sei que te magoei ao cair na armadilha do Rich, mas preciso que entenda que acho você mais que capaz para qualquer missão.  Infelizmente existe essa coisa quase incontrolável dentro de mim que quer te afastar de qualquer perigo e age sem pensar no quanto isso te atingiria. Estou trabalhando nisso, eu juro!

Ela se virou pra ele, cruzou os braços sobre o peito e disse:

— E como você está trabalhando nisso? Consultar online com Dr. Borden? – disse usando um pouco de deboche, mas com o olhar já manifestando a trégua.

Reade riu.

— Não. Trabalho de campo enquanto me tornei um foragido com você.

— Mas não está se saindo bem, Reade! Se quiser melhorar, vai ter que me beijar agora.

Ele puxou o ar sentindo a própria vida voltando pra dentro de si e sorriu. Tirando as mãos do bolso, a puxou para perto e, passando a mão por seus cabelos, deixou seus lábios se encontrarem.

Quando chegou o dia da reunião, todo concordaram que, como medida protetiva, apenas Kurt, Jane e Reade participariam nas negociações. Assim os demais permaneceriam seguros e prontos para agir caso fossem traídos. Daylight, Orion, Omaha e mais uma lista não tão pequena de projetos secretos serviriam como garantias de que seriam ouvidos e teriam a ajuda necessária se quisessem discrição.

Eles também tinham exigências, todas manifestadas por Kurt e Reade. Jane apenas permaneceu calada durante toda reunião. Assim que tudo estava decidido, passaram a traçar as estratégias necessárias. Foram longas horas até tudo estar claro e organizado.

Pequenas explosões causariam um incêndio sem maiores danos e colocariam a tatuagem de pássaro de Jane nos telões da Times Square. Isso chamaria a atenção das agências de segurança. CIA, ASN e as forças locais do FBI comandadas pelo NYO estariam ocupadas com essa distração dando espaço para que a operação real fosse desencadeada. Como uma referência a Jane foi utilizada, estavam certos que Madeline reuniria seus cumplices no SIOC e, com certeza, Shepherd faria questão de estar presente diante da ameaça. Grupos armados e liderados por pessoas do team fariam o cerco em diferentes frentes do prédio e apresentariam as ordens de prisão.  Enfrentariam resistência, mas esperavam que a ação fosse rápida e eficaz para terminar em poucas horas.

Plano articulado. Cada evento engatilhado. Tudo pronto. Apenas uma noite os separava da vitória final que lhes devolveria suas vidas.

As crianças adormeceram rápido na cama dos pais. Mas o casal se levantou pouco depois. Em silencio desceram até a sala. Kurt serviu duas doses de uísque e se juntou a ela no sofá. Após lhe entregar o copo, descansou a mão sobre a perna da esposa.

— Vai dar tudo certo. – disse tentando passar segurança.

— Tem que dar... – ela respondeu antes de sorver o primeiro gole que desceu formigando sua garganta. – Se a coisa apertar, você fica com minha mãe e eu fico com a sua. – ela disse tentando impor um humor negro a situação nada agradável, mas sabendo que aquela decisão também era necessária.

— Obrigado... – ele disse e abaixou os olhos triste. – e secou sua dose de bebida.

Ela fez o mesmo. Depois levou a mão até o ombro dele e apertou solidariamente enquanto sentia a bebida que desceu rápido relaxar um pouco da tensão presente em todo seu corpo:

— Olha, eu já fiz isso antes. Não é fácil. Mas vamos passar por isso. Só preciso que me prometa uma coisa...

Ele levantou os olhos a encarando:

— O que você quiser, Jane.

— Não morra! – e piscou pra ele.

— Você também! – ele disse sorrindo e a puxou para seu colo deixando seus lábios se encontrarem num beijo desesperado que desejava uma vida toda e não apenas aquilo como uma despedida.

Sem conseguirem dizer mais nada, foram se livrando da roupas que os separavam e se amaram ali mesmo, decididos a fazer o sentimento que compartilham algo palpável, concreto, capaz de lhes dar forças para superar o último obstáculo que os separava do resto de suas vida.

A madrugada foi a companheiras dos preparativos: crianças seguras na casa fortaleza que Patterson preparou para seu pais. O casal de idosos estava apreensivo, mas se sentiram felizes em poder ajudar guardando o que todos eles tinham de mais preciosos: Miguel, Sophia, Bethany e Ben.

Às 4:30 horas da manhã todos estava armados e posicionados. As explosões na Times Square dispararam a operação. Monitorando cada ação dos inimigos, o team acompanhou satisfeito as reações exatamente como esperavam.

Adentraram o NYO deixando o desejo de justiça se sobrepor a qualquer medo às 6:30 da manhã. Enfrentaram resistência. Era esperado. Tudo que queriam era que Madeline, Shepherd, Nas, Keaton e Christofer aceitassem que não era preciso morrer pela causa.

Roman cercou Nas que chegou a atirar na sua perna, mas pegou de raspão. Logo depois, ele a imobilizou e fez o que julgava impossível ao sentir a cabeça dela presa na gravata de seus braços: a poupou, jogando-a de bruços no chão e a algemando.

Reade pegou Keaton. Ele se rendeu fácil. E não parecia preocupado. Devia ter cartas na manga que pretendia usar. A ironia no seu rosto ao se entregar rendeu-lhe um hematoma gigantesco do lado esquerdo causado pelo golpe deferido por Reade. Depois disso, se acalmou afinal, não importava como Keaton pensava em escapar dessa, as provas que tinham falariam mais alto.

O laboratório do SIOC se esvaziou rápido quando Tasha entrou com seu grupo de elite e deu voz de prisão à Christofer. Nada preparado para o empate corpo a corpo, ele simplesmente se rendeu.

Os tubos de ventilação foram escolhidos por Shepherd como alternativa de fuga e assim ela consegui chegar até o terraço do prédio. Após diversas sondagens no interior do prédio, Kurt deduziu onde ela estaria e subiu, enfrentando-a sozinho. A mulher era determinada. Primeiro tentou convencê-lo a se juntar a ela. Depois destilou mentiras contra Jane enquanto trocavam tiros. Por fim, ele conseguiu surpreendê-la por trás, desarmando-a e dando ordem de prisão bem quando recebia reforços.

— Vocês cegaram um ao outro! – ela cuspiu com ódio enquanto era algemada.

— Não, Ellen. Quando eu e Jane estamos juntos somos capazes de enxergar através de qualquer mentira! E sabe o que vai acontecer com sua Remi agora? Ela vai ser feliz, sem que você possa tirar isso dela.

Madeline estava rodeada de capangas enquanto descia as escadas para tentar deixar o prédio. Um a um, foram sendo eliminados pela equipe de Jane. Como última estratégia, ela deixou os dois grupos se enfrentando e deslizou para as instalações da Divisão Zero. Jane percebeu e foi atrás dela. Quando se viram frente a frente, a mulher não estava armada, sentada na cadeira atrás da mesa que um dia foi de Nas.

— Jane querida, abaixe essa arma e vamos conversar. Você sabe que não tenho pra onde fugir. E não sou louca pra achar que posso te enfrentar. Só quero alguns esclarecimentos. Sabe, não entendo por que você está fazendo tudo isso. Devia querer que Kurt fosse feliz. Preparei um futuro lindo para meu filho.

Seus instintos gritaram alto diante da aparente segurança de Madeline, então Jane permaneceu na porta.

— Filhos são seres humanos e devem decidir sobre suas próprias vidas. Como mãe, podemos cuidar, orientar. Mas nunca manipular suas vidas!

A porta começou a se fechar e Jane saltou para fora. Depois atirou no controle lateral e forçou a reabertura com as mãos.

— Já chega disso, Madeline! – disse e entrou na sala disposta a algemar a sogra e levá-la até o saguão do SIOC. Estava cansada e queria ver Kurt.

Bastou o primeiro passo para ouvir o leve ruído que indicava perigo. Mal teve tempo de se jogar no chão e uma rajada de balas saltou da parede esquerda em sua direção.

Deitada, rolou rapidamente até embaixo da mesa e, com uma rasteira derrubou Madeline já a virando de costas e algemando.

— Quem diabos é você pra ter sete vidas assim? – a velha rosnou.

— Sou apenas sua nora e estou fazendo o que você me pediu: cuidando direitinho do seu filho!

Reunidos no saguão, o team se manteve unido e firmes enquanto um a um dos seus algozes era legado.

Ao passar por Jane, enquanto era dirigido ao elevador, Keaton disse:

— Você deve estar feliz com isso, não é, Janie? – quase cuspindo nela.

Ela respondeu simplesmente fechando os olhos e deixando que o braço de Kurt repousasse em seu ombro e a puxasse para mais perto. Aquele torturador nunca entenderia que ela nunca precisou de vingança, só buscou justiça.

Christofer foi o último a ser levado. Cabeça baixa, sem olhar para os irmãos. Antes do elevador se fechar, Jane lançou um olhar para Kurt que foi até a equipe que o conduziria e sussurrou algo ao líder que assentiu.

Assim que a porta do elevador se fechou, Jane saiu em direção ao locker room. Pisadas firmes e aceleradas. Roman deu dois passos em direção a parede e estagnou. Patterson, que tinha chegado com Rich, Anna e Boston a pouco, foi até ele e o conduziu a uma sala reservada de seu laboratório.

Sentado numa cadeira, ele apertava as mãos olhando para o nada.

— Os horrores que fizeram conosco nunca sai da gente. Está sempre nos separando e ferindo. – disse com os olhos cheios de água.

— Você é mais forte que isso, Roman. Tem sido um ótimo pai para o Miguel. E também tem sua irmã. E toda a nossa família... E você tem a mim...

Ele a olhou um pouco confuso:

— Christofer é o pai da Sophia. É ele quem você ama de verdade.

Patterson se abaixou na frente dele e, segurando sua mão entre as suas, disse:

— Só me envolvi com Christofer porque ele me lembrava você, Roman. Até mesmo quando estive em coma, tinha você lá. Não sou tão perfeitinha como todos pensam. Crush em você e engravidar do seu irmão é uma prova disso. Tá, eu não sabia que você estava vivo, tenho isso em minha defesa.

Ele sorriu:

— Tudo que eu quero é uma família, Patterson. Brincar com as crianças, consertar o telhado, trabalhar num quebra-cabeças tecnológico de um app irado e terminar a noite feliz, me sentindo seguro por saber que a mulher mais inteligente e sensível do mundo me ama com a mesma intensidade que eu a amo.

Os dois se beijaram e ficaram ali até ele se acalmar.

Enquanto isso, Kurt entrou devagar no locker room, pensando em oferecer apoio à Jane. Ela estava apoiada na pia, olhando pra baixa e focando em sua própria respiração. Ele procurou fazer barulho durante a aproximação para ser percebido. Como não conseguiu nenhuma reação dela, colocou-se ao seu lado.

— Sei que deve estar querendo ficar sozinha... mas eu queria estar com você. Já enfrentou coisa demais sozinha.  Que tal só dessa vez tentar fazer isso no meu abraço? A luta é sua, mas meu amor também é seu.

Sem dizer nada, ela apenas se jogou nos braços deles. Kurt envolveu os braços ao seu redor e deixou seus dedos correrem levemente para cima e para baixo nas costas dela. Então a conduziu até um banco próximo onde se sentaram e ele pode a puxar quase no seu colo.

— Se quiser chorar, saiba que não é errado. Você já foi forte por tempo demais. – disse com um braço firme ao redor dela e a outra mão acariciando seus cabelos.  – Depois a gente culpa a gravidez.

Ela deu um suspiro longo e se aconchegou mais a ele:

— Acho que nem tenho mais lágrimas pra chorar... – ela respondeu num fiapo de voz.

— Fizemos tudo que podíamos por eles. O acordo foi que não haveria tortura. Você sabe que é algo importante.

Ela assentiu com um balançar da cabeça e se aconchegou mais a ele sem dizer nada. Ele pacientemente esperou o dela. Quando finalmente Jane se afastou e olhou pra o marido, ele sorriu.

— Devem estar esperando por nós. – ela falou, como sempre determinada a fazer o que fosse necessário.

Kurt se levantou e ofereceu a mão para ela. Jane segurou firme e se pôs em pé deixando que ele a guiasse. Mas, ao invés de deixar o locker room, ele a conduziu de volta a pia, a abraçou por trás e apontou o espelho:

— Está vendo aquela mulher ali? Ela é incrível. Se esse país vai seguir sendo um lugar mais seguro a partir de hoje, é principalmente porque você não desistiu de lutar por justiça, nem mesmo quando não podia contar sequer comigo. Nenhum de nós podia fazer mais do que você fez, Jane. E ainda fez tudo tornando os dias de Bee e Ben muito melhores.

— E logo teremos mais um...

— O que me faz lembra que deveríamos passar no andar hospitalar pra ver se tudo está bem.

— Por favor, Kurt, hoje não. Eu prometo que amanhã faremos isso.

— Tudo bem. Amanhã, então.

Quando voltaram ao saguão, todos estavam lá e pareciam apreensivos. Reade deu um passo a frente e informou:

— Fomos convocados para uma reunião. O presidente está aqui e quer falar conosco.


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Notas finais do capítulo

O pior já passou. Alguém segue comigo rumo ao desfecho?
Deixem-me saber o que estão achando dessa história aqui nos comentários.
Obrigada pela leitura.



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