Imerso em águas tristonhas,

Via a luz se mover em ondas medonhas,

Um reflexo ainda, de um sonho que eu queria.

O sonho ainda estava comigo

Desde sempre, sonhei escondido

À procura de alguém que pudesse me alcançar.

Alguém que pudesse me falar

Com a mesma língua que eu quisesse entender.

Adeus, vocês.

Grupo de malditos que arrasou meu país.

Olá, meu amado guerreiro,

Que meus anseios jura cumprir.

Nunca desisti da vontade

De ver tudo transformado em beldade:

Tudo que ainda será,

Do jeito que já foi.

Eu ainda quero ver tudo novo,

Novo do mesmo jeito do passado.

Quero sonhar com um futuro,

Onde tudo o que eu sinta seja a nostalgia.

Tentando emergir da água, me sinto pior.

A luz se torna mais fraca,

E a pressão é ainda maior.

Meus filhos brigam comigo,

O que foi que eu fiz de errado?

Sonhando, decidi meu inimigo:

Eram todos os que me achavam errado.

Meus heróis não podem ser ilusões!

Não mais, não mais, não mais.

Eu já não suporto mais as ilusões.

Roda viva, roda viva.

A viva dor.

Carrega meus olhos pra lá.

Permita-me confiar, cegamente desta vez,

Em alguém que possa me animar.

Tudo vai escurecendo ao meu redor.

Afundando, eu penso, para emergir algum dia.

E cada vez mais eu afundo,

Querendo, por cortesia,

Que meu paladino segure minha mão.

Onde está a sua mão?

Não me diga que era também ilusão?

Não há lágrimas no oceano.

Não consigo chorar.

Só vejo que o passado torna-se mais distante,

E o futuro já vem a chegar.

Vejo meus filhos emergindo na água,

Cada vez mais próximos da superfície.

E eu aqui, definhando na velhice,

Tentando entender esta mágoa.

Os antigos dificilmente entenderão os jovens,

E é por isso que se ouve tanto sua opinião.

O jovem tem a astúcia, e os antigos,

A sabedoria de um leão.

Podem não ser sábios,

mas sabedoria se extrai deles.

Enquanto eles sobem, outros afundam.

E esta é a tristeza dos que ainda vão se arrepender:

Os jovens do futuro não irão perdoá-los.