A Milésima versão de Crepúsculo escrita por TheFemme


Capítulo 7
Jacob Black


Notas iniciais do capítulo

Eu sempre imaginei como seria um imprinting que não fosse romântico - esse capítulo nasceu dessa idéia. Apreciem.



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POV Jacob 

Dezesseis foi a pior fase da minha vida. E isso não teve nada a ver com puberdade, hormônios, coração partido, como é para a maioria dos adolescentes. Claro que não, porque Jacob Black é um garoto azarado que não pode ter uma vida normal.

Eu nasci numa pequena tribo conhecida como Quileutes, onde cresci ouvindo sobre lendas e mitos que eu sinceramente achava que era tudo besteiras e invenções de velhos senis. Eu não levava a sério ser um quileute; pra mim era apenas um titulo estúpido e eu era um garoto tão comum quanto Mike Newton. Eu não era diferente, eu não era especial por ser de uma tribo. Eu era apenas um garoto como qualquer outro. Ou então eu pensei, até completar dezesseis.

Dezesseis foi o momento que minha vida se tornou uma parodia, e também um pesadelo. Meu corpo estava queimando, eu fiquei inexplicavelmente mais forte, eu cresci rapidamente, eu estava sempre irritado como se fosse explodir e por ultimo, e mais importante, eu me tornei um animal. Como foda real. Literalmente.

Eu aprendi que ser um quileute realmente nos faz diferentes – não especiais, no entanto. Eu não considero a licantropia algo especial. É uma merda, é o que é. Todo jovem quileute macho, aos dezesseis anos, passa pela transformação – ou encontro com sua entidade, como diz os anciões. A “entidade” seria o espírito lobo, que nos torna metamorfos, eles dizem. Metamorfos, que piada. Nós somos lobisomens, literalmente.

Dezesseis foi uma fase em que eu estava tão irritado com a transformação, e questionando porque ninguém havia me contado nada antes – Sam não tinha certeza se eu iria transformar ou não. Eu estava planejando o futuro, ir pra faculdade, casar, ter filhos, sem saber que a vida tinha uma bomba pra explodir na minha cara. Foi absolutamente injusto. E quando eu pensava que tudo já era ruim o suficiente na minha vida, que nada poderia ser pior do que ser um animal peludo de quase dois metros, eu descobri que havia algo pior e mais temível do que ser um lobo: imprinting. Essa palavra me deu pesadelos, calafrios, me fez passar noites sem dormir.

Eu estava apaixonado desde os doze anos – ou antes disso – pela garota mais legal e bonita de Forks, Isabella Swan. Ela é educada, gentil, paciente, sempre ri das minhas piadas mais idiotas e eu tinha certeza que nós iríamos casar um dia – apesar de faltar coragem pra eu confessar á ela ainda. Acho que todos, exceto ela, sabiam que eu tinha uma queda. Então Sam despedaçou meus sonhos em mil pedaços quando me disse que há alguém, entre sete bilhões de pessoas nesse mundo, alguém que eu nunca vi nem conheço, mas que algum dia eu irei olhar e essa vai ser a pessoa mais importante da minha vida. Eu desisti de me declarar á Bella depois disso. Quando Sam me explicou sua historia com Leah e Emily, eu tive ainda mais certeza que eu não podia fazer isso com Bella – eu jamais iria desejar que ela se tornasse amargurada e triste como Leah. Eu não estava disposto a fazer isso com nenhuma garota, então eu me resignei que eu iria ficar sozinho por um longo tempo, até aparecer A prometida.

Se toda a historia fosse essa, eu não diria que sou tão azarado. Mas claro, como eu sou Jacob Black, tudo tem que descer ladeira á baixo na minha vida.

Depois que Sam me contou sobre o imprinting, eu fiquei absolutamente determinado a não me transformar em lobo outra vez – segundo ele, só podemos imprimir se estivermos na nossa forma de lobo. Então eu pensei que tudo estava solucionado – se eu não transformasse, não imprimiria e iria viver uma vida quase normal – sem rabo, sem pelos, e sem a obsessão doentia por alguém. Eu me iludi que isso daria certo por quase seis meses – mesmo que meu lobo estivesse doente pra sair, minha pele coçasse e tivesse dias que parecia que eu ia explodir da minha pele. Eu não me transformei. Nem mesmo Sam conseguiu me obrigar. Eu ia viver uma vida normal nem que fosse na marra, mas claro, a vida nunca teve nenhuma consideração pelos meus planos e veio estragar tudo de novo. A maldição do imprinting aconteceu; ou melhor, Brian aconteceu.

Eu não sei o que diabos eu tinha na cabeça quando concordei que ele podia pular do penhasco – é perigoso para humanos, eu sei. Apenas os quileutes pulam do penhasco. Mas Brian precisa de adrenalina como as pessoas precisam de ar, então eu pensei que não iria acontecer nada de mal. Embry e Quil estavam na água para pegá-lo, nada iria dar errado.

Claro que deu tudo espetacularmente errado.

Brian pulou, caiu perto demais de uma pedra e rasgou o braço. Eu achei que o idiota tinha aberto a cabeça, e pulei atrás. Sem perceber, eu pulei do penhasco já na minha forma de lobo. Por sorte, Brian desmaiou e não teve o susto da sua vida vendo um lobo gigante em cima dele.

Na hora do desespero, eu esqueci da minha resolução de não olhar para ninguém quando estivesse transformado. E eu poderia ter imprimido em Quil ou Embry – seria muito mais fácil, eles são lobos e entenderiam – mas porque a vida ama me foder, eu imprimi no garoto que é meu melhor amigo de infância e irmão da garota por quem eu tinha uma queda. Foi muito chocante, principalmente porque colocaram mil ideias na minha cabeça de que imprinting era sobre almas gêmeas, ter filhos, amor pra vida toda. Ninguém nunca mencionou que isso poderia acontecer com alguém do mesmo gênero que eu.

Tragédia á parte, imprimir foi a melhor sensação do mundo; como ver o sol pela primeira vez depois de dias no escuro, como se Brian fosse o que me segurava na terra, como se ele fosse o meu próprio ar e eu ia morrer se parasse de olhar pra ele - foi exatamente como Sam falou e eu não acreditei verdadeiramente – apesar do fato que a única coisa que eu tinha na mente era “caramba, eu to fodido”.

Sim, eu sou Jacob Black, 17 anos, e minha vida é uma tragédia cômica.

Na época o imprinting pra mim foi maravilhoso e também o fim do mundo; eu queria sair de Forks, largar tudo como o adolescente emocional que eu era, mas eu não aguentava ficar três dias sem ver Brian, então sair estava fora de questão. Meu pai não iria me emancipar também, é claro. Nem mesmo Sam entendia como eu me sentia, porque ele imprimiu numa garota, então ele não era de grande ajuda. Falar com Brian estava fora de questão, eu não podia nem me imaginar contando á ele que eu era um lobo.

Como Sam felizmente me esclareceu depois do incidente, o imprinting não precisa necessariamente ser sobre romance – ainda mais quando você é um cara hetero que imprime em outro cara hetero. Você está destinado a ser tudo o que a pessoa que você ama precisa; amigo (SIM, obrigado por pequenas coisas), companheiro, protetor. Eu fiquei mais tranquilo depois que entendi isso – eu imprimi nele apenas porque nossa amizade é muito forte, não porque eu sou secretamente apaixonado pelo meu melhor amigo. Isso tirou um grande peso da minha consciência. Não que houvesse nada de errado com Brian ou com gays, mas seria absolutamente estranho se eu desenvolvesse uma atração instantânea apenas porque imprimi.

Então, eu e Brian continuamos sendo os melhores amigos do mundo, como se meu mundo não tivesse girado 360 graus em um segundo, e eu pude relaxar com meu lobo e me transformar sem me preocupar em ficar obcecado por alguém – quero dizer, por outra pessoa. No final, acho que tudo deu mais certo do que eu esperava. Eu ainda não tive coragem de falar com Bella que gosto dela, nunca parecia ser o momento certo, mas eu decidi que iria falar. Algum dia. Sem o peso de estar destinado á me apaixonar por outra pessoa, será mais fácil, eu suponho.

O imprinting em si não é a tortura que eu pensei que seria. É um sentimento extremo de querer cuidar, proteger e fazer a outra pessoa feliz – era apenas tudo que eu já sentia pelo meu amigo, apenas amplificado varias vezes. Eu amo conversar com Brian, detesto passar muito tempo sem vê-lo, acho tudo sobre ele perfeito – estupidez de lobo – e sou super protetor. Eu nunca estou mais em paz do que quando estamos juntos. Bella sempre será quem faz meu coração acelerar; Brian me acalma e me dá paz da melhor maneira. É mais do que eu poderia imaginar querer. É melhor do que os dias em que eu estava apavorado com medo de imprimir em algum idoso ou em meus professores. É claro que ainda teria sido mais perfeito se eu imprimisse em Bella, mas quem vai entender a loucura quileute? Talvez os genes dos dois fossem muito parecidos, talvez foi apenas porque o meu lobo o viu primeiro, eu não sei. Eu e Brian nos damos muito bem, então acho que no final eu não posso reclamar. Eu posso namorar quem eu quiser, afinal, e Brian também, então tudo está bem.

Um dos malefícios do imprinting é que eu adoeço se passo muito tempo sem ver o meu imprinting, mas desde que eu bati o pé pra estudar na escola de Forks em vez da reserva, posso vê-lo todos os dias. Quil, Leah e Embry me acompanharam na mudança de escola, então de manhã cedo nós nos encontramos em frente á minha casa para entrar na caminhonete velha e ir para a escola juntos.

— Cara, você penteia o cabelo? – eu provoco Quil. Ele está com a cara de quem acabou de sair da cama, roupa amassada e tudo.

— Cale a boca. Você é o único que tem alguém para impressionar. – Quil rebate. – Eu ainda nem acordei. Porque a escola começa tão cedo?

Quil é resmungão de manhã, então eu não me importo.

— Eu trouxe café. – Leah avisa, então entramos na picape. É limpo por dentro, porque eu cuido bem do meu carro (mesmo que ele seja uma lata velha). Eu acho uns copos descartáveis no porta-luvas e bebemos café em silencio, todos ainda com sono. Eu termino primeiro e assumo o volante.

— Vamos lá, não quero chegar atrasado. – Essa picape infelizmente não passa de oitenta quilômetros por hora.

Eu dirijo a picape barulhenta á caminho da escola, e seria mais uma segunda-feira normal se não fosse o silencio no carro.  

— Aconteceu algo? – eu pergunto, já ansioso. Eu detesto más noticias.

— Jared imprimiu. – Leah responde, quase num rosnado. Ninguém detesta mais o assunto do imprinting do que Leah, e eu não posso culpá-la por isso. Eu tive muita sorte no imprinting, comparado á ela.

— Sério? – eu pergunto, chocado. – Com quem?

— Kim! – Embry responde, animado.

— Quem é Kim?

— Prima de segundo grau de Leah.

— Uau. Caramba.

Jared foi o segundo a se tornar lobo, depois de Sam, então faz alguns anos que ele já é um metamorfo. Para imprimir apenas agora, é um pouco chocante.

— Sim, cara, não é fantástico? – Embry sempre achou o imprinting fascinante. – Ele conhecia ela como a vida toda, e nunca imaginou que seria seu imprinting. Então ele a viu quando transformado e pronto, foi isso. Nós estávamos transformados na hora, foi muito chocante.

Sim, chocante resume bem o ato de imprimir. Quando estamos todos em nossas formas de lobo, temos algo como uma telepatia conjunta, onde todos podem ouvir os pensamentos de todos. É uma bagunça, e é a coisa que eu mais odeio sobre ser lobo, essa falta absoluta de privacidade. Esse é mais um motivo pelo qual eu evito a transformação.

— Acho que eu e Quil seremos os próximos. – Embry fala esperançosamente.  

Quil geme.

— Eu não quero imprimir em ninguém, Embry. Eu só tenho 17 anos.

— E daí? Jake imprimiu com dezesseis.

— Sim, e você viu quão bem foi isso. – suspirou Quil. – Sem ofensas, Jake.

— Claro, cara. – eu forço um sorriso.

Meu imprinting foi bastante confuso no inicio, eu estava uma bagunça, mas eu sinceramente amo isso agora. É impossível odiar algo que te deixa estupidamente feliz.

— Eu espero não imprimir nunca. – Quil fala com fervor.

— Sorte pra você, cara. – eu desejo. Eu falava a mesma coisa. – Os genes quileutes amam foder nossa vida.

— Com certeza. – bufa Leah.

Leah é uma anomalia em si, a única loba mulher da matilha. É vergonhoso, mas eu fiquei feliz quando descobri que Leah também era um lobo – ela escondeu isso de nós por quase dois anos. Com Leah sendo uma variável não prevista nas lendas, assim como meu imprinting era algo fora do comum, eu deixei de ser a única anomalia na matilha.

— Eu espero que Leah imprima logo. – Embry tem a coragem de dizer. – Ela vai ser tão feliz.

Leah acerta um tapa na cabeça de Embry.

— Já chega desse assunto idiota. – ela rosna.

— Sim, já chega. – eu concordo.

Não é porque eu aceitei o meu imprinting que eu gosto de falar sobre isso – eu prefiro nunca ter que falar sobre isso. Já é confuso demais em minha própria cabeça.

Nós finalmente chegamos á escola. Vários alunos também estão chegando, alguns nos olham e cochicham, como se ainda fosse novidade os quileutes estarem na escola de Forks. Eu não ligo mais para isso, já estou acostumado.

Eu estaciono o carro, pego minha mochila e saio. Eu farejo o ar disfarçadamente, e sinto que Bella e Brian ainda não chegaram. Ter o olfato apurado as vezes é legal – ponha as vezes nisso; eu espirro o tempo todo por causa do perfume das garotas.

— Vamos, cara, eu estou morrendo de fome. – Quil bate no meu ombro, e eu acompanho ele para o refeitório.

Eu aprendi logo cedo que parte de ser um lobo é comer como um leão. Depois de encher a bandeja, sentamos na nossa mesa de sempre, a mais escondida – ninguém senta lá, com medo de que os quileutes “valentões” lhe deem problemas. As pessoas acham que porque temos músculos somos todos delinquentes.

Eu vejo Adam entrar no refeitório e procurar uma mesa, então eu aceno pra ele se juntar á nós. Como Paul não estuda conosco, ele vem. Eu não o culpo por nunca querer ficar perto de Paul; Paul é um idiota.

— Ei Jake. Oi Embry, Quil, Leah. – Adam cumprimenta. – Tudo bem se eu sentar?

— Claro, cara. – eu respondo.

Eu sei que ele não está confortável perto dos outros ocupantes da mesa que logo chegarão, mas eu também não estou confortável com a maioria das pessoas aqui. Estar em família é melhor, no entanto, e perto de nós eu tenho certeza que ninguém vai ter a ousadia de mexer com Adam. É incrível como as pessoas acham que tem o direito de dar suas opiniões criticas em alta voz apenas porque alguém é diferente. Eu mesmo achei muito estranho quando conheci Adam e descobri que ele usava coisas de meninas, mas eu nunca o questionei sobre isso. Brian me ensinou logo na infância que existem pessoas que são diferentes e são felizes por ser diferentes. Eu sou diferente, geneticamente; apenas minha diferença está mais oculta do que a dos outros.

— Porque você não veio conosco? Há espaço na caminhonete. – Leah fala para Adam. É tão raro ver ela ser legal com alguém que eu quase engasgo com meu suco.

— Obrigado, mas eu não quero atrapalhar. – Adam responde suavemente.

— O que, você é bom demais pra andar com a gente? – retruca Leah, e eu apenas sei que ela esta agindo para intimidar o pobre garoto. Eu o vejo empalidecer.

— Não é isso! – ele nega imediatamente.

— Então venha conosco e não seja estranho, ninguém vai te morder. – Leah diz. Ela é uma cobra manipuladora tão má quanto Brian. Pobre Adam. Ele sorri.

— Eu vou pensar sobre isso. – ele promete.

— Não deixe Leah te intimidar; - eu intervenho – Venha conosco só se você quiser. 

— Okay. – ele concorda.

Jéssica e Lauren são as primeiras a chegar. Elas apenas sentam conosco porque que Bella é amiga das duas. Eu realmente não me considero próxima de nenhuma.  

— Olá meninos, Leah. – Jessica cumprimenta, e ela olha para Adam como se estivesse em duvida porque ele está lá.

— Olá. – nós respondemos por educação.

— Brian e Bella ainda não chegaram? – Lauren pergunta.

— Se eles tivessem chegado, eles estariam aqui. – Leah não perde uma oportunidade para alfinetar alguém. Lauren finge que não ouviu.

Jéssica se inclina perto demais e eu seguro a respiração; o cheiro do perfume é forte demais.

— E os Cullen ainda não apareceram? – ela sussurra.

— Quem? – eu pergunto, tentando não respirar.

— Vocês não ouviram? – Jéssica vai sentar no meu colo se ela se aproximar mais. Eu sou tentado a empurrar ela. – A nova família que chegou á cidade há alguns dias.

— Não, eu não sei. – eu respondo, não aguento e finalmente espirro. Eu afasto a minha cadeira.  

— Ah, claro, vocês vivem isolados na reserva. – Jéssica finalmente senta e para de me sufocar. – São os Cullen. Eu ouvi dizer que o senhor e a senhora Cullen tem cinco filhos, na idade de vir á escola, e o senhor Cullen assumiu como médico no Hospital Geral de Forks.

Jessica Stanley sabe tudo que acontece em Forks. Ou melhor, quase tudo, eu penso sorrindo. Ela não chegaria tão perto de mim se soubesse sobre os lobos.

— O que há de mais sobre isso? – Leah pergunta com a voz fria. Ela detesta Jéssica e Lauren, e eu sinceramente não sei o motivo. Leah detesta a maioria das pessoas á primeira vista, então é difícil saber se há realmente um motivo. Eu acho Jéssica tolerável, quando ela não esta me assediando, e Lauren é apenas irritante.

— Bem, - Jéssica dá um sorriso tímido – será legal se nós dermos uma boa apresentação á eles.

— Você quer que nós demos as boas vindas aos recém chegados? – Embry ri, incrédulo.

— É claro que não. Como se os tribais pudessem ser civilizados o bastante pra saber o que é dar boas vindas. – Lauren zomba e eu mal reajo; eu aprendi muito sobre controle depois que me tornei lobo, ou todas as pessoas já saberiam nosso segredo.

— Nós não queremos tirar de você a oportunidade de se esfregar nos recém chegados, já que você é especialista nisso. – Leah rebate, e eu fico alerta. Leah não é conhecida por ter muito controle.

Lauren finalmente começa a comer, obviamente percebendo que não quer irritar Leah. Eu suspiro aliviado.

Na minha próxima respiração eu sinto um cheiro familiar, que eu sei bem á quem pertence. Eu levanto a cabeça e sim, Brian e Bella estão entrando no refeitório. Eles são muito parecidos, usando casacos preto idênticos. Apenas Brian está usando o cabelo vermelho atualmente, quase no ombro, enquanto Bella mantêm a cor chocolate natural. Os dois são muito bonitos.

— Jake está sorrindo, isso significa que alguém chegou. – Quil provoca e eu quero atirar meu prato nele. Idiota.

— Bom dia. – Bella é a primeira a sentar, ela apenas pegou uma maçã para comer. Não me admira que ela seja tão magra, comendo assim.

— Bom dia. – os outros respondem.

— Bom dia Bells. – eu respondo, sorrindo pra ela.

— Hey pessoal. – Brian cumprimenta a todos, sentando como sempre ao meu lado.

— Oi. – eu respondo, sorrindo ainda mais ao olhar para Brian. Seu nariz está vermelho por causa do frio e é muito fofo.

Ele pega minhas duas mãos e aperta no rosto. Eu já estou acostumado com isso, então apenas empresto minhas mãos á ele por um momento.

— Você é um forno, Jake. – Brian murmura. Sua pele está gelada, mas logo vai aquecer porque minha temperatura corporal é alta. É legal ser um lobo ás vezes. Eu sorrio; eu gostaria de fazer o mesmo com Bella, mas ela está do outro lado da mesa. Seu nariz também está vermelho.

Ela olha pra mim, sentindo meu olhar e sorri.

— Brian está se aproveitando de você de novo? – Bella fala comigo.

— Ele está me usando como seu aquecedor pessoal.

— Privilégios de melhor amigo. – Brian diz orgulhoso e Bella ri. Eu amo o sorriso de Bella.

Eu não sei se eu olho pra ela na minha frente ou pra Brian do meu lado – ter seu imprinting e a garota que você gosta no mesmo lugar é um tanto confuso. Eu estou muito feliz, no entanto. Eu amo quando os dois estão comigo.

— Como você está, Jake? Se divertiu ontem? – Bella pergunta e ela parece realmente interessada.

— Eu estou bem. Fizemos as coisas de sempre. Senti sua falta ontem; você vai vir esse domingo, certo? Vamos fazer a fogueira.

— Claro. – Bella assente. – Eu já escolhi um filme para vermos.

— Se for um filme romântico eu vou deixar vocês dois sozinhos. – provoca Brian e eu quero bater nele por suas insinuações obvias. E também quero abraçar ele. E quero ver um filme apenas com Bella, mas também quero ver um filme com os dois. Imprinting é confuso assim.

— Bem – Jessica interrompe, olhando de Bella para Brian como se nós fossemos estranhos, e eu estou irritado, porque eu esqueci que havia outras pessoas alem de Bella e Brian na mesa. – Vocês já ouviram sobre a nova família que se mudou para cá?

— Sim. Charlie mencionou algo essa semana, mas eu realmente esqueci. – Brian responde, e solta minhas mãos para morder seu sanduiche. Ele come quase tanto como um quileute. – O que há, eles causaram problemas?

— Porque você acha que as pessoas estão causando problemas? Você é o único causador de problemas por aqui, Bri. – Bella fala, mas sua voz é carinhosa.

— Bem, o que há sobre a família nova? – Brian quer saber. Eu apenas me concentro na minha comida, eu não estou realmente interessado no assunto e eu não quero ser muito obvio encarando ora Brian ora Bella o tempo todo. Quil diz que é muito engraçado essa minha indecisão, mas na verdade, não é. Eu vou ter um torcicolo um dia.

— Bem, eu ainda não os vi – suspira Jéssica. – Mas minha mãe disse que o doutor Cullen é muito bonito, então eu apenas imagino como devem ser os filhos deles.

Sim, eu espero que Jéssica consiga um encontro, pra ela parar de ficar me dando olhares. Alem de Bella, ela é provavelmente a única que ainda não percebeu que eu já tenho uma queda por alguém, alguém que é sua amiga.

— Tadinhos, quem em sã consciência iria vir para Forks? – Brian suspira. – Eles vão querer ir embora em uma semana.

Eu concordo silenciosamente.

— Quem está responsável por receber os novos alunos? – Bella pergunta com sua mente sensata como sempre.

— Eric. Mas como são vários alunos, ele nos pediu para ajudar. – responde Lauren orgulhosamente.

Bella sorri.

— Bem, boa sorte. – ela diz sinceramente.

— Você não quer ajudar, Bella? – Jéssica pergunta.

— Não, eu realmente sou tímida com pessoas novas. – admite Bella. – Brian poderia, ele é...

— Sem vergonha. – eu completo, porque eu sei é isso que Bella vai falar. Pelo jeito que ela sorri, bem, eu estou certo. A gente faz muito isso, de adivinhar o que o outro vai falar.

— Nah, eu não quero. – Brian fala. – Eu estou com frio demais até pra falar.

— Você é tão preguiçoso. – Bella e eu falamos juntos e sorrimos um para o outro. A gente também faz isso muito. Os outros riem.

— Vocês são um cérebro em dois corpos diferentes. – ri Embry.

Eu ainda estou olhando para Bella quando Mike Newton e Tyler Crowley chegam, invadindo a mesa com suas vozes altas, porque eles são amigos de Jéssica e Lauren. Eu praticamente não falo nada com os dois. Apesar de sentarmos todos juntos, não somos todos amigos. Eu me reúno por causa de Brian e Bella, os quileutes se juntam por causa de mim, Jéssica e Lauren se juntam por causa de Bella, e Mike e Tyler seguem Jéssica. Somos um grupo estranho.

É impossível conversar com Bella agora no meio do barulho, então eu aproveito pra falar com Brian. Meu coração apenas tem essa sensação de tranquilidade e felicidade quando olho para ele.

— Você terminou seus trabalhos? – eu pergunto, sabendo que ele sempre atrasa eles.

— Sim, Bella me ajudou.

— Você não tem vergonha de ser ajudado por sua irmã mais nova? – eu provoco.

Brian sorri.

— Eu nasci sem vergonha, Bella herdou toda. 

Sim, de fato. Eu nunca conheci alguém menos envergonhado do que Brian Swan. Bella, ao contrario, pode corar por qualquer coisa.

 - Oh meu Deus! – Jéssica suspira de repente e eu sou obrigado a olhar para longe de Brian. Eu não entendo a comoção á principio, mas há um silencio sufocante e súbito no refeitório, então eu me viro pra ver o que todos estão olhando.

Eu vejo alguns alunos entrando, obviamente os novos alunos porque eu nunca vi esses tons de cabelos por aqui. Eu não sou muito observador de detalhes, então eu apenas vejo que há uma garota pequena, de cabelos escuro e curto, um menino alto e musculoso, que parece um levantador sério de peso – eu considero minha missão manter Brian longe dele –  uma loira magra e alta, um menino branco de cabelo dourado até o ombro e um alto e magro de cabelo bronze. Todos extremamente brancos, nenhum parecido um com o outro. Eu nunca vi irmãos tão diferentes.

— Oh meu Deus, eu vou morrer. – Lauren está surtando e eu reviro os olhos. Essas garotas são tão dramáticas. Parece o dia que nós quileutes viemos pra escola outra vez.

— Eles são muito bonitos. – Bella diz, e eu estou um pouco ciumento. Bella nunca é de comentar a beleza de ninguém.

— Eles não parecem irmãos. – eu observo.

— Eles cheiram. – Leah resmunga baixo, e eu respiro fundo. Sim, é um cheiro novo e um tanto enjoativo. Deve ser algum tipo de perfume caro. Considerando suas roupas, que até eu que não observo detalhes posso dizer que são legais, eles parecem ter dinheiro. Eu não gosto desse cheiro. Eu espero que eles fiquem longe, meu nariz é sensível. 

Eu estou agradecido porque o sinal toca nesse momento. Ver meninas e meninos babando sobre os recém-chegados não é confortável. E ver Bella olhando para outros meninos, isso me incomoda. Não que eu vá falar algo; afinal, Bella não é minha namorada. Ela está livre pra namorar com quem ela quiser, porque eu sou covarde demais pra dizer á ela que eu gosto dela mais do que como amigo. Ah, eu queria ser como Brian, que sempre fala tudo sem receio.

Eu sou um dos primeiros a levantar para ir para a sala. Bella sorri pra mim e diz “até mais tarde Jake”, então meu coração está mais aliviado. Coração ciumento estúpido.

Brian caminha comigo para a primeira aula.

— Bem, o que você achou das novas pessoas? – eu pergunto á Brian, porque ele está estranhamente quieto.

— Bem, eu espero que algum deles toque. – ele sorri. – A banda precisa sair do papel esse ano.

Brian é apaixonado pela musica e ama tocar guitarra. Ele está tentando há algum tempo montar uma banda na escola, mas é difícil encontrar alguém interessado e que seja bom. A maioria das meninas que quer participar apenas quer entrar nas calças dele e não tem nenhum interesse real na musica.

— Bem, tomara. – eu desejo. Eu quero dar á Brian tudo que ele deseja, fazê-lo a pessoa mais feliz, porque ele é o meu imprinting, mas bem, eu nunca consegui tocar nenhum instrumento, então não há como eu ajudá-lo nisso. Pelo menos podemos consertar carros juntos, eu posso ajudá-lo com seus trabalhos, nos divertimos juntos; isso já me deixa feliz.

Há um tumulto no corredor do prédio B, eu imagino que seja por causa dos recém chegados, mas quando chegamos mais perto eu escuto vozes familiares.

— Você empurrou o meu primo por quê? Você é idiota? – Isso com certeza é Leah, então eu me adianto, empurrando algumas pessoas pra fora do caminho, antes que ela se torne uma loba no meio da escola.

Eu consigo ver que Adam está com ela, e há três garotos do time de futebol que estão atualmente sendo gritados por Leah.

— E daí, o que você vai fazer? Você quer defender esse viado, garota macho? – o idiota zomba e eu cruzo os braços e apenas deixo Leah socar ele livremente. Que Sam reclame mais tarde, esse idiota merece. Ele cai no chão como um saco de batatas. A força de lobo é maravilhosa.

Adam é quem segura Leah e impede ela de bater nos outros dois imbecis.

— Leah, se acalme. – ele implora. – Não se importe com esses idiotas, nós vamos pegar detenção.

Brian, claro, se envolve:

— Se eles tem coragem de falar essas babaquices sobre você, eles merecem ser chutados nas bolas.

A confusão está armada. Eu seguro Brian pra impedir ele de bater nos outros dois meninos, porque ele é insano quando se trata de defender alguém, mas os dois idiotas homofóbicos avançam pra cima de Adam, aproveitando que ele esta segurando Leah. Eu não chego rápido o suficiente, mas Adam empurra o garoto pra longe dele, e o menino voa quase do outro lado do corredor. Eu estou surpreso, porque Adam não é lobo.

Leah então derruba o próximo com um soco certeiro no nariz. É K.O. Sinto cheiro de sangue.

Eu estou chocado, principalmente por causa de Adam, mas sei que preciso agir rápido.

— Já chega! – eu grito. – Vamos todos pra reitoria agora resolver isso.

Já estamos ferrados mesmo. Eu já sei que vamos pegar detenção, no mínimo. Eu seguro dois meninos pra impedi-los de fugir, Brian arrasta o outro e vamos pra sala do diretor. A multidão abre espaço, sussurros agitados ao nosso redor.

É apenas uma segunda-feira normal na Forks High School. Sam vai nos matar.

— Viu, não foi minha culpa dessa vez. Não sou apenas eu que arrumo problemas. – Brian sorri pra mim. Ele se diverte nas situações mais estranhas. Então ele perturba Leah: – Leah, você é a melhor, você apenas deu KO em todos eles; você é a incrível mulher maravilha.

— Cala a boca Brian. – ela também sabe que está ferrada.

Eu sei que Sam não vai nos forçar a voltar estudar na reserva apenas por causa do meu imprinting, então eu estou mais uma vez agradecido por isso.

— O quê? Foi divertido de assistir. – Brian sorri e eu sou obrigado a sorrir de volta. – Adam, você parecia aqueles lutadores de artes marciais, cara, você foi incrível.

Adam apenas sorri levemente. Eu acho que ele entende que vai levar uma bronca também. Brian é o único que acha tudo muito legal, é claro.

Eu tenho o imprinting mais estranho de todos, mas é impossível não se divertir com esse idiota.

O diretor não está nada surpreso ao ver Brian e eu entrar, porque já nos metemos em varias confusões juntos, mas ele está surpreso de ver Leah e Adam. Os dois não são de se envolverem em brigas, e Adam está na escola há apenas dois meses.

— Sentem e expliquem o que aconteceu. – o diretor ordena, tentando fazer uma expressão severa em vez de cansada.


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Notas finais do capítulo

Deixem suas opiniões, eu já estou com os capítulos prontos e apenas esperando vocês comentarem.
* No meu universo Crepúsculo, a transformação dos lobos não tem a ver com vampiros, apenas com a genética; eles se tornam lobos independente de ter vampiros por perto ou não.
Até mais!



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