A Milésima versão de Crepúsculo escrita por TheFemme


Capítulo 11
Alice Cullen


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo ficou bem maior do que eu esperava, então imaginem a animação que eu estava ao escrever kk. Eu tive que encerrar, mesmo que tinha muitas coisas ainda pra escrever rs, mas vou continuar no POV do Adam em breve. Boa leitura.



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POV Alice          

— Onde você nasceu?

Bree é uma garota curiosa. Ela quer aprender tudo imediatamente, como se não houvesse tempo suficiente para ela aprender tudo. Ela me faz lembrar um pouco de mim mesma mais nova. É claro que eu nessa idade já tinha um senso de moda, independente da época em que nasci; Bree não. Ela usa blusas largas todos os dias, e suas cores favoritas são cinza e preto, o que não contribui para sua aparência. Ela é muito bonita, por si mesma, mas não faria mal ela se arrumar um pouco – Rosalie concorda comigo nisso, mas não conseguimos influenciar Bree nessas duas semanas em que ela esta conosco ainda. Ela prefere usar as blusas de Jasper do que os vestidos bonitos que Rosalie comprou para ela.

— Nasci em Minnesota, em 1907.

— Você tinha irmãos?

— Seis.

— E onde eles estão hoje?

Essa é uma pergunta difícil.

— Eu não procurei minha família depois que fui transformada, então não sei o que aconteceu com eles.

É claro que Bree insiste em perguntar.

 - Porquê? Você se esqueceu deles?

Eu olho para minha coleção de botas por alguns segundos, pensando em como responder isso.

— Eu não esqueci eles, mas não tínhamos uma boa relação.

Bree para de folhear a revista que ela está lendo.

— Você tinha uma má família?

— Eles não eram más. – digo, escolhendo a bota azul para usar hoje. – Eles achavam que eu era louca e me colocaram numa clinica psiquiátrica aos 10 anos. Eu fiquei lá até os 19 anos, quando Carlisle entrou para a equipe e decidiu me transformar.

— Você estava morrendo?

— Não, mas eu desenvolvi uma doença cerebral grave por causa do tratamento de choque, e iria degenerar com a passagem do tempo.

Bree suspira.

— Isso é triste. Parece que eu sou a única que tinha uma vida normal antes de se tornar vampira. Jasper estava na guerra, Rosalie foi violentada, Emmett atacado por um urso, Esme pulou de um penhasco, Edward estava com a gripe espanhola... O que houve com Carlisle?

— Você vai ter que perguntar á ele. – digo, fechando meu guarda-roupa. – Eu vou tomar banho agora. Você pode olhar todas as revistas que quiser.

Com alguma esperança, se ela ver revistas de moda suficientes, algum senso vai entrar em sua cabeça.

Bree balança a cabeça, levantando da cama.

— Eu vou ver se Jasper já saiu do banho; ele esta me devendo uma historia. Obrigada por conversar comigo, Alice.

— De nada.

Eu tomo banho rapidamente. Estou animada para ir á escola. Eu gosto de Forks mais do que imaginei que gostaria. As visões que eu tive deixaram á desejar em comparação á realidade.

Eu ouço Jasper e Bree discutindo, como todas as manhãs. Não demorou muito para Bree perder o medo de nós e mostrar que ela tem uma determinação de ferro quando quer algo. Ela tem um gênio forte. Ela e Jasper estão batendo cabeça constantemente, e eu imagino que esse seja o motivo que eu o vi indo para o Norte em breve e encontrando Charlotte e Peter, seus velhos amigos.

— Estamos todos prontos? – Edward pergunta, pegando a chave do carro.

Emmett desce as escadas vestindo o casaco.

— Vamos lá. Eu tenho Educação Física hoje. – ele diz animadamente. Emmett ama esportes, mesmo quando é jogar bola com humanos.

Edward sorri.

— As meninas estão esperando ansiosas para verem você tirar a camisa no jogo.

Eu reviro os olhos.

— Nem pense nisso, Emmett. Não chame muita atenção.

— Ele já chama muita atenção sem tentar. – Rosalie concorda, descendo as escadas. Eu estou um pouco invejosa da sua roupa.

— Quando você comprou calças novas? Você foi ás compras sem mim? – pergunto. Eu meio que conheço todo o guarda roupa de Rosalie e vice-versa.

— Eu comprei pela internet.

Faço careta.

— Você pode comprar roupas que preste pela internet?

Eu não confio totalmente nas compras online, pelo menos não de roupas. Eu preciso tocar, experimentar roupas para poder comprar.

— É Prada, o que poderia dar errado?

Não sei, é estranho comprar roupas pela internet. Eu não gosto disso. Nada substitui uma loja para mim. O que me lembra...

— Eu preciso ir ás compras logo. Eu já usei todas minhas roupas novas.

— Portland? – Rosalie pergunta.

Eu tento ver alguma loja, então balanço a cabeça.

— Não há nada de bom em Portland. Precisamos ir á Seattle.

— Vamos sábado. – concorda Rosalie, antes de entrar no carro. Eu paro por um segundo, tentando imaginar nós duas em Seattle. Por algum motivo eu sinto que não será nesse sábado. Essas premonições estranhas que estou tendo, sem nenhuma visão, é chato. Eu não consigo ver, mas apenas sei quando algo vai acontecer ou não.

— Jasper, nós queremos chegar á escola hoje! – Emmett grita.

Jasper entra no carro e Edward dá a partida. Eu tento não olhar para a floresta; por algum motivo eu tenho maus pressentimentos toda vez que vejo a floresta de Forks. Eu não tenho caçado há uma semana já e se Edward notou, ele não disse nada. Ele sabe que há algo diferente desde que chegamos em Forks; minhas visões estão sendo embaçadas e muitas coisas eu sinto mas não consigo ver. Nada nunca causou isso ao meu dom, nem mesmo vampiros escudos. Se eu pensasse que os Cullen pudesse ajudar ou ter alguma ideia do que está causando isso, eu teria falado com todos, mas ninguém sabe. Eu já decidi contar á eles para enxergar no que daria, mas ninguém sabia nada, então desisti. É algum problema com o meu dom, eu não quero envolver a família nisso. Edward, felizmente, é educado demais para se envolver.

Eu olho para a janela e tento manter minha mente vazia; eu vejo Bree, correndo na floresta. Ela esta caçando. Edward e Jasper estão atrás. Há um rio, e Bree pula para o outro lado. Então Edward rosna para Jasper se apressar. Bree encontrou algo. Eu não sei o que é, nem consigo ver. Mas Edward estava assustado.

É a terceira vez que tenho a mesma visão. Edward está olhando para mim no carro.

“Eu não sei o que é isso” penso para ele. “Poderia ser os Volturi, poderia ser algum humano que Bree vai encontrar. Eu não sei”.

— Eu vou procurar esse lugar mais tarde. – ele diz.

Nossos irmãos não perguntam, eles já estão acostumados com Edward tendo conversas unilaterais.

“Tome cuidado” digo para Edward. Ele assente e volta a olhar para a frente.

Quando desço do carro em frente á escola tenho a primeira visão clara em dias. Eu sorrio, aliviada. Eu estava com saudades disso. É horrível estar no escuro.

Nós estamos chegando depois do horário para evitar fingir comer de manhã, então vou direto para a aula de Biologia. Eu me concentro em Edward, Rosalie, Emmett e Jasper, para ter certeza que tudo irá correr bem. Tirando Emmett, que fará algumas garotas desmaiarem ao tirar a blusa no ginásio, tudo vai estar normal. Me concentro em Carlisle, e seu dia também será tranquilo. Me preocupo ao pensar em Bree e ver ela sair de casa. Eu quase levanto da cadeira, mas vejo ela apenas olhar ao redor e voltar para casa. Esme está esperando por ela. “O que você esta fazendo?” ela pergunta. “Nada. Eu só queria correr um pouco”.

— Srta. Cullen? – o professor me chama. Eu olho para ele.

— O que?

— Você esta bem?

Eu devo ter vagado novamente.

— Sim. Apenas com sono. – minto.

Quando eu vou ao meu armário pegar meus livros para a próxima aula, Brian Swan está lá me esperando. Eu não estou surpresa, pois eu já vi isso.  

— Brian Swan. O que você quer?

— Nada. Porque você acha que eu quero algo?

— Porque o seu armário fica pra lá e você esta aqui, no meu armário.

— Bem, eu posso querer algo. Então, você toca?

— Toco?

— Algum instrumento.

— Não, mas posso conhecer alguém que toca.

— Sim? Quem?

— Meu irmão Edward toca piano.

— Show! Hoje é meu dia de sorte. Já gosto de você. – então ele se vira para sair, mas volta. – Então, você é amiga de Adam Black?

— Sou.

— Bom, seja legal com ele ou eu estou vindo para você.

Céus, um humano ameaçando uma vampira. Eu me controlo para não rir.

— Eu não tenho nenhuma má intenção com seu amigo.

— Bom, você definitivamente é a irmã boa. Tchau baixinha, obrigado! – ele se despede. Eu já vejo que ele vai perturbar Edward no ginásio. E então outra visão surge; eu estou descendo para a garagem e abrindo a porta; Brian está lá com Rosalie. Eu estou confusa. Isso é novo.

Eu entro na aula de Cálculos totalmente distraída com esse novo desenvolvimento, tentando forçar alguma visão nova e não conseguindo. Obviamente essa visão foi despertada por Brian vir falar comigo. 

Meu dom é limitante, é difícil forçar visões. Eu não vejo o que eu quero ver, nem quando quero ver. Meu dom me controla, não ao contrario.

Então Adam Black esta sentando ao meu lado, e sorrindo para mim, então eu esqueço sobre as visões.

— Bom dia. – ele diz.

— Bom dia.

Adam Black é um garoto muito legal e interessante que eu conheci na primeira semana de aula na escola. Ele é alto, tem um cabelo grande e maravilhoso, e olhos realmente bonitos – eu acho tudo sobre Adam bonito, mas seus olhos realmente chamam minha atenção.

— Eu fiz algo para você. – Adam fala e eu estou ansiosa. Eu nunca recebi um presente que eu não soubesse o que era, antes de receber.

Ele tira algo da mochila e eu olho surpresa. É um colar, feito de conchas coloridas.

— Uau. Isso é bonito. Você não precisava comprar nada para mim.

— Eu não comprei, eu fiz.

— Mesmo? Eu gosto disso, obrigado Adam. – agradeço sinceramente. Ele sorri e então pega seu caderno. Eu tento abrir o colar, mas eu não consigo.

— Aqui, me deixe ajudar. – Adam pede, pegando o colar e sua mão encosta na minha mão. Eu não estou atenta, porque eu já toquei sua mão antes. Mas então ele me olha, preocupado. – Você esta bem? Suas mãos estão congelando.

Eu esqueci as luvas hoje.

— Eu estou bem. Está frio. – digo, esperando que ele acredite nisso. Ele sorri.

— Você quer que eu coloque?

— Okay. – concordo, virando de costas para ele. Meu cabelo é curto, então Adam não tem nenhum problema colocando isso. O cordão tem algum tipo de nó atrás que leva um tempo para amarrar e a mão de Adam está tocando no meu pescoço. Eu estou gostando disso um pouco demais, o que é um problema. Eu gosto de ter amigos humanos, agora um relacionamento vampiro-humano não foi feito para acontecer. Mesmo que o sangue de Adam não seja especialmente atrativo para mim, há muitos problemas que envolvem uma relação assim.

Eu tento me distrair.

— Posso perguntar algo á você? – pergunto.

— Sim.

— Eu ouvi que há uma tribo indígena em La Push. – começo. – Você faz parte da tribo?

— Sim. Está pronto. – Ele vira para a frente. – A tribo quileute é uma tribo indígena pequena. Eu sou meio quileute, minha mãe era da tribo e meu pai.

Oh, isso é interessante. Mas eu não posso entrar nesse assunto agora, eu ouço o professor se aproximando. Faço uma pergunta mais fácil:

— O cordão é uma coisa quileute?

— Sim. Mas eu estou lhe dando porque é bonito, não tem nada a ver com a tradição.

Eu fico curiosa.

— Há uma tradição?

— Os quileutes tem varias tradições. – responde Adam. – Oh, o professor chegou.

Eu quase bufo de frustração. Maldita hora pro professor chegar. Agora eu estou curiosa e não adianta tentar conversar com Adam no meio da aula, ele é muito nerd. Ele obviamente esta escondendo alguma coisa sobre o colar, de forma tão descarada, e agora eu estou curiosa. Ele tem tanta sorte que eu não seja Bree. Ela iria arrastar ele pra fora da sala se fosse necessário, quando ela queria descobrir algo.

Eu espero pacientemente ate o final da aula, já esperando que Adam irá tentar sair correndo da sala, mas eu sou mais rápida e consigo segurar ele.

— Você vai estar ocupado sábado?

— Não. Porque?

— Eu estava pensando em ir á Portland, e eu não sei como chegar la.

— Oh, você tem um GPS? Não é difícil de chegar.

Oh, porque ele é inteligente?

— Eu tenho, mas na verdade eu queria companhia para ir, eu não conheço nada em Portland.

— Sua irmã não pode ir?

— Não, Rosalie vai estar ocupada.

Adam pensa por um momento, olhando para o relógio e com certeza pensando que ele vai chegar atrasado na sua próxima aula.

— Okay, eu posso ir. – ele concorda. – Me mande uma mensagem mais tarde.

— Obrigada, eu prometo que vai ser divertido. Obrigada pelo presente. Tchau Adam!

— Tchau Alice! – Ele corre para sua próxima aula. Eu sorrio, feliz. Ele vai me responder tudo no sábado. Eu acho. Eu tento imaginar a viagem, mas não consigo ver nada. Isso é uma droga. Desde que seja sobre Adam, eu nunca consigo ver nada. Pelo menos eu já sei porque eu não irei com Rosalie para Seattle nesse sábado. É difícil jogar sem saber quais cartas o destino estará lhe dando.

— O que você esta aprontando? – Edward pergunta quando sento ao seu lado em Química.

— Nada.

Ele balança a cabeça.

— Eu tenho pena desse garoto. Enquanto você esta interrogando ele, tente descobrir algo sobre a tribo.

— O que você tem ouvido? – pergunto. Edward faz careta, ele detesta comentar sobre os pensamentos que ele ouve. Tão honrado. Eu iria me aproveitar se tivesse o dom dele, sem duvidas. Ele ri.

— Claro que você iria se aproveitar. Você é manipuladora, Alice.

— Só quando eu quero algo. O que você tem ouvido? – insisto.

— Há pensamentos estranhos, sobre caçar, e sobre cheiros.

— Como vampiros? – pergunto, preocupada. Oh meu Deus, há vampiros em La Push? Adam esta em perigo?

— Não acho que nenhum deles sejam vampiros. – discorda Edward. – Mas há algo estranho, tome cuidado.

— Você acha que Adam esta em perigo?

— Talvez eles tenham um costume tribal de caçar, talvez eles sintam cheiros melhores do que humanos comuns. Eu não sei, estou investigando isso ainda. Mas o que quer que eles sejam, Adam também é.

Eu não gosto disso.

— Você quer dizer que eles são o que? Humanos super dotados?

— Tente descobrir mais sobre a tribo, principalmente quando eu estou perto e posso ouvir o que ele esta pensando.

Eu não gosto disso, de estar usando Adam para descobrir alguma coisa.

— Não há como perguntar á outra pessoa? Há vários quileutes aqui.

— Você é a única que esta fazendo amizade com um deles.

Eu quero rosnar para Edward.

— Tudo bem. Verei o que posso fazer. – concordo, a contra gosto.

Eu não gosto disso. Se houvesse algo de errado com Adam eu já teria descoberto. Nós estamos conversando há duas semanas, eu olho pra ele o tempo todo. Não há nada de anormal sobre ele.

— Você não consegue ver ele em suas visões. – Edward fala.

Esse é um dos momentos que o dom de Edward me irrita. Eu não discuto com ele, porque sim, há essa anomalia. Eu sempre vejo quando eu vou conhecer alguém novo, principalmente se é alguém que fará parte da minha vida. A primeira vez que vi Adam foi exatamente no momento em que o conheci. Eu imaginei que não seriamos nada alem de conhecidos, pessoas passageiras na vida um do outro, porque eu não via Adam – mas nós continuamos falando, e conversando, e trocando desenhos, e eu ainda não vi Adam. Nunca. Nem um vislumbre do futuro dele.

— Tudo bem. Talvez você tenha razão. – cedo.

O restante da semana passa não rápido o suficiente. O tempo sempre é devagar, mas dessa vez é extremamente lento, principalmente porque eu estou ansiosa para ir á Portland com Adam, e fazer uma viagem que eu sinceramente não sei o que vai acontecer.

Na sexta-feira Jasper cumpre minha visão, quando estamos voltando da escola.

— Eu vou para o norte por um tempo. – ele diz. Rosalie e Emmett são os únicos surpresos.

— Porque? – Rosalie pergunta.

— Eu não posso visitar meus velhos amigos?

— Tudo bem. – Rosalie diz, com a expressão irritada de quem sabe que esta sendo ludibriada. – Eu vou cuidar de Bree.

— Obrigado. – Jasper agradece.

— Quando você volta? – Emmett pergunta.

— Logo. – ele responde, e eu sei que ele ainda não decidiu, porque ainda não consigo vê-lo voltando.

— Não demore muito ou eu vou soltar Bree atrás de você. – Rosalie ameaça e Jasper ri.

— Certo. Eu já falei com Esme e Carlisle, então apenas irei.

— Você se despediu de Bree? – pergunto, por curiosidade.

— Na verdade, estou deixando vocês para avisarem á ela. Tchau! – E assim Jasper vai embora.

— Desgraçado, eu vou matar ele. – Rosalie rosna.

— Quem vai contar á Bree? – Emmett questiona.

— Vamos tirar no pedra-papel-tesoura. – sugiro.

— Isso não vale com você Alice.

— Okay, eu irei contar então. – assumo a função.

— Serio?

— Sim. – Nem mesmo a fúria de Bree irá tirar meu bom humor, porque amanha é sábado e eu estou indo para Portland.

— Boa sorte. – Edward fala.

Eu entro em casa e encontro Esme na sala, ela não parece surpresa ao não ver Jasper nos acompanhando. Bree, por outro lado, está surpresa e preocupada.

— Onde esta Jasper? – ela pergunta. – Porque o cheiro dele se afastou?

Eu olho para Edward. Ela definitivamente é uma rastreadora. Ele assente.

— Jasper precisou visitar uns amigos distante. – eu digo o mais tranquilamente que posso. – Ele vai estar de volta em breve.

— Quão em breve? Hoje? – Bree questiona.

— Daqui a alguns dias.

— Quão longe é isso que vai levar tantos dias, se Jasper corre tão rápido? – Bree lança as mãos para o alto, exasperada.

— Ele está com o celular, então você pode ligar pra ele e gritar o quanto quiser. – sugiro alegremente.

Bree bufa.

— Eu não vou ligar. – Então ela vira as costas e sobe para o quarto, batendo a porta. Ah, é difícil ser adolescente.

— Tudo está bem? – Esme pergunta.

— Tudo esta bem. – afirmo. – Eu vou para o meu quarto, eu preciso escolher minha roupa para amanha. – digo animadamente.

— Alice. – Esme chama, então eu volto. – Esse menino humano... Você não esta pretendendo transformá-lo, certo?

— Claro que não. Absolutamente não. – respondo rapidamente.

— Então tome muito cuidado para ele não descobrir o seu segredo. – ela aconselha. Certo; nós não temos permissão para contar aos humanos o nosso segredo.

— Eu estou sendo cuidadosa. – afirmo. É claro que sim, eu não quero os Volturi tendo mais um motivo para perturbar minha família, e nem que eles saibam sobre Adam.

Esme sorri carinhosamente.

— Bem, só tome cuidado e lembre que daqui a alguns anos você não vai poder mais vê-lo. – ela fala.

— Eu sei. Obrigada Esme.

Daqui a alguns anos eu estarei da mesma forma, sem envelhecer um fio de cabelo, então esse é o momento que eu devo me afastar dos meus amigos humanos. Isso não me desanima, no entanto. Eu gosto de conhecer pessoas diferentes. Mesmo que eu tenha que deixá-los um dia, vale a pena. Eu absolutamente não me arrependo de conhecer Adam, mesmo se eu tiver que deixa-lo daqui alguns anos. Ele é adorável, educado e tão fofo. Oh, deixa eu traduzir o hino nacional para latim, Edward esta perto... Não pensando em Adam quando Edward está perto.

Eu subo as escadas correndo.

— Rosalie, me ajude a escolher uma roupa! – chamo minha irmã.

— Estou tomando banho. Você deve tomar também, está incomodando Bree.

Eu entro no banheiro e tomo um banho rápido, então visto minha camisola. Eu gosto de camisolas, apesar de não dormir. Rosalie entra no meu quarto vestindo uma camisa grande que deve ser de Emmett.

— Você e Bree são iguais. – suspiro.

— Quem vai ver você usar uma camisola chique? – Rosalie rebate.

— Eu irei me ver e irei passar mal se me ver vestindo algo assim. Eu posso infartar com a sua falta de senso de moda agora mesmo, você e Bree estão me dando arrepios.

Rosalie revira os olhos com pouco caso.

— Você deveria ser atriz, Alice. Então – ela senta na minha cama e me dá um olhar familiar que antecede um interrogatório. – Você esta trocando um sábado comigo em Seattle para ir com um garoto para Port Angeles, onde você disse que não há nada que preste. Você esta usando um colar estranho que um menino estranho lhe deu. Estou curiosa sobre quem é Adam Black.

— O cordão não é estranho, e Adam não é estranho. Ele é um garoto de 17 anos muito mais legal do que todos os outros garotos de 17 anos. Ele entende de arte, entende de moda, e ele é educado, simpático e muito gentil.

— E ele é humano. – Rosalie acrescenta. – Não se esqueça disso.

Hoje aparentemente é o meu dia de receber sermões.

— Eu sei, Rose. – digo – Nós somos amigos, assim como eu já tive vários amigos humanos, lembra? Agora me ajude a escolher uma roupa legal.

— Todas as suas roupas são legais, agora se você quer usar algo impressionante...

— Eu não estou querendo impressionar!

— Então use qualquer coisa do seu guarda-roupa e vai estar bem.

— Rose, eu não posso usar qualquer coisa!

— Okay, então vamos escolher algo impressionante. – ela decide. Eu abro a boca e Rose aponta para mim. – Ou você se cala ou não estou ajudando você.

— Tudo bem. – concordo. Rose não tem coração.

Bree se junta á nós mais tarde, então nós passamos a madrugada ocupadas vendo roupas, esmalte e maquiagem, o que é bom para acalmar Bree um pouco. Eu tenho certeza que ela vai bater em Jasper quando ele voltar.

Nós três saímos para caçar ás 5h, quando o céu ainda esta escuro, e eu estou um pouco preocupada por causa da ultima visão que tive com Bree. Eu normalmente não caço com ela; Jasper e Rosalie assumiram essa função desde o inicio. Eu olho todo o tempo para os lados, e tento ouvir se há algo alem de nós na floresta. Estamos caçando perto de casa, mas nunca se sabe. Felizmente, nada de anormal acontece. Não encontramos nada alem de cervos. Quando voltamos para casa, Edward me chama.

— Preciso falar com você. – ele diz, indicando á porta, então eu acompanho ele para longe de casa. Não vamos muito longe, apenas o suficiente para os outros não ouvirem.

— O que há? – pergunto preocupada.

— Eu fui procurar o rio que havia na sua visão. – Edward diz. – Fica perto do território da tribo quileute.

— Quão perto?

— Menos de três quilômetros.

— Você atravessou para o outro lado?

— Não. Apenas queria ver onde ficava, para mantermos Bree longe.  

— Certo. – concordo. – Avise Jasper quando ele voltar, eu irei falar com Rosalie.

Nós voltamos para casa em silencio. Eu estou menos preocupada, acredito que podemos controlar a situação, se sabemos como manter Bree longe do que quer que seja que ela iria encontrar. Eu imagino que seja algum humano que Bree poderia atacar, é o que mais faz sentido. Eu espero do fundo do meu coração que essa visão não tenha nada a ver com os Volturi.

Ás 7h eu estou arrumada para ir ás compras e um pouco agitada demais para ficar quieta. Eu consigo me controlar para sair de casa ás 8h, no Volvo de Edward. Eu odeio esse carro cinza e sem personalidade, mas sair com um Porsche Carrera S amarelo em Forks seria extremamente chamativo. Eu ainda não sei porque eu o comprei, eu apenas achei muito bonito quando vi, mas sinceramente não sei quando terei a oportunidade de usá-lo. Não em Forks, obviamente.

Adam já esta me esperando onde combinamos, perto da estrada que leva á reserva, então eu não sou a única que veio antes do horário. Ele está usando o cabelo preso num rabo de cavalo, e blusa branca com um casaco azul por cima. Eu aprovo.

— Oi. – digo quando ele entra no carro.

— Oi. – ele responde, sentando ao meu lado. Ele coloca o cinto, o que me lembra de colocar o meu. Eu normalmente não me importo em usar, mas quando estou fingindo ser humana, tenho que seguir as regras.

— Eu fiz você sair da cama cedo num sábado, desculpe, mas eu estou animada para conhecer Port Angeles. – me desculpo sinceramente. Não exatamente ansiosa para conhecer Port Angeles, eu já sei que não vou encontrar muita coisa la; mas como ansiosa para conversar com Adam fora do horário da escola.

— Tudo bem, eu posso dormir até tarde amanhã. – ele fala, sorrindo.

Porque ele é tão bom para mim?

— Seus pais foram tudo bem com você ir para Port Angeles comigo? – pergunto, já acelerando o carro.

— Eu não moro com meus pais. – Adam responde.

— Oh.

Eu percebo que Adam nunca comentou sobre seus pais ou família. Eu simplesmente supus que os outros meninos eram seus irmãos ou primos. Não é como se tivéssemos muito tempo para conversar entre uma aula e outra, afinal.

— Os seus pais não moram em Forks? – pergunto, porque controlar minha curiosidade é um desafio quando se trata de Adam.  

— Eu não sei onde meu pai mora, porque eu não o conheci, e minha mãe morreu há dois anos atrás.

— Oh. – Parabéns, Alice. Eu sou péssima em conversar quando eu não tenho minhas visões para me guiar. – Desculpe por perguntar. Sinto muito.

Adam sorri.

— Tudo bem.

Eu mudo para um assunto mais leve, eu não acho que Adam quer falar sobre sua mãe ainda:

— Você já foi em Port Angeles antes? – pergunto.

— Sim, eu vou com Jacob ás vezes.

— Jacob é da sua família?

— Ele é meu primo.

— Ah. Desculpe por fazer tantas perguntas, eu sou curiosa. Eu tenho como mais mil perguntas que eu quero fazer.

Adam ri.

— Não há muito o que contar.

Eu discordo.

— Você gosta de Forks? – pergunto.

— Mais ou menos.

— Mais ou menos não é resposta.

— Bem, eu gosto de algumas coisas, mas eu preferia minha cidade antiga.

— Onde você morava?

— San Francisco. 

— Bom. Eu gosto de San Francisco.

Adam me olha com curiosidade.

— Você já morou lá?

— Por alguns meses, há muito tempo atrás. – Há mais de cinquentas anos, provavelmente. Eu gostaria de contar á Adam sobre a experiência, mas eu não posso explicar á ele como era San Francisco em 1964.

— Então... os seus irmãos. Vocês são adotados? – Adam pergunta. Eu gostaria de poder evitar as perguntas sobre mim, mas eu já sabia que seria impossível.

— Sim. Rose e Jasper são sobrinhos de Esme. Eu, Edward e Emmett fomos adotados de lugares diferentes.

— Você estava num orfanato antes?

Essa é a parte que eu menos gosto de fingir ser humano, ter que contar mentiras.

— Sim, mas eu não lembro muito de lá, eu fui adotada muito nova. – respondo, o que é quase verdade.

— Que bom que você foi adotada. – Adam diz sinceramente.

— Sim, Esme e Carlisle são os melhores pais. – concordo, então me apresso a voltar as perguntas para Adam: - Então, o que você gosta de fazer quando não esta estudando?

Eu estou curiosa sobre praticamente tudo de Adam, então a viagem de ida é muita rápida e não há tempo suficiente para perguntar tudo. Ele também tem perguntas, e é uma droga, porque na maioria das vezes eu tenho dar á ele uma meia verdade ou uma mentira completa. Adam é muito legal, no entanto; se ele percebe que algumas das minhas historias não fazem sentido, ele não demonstra.

Nós chegamos á Port Angeles sem nenhum incidente, felizmente, com o tempo fresco e céu nublado, nenhuma chuva para atrapalhar nossas compras. Estou feliz por isso, eu não quero que nada estrague nosso dia. Eu estou um pouco sem saber o que esperar dessa viagem, já que eu não consegui ver absolutamente nada do que faríamos ou do que diríamos. Por isso eu estou surpresa quando desço do carro e Adam toca minha mão.

— Eu trouxe algo para você, sua mão parece estar sempre gelada. – ele explica, tirando um par de luvas do bolso.

— Você é tão gentil. Obrigado. – agradeço e deixo Adam colocar as luvas em minhas mãos. Eu posso fazer isso mas eu gosto das mãos de Adam, elas são muito quentes, ao contrario das minhas, então eu estou me aproveitando um pouco. Eu estou um pouco decepcionada quando ele termina e coloca as mãos nos bolsos do seu casaco.

— Onde você quer ir primeiro? – ele pergunta, olhando pra mim.

Okay, foco Alice, digo á mim mesma.

— Há lojas de roupas? – pergunto.

— Sim, mas não há roupas tão legais como as suas. – ele avisa.

Eu já espero por isso.

— Vamos ver, deve ter algo que preste. – digo, virando para a direita, então Adam puxa meu casaco.

— É pra lá. – ele diz, apontando para o outro lado.

— Certo, me guie, eu estou perdida aqui.

É horrível viver sem visões. Por outro lado eu estou vendo as coisas pela primeira vez de fato pela primeira vez, então há uma certa emoção de ver coisas inesperadas. Como Adam colocando as luvas na minha mão. Isso foi legal. Foco, Alice, foco.

A primeira loja é uma típica loja pequena, com roupas que foram feitas para serem confortáveis e quentes e não elegantes. É o estilo de Bree, não o meu. Eu compro um casaco vermelho pra ela. Sair do cinza e preto vai ser bom para ela. Antes dela começar a sair em publico eu preciso consertar seu senso de moda.

A segunda loja, de roupas para festas, já me agrada mais. É apenas uma loja comum de departamento, nada de grife, mas há um vestido azul que faz meus olhos brilharem. Eu vou experimentar ele e deixo minha bolsa com Adam.

Eu tenho bom gosto e um senso de moda incrível, então eu pergunto á Adam apenas por educação:

— É bom, certo?

Eu sei que é muito bom. O vestido é apertado na cintura e largo nos quadris, e termina no joelho, o que é essencial, porque eu sou pequena e vestidos longos dificilmente ficam bons em mim.

— Sim, é lindo... – Adam concorda. – Mas você está pretendendo usar isso em Forks?

O tom dele é um pouco preocupado, então eu estou confusa:

— Sim, por quê?

— Você vai deixar todas as meninas com inveja. 

Eu suspiro.

— Eu deveria escolher algo mais simples?

— Não, você deveria comprar o que você gosta. – Adam diz, então eu compro esse mesmo. É melhor do que usar alguns dos meus Valentino.

— Então, você esta comprando vestido para o Baile dos Alunos? – Adam pergunta, quando saímos da loja.

— O que é um Baile de Alunos? – Eu ainda não vi nada sobre isso e é a primeira vez que ouço.

— É uma festa que acontece na escola, todos os anos, e todos usam roupas formais e dançam.

— Sério? Isso parece divertido, eu pensei que em Forks não acontecia nada de divertido. Eu amo festas. Falta quanto tempo para isso acontecer?

— Eu acho que é daqui á dois meses. Eu não sei, eu geralmente não vou.

Eu não estou surpresa por isso. Adam é um tipo de aluno solitário, mesmo entre seus próprios amigos. Ele conversa muito pouco até mesmo com as pessoas que sentam com ele, e com os garotos da sua tribo. Com exceção da garota, que sempre esta fazendo perguntas á ele, Adam é silencioso. Eu ainda não sei que tipo de coisa ele viu em mim para conversar tanto comigo – ou se sou eu que estou sempre insistindo em conversar com ele. Eu acho que nós dois insistimos em falar um com o outro, já que eu inicialmente não estava pensando em ser amiga dele, já que ele não aparecia nas minhas visões. Eu ainda estou um pouco surpresa que nos damos tão bem, apesar da falta de visões.

Nós entramos em mais duas lojas de roupas, onde eu encontro poucas opções, e Adam compra bermudas. Eu realmente precisarei ir á Seattle urgente.

É por volta das onze que eu lembro que Adam é humano e precisa comer. Nós entramos em uma lanchonete e eu consigo me safar tomando apenas suco, dizendo que já comi em casa. Pelo menos liquido é mais fácil de vomitar mais tarde. Adam come como se não tivesse jantado e almoçado no dia anterior, o que não é uma surpresa. Eu estou acostumada a vê-lo comer na escola, afinal. É um pouco involuntário olhar para a mesa dos quileutes.

Quando saímos da lanchonete eu vejo uma loja de joias do outro lado da rua então puxo Adam para atravessarmos a rua. Eu tenho uma ideia.

— Você pode esperar aqui fora um momento? - pergunto.

— Claro. - Adam assente.

— Eu volto rápido.

Eu entro na loja rapidamente, eu gostaria de já saber o que eu iria comprar como geralmente acontece, mas eu preciso escolher. Eu não quero dar á Adam qualquer coisa, mas eu não consigo pensar em muitas coisas que eu poderia dar á ele que ele realmente gostaria – ele é muito educado para dizer quando não gosta de algo, eu já sei – então dar roupas estava fora de questão, eu já vi Adam usar uma blusa feminina num dia e uma masculina no outro então eu sinceramente ainda não entendi qual critério ele usa para escolher roupas. Eu escolhi ficar com a opção mais simples, que era dar um presente semelhante ao que ele me deu.

Eu tenho sorte de ser rápida, porque há centenas de colares para olhar. Eu instintivamente sei que ouro não vai combinar com Adam, a cor não é certa. Há um colar verde esmeralda muito bonito que combina com o tom de pele de Adam, assim que coloco meus olhos nele sei que vai ser perfeito. Eu não tenho visões para me dar garantia, mas eu espero que meus instintos estejam certos. Eu escolho esse, pago rapidamente no caixa e saio da loja. Agora eu só preciso escolher o momento certo para entregar.  

Adam está no mesmo lugar que o deixei.

— Demorei?

— Não. – Ele vira e então olha para o céu. – Eu acho que o tempo esta abrindo.

Eu tenho um momento para admirar seu sorriso - ele obviamente gosta do sol - antes de lembrar que eu não posso ficar sob o sol.

— Eu já comprei tudo que eu queria, você quer ver mais alguma coisa? – pergunto. Ele balança a cabeça negativamente. – Então vamos voltar para o carro?

— Okay.

Eu acho que ele não gosta da ideia de voltar para Forks já, eu também não, mas o sol escolheu o pior momento para aparecer. Eu poderia ter previsto isso, é claro, se eu estivesse com qualquer outra pessoa.

No meio da caminhada eu tenho um segundo para perceber que as nuvens cobrindo o sol estão se dissipando rápido demais. Eu seguro Adam pelo braço e puxo ele para dentro de uma loja.  

— Alice? – ele pergunta, assustado.

Eu olho ao redor, estamos em uma livraria. Eu já devo ter contado mais de cinquenta mentiras hoje, e não gostaria de acrescentar mais, então digo apenas:

— Eu não posso sair no sol.

— Oh. – ele olha pra fora, onde o sol esta brilhando sobre a rua. Ele não parece entender mas também não faz perguntas. – Vamos ver os livros, deve nublar novamente.

Eu sorrio. Apenas Adam poderia ser totalmente blasé sobre minhas loucuras e não fazer perguntas. Porque você é uma pessoa tão boa? Porque eu tinha que encontrar você logo agora?

— Okay. Obrigada.

O vendedor da loja está nos olhando estranhamente, provavelmente pela maneira repentina que entramos na loja. Eu sigo Adam e começamos a ver os livros. É um sebo, então a maioria dos livros é usado mas Adam poderia estar no paraíso, ele obviamente ama livros. Eu compro alguns livros para Bree, ela tem muito tempo livre para usar e ela gosta dos livros de ficção. Eu consigo comprar dois livros para Adam sem ele perceber, com a intenção de dar á ele outro dia.

Tendo feito tudo, o sol ainda está brilhando lá fora e nós não podemos passar a tarde toda dentro da loja. Estou um pouco frustrada; essas coisas dificilmente acontecem comigo.

— Podemos cobrir você com meu casaco? – Adam sugere.

— Okay.

Adam tira o casaco e coloca sobre minha cabeça, então eu enrolo no meu pescoço para uma boa medida. Sair brilhando no meio de Port Angeles seria uma loucura maior do que ate mesmo Adam estaria disposto a ignorar, eu imagino.

— Vamos rápido, você vai ficar com frio. - digo.

— Eu estou bem. – Adam responde, então segura minha mão e me puxa. – Vamos lá.

Eu estou com raiva das luvas agora. Adam está segurando minha mão e eu não posso sentir. Eu cobri meu rosto totalmente, então deixo ele me guiar pelas ruas. Eu poderia segui-lo facilmente pelo som ou pelo cheiro, mas eu não estou recusando andar de mãos dadas com Adam. Ele é perfeito e é o pior momento da vida para eu encontra-lo. Eu quero chorar.

— Chegamos. – Adam avisa, parando. – Você vai conseguir dirigir?

— Não. – Eu prefiro não arriscar.

— Tudo bem, mas vamos entrar.

Eu estou sendo colocada dentro do carro e em seguida eu afasto o casaco dos meus olhos para olhar ao redor. O sol esta alto no céu, então não esta alcançando dentro do carro ainda, mas dirigir seria perigoso, com todas as mudanças de ângulos. Como eu posso ser tão azarada?

Adam entra do outro lado e olha para mim.

— Eu não posso dirigir – ele explica.

— Tudo bem. – Ele é o menos culpado de toda a situação. – Desculpe por nos prender aqui.

— Não é sua culpa, certo? – Ele abre uma bolsa e eu sinto cheiro de frango. – Eu estou morrendo de fome. Você quer?

Sorrio. Adam é uma máquina de comer. Eu não acho que passou mais de três horas desde que ele comeu.

— Não, obrigada. – respondo. Eu já quero vomitar o suco que bebi.

Eu observo Adam comer por um tempo. Eu costumo observa-lo no refeitório então eu já sei que Adam não come, ele praticamente inala a comida. Eu acho que ele esta se comportando porque eu estou olhando, então eu olho pra fora. Port Angeles é bastante movimentado, em comparação com Forks.

— Vamos á Seattle da próxima vez. Lá há várias lojas de pinturas. – digo. Adam não conseguiu achar uma loja para comprar pincéis.

— Hum-hum. – ele concorda. Eu acho que ele esta muito distraído com sua comida pra perceber com o que ele concordou, mas eu definitivamente vou segurar isso contra ele.

— Você é tão bom para mim. Eu quero ser sua amiga pra sempre. – digo então Adam desvia os olhos do seu sanduíche e olha pra mim. Ele então engasga, o que me faz rir. Ele é muito adorável. E eu estou tão encantada, Edward vai me zoar por décadas.

— Okay. - Adam diz e volta a comer seu sanduíche. Eu gosto de olhar muito pra ele.

— Pra onde você manda toda essa comida? Você é magro.

— Pro meu cabelo. – ele responde sorrindo.

— O seu cabelo é muito lindo.

Eu me controlo para não dizer "Você inteiro é lindo".

— Obrigado. – Adam responde, olhando para seu sanduíche. Ele é tímido com elogios. Okay Alice, se controle, caramba. Amigos. Amigos.

— Você não gosta de cortar? – pergunto, tentando me focar no assunto cabelo. Cabelo também não é um assunto muito seguro, porque eu quero tocar tão mal no cabelo de Adam e se isso não é um sinal de que eu já estou muito no fundo do poço, o fato de eu querer olhar pra ele o tempo todo definitivamente é. E quanto mais eu olho mais eu quero tocar, é apenas muito difícil não querer tocar em Adam. Eu não tenho problemas em tocar em humanos, eu sei controlar minha força. O problema em tocar em Adam, qualquer parte de Adam, é que eu não irei querer mais soltar.

— Não. – ele responde, e eu meio que já esqueci que diabos eu perguntei. – O cabelo da minha mãe era igual o meu, então eu gosto de manter assim, me lembra dela.

— Oh. – Inteligente, Alice, realmente. Eu falo dezesseis línguas, e ainda consigo ficar sem palavras. – Bem, não corte então, é perfeito.

Adam sorri em resposta, então eu olho para fora, antes que eu ceda á tentação de colocar as mãos onde não é pra colocar.

— O céu esta nublado. – Adam é quem percebe – Devemos ir?

Sim, devemos, mas eu queria que a viagem não terminasse.

— Vamos. – concordo, colocando a chave na ignição e dando partida. – Foi legal, certo?

— Sim, foi muito legal. – Adam sorri. Ele está limpando seus dedos com papel. Não, Alice não tenha ideias de colocar os dedos de alguém na sua boca, você detesta o gosto de comida. Olhe para a estrada, a estrada. Foi uma péssima ideia sair sozinha com Adam, eu sei disso agora. Eu já quero de novo.

— Obrigado por ter vindo comigo. – eu digo.

— Obrigado por ter me chamado. Eu havia esquecido como é bom sair de Forks.

Eu poderia levar você definitivamente, eu quero dizer… Não. Nem pense nisso.

— Há um cinema em Port Angeles, nós podemos ir algum dia. – Adam diz, olhando pra mim.

— Claro. Eu adoro cinema. – concordo.

Numa sala escura, com Adam. Não, isso não é uma boa ideia. Mas eu definitivamente já quero.

Pode ser apenas eu projetando meus sentimentos, mas eu acho que Adam não esta muito feliz ao chegarmos em Forks. Quando eu estaciono o carro ele suspira, então pelo menos estamos os dois insatisfeitos. Eu acho.

Eu sinto o cordão no bolso do meu casaco, então finalmente crio coragem.

— Você pode fechar os olhos? – pergunto a ele. Adam me olha desconfiado por um segundo, mas concorda.

— Sim. – ele responde, fechando os olhos. Ele confia muito facilmente. Isso é bom e ruim.

Eu gostaria de ser Jasper para saber o que ele esta sentindo. Ou Edward pra saber o que ele esta pensando. Ou pelo menos ter as visões aqui pra me guiar um pouco.

Eu tiro o colar do meu bolso, tentando olhar para isso é não para… Não para a boca de Adam. Ele não esta ajudando, pôr que seu coração esta batendo acelerado e eu consigo ouvir o som do seu sangue, e isso esta me excitando de uma forma que não tem a ver com a sede. Eu consigo colocar o cordão ao redor do pescoço de Adam. Do seu pescoço muito bronzeado e macio e… Presas dentro. Isso é mais difícil fazer do que eu imaginava. Eu devia ter simplesmente entregado á ele como ele fez comigo.

Eu preciso me inclinar um pouco sobre Adam pra fechar o cordão atrás, então eu sinto que ele esta prendendo a respiração e abrindo os olhos. Okay, eu estou bem. Eu não posso ficar sem respiração, eu sou um vampiro. Eu definitivamente posso ficar sem respiração se Adam está olhando nos meus olhos á centímetros de mim. Ele fecha os olhos de novo, o que eu sou grata, porque eu não tenho muito autocontrole sobrando aqui.

— Pronto. – digo, finalmente me afastando. – Você pode olhar.

Ele abre os olhos, olhando pra mim e depois pra baixo. O cordão ficou perfeito na pele dele.

— É muito bonito. Obrigado, Alice.

— Não é tão bonito como o que você fez, mas eu não sei fazer colares.

— Eu gosto muito desse. – ele afirmou, tocando a pedra verde. – Eu posso ensinar você a fazer algum dia.

— Promessa?

— Sim.

— Bom. – Eu olho para o céu tristemente. – Você deve ir, esta escurecendo.

— Certo. – Ele abre a porta do carro. – Obrigado Alice, eu me diverti.

— Obrigado Adam. Vamos sair de novo em breve.

— Okay. Até segunda-feira!

— Até.

Eu saio primeiro, porque Adam obviamente não vai ir enquanto eu não for, ele é adorável assim. Ele desaparece rapidamente no meu retrovisor, e eu estou indecisa se devo ir para casa ou não. Eu não posso lidar com o fato de ser uma vampira de 112 anos e estar apaixonada por um humano de 17 anos agora – e muito menos lidar com isso com Edward escutando e Jasper sentindo tudo. É impossível manter segredos em casa – e eu gostaria de manter Adam em segredo por um longo tempo, porque eu sei que não vai ser nada fácil para a minha família aceitar. Eu nunca ouvi falar de algum vampiro que namora humanos, isso simplesmente não acontece em nenhum lugar do mundo. Quando um vampiro se apaixona por um humano – o que já é inédito, visto que há poucos vampiros que não matam humanos – o humano geralmente é transformado. Eu não quero transformar Adam, jamais, e nem os Cullen concordariam com isso, jamais. Provavelmente todo o tempo que eu terei com Adam será o tempo que estivermos em Forks – que eu irei prolongar o maximo possível – e quando formos embora, será sem volta. Eu estimo que o tempo maximo que podemos ficar é sete anos – e ironicamente, parece pouco, mesmo que o tempo passe muito devagar para mim. Bem, eu só terei que aproveitar esses anos ao maximo.


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Notas finais do capítulo

Quem mais estava ansioso pela Alice?
Deixem suas opiniões.
Até logo!