O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 25
Entre o Dever e o Coração


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!
Tudo bem com vocês?? Espero que todos estejam bem, com saúde e felizes!
Faz tempo que não posto nada, vou tentar regularizar isso, e já aviso que vou me dedicar por algum tempo, apenas a duas fics: O Despertar dos Sentimentos e O Sol e a Lua.
Outras fisc e projetos estarão parados por tempo indeterminado, espero que quem as acompanha entenda e tenha um pouco de paciência comigo.
Tomara que gostem do capítulo!!
Beijão a todos e obrigada por esperarem e acompanharem!



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— Não posso fazer isso, não é certo. — Gaara protesta, olhando suplicante para seu pai.

— Você vai fazer! — Rasa ordena indiferente e então olha enojado para Gaara — Uma arma não tem escolha, apenas faça o que te ordenei!

Lembrando das palavras de Yashamaru, anos atrás, Gaara fecha os olhos, tenta pensar em outras coisas e se distrair para não ouvir, forçando sua consciência a entrar em um estado de total inércia; faria tudo e qualquer coisa, para não ter aquelas lembranças mais tarde. Gostaria de esquecer os últimos anos de sua vida, queria esquecer as coisas que fizera, e principalmente os rostos dos mortos que se acumulavam em seus pensamentos; e agora seria obrigado novamente, a ter novos desconhecidos povoando seus pesadelos. Tentando ignorar o grito desesperado daquelas crianças, fingindo não escutar as suplicas angustiadas das mulheres que os tentavam proteger com seus corpos, e aquele choro enervante, Gaara ergue a mão; não precisava olhar para saber que a areia se moveu, envolveu aquelas pessoas desesperadas e logo as esmagou como se fossem moscas, deixando um caminho vermelho, de odor tão espeço quanto sua textura, enquanto regressa a cabaça em suas costas.

— Agora o problema dos gastos com o orfanato está resolvido. — Rasa fala a Baki, dando as costas para a cena a sua frente — Levem ele de volta para a cela.

***

Ao acordar naquela manhã, Gaara ainda tinha os pensamentos repletos de gritos e suplicas, rostos aterrorizados e lamentos intermináveis, tinha certeza de que sempre seria atormentado pelas coisas que fizera, mas agora sabia que não precisaria fazer algo assim novamente; ele se levanta da cama, fazendo o possível para não lembrar de seu último trabalho em Suna, aquele não era um dia para se desestabilizar, sabia que precisava se manter calmo ao máximo, para evitar que a Bijuu saísse de controle. Aquilo não era viver, estava apenas se arrastando durante os dias, aguardando que um dia, tudo saísse de controle e aquele monstro que habitava em seu interior, terminasse com sua vida; pensava até alguns dias atrás, que talvez aquela fosse a melhor saída, terminar logo com tudo e se libertar do sofrimento.

Mas agora, depois de muitos anos tentando e falhando, experimentando todas as formas conhecidas e desconhecidas, sem nunca conseguir fazer um arranhão se quer no próprio corpo, Gaara tinha ganho algo de esperança; encontrar Naruto naquela rua vazia, foi a melhor coisa que já lhe acontecera em muitos anos, ter o controle de seu corpo, sua mente e suas ações de volta, foi algo que jamais havia cogitado, não depois de cair naquele abismo sem fim. E depois da noite anterior, ele teve mais certeza ainda, que aquelas duas pessoas seriam a chave para sua liberdade; a forma com que lidaram com o ataque repentino de Baki, a segurança que tinham ao tomar as decisões necessárias e a tranquilidade para elaborar um plano em uma situação daquelas, só mostrava quão fortes e esplêndidos eram aqueles Shinobis.

Sentindo-se mais leve em muito tempo, apesar dos sonhos terríveis da noite, Gaara deixa o alojamento onde ele e a delegação de Suna permaneceriam durante os exames Chunin; acompanhado dos irmãos, que nem tinham ideia do que havia acontecido na noite anterior, ele caminha pelas ruas calmamente até o local da primeira etapa do exame. Encontram várias pessoas que se tornariam seus alvos dali alguns dias, entre elas o garoto mais jovem do clã Uchiha e seu time, estavam tão à vontade e despreocupados, sem se dar conta do perigo que os rodeava ou que a qualquer momento suas vidas poderiam virar de pernas para o ar; Gaara suspira aliviado, ao pensar que não precisaria participar daquele plano agora, e enquanto se tranquiliza contemplando seu novo futuro, se dá conta de um detalhe que até o momento tinha passado despercebido, a presença de um ANBU seguindo o time de Genins discretamente, e se juntava isso às informações que obtivera na noite anterior, tinha cem por cento de certeza que aquilo era trabalho da dupla enigmática que o mantinha entretido.

— O que é engraçado, Gaara? — Temari questiona, ao ver o irmão sorrir pela primeira vez em anos.

— Apenas me dei conta que, algumas pessoas são muito idiotas e muito convencidas de si mesmas. — Gaara responde, para surpresa dos dois mais velhos.

— Você fala de alguém em específico? — Kankuro questiona preocupado, tinha medo que aquilo fosse outra crise.

— Certamente. — Gaara afirma e quando avista a jaqueta laranja do Uzumaki, toma uma decisão importante e então para e se vira aos irmãos — Quando a hora chegar, gostaria de saber se vocês estarão do meu lado?

— Do que está falando? É lógico que estaremos! — Temari afirma sem pensar direito, não tinha notado o tom de tristeza na voz dele.

— Não digo dessa forma, Temari. — Gaara a contradiz de imediato e então seus olhos mostram uma expressão de mágoa, que os irmãos nunca haviam visto — Quero os dois ao meu lado como meus irmãos, não como os tratadores de um cachorro raivoso.

— Por que está dizendo isso, Gaara? — Kankuro pergunta assustado, aquela repentina mudança no irmão, era algo que eles jamais cogitaram.

— Por que as coisas não vão ser sempre como Rasa quer, e eu não vou mais estar preso às vontades dele. — o rapaz responde e então sorri aos dois, de um jeito tão sofrido e tão lindo ao mesmo tempo, que faz com que seus olhos marejem — Quando isso acontecer, espero que meus irmãos fiquem ao meu lado, como a mamãe e o tio Yashamaru queriam.

— Você sabe de alguma coisa? Está assim desde aquele dia. — Temari observa astutamente, lembrava perfeitamente como o irmão mudara desde o dia de sua chegada a Konoha.

— Sim, mas não é seguro que saibam mais. — Quando Gaara responde dessa forma, ambos ficam extremamente preocupados e logo desestabilizados por sua revelação — É claro que só estou falando isso, porquê confio nos dois, apesar de tudo, eram somente crianças iguais a mim.

— Gaara... — Temari sussurra, tentando se acalmar diante de todas as lembranças que reviveu nesse momento.

Gaara não viu a expressão dolorida da irmã, nem o evidente desconforto do irmão, nem notou que quando voltou a andar calmamente, deixou a ambos remoendo o passado, se amargurando e arrependendo de tudo que foram obrigados a fazer; o rapaz não veria aquelas emoções conflitantes, por que seu foco havia se voltado para outro lado, onde a dupla caminhava calmamente tomados pelas mãos, e sentindo mais curiosidade ainda, resolve os seguir mais de perto, sentia uma necessidade absurda de conhece-los melhor, deseja saber todo o possível sobre eles. Para Gaara, que sempre teve sua vida conduzida de forma mecânica, racional e sintética, aquelas emoções que vinha sentindo, eram uma verdadeira incógnita, não sabia administrar bem aquilo, só sabia que se sentia bem perto dos dois, eles lhe passavam segurança e calidez, as duas coisas que sua alma mais ansiava ter de volta; não lembrava quando foi a última vez que sentiu segurança perto de alguém assim, mas sabia que fora somente quando seu tio estava vivo, e quando estava perto daquela garota, sempre ficava muito confuso ao sentir a calidez das ações dela para com ele, igual sentia com sua mãe.

— Você chegou bem à noite? — Naruto pergunta, fingindo olhar para frente.

— Sim, não tive problemas. — Gaara responde e sentiu um calor no peito, era a primeira vez em anos que lhe perguntavam isso.

— A partir de agora, Sakumo vai te seguir por via das dúvidas, se tiver qualquer problema, ele te trará até nós. — Hinata fala e finge apontar uma vitrine para Naruto, e assim ambos olham para trás e sorriem para Gaara.

— Não é necessário. — Gaara murmura envergonhado, sentia o sangue latejando em suas orelhas.

— Tudo bem, é só precaução. — Naruto rebate já olhando para frente, sabia que o outro estava confuso, principalmente por ter visto suas memórias — Você é nosso amigo, e cuidamos dos amigos.

— Obrigado, amigo. — Gaara fala com a garganta arranhando, aquela palavra estranha era tão boa de pronunciar, que ele não conteve o enorme sorriso.

Eles deixam de falar, assim que os dois irmãos os alcançam, mas como ambos eram extremamente observadores, logo se deram conta que o motivo da mudança de Gaara, se devia àquelas duas pessoas à sua frente; sentiam claramente que eles tinham simpatia e apreço por seu irmão mais novo, e levando em consideração as palavras de Gaara a minutos atrás, se decidiram por apenas observar o que acontecia e descobrir com os próprios olhos, se essa mudança dele era boa ou ruim. Notando a mudança de atitude dos irmãos Sabaku, Hinata que era a mais sensitiva da dupla, se vira para trás e fixa seus olhos perolados nos dois e então sorri gentilmente, surpreendendo a ambos; apesar dos anos terem passado, eles nunca esqueceram aquela forma de sorrir, aquela gentileza que transbordava pelos olhos, e fazia a todos e qualquer um se sentir cômodo, como somente sua falecida mãe era capaz de fazer, e agora aquela garota desconhecida que agia como ela.

— Eu disse que as coisas iriam mudar. — Gaara sussurra, satisfeito com a reação dos irmãos, enquanto os três observavam a dupla ir se afastando.

Confusos e emocionalmente abalados, os irmãos Sabaku chegam ao local do primeiro exame, assistem em silêncio a confusão que o integrante do time do garoto Uchiha causava no corredor, e sem perceber se divertem quando veem a dupla passando por eles, falando que a sala era a errada, que precisavam subir mais um andar; foi quase cômico de ver a reação dos dois garotos, eles ficaram claramente confusos ao perceber que aquele andar tinha um Genjutsu e mais ainda ao notar o desgosto evidente em seus rostos. Assim que chegam ao terceiro andar, onde os fiscais já aguardavam para direcioná-los para seus assentos, é só então que todos perceberam que estariam separados de seus companheiros, e o pânico começou a tomar conta de todos; ninguém esperava se separar de seus times e aquilo era inusitado, para não dizer estranho, afinal desde que se formaram da Academia, tudo que ouviram de seus senseis é que deveriam trabalhar em equipe. Após serem direcionados para seus assentos, cada Genin presente se concentrou em analisar seus colegas ao lado e os examinadores, que se sentavam nas cadeiras posicionadas nas paredes ao redor da sala; logo ficou claro para alguns, que suas posições eram estratégicas, estavam dispostos da mesma maneira que estariam em missão, para obter informação.

Hinata estava sentada duas fileiras à frente no meio da sala, tranquila e sem se importar com a algazarra que os diversos Genins estavam fazendo, nas mesas atrás perto das janelas, Naruto mantinha seus olhos fixos nela, atento a tudo e todos que se aproximavam da Hyuuga; e notou com crescente desagrado, a quantidade de olhares que ela recebia, desde que entraram na sala. Até esse momento estava tudo bem, o Uzumaki sabia que a beleza da Hyuuga sempre chamaria a atenção em qualquer lugar, mas foi quando viu um rapaz mais velho da Vila do Som, tentando se aproximar furtivamente dela, que estava claramente desconfortável e cada vez mais se grudava a Haruno do seu lado, que Naruto perdeu a paciência; sentiu o sangue ferver em suas veias, quando viu o rapaz se jogando pra cima dela a propósito e apesar dela se afastar e ir cada vez mais para o lado, ele insistia e seguia se aproximando, e conseguiu fazer o jovem Uzumaki perder as estribeiras.

— Você aí, imbecil com retardo! — Naruto grita batendo na mesa, e logo estava em pé sobre ela, a expressão feroz no rosto — Você veio fazer o exame ou dar em cima da minha namorada?!

Todos na sala se calam, surpreendidos pela repentina confusão, e logo se colocam a cochichar, se perguntando de quem aquele garoto estava falando e algumas meninas de outras Vilas até davam algumas risadinhas, achando a atitude de Naruto muito fofa, coisa que não passou despercebido dos ouvidos aguçados de Hinata; já os amigos da dupla, mal se continham em seus lugares, riram a valer da atitude tão inusitada do amigo, que sempre fora tão sério e contido na frente de estranhos, e agora deixava um pouco da sua personalidade a vista de todos, mostrando um lado que ainda não conheciam dele.

— Naruto! Senta e não faz escândalo! — Hinata também fica em pé, o rosto mais vermelho que um tomate.

— Mais Hina... — o Uzumaki tenta dialogar com ela, todo triste e cabisbaixo.

— Mais nada, senta agora! — a Hyuuga fala novamente, dessa vez o Byakugan estava evidente em seus olhos, fazendo o Uzumaki retroceder, então se vira para o rapaz que a estava importunando — Eu agradeceria se mantivesse distancia, como pode ver, meu namorado é um pouco ciumento e eu não tenho paciência com estranhos!

Impactado com a ameaça evidente no tom de voz dela, o ninja retrocede imediatamente, sentia o coração comprimido no peito, depois de ver a frieza e hostilidade no rosto da garota, soube naquele instante, que se pudesse, ela teria lhe acertado bem mais que um murro na cara; já o Uzumaki voltava a estar tranquilo, depois de ouvir a resposta de Hinata, seu humor oscilou novamente e ele se sentiu extremamente feliz por ela tê-lo chamado de namorado na frente de tantas pessoas, agora seria questão de tempo até toda Konoha saber do ocorrido e com sorte, nenhum engraçadinho se meteria a besta com sua garota novamente. Na última fileira do fundo da sala, Shikamaru ria discretamente, indignado de como o amigo se convertia em um brinquedinho nas mãos de Hinata, podia ser um dos ninjas mais temidos do mundo, mas bastava uma palavra da Hyuuga para fazê-lo mudar de atitude de um segundo a outro; sentada ao seu lado, Temari assistia intrigada a confusão da sala, tinha plena consciência que aquelas duas pessoas, eram Shinobis extremamente habilidosos e que não seria uma boa ideia ir contra os dois, mas agora que os via ocultando suas personalidades e se fazendo passar por adolescentes comuns, a Sabaku fica um tanto perdida e acaba chamando a atenção do Nara.

— Eles são sempre assim. — Shikamaru explica, adivinhando o que passava pelos pensamentos da garota, já estava a par da situação de seus visitantes de Suna — Mudam de atitude muito rápido e ocultam sua verdadeira força e personalidade.

— Como sabia? — Temari questiona surpresa por ele saber o que ela pensava e logo fica mais intrigada — Você me conhece?

— Você é irmã de Gaara, não? — o Nara mais afirma, do que pergunta — Estou a par da situação.

— Vocês são malucos? Como podem ser tão casuais com pessoas que nunca viram na vida? — a garota pede um pouco irritada, não gostava do sorriso presunçoso daquele garoto.

— Desculpa, você só parecia um pouco confusa, e como sei da situação... — Shikamaru deixa a frase no ar e encolhe os ombros, sem perceber se metera em um pequeno conflito.

— Não tire conclusões pelos outros! — Temari rebate rispidamente, não gostava de saber que fora lida tão facilmente por um estranho.

— Certo, não está mais aqui quem falou. — O Nara concorda erguendo as mãos em sinal de rendição, e complementa baixinho — Garota problemática!

Apesar de ter fingido falar baixo, tinha certeza que a garota tinha ouvido e segura o riso, ao notar pela visão periférica, a expressão furiosa dela; quando Temari pensa em responder, se remoendo de raiva e se segurando para não esmurrar a cara de Shikamaru, Ibiki entra na sala, salvando o Nara de uma agressão violenta e sem precedentes. Aliviado por sair ileso daquele pequeno conflito, o Nara decide fazer como os demais e prestar atenção na explicação do Morino, mesmo que a maior parte do que ele dizia, era apenas para assustar e fazer com que alguns desistam antes da prova começar; assim que Ibiki explica que os fiscais estavam ali para vigia-los e eliminar quem fosse pego colando, imediatamente eles entenderam que o objetivo da prova não era ver quem tinha mais conhecimento teórico, e sim identificar quem entre eles, seria capaz de obter informação sem ser descoberto. Quando as folhas foram entregues e todos autorizados a começar, Shikamaru se deu conta de como seria complicado e problemático passar por aquela etapa; as questões eram de nível Jounin ou mais, então encontrar alguém que tivesse todas as respostas corretas seria um grande problema, e levando em consideração a regra de que se um integrante falhar, todo o time falha também, teria que encontrar uma maneira segura de passar as respostas para Ino e Chouji. Seria fácil, se ele não tivesse sido colocado na última carteira, onde a Yamanaka não poderia usar seu Jutsu e obter as respostas ela mesma, o que quebrou totalmente sua costumeira estratégia de ação; enquanto pensava em uma maneira de burlar seu posicionamento desfavorável, Shikamaru viu o sorriso sínico no rosto de Ibiki e entendeu que todos foram posicionados em suas carteiras, de forma que impossibilitasse o uso de suas habilidades, os fazendo exceder seus limites para obter informação.

Indignado com a provocação evidente do sensei, o Nara decide mostrar que não seguiu Neko e Kitsune por puro capricho, e usando um pouco de sua personalidade competitiva descoberta a pouco tempo, Karasu começa a agir; passando por debaixo das carteiras em silêncio, o Kagemane no Jutsu se moveu até chegar no Akimichi e na Yamanaka, os fazendo responder as questões corretamente sem que os fiscais se dessem conta. Do outro lado da sala, Sai respondia sua prova tranquilamente, enquanto um inseto de Shino observava tudo, para depois passar a ele e a Madoka; Neji, Tenten e Lee estavam de certa forma tranquilos, aquele seria o terceiro ano que aplicavam aquele exame e se tratando de conhecimento teórico, podia-se dizer que seu time era o que mais possuía. Já o time sete, resolvera atuar cada um por sua conta, Sasuke usava seu Sharingan para observar os movimentos das canetas dos Genins à sua volta, e assim descobrir as respostas, Kiba tinha a ajuda de Akamaru e apesar de estar nervoso e não ter certeza de muita coisa, estava se saindo bem; Sakura por sua vez, estava muito bem sozinha, respondia tudo com calma e precisão, sabia que poderia ter cometido equívocos em algumas questões, mas em sua maioria, sabia que tinha feito um bom trabalho. Naruto e Hinata não precisavam se preocupar um com o outro nessa etapa, tinham pleno conhecimento teórico, foram tantas as vezes que Kurenai os fizera estudar os livros de estudos avançados, que até já sabiam recitar cada linha escrita, isso sem falar em toda a experiência que traziam na bagagem; levando em conta seus anos de trabalho na ANBU, uma prova daquelas era como estar brincando em um parquinho, e sem nada que fosse de uma dificuldade extrema, eles chegavam ao final da prova, quando um fiscal parou ao lado de Naruto.

— Como é possível que você já esteja chegando ao final, quando os outros estão na metade? — o Chunin questiona insinuativo.

— Existe alguma regra que diga que devo seguir o ritmo dos outros? — Naruto retruca e continua escrevendo em sua prova, ignorando totalmente o fiscal.

— Para você estar terminando a prova, significa que colou, e isso o desclassifica e a sua parceira também. — O Chunin alfineta e ganha a atenção do Uzumaki.

Naruto não se surpreende ao ver um Uchiha ao lado de sua carteira, sabia que eles logo tomariam represálias pela vez passada, mas não imaginou que seriam tão descarados assim, e muito menos que seriam tão estúpidos; sorrindo debochadamente, o Uzumaki volta a escrever a resposta para a nona questão tranquilamente, não chegara a se preocupar de fato e podia-se dizer que até estava se divertindo com esse jogo de gato e rato, onde obviamente os Uchiha’s pensavam ser o gato, quando eram claramente o pobre rato.

— Primeiro que para nos desclassificar, você teria que provar que colei, segundo você está atrapalhando o andamento dos outros e terceiro, se consegui responder tudo é por que estudei e não preciso roubar conhecimento dos outros para conseguir meus objetivos. — Naruto responde calmamente e então olha para o rapaz sorrindo — Mesmo que esse seja o objetivo da prova, não precisei usar esses truques, e se você ameaçar desclassificar Hinata novamente, vai terminar pior que Yoruichi.

— O que pensa que está fazendo, Mako? — Ibiki pergunta parado atrás do rapaz.

— Senhor, eu... eu... — o Chunin tenta encontrar uma desculpa plausível.

— Volte para o seu lugar e não atrapalhe o andamento da prova. — Ibiki ordena e lhe dá as costas.

Totalmente envergonhado e desautorizado, o rapaz Uchiha volta para seu lugar e é acompanhado por uma discreta e debochada onda de risadinhas dos demais fiscais, além de receber olhares hostis daqueles que como a Hyuuga e o Uzumaki, levavam uma vida dupla; depois do ocorrido, ninguém mais se atreveu a se aproximar de Naruto, afinal muitos fiscais desinformados dali, queriam de alguma forma, fazer com que o garoto raposa fosse desclassificado. Logo os minutos foram passando, e todos os Genins presentes chegaram a décima questão antes que o relógio marcasse o final da prova escrita, um a um os jovens foram descansando seus lápis e virando suas folhas, todos conseguiram concluir essa etapa em segurança; quando Ibiki pensa em instruir os Genins sobre o que fazer a seguir, uma enorme explosão chama a atenção dos desavisados, o Uzumaki e a Hyuuga já sabendo de quem se tratava, permaneceram tranquilamente em suas carteiras, assistindo alegremente aquela mulher impetuosa e voraz se revelar diante dos presentes.

— Muito bem seus vermes, a partir de agora, vocês são meus reféns! — Anko grita a pleno pulmões, espantando a muitos.

— Você poderia ter esperado o horário combinado, não é Anko? — Ibiki reclama indignado, os dois sempre trocavam farpas quando se encontravam.

— E perder a graça de surpreender vocês? Nem nos teus melhores sonhos. — A mulher zomba e então passa seus olhos afiados pela sala — Foi uma colheita maior do que o esperado, você amoleceu por acaso?

— Não restou nem metade do que tinha aqui, onde você está vendo maioria? — Ibiki retruca de pronto.

— Tudo bem, suponho que já posso assumir então? — Anko questiona, dessa vez mostrando um sorriso totalmente aterrorizante, em lugar do jocoso de antes.

— Sim, faça como quiser. — Ibiki concorda e então se vira para os classificados — Todos podem seguir Mitarashi Anko, para onde quer que ela os leve e boa sorte a todos!

O tom sombrio do Morino, deixa muitos receosos de deixar suas carteiras, não sabiam o que viria a seguir e temendo o desconhecido, os inexperientes Genins ficam alguns segundos congelados em seus lugares; Naruto e Hinata por sua vez, deixam a sala seguidos de seus amigos com segurança, conhecendo Anko como conheciam, sabiam o que esperar da avaliação dela, e adivinhando que a sensei perseguiria quem fizesse corpo mole, preferiram evitar ser marcados por ela. Seguindo o exemplo do Uzumaki, Gaara e seus irmãos os seguem de perto, para total desagrado de Shikamaru, que queria a todo custo, evitar fazer contato visual com aquela garota; percebendo o desconforto do amigo, Ino começa a prestar mais atenção no comportamento do Nara, e logo seu interesse desperta a curiosidade de Hinata e Tenten, e ambas se juntam a Yamanaka para tentar desvendar o que acontecia com Shikamaru e sua estranha incomodidade. Ao se distraírem tentando decifrar o comportamento anormal do Nara, as garotas só notaram o local da segunda etapa da prova, quando todos pararam de caminhar, e ouviram os sussurros de assombro de alguns jovens; foi quando viram a tenebrosa Floresta da Morte, para os Genins de Konoha, aquilo não era novidade, todos conheciam a fama de Anko e suas predileções por ensinamentos mais aterradores que o normal.

— Atenção seus vermes! — ela eleva a voz para ser ouvida por todos, e sem muito esforço, consegue atenção imediata — Vou explicar como vai funcionar a prova.

Um silêncio pesado se instaura, o nervosismo tomando conta e a ansiedade não permitindo que ninguém pensasse direito; em um ato involuntário e totalmente espontâneo, os jovens prendem a respiração inconscientemente, aguardando as seguintes palavras da Mitarashi.

— A seguinte prova se dará da seguinte forma: cada time receberá um pergaminho, os pergaminhos estão divididos entre pergaminhos do céu e da terra, e cada time receberá um pergaminho aleatório. — Anko começa a explicação e antes que termine sua fala, os quatro ANBUS mais novos já haviam entendido o propósito da prova — Sua missão será roubar o pergaminho que lhes faltar e atravessar a mata densa, até a torre no centro da floresta, não faz falta dizer que depois de obter o pergaminho, vocês devem proteger ambos, não é?

Um forte coro de assentimento foi ouvido e fez eco, não houve um Genin que não entendesse que a partir daquele momento, todos eram inimigos uns dos outros; o grupo de amigos rapidamente se entreolhou entre si, e ficou claro que se protegeriam e ajudariam durante o exame, e foi algo lógico deduzir que as outras vilas fariam deles, seus alvos.

— Todos entenderam? — Anko questiona e recebe uma concordância nervosa — Ótimo, então vamos chamar seus times e todos receberão seu pergaminho em uma dessas barracas, vocês serão designados para um portão que se abrirá ao meio dia, quando entrarem na floreta, terão setenta e duas horas para concluir a prova!

Um a um, os times foram sendo chamados e distribuídos entre os vários portões de entrada, que rodeavam os terrenos proibidos da Floresta da Morte; à medida que a compreensão os atinge, todos se dão conta que o objetivo dessa etapa também era obter informações e acima de tudo, manter a informação que já tinham em segurança. Quando um Jounin chama o time Deltha, todos os olhos se voltam para eles, e aqueles que já haviam passado pelo exame várias vezes, viram na dupla uma boa oportunidade e um alvo fácil; nenhuma palavra precisou ser dita, tanto o Uzumaki e a Hyuuga, quanto os amigos deles, perceberam que os demais Shinobis tentariam ataca-los primeiro. Depois de analisar metodicamente cada um dos presentes, Naruto sabia que podiam dar conta do desafio, já que além do time de Gaara e os traiçoeiros ninjas do som, nenhum dos outros estava em um nível excepcional; achando que se divertiriam mais do que o normal, o Uzumaki sorri zombeteiro, em uma obvia provocação, desafiando para que fossem busca-los e então entram na barraca para pegar seu pergaminho. Nesse instante, eles sentem algo incomum, um chakra agressivo, souberam que estavam sendo observados, e por mais que buscassem incansavelmente, naquele momento seria impossível saber de onde vinha aquela ameaça; intuindo que aquele seria o começo de um movimento de algum dos seus inimigos, a dupla se entreolha e concordam silenciosamente uma contramedida, por segurança.

— Como estão Ten... digo, Uzumaki, Hyuuga? — Sakumo pergunta, tentando soar casual.

— Você percebeu? — Hinata questiona baixinho, enquanto assina seu nome na lista.

— Sim, já alertei os demais. — O rapaz concorda e lhes entrega um pergaminho branco — Com certeza é ele, Ibiki também identificou alterações durante a primeira etapa, com certeza estão se movimentando.

— Você pode chamar o time sete em seguida? — Naruto pede e retira dos seus equipamentos, um pequeno rolinho de papel, igual aos que são usados para recados — Entregue isso para sua irmã, não precisa explicar nada, somente entregar.

— Sem problemas, o que vamos fazer a respeito? — o rapaz pergunta, fingindo anotar informações nos seus relatórios.

— Nada, vamos deixar eles agirem primeiro, não queremos nos precipitar. — Hinata responde e eles deixam a barraca.

Diante da resposta firme e confiada da Hyuuga, Sakumo sorri amplamente, estava seguro que poderia fechar os olhos e aguardar confiante de que o assunto se resolveria; essa confiança não foi adquirida cegamente e por dever, igual aos demais líderes que apenas sabiam ordenar e esperar os resultados, essa confiança foi adquirida através do esforço e trabalho duro de verdadeiros líderes, daqueles que dão as ordens e trabalham junto aos subordinados. Sakumo sabia que não estava superestimando seus Tenentes, não era admiração descabida para com seus salvadores, afinal já tinha visto em primeira mão o que eles podiam fazer; assim como já havia visto, na divisão mesmo, aqueles líderes que não se importam com as vidas dos subordinados, não interessando a idade ou habilidades, os Shinobis eram usados e descartados, algo que nunca vira o Uzumaki e a Hyuuga fazendo.

De frente ao portão nove, Naruto e Hinata já aguardavam calmamente o relógio marcar meio dia, tinham visto e memorizado a numeração dos portões dos amigos, para ajuda-los caso necessário, também haviam confirmado que Sakumo cumprira a missão recebida; quando o Time Sete se dirigiu ao portão dez a sua direita, o olhar de todos os Shinobis do som os seguiram com hostilidade e certa ganancia, ali Naruto soube que o inimigo tentaria agir durante aqueles três dias, e fazendo um sinal discreto para Hinata, os dois decidiram terminar sua prova o mais rápido possível, e voltar como examinadores disfarçados. Nervosa e ainda sem entender o porquê seu irmão lhe entregara aquele bilhete, Sakura apertava os dedos e era incapaz de parar quieta no mesmo lugar; a Haruno estava começando a sentir um leve mal estar, um enjoo a fez ficar pálida e um suor frio percorria seu pescoço, o repentino pedido que recebera a fez ficar tão incomoda, que até seus companheiros de time, notaram seu desconforto, mas antes que pudessem fazer ou pensar em algo, Sakura estava sendo socorrida por quem eles menos imaginavam.

— Sakura, sente-se com a cabeça entre as pernas! — Hinata a ampara e ajuda a sentar, deixando os outros dois perplexos com a cena, já que era de conhecimento geral que as duas não se davam bem — O que você está sentindo?

— É só um enjoo, já vai passar. — Sakura responde, sabia que aquilo era uma reação do seu corpo, devido ao nervosismo.

— Certo, você tomou café? — a Hyuuga segue questionando e delicadamente, pousa sua mão infundida em chakra no abdômen da garota — Naruto, alcança um pouco de água pra ela, você vai se sentir melhor agora.

Fazendo que estava medindo a temperatura de Sakura, Hinata se aproxima da Kunoichi e sussurra bem baixinho no seu ouvido, para que somente ela escute, nem mesmo os inimigos que as observavam tão avidamente, conseguiram ler os lábios rápidos da Hyuuga; e bastou aquele sussurro inaudível, para que Sakura conseguisse se acalmar, nem mesmo o ninjútsu médico foi tão eficaz quanto as palavras de Hinata, e como se fosse mágica, a garota sorri e assente tranquilamente, enquanto é ajudada a se levantar pela dupla.

— O que fizeram pra ela? — Kiba finalmente se exalta, como os examinadores, queria um motivo para prejudicar a dupla — Você nos sabotou, não foi esquisita?

— Fica quieto Kiba! — Sakura intervém, antes que o Inuzuka fizesse uma cena — Obrigada pela ajuda.

— Só pra você saber, mesmo que a prova nos coloque como inimigos, vocês ainda são Shinobis de Konohagakure. — Naruto responde, e sem se importar com os olhares que atraia, ergueu as duas mãos e colocou atrás da cabeça, sorrindo relaxado — E só fizemos por sua companheira, o que vocês dois foram incapazes de fazer.

Deixando os presentes curiosos sobre o ocorrido, e o Inuzuka sem resposta e envergonhado, a dupla volta para o seu portão designado, estavam tranquilos e sequer cogitaram a ameaça feita pelo rapaz, sabiam muito bem que Kiba só podia ladrar, não tinha nenhuma capacidade intelectual para levar o assunto adiante; tendo consciência de que a pequena demonstração de habilidades que Hinata acabava de fazer, mudaria a abordagem que os demais teriam com eles agora, Naruto torna sua provocação de antes mais evidente, dirigindo seu olhar para os Shinobis do som presentes, ele alarga o sorriso que não deixou seu rosto um minuto sequer naquela manhã, e faz o que para os demais seria impensável em uma situação daquelas, sinaliza com ambas as mãos, chamando os Shinobis do som num claro convite para se enfrentarem na floresta. No portão oito, à direita da dupla, Shikamaru fica perplexo com a atitude do amigo, baixa a cabeça e tenta não chamar atenção para seu time, antes que virassem os próximos alvos de ninjas tão problemáticos; já Hinata, contrariando qualquer reação que as demais Kunoichis imaginaram que teria, gargalhou alto e musicalmente, tornando a provocação mais debochada e desafiante, fazendo os demais se perguntarem por que os dois estavam tão confiantes. Mas aquela dúvida não duraria muito, logo os que se arriscassem a persegui-los, saberiam a razão para aquela confiança que não vacilava diante da numerosa quantidade de inimigos; sorrindo para os ex-pupilos e adivinhando que eles não dariam nem chance para os demais, Anko ordena que os fiscais abram os portões, quando o relógio marca meio dia em ponto.

Antes que as grossas correntes tocassem o chão, o Time Deltha e o Time de Sunagakure somem no meio da mata fechada, não deixando vestígio algum do caminho que tomaram, sendo seguidos de perto pelos times de Shikamaru e Sai, que mantinham um ritmo moderado para que os companheiros pudessem acompanhar; já o time de Kakashi resolvera entrar com cuidado na floresta, não conheciam os perigos que haviam na escuridão vertiginosa do lugar, e depois da Haruno ter recebido aquela missão do Uzumaki, a garota achou por bem fazer as coisas com calma, para evitar serem surpreendidos ou pegos em alguma armadilha, e por alguma obra do destino ou intervenção divina, ambos os companheiros concordaram com sua sugestão. Percorrendo os primeiros trinta quilômetros antes de todos, e tendo absoluta certeza de que estavam sendo caçados, Naruto e Hinata param de se mover quando alcançam a parte leste da floresta, decidindo que ali seria um bom lugar para aguardar a chegada dos seus convidados; estar ali novamente, depois de tantos anos, era tão nostálgico como estar no parquinho da Vila, tantas lembranças inesquecíveis, partes de sua infância, momentos preciosos de sua aprendizagem que somente eles seriam capazes de apreciar, e como se estivessem em sua própria casa, sorrindo e cantarolando eles foram montando as armadilhas ao redor do lugar que seria sua base de operações.

— Quem você acha que vem primeiro? — Naruto questiona, terminando de armar os papeis bomba na copa das árvores.

— Aqueles que não se revelaram durante a última hora. — Hinata responde analiticamente — Claro que as equipes do som estão ávidas por nos encontrar, mas antes eles terão que passar pelo pântano das lesmas carnívoras e pelas centopeias venenosas, não creio que eles queiram passar por isso, então vão dar a volta, o que nos deixa com as equipes da névoa, eles têm habilidade para burlar o terreno da floresta.

— Será que eles pensam em nos emboscar e depois ir atrás do moleque? — o Uzumaki pondera e retira sua jaqueta, não queria suar muito, enquanto coloca em prática seu pouco conhecimento de Doton.

— Muito provavelmente, eles precisam garantir seu passe para a próxima fase, antes de cumprir as ordens que receberam. — Hinata concorda e termina de armar o gatilho dos senbons envenenados — Anko disse que sua marca está ardendo há alguns dias, então creio que é obvio que ele chegou à Vila junto com a delegação de Suna.

— Também acho, era o disfarce mais seguro. — Naruto responde e então suspira, quando vê o pequeno domo subterrâneo que fizera — Preciso aprender aquele Jutsu de detecção logo, seria muito útil se conseguir repassar para a divisão.

— Jiraya disse que sabe a teoria, não? — Hinata pergunta ao usar seu Suiton para extrair a água da terra.

— Sim, o padrinho já viu a Okaasan usando algumas vezes, disse que era um Ninjutsu antigo do clã. — O Uzumaki concorda e sorri amplamente, estendendo os braços para a Hyuuga — Pronto Hina, já pode descer, a nossa toca está pronta!

— Quantas vezes já caçamos assim? — a Hyuuga brinca e se deixa carregar pelo rapaz — Eles estão se aproximando.

— Então vai ser mais rápido do que parece. — Naruto rebate e acomoda Hinata ao seu lado, para logo cobrir a entrada do abrigo.

Enquanto aguardavam a chegada dos primeiros inimigos, Hinata mantinha seu Byakugan ativo, para monitorar o que ocorria do lado de fora, e como havia deduzido, os primeiros a se aproximar deles foram os ninjas da névoa; apesar de estar bem preparado e apenas aguardar o sinal de sua companheira para agir, Naruto também estava divagando por suas memórias, recordando a última vez que estiveram treinando na Floresta da Morte, pouco mais de dois anos atrás e quando seus sentimentos com relação sua amiga, começaram a mudar. O rapaz lembrava nitidamente de estar assistindo como Hinata treinava seu Taijutsu nas centopeias venenosas, e como estava vidrado e fascinado por ver como ela se movia de forma feroz e ameaçadora, mas também o fazia com graça e delicadeza; foi naquele instante que o coração do Uzumaki tremeu pela primeira vez, agora que voltara àquele lugar tendo a companheira como namorada, ele sorria bobo ao lembrar do susto que tomara ao pensar que estava doente, e do alvoroço que causara ao pedir para Kurenai examinar seu coração. Pensar naqueles momentos memoráveis, que ele certamente contaria aos seus netos um dia, o fazia sorrir descontroladamente; pensar que aquele dia congelante de inverno, onde ambos tinham os dedos quase azuis de frio, foi o começo de um caminho diferente para os dois, o fazia querer reviver essas lembranças, apesar da situação que estavam.

— Hina? — Naruto sussurra, chamando a atenção dela para si — Posso te perguntar uma coisa?

— Tem que ser agora? — Hinata rebate, tentando manter o foco nele e na missão.

— Tudo bem, Kurama vai me avisar se alguém chegar perto. — O Uzumaki explica e encolhe os ombros, sabia que não era o melhor momento, mas também tinha certeza que iria esquecer se deixasse para mais tarde — Então, posso?

— Se é assim, pode. — A Hyuuga concorda a contragosto, incapaz de ignorar o olhar suplicante dele.

— Você acha que sabe quando foi que começou a gostar de mim assim? — Naruto pergunta nervoso, sentia o sangue se concentrando todo em seu rosto.

Sendo tomada pela vergonha e pelo inesperado da pergunta, Hinata cobre o rosto com ambas as mãos, ato que foi repetido imediatamente por Naruto, que estava vivendo o segundo momento mais vergonhoso da sua vida, o primeiro ocorrera um ano antes na presença de Hiashi e Hizashi; quando se detém nesse pequeno detalhe, o rapaz se questiona se sempre passaria por momentos assim na presença dos Hyuuga’s, já que só faltavam Neji e Hanabi para completar sua cota.

— Acho que foi quando a gente estava brincando na cachoeira. — Hinata se enche de coragem e decide contar, lembrando o verão seguinte ao que começaram a ganhar fama como Neko e Kitsune — Eu gostava de te ver sorrindo pra mim, e odiava quando sua atenção não era minha, e depois descobri que odiava mais, quando era Ino que recebia teu olhar.

Impactado com a inusitada revelação de Hinata, Naruto descobre tardiamente, por que houve uma época em que ela vivia irritada e emburrada, muitas vezes até o ignorando, e até o momento, sem motivo algum; agora que tudo fazia sentido, o Uzumaki não conseguiu segurar o riso, ao pensar em quanto esteve absolutamente encrencado, sem nem se dar conta. Apesar de estar com mais curiosidade que antes, Naruto se conteve, não era o momento adequado e sabia que Hinata não cederia aos seus caprichos sempre, e como havia aprendido recentemente de seu padrinho, não era bom ser tão convencido; não que Jiraya tenha dado alguma lição importante ou algo do tipo, ele apenas foi confiante demais na frente da Hyuuga, ensinou “uma coisa feia” para os pequenos e acabou sendo posto de castigo. Tentando manter a seriedade que a situação exigia, o Uzumaki volta seus sentidos totalmente para identificar seus primeiros oponentes, e como Hinata previra, não foram outros que os tão falados ninjas da névoa.

— Estão aqui. — Hinata apenas move os lábios, sem produzir som algum.

Logo após, uma explosão é ouvida, seguida de outras mais, denunciando que suas armadilhas foram acionadas, então o silencio voltou a reinar sobre a floresta; esperando um pouco, para se certificar de que nada mais ocorreria, a dupla permaneceu quieta em sua toca, com Hinata monitorando os movimentos do inimigo. Depois de caírem vergonhosamente em simples armadilhas terrestres, os invasores se reagrupam, e parecem não estar dispostos a fazer qualquer movimento, sem antes saber a localização do alvo. Sinalizando para que Naruto entendesse que ela começaria a agir, Hinata se posiciona e faz alguns selos de mãos; em instantes, a neblina densa que havia se formado, desaparece, deixando em seu lugar, milhares de gotículas d’água, e três supostos Genins desnorteados. Haviam lançado aquele Ninjutsu com a intenção de pressentir onde a dupla se escondera, mas desconhecendo que a Hyuuga utiliza principalmente Suiton, seus adversários se colocaram em xeque, antes mesmo de ter uma chance de revide; assim que o jogo estava a seu favor, os dois deixam seu esconderijo despreocupadamente e encaram seus inimigos.

Poderiam ter usado diversas estratégias diferentes, poderiam tê-los rendido por trás, poderiam tê-los aprisionado na terra, poderiam tê-los suspendido no ar, e até mesmo tê-los noqueado ali, sem que soubessem de onde veio o ataque; mas então não haveria graça alguma, tudo terminaria antes que o relógio marcasse um minuto, e então a prova terminaria antes de começar. Agora que os adversários os estavam vendo, talvez tivessem algum tipo de entretenimento, ou assim pensaram num primeiro instante; logo que os três partiram para o ataque sem pensar um segundo sequer no que eles fariam, a dupla perdeu as esperanças de ter um confronto igualitário. O erro adversário, foi pensar que por estar em maior número, teriam alguma vantagem, algo presunçoso de se fazer, mas que era bem comum entre os veteranos do exame Chunnin; todos que passaram pelo exame algumas vezes na vida, tinham a crença absurda de que suas idades e portes físicos, lhes dariam uma grande vantagem com relação aos principiantes do exame. Ledo engano, enquanto corriam em direção a dupla, sentiram seus pés aprisionados ao chão e viram com assombro as gotículas que antes eram água, se transformando em gelo expeço; logo seus clones de água se desfizeram, atrás de um grande choupo, os verdadeiros ninjas da névoa pensaram que tinham desestabilizado a dupla, e se preparam para atacar, e antes que possam dar um passo, a floresta se torna maior diante dos seus olhos, todos os três foram presos, Naruto fizera seus próprios clones escondidos usar o Doton: Jutsu do Caçador de Cabeças.

— Se soubesse que seria assim, tinha posto mais armadilhas, pelo menos me divertiria vendo eles caírem nelas. — Naruto sorri morbidamente, enquanto segura o pergaminho da terra, que seu clone lhe alcança.

— Pense que agora podemos pegar os outros com as calças na mão. — Hinata pondera, enquanto acerta com o punho gentil, o centro de chakra na testa dos três, os deixando desacordados — Vamos agora?

— Sim. — O Uzumaki concorda e enquanto correm pelas copas das árvores, outra dúvida surge em seus milhares de pensamentos — Hina, não vamos dar bandeira se concluirmos a prova em apenas meia hora?

— Acredito que não, até chegarmos à torre, uma hora terá se passado, acho que é tempo suficiente. — A Hyuuga pondera e então sorri marota — Quem se importa na verdade? Logo seremos anunciados e não é só você que quer se divertir com esses moleques!

Rindo como se estivessem em casa, a dupla corre em direção ao centro da floresta, ansiosos por deixarem de lado seus papeis de alunos, e assumirem seu verdadeiro eu, os assassinos especiais de Konoha. Alguns quilômetros dali, Shikamaru suspira pela milésima vez do dia, estava com preguiça de estar ali, não dormira direito a noite e ainda tivera trabalho antes do sol nascer, a causa da invasão na cabana, e para completar sua má sorte, esses garotos presunçosos não paravam de ataca-los, um time atrás do outro, fazendo com que sua travessia pela floresta fosse interrompida toda vez; Chouji ao seu lado, via impressionado, como o amigo demonstrava tanta irritação pela primeira vez em anos de amizade e se atordoava ao pensar que era por sua causa, já Ino deduzia sabiamente que Shikamaru estava apenas cansado e queria ir para casa dormir.

— Já estamos quase chegando, e não sinto ninguém mais se aproximando. — A Yamanaka tenta consolar o Nara, mas se impressiona ao vê-lo negando em silêncio.

— Já podem sair, sei que estão aí! — Shikamaru grita ao vento, já preparado para atacar quem quer que saísse da escuridão.

— Eu não queria aparecer sem aviso e já ia me denunciar, mas também não pensei que você nos detectaria de tão longe! — Gaara fala espantado, denunciando sua localização, ele e os irmãos saem das trevas com as mãos erguidas — Suponho que já concluíram a prova?

Aterrorizada por não os ter pressentido e ainda mais pela aparência sombria dos três, e a forma monótona de Gaara falar, que mais parecia uma ameaça, Ino se prepara para ataca-los utilizando seu Jutsu Possessão da Mente, e esperava que assim desse tempo de Shikamaru e Chouji correrem por ajuda; mas antes que suas mãos completassem o selo, o Nara a para e desfaz sua posição de ataque, voltando a costumeira apática de sempre.

— Está tudo bem Ino, eles não vieram nos atacar, podem ficar descansados. — O Nara explica calmamente, e os dois apenas escutam o Akimichi caindo pesadamente no chão atrás deles — Sai também pode se aproximar, é seguro.

— Eu não queria me denunciar ainda, Shika. — Sai deixa a escuridão reclamando e sendo seguido pelo seu time, que igual Ino e Chouji, estavam aterrorizados.

— Você é precavido demais as vezes, sabe da situação. — Shikamaru retruca vendo como o amigo e companheiro, guardava de má vontade a Katana em suas costas.

— Vocês são amigos deles, não é? — Gaara pergunta astutamente, os olhos brilhando de curiosidade perante aqueles dois rapazes tão diferentes, e tão iguais ao mesmo tempo — Seu modo de agir é idêntico, parece que os estou vendo aqui.

— Muito observador, agora resta saber por que os irmãos Sabaku estavam seguindo um time adversário? — Sai questiona, ainda sem baixar a guarda, coisa que deixa Kankuro irritado.

— Ei, seu moleque... — ele pretendia proferir alguns xingamentos, mas é detido por Gaara, ou melhor, sua areia que tampa sua boca.

— Está tudo bem Kankuro, eu também gostaria de questionar isso, se fosse conosco. — Gaara acalma o irmão e alterna seus olhos, se fixando em cada um dos rapazes, bem como seus companheiros de time — Vocês que são amigos deles, sabem da minha situação, e como vocês, nós também concluímos nossa prova.

Sai e Shikamaru permanecem em silêncio, enquanto Gaara se explica, seus irmãos não o interromperam novamente, também queriam saber o motivo dele tê-los feito segui-los; enquanto isso, atrás dos dois, Ino e Madoka tentavam acalmar Chouji, que finalmente tinha cedido a pressão da adrenalina que vinha sentindo desde o inicio da prova, e agora não conseguia mais se por em pé, já Shino observava atentamente como o comportamento passivo do companheiro de time tinha mudado, e como ele e o Nara mais se pareciam a uma unidade, do que dois indivíduos distintos, seu comportamento todo havia se transformado na presença um do outro.

— Como sabem, esse ambiente pode desencadear uma crise, e como vocês, também chegamos até aqui sendo atacados simultaneamente. — Gaara continua falando, demonstrava estar cansado e um pouco nervoso — Está sendo difícil controlar, sinto uma pressão enorme quando estamos em conflito, Naruto disse que seria assim, mas não quero arriscar e colocar a todos em perigo, então pensei que se nos unirmos, podemos chegar em segurança até a Torre.

— E por que pensou que seria seguro estar conosco? — Ino questiona desconfiada, aquilo mais parecia uma armadilha, do qualquer outra coisa, ainda mais vindo de ninjas daquele nível.

— Por que seus dois amigos, são os únicos que conseguem me segurar até Naruto e Hinata chegarem. — Gaara responde sinceramente, fazendo com que Ino sinta compaixão por sua situação, ele entendendo as preocupações dela, mostra seus dois pergaminhos — Aqui, não temos intenção de ataca-los, penso que seria vantajoso para todos... eu não quero me descontrolar e acabar machucando meus irmãos e outros inocentes que entrarem em meu caminho!

A sinceridade dele, e suas palavras suplicantes, fizeram com que as duas Kunoichis de Konoha ficassem com os olhos marejados, Ino só conseguia pensar em que tipo de tormento aquele garoto vivia, para suplicar ajuda a completos desconhecidos, e viu em seu rosto dolorido, a mesma expressão angustiada que Naruto fazia quando o conheceram; já seus dois irmãos nem perceberam que seus rostos estavam molhados pelas lágrimas, sentiram uma dor tão sufocante ao ouvir Gaara falando, que agora mal podiam respirar.

— Nós iriamos nos unir de todo jeito. — Shikamaru fala olhando para Sai, que agora sim, estava completamente relaxado — Termos mais pessoas no nosso grupo, fará com que os demais hesitem antes de atacar, ninguém vai querer ir contra nove pessoas.

— Isso facilita muito as coisas, sabe que já devemos ter trabalho nos esperando, e quanto mais rápido chegarmos, mais rápido começamos. — Sai concorda e acaba deixando seus dois companheiros curiosos a respeito do que estava falando — Tenho certeza que os dois já terminaram, você sentiu aquilo antes de começar?

— Senti, não era ninguém que já tenhamos encontrado. — O Nara concorda enquanto o grupo se põe a caminhar com os Sabaku’s se posicionando no meio deles — Você sabe algo a respeito, Gaara?

— Vocês deduziram certo, aquele era o Sannin. — Gaara responde com cuidado, não tinha muita certeza do os outros Genins sabiam — Ele deve estar muito irritado pelo que meu pai fez ontem.

— Significa que ele veio pessoalmente ver o estrago. — Sai pondera e logo e então seus olhos se arregalam e seu rosto inexpressivo demonstra uma enorme preocupação — O moleque está na mira mais cedo do que esperávamos, precisamos apressar o passo!

— Sai, você sabe por que dizem que somos a antecipação e a consequência? — Shikamaru indaga sem se alterar, e causa estranheza em quem não entendia seu diálogo.

— Por que eu atuo com precaução antes do inimigo, você com racionalidade diante de suas ações. — Sai responde metodicamente, lembrando o apelido incomum que ganharam na divisão.

— Exato, hoje se tentarmos antecipar seus passos, vamos afugenta-los, então é melhor esperar que deem um passo e decidir o que faremos a partir daí. — Shikamaru externaliza suas conclusões e então lembra o companheiro de algo que sua preocupação o fizera esquecer — Tenho certeza também que os dois já tomaram providência quanto a isso, você viu aquela cena com a Haruno?

Fazendo com que Sai acalme suas preocupações, eles continuam caminhando, sem se alterar, mantendo um ritmo constante, onde seriam capazes de detectar qualquer perigo, e que fosse seguro para tomarem ação imediata, em caso de Gaara se descontrolar; Temari que estava ao lado direito do irmão, acabara ficando próxima do Nara, e, portanto, em uma situação incomoda devido ao incidente da prova escrita, agradeceu pelo rapaz a estar ignorando, até Kankuro chamar sua atenção para eles.

— Como conseguiu nos encontrar antes? Eu nem percebi que haviam outros três de vocês. — Kankuro questiona, se referindo ao time de Sai.

— Crescemos na presença de uma Besta com Cauda, detectar outra não é difícil. — Shikamaru conta e relembra o pavor que sentiram ao encontrar Kurama pela primeira vez — Esse Chakra massivo e opressor não pode ser facilmente escondido, especialmente no caso do seu irmão que não consegue controlar a Bijuu; já nós dois, aprendemos por nosso próprio bem, a ocultar nossa presença perfeitamente, mas somos capazes de saber nossas localizações, mesmo a quilômetros de distância.

Não era necessário explicar a ligação que ele e Sai tinham através de suas tatuagens, nem mesmo era preciso citar que devido ao treinamento, eles desenvolveram a dinâmica de sempre buscar o outro, mesmo que inconscientemente; essa atitude de estar sempre alerta a tudo era o que os fazia agir assim, como se a todo momento fossem sofrer um ataque, e como aprenderam e foram doutrinados a pensar, deviam estar prontos para qualquer situação adversa, qualquer potencial perigo, era tratado com ação imediata, mesmo que fosse inecessário.

— Então seu amigo a controla?! — Temari se deixa levar pela curiosidade, e percebe tardiamente que sua boca foi mais rápida que sua vontade de não ser notada.

— Agora você fala comigo? — Shikamaru zomba, a deixando vermelhíssima, e fazendo com que Ino os analise mais atentamente — Naruto não controla Kurama, não é uma questão de controle, é de afinidade e confiança, os dois tem uma conexão única, que permite que entrem em acordo em sua convivência.

— Mas ainda assim é um perigo para todos, quando Naruto é levado ao limite do seu emocional, pode causar tanta destruição quanto qualquer outro Jinchuuriki. — Sai complementa a explicação, tinham estudado incansavelmente desde que entraram na divisão, formas de conter Naruto em casos de emergência — Ele está em constante vigilância consigo mesmo, evitando situações que podem causar o rompimento do selo o máximo que pode, infelizmente, nada é como planejamos o tempo todo.

— Você fala daquela missão? Aquela que eles fizeram conjunta com outro time? — Kankuro questiona, fazendo todos o olharem curiosos — O que foi? Acredito que todas as Cinco Grandes Nações já sabem do ocorrido, ainda mais com um julgamento daqueles, e se não me engano, você foi o coautor da ação, Nara?

— Eu só presidi a petição, o planejamento todo foi do Naruto. — Shikamaru responde sorrindo, gostava de saber que o amigo era conhecido como alguém racional e inteligente, ao invés do monstro sanguinário que queriam que ele fosse — Imagino que sabem o motivo principal, que fez ele se descontrolar?

— Foi Hinata. — Gaara que ouvia tudo em silêncio, afirma sem titubear, notando admirado o quanto parecia conhecer os dois, mesmo em tão pouco tempo — Suponho que vocês têm um plano pra isso? Digo, a audiência foi pública, significa que todos sabem o motivo, inclusive “ele”, torna fácil fazê-la de alvo para atingi-lo e captura-lo!

— Ela mesma tem um plano. — Ino é quem responde agora, estava até orgulhosa de poder dizer aquilo — Hinata apenas aparenta fragilidade, e apesar de sua gentileza ser genuína, é a Kunoichi mais forte que conheço, e capaz do inimaginável para defender Naruto!

— Então é verdade que ela sozinha, abateu mais de vinte Nukenins?! — Temari pergunta, esquecendo o lugar e elevando a voz, mais uma vez fez Shikamaru a olhar sorrindo de lado.

— Isso é o que as pessoas sabem. — Chouji, que conseguira se recuperar, consegue participar da conversa, e dessa vez sem se arrepiar inteiro ao lembrar os feitos dos amigos — Eles já fizeram muito mais do que podem imaginar.

— Parece que alguém quis tentar a sorte. — Sai comenta casualmente, alertando o grupo sobre os inimigos a frente.

— Cara, que problemático! — o Nara esbraveja, para espanto dos demais, achavam que deviam fazer silêncio agora.

— Você devia esquecer de dormir hoje, Shika. — Sai zomba do amigo e gargalha alto, ele sempre se divertia ao ver o outro exasperado — Não se preocupem, vamos dar um jeito nisso e ir embora.

— Eu posso ajudar. — Gaara oferece, e é seguido pelos irmãos que concordam imediatamente.

— Não, é melhor você evitar entrar numa briga, pelo menos até Naruto te revisar. — Shikamaru o para e olha para os irmãos dele em seguida — Fiquem aqui com ele e evitem que qualquer um se aproveite dessa brecha para atacar, Ino e Chouji vão ajudar na proteção.

— Preciso que você use seus insetos para vigilância, Shino. — Sai pede ao companheiro e então olha para Madoka — Você pode usar seu Suiton e criar aquela chuva para ocultar a todos, precisam estar extremamente atentos a tudo.

— Tenham em mente que esses não são Genins normais, estão atrás de nós a mando de alguém. — Shikamaru explica o essencial antes de deixa-los ali — Precisam fazer exatamente o que pedimos para fazer.

Gaara, Temari e Kankuro entenderam mais rapidamente que os demais, que os ninjas logo a frente estavam ali por ele, e logo que chegaram a essa conclusão, souberam quem era o mandante; assim como Shikamaru e Sai, entenderam que provavelmente, Orochimaru já sabia que Rasa tentara obter o Jinchuuriki das Nove Cauda na noite anterior, e assim como ele, tentaria obter o Jinchuuriki do Uma Cauda agora, talvez até tentasse ir atrás de Naruto depois que capturasse Gaara, afinal ter duas bestas, eram melhor do que uma. Supondo que não precisariam se conter com os supostos Genins, Sai e Shikamaru assumem sua outra personalidade por completo, e partem para um confronto real, e estavam até aliviados por não precisarem se preocupar de machucar pessoas inocentes, como vinham fazendo desde o início da prova; assistindo tudo que os amigos faziam, escondidos pela chuva abundante criada por Madoka, Ino e Chouji viam pela primeira vez como os dois deveriam ser em uma missão verdadeira, e apesar de estarem mais conformados com a descoberta, difere muito imaginar como é, e ver em primeira mão. Ali estavam duas pessoas que eles conheciam desde a infância, e agora se mostravam tão diferentes do que eram, que pareciam alguém que nunca viram, tão opostos dos dois garotos que cresceram compartilhando alegrias e vivencias com eles, que chegava ser assustador de constatar; Shino e Madoka não se abalaram tanto, não conviveram tanto tempo assim com Sai, para notar a diferença, e muito menos com Shikamaru, na verdade estavam era impressionados com as habilidades dos dois. Gaara e Kankuro, acostumados como eram com as atrocidades cometidas pelo pai, encontraram normal aquela cena, no mundo Shinobi, ou se mata, ou morre; já Temari acabara por notar que o garoto Nara, apesar de se mostrar tão desinteressado por tudo, era competente e inteligente, e como disse dos amigos antes, ele também escondia seu potencial e verdadeira força, bem como seu companheiro.

***

Na Torre no centro da floresta, a dupla estava se preparando para sair novamente, já haviam entregado seus pergaminhos e provado que haviam completado a prova exitosamente, para espanto dos examinadores; ninguém imaginara que o time que supunham ser o mais fraco, por sua desvantagem numérica, seria o primeiro a chegar, sem nenhum arranhão e em tempo recorde, nenhuma equipe na história das Vilas, completara a prova no primeiro dia, quanto mais na primeira hora. Ignorando as especulações e as fofocas que já começavam a se formar ali mesmo, os dois deixaram a sala dos examinadores, sendo seguidos pelo olhar orgulhoso do Sandaime Hokage e os senseis que estavam presentes, bem como os olhares cobiçosos Sandaime Kazekage, e um terceiro que ainda permanecia escondido entre os Jounins; sentindo aqueles olhos horripilantes perfurando sua nuca, o Uzumaki se voltou em sua direção antes de deixar a sala, como por instinto ao pressentir o perigo, Kurama deixou seu Chakra emanar pelo corpo do garoto, tornando seus olhos azuis, vermelhos. Percebendo que Naruto havia parado de andar, Hinata segue seu olhar e encontra um rosto pálido os fitando, as pupilas verticais, a íris amarela como as de uma serpente, e tão famintos quanto uma; a Hyuuga imediatamente ficou alerta, uma mão segurava a de Naruto com força, a outra brilhava intensamente com a enorme quantidade de Chakra infundido, enquanto seu Byakugan enviava uma mensagem clara de “fique longe”. Ela estava pronta para lutar e tirar Naruto dali o mais rápido que fosse preciso, e não hesitaria em abandonar a máscara de Genin, para protege-lo; vendo aquele potencial, o homem sorri sinistramente, ansioso por ter a posse de tais habilidades, desejoso pela chegada de seu grande dia, tanto que quase deixara o disfarce se romper, ao passar uma língua bifurcada e pegajosa por sobre os lábios, por conta da excitação do momento e as possibilidades futuras. Infelizmente para ele, e felizmente para os outros dois, os três que trocavam hostilidades pelo olhar, sabiam que aquele não era o lugar nem o momento para porem suas cartas na mesa; sendo assim a dupla deixa o salão ainda sentindo aqueles olhos em suas costas, e seu observador os seguira o tempo todo até não poder vê-los mais, com seu ego sendo acariciado pelo fato deles o terem reconhecido, quando tantos outros nem suspeitaram, estava experimentando uma felicidade há muito esquecida, por saberem quem ele era.

No andar abaixo, descendo as escadarias com os olhos e ouvidos atentos a tudo, como se já fossem ser atacados, Naruto e Hinata tentavam se afastar o mais rapidamente possível do lugar; sabiam que uma hora o encontrariam, mas não imaginaram que seria tão cedo, e tampouco supuseram que seria tão perto. Sentiam um suor frio e pegajoso escorrendo por suas costas, seus corações martelavam tanto contra o peito, que chegava a doer, ao olharem um ao outro, se viam pálidos com suas pupilas dilatando e encolhendo seguidamente; em todos aqueles anos, nunca haviam encontrado qualquer Nukenin que se comparasse àquele, nem o mais brutal e sanguinário. Isso porque sabiam que qualquer outro que conheceram, ainda eram pessoas, cruéis e odiosas, mas ainda eram pessoas que quando chegava a hora da morte, suplicavam por suas vidas; já aquele homem não tinha nenhum traço de humanidade, era como os demônios que as lendas contam, que visitavam as casas dos mortais a noite, para roubar suas almas e se alimentar delas. Sabendo que precisavam se acalmar, voltar ao normal para concluírem o que tinham planejado para aquele dia, ambos se sentam na escadaria, e em silêncio, tomam o controle de seus corpos; depois começam a analisar o que viram, em uma situação normal, teriam corrido escadaria acima novamente, afinal o Hokage estava cercado por inimigos, mas conhecendo os senseis que tinham, sabiam que deviam ter percebido o que ocorrera e tomariam providências, voltar agora só poria tudo que vinham planejando a perder. Foi quando concluíram esse pensamento, que ouviram passos se aproximando e voltaram a ficar alertas, mas os passos vinham do andar abaixo e pareciam pertencer a um grupo grande; quando ambos se puseram em pé, para ver quem mais havia concluído a prova, avistaram os times de Shikamaru e Sai se aproximando com os irmãos Sabaku’s a tira colo. O alivio que sentiram momentaneamente ao vê-los completar o exame em segurança, foi substituído por preocupação quando notaram os resquícios de sangue nas roupas dos dois rapazes; ambos correram até eles e se puseram a examiná-los, Hinata novamente utilizando o Byakugan, mas desta vez, em busca das supostas feridas deles.

— Estamos bem Hina, não é nosso. — Shikamaru explica, vendo o que ela fazia — Sofremos alguns contratempos pra chegar, mas estamos bem, todos nós.

— Graças aos céus! — a Hyuuga exclama aliviada, abraçando os dois garotos ao mesmo tempo, então se solta e abraça Gaara também — Você está bem? Não teve problemas?

— S-s-sim. — Gaara mal sussurra, atordoado pelo ato inesperado dela.

Contente com a resposta, Hinata o solta e abraça os demais amigos que estavam ensopados, esses recebem de bom grado o carinho dela, que os felicitava por estarem ali a salvo, até mesmo Shino e Madoka receberam um agrado; apesar de não serem próximos, conheciam a fama da gentileza da Hyuuga, e como todos diziam, estar com ela era como estar em casa.

— Por que estavam aqui embaixo? — Sai questiona perspicaz, os olhos negros avaliando a expressão preocupada de Naruto — Pensei que a essa altura já estariam na floresta, vigiando o moleque.

— Tivemos uma surpresa aqui. — Naruto comenta baixo e chama a atenção dos dois pupilos — Quando entrarem no salão, não façam nada para se destacar, é melhor que entrem em grupos separados.

— Ele está aqui. — Hinata explica ao ver que ninguém no grupo entendeu do que falavam — Tomem cuidado e ajam como se não soubessem de nada, principalmente você Gaara, o Kazekage está lá também.

— Ele realmente parece interessado em obter algumas espécies raras. — Shikamaru comenta em códigos, não sabia se teriam alguém ouvindo — No caminho pra cá, nosso amigo tentou caçar um guaxinim.

Sem precisar de mais nada, Naruto e Hinata entenderam o tinha ocorrido na floresta, e deduziram igual a Sai e Shikamaru, que o Sannin estaria tentando capturar não somente dois herdeiros de grandes linhagens de Konoha, como também os dois Jinchuuriki’s presentes na Vila no momento; era aterrorizante demais, pensar o que um homem como aquele faria com tamanho poder de destruição em suas mãos, certamente não sobraria muito do mundo atual, para contar a história. Olhando para todos com apreensão e seus rostos gritando com um pedido para tomarem cuidado, Naruto e Hinata trocam de posição com os amigos na escadaria; tinham trabalho por fazer e não poderiam mais se deter ali, por mais que quisessem ficar e garantir a segurança de todos. Agora só podiam confiar em seus senseis, e em tudo que lhes haviam ensinado e em todos os anos de experiências que tinham, como também só podiam em tudo que eles mesmo haviam ensinado aos amigos, rezando para tê-los preparado corretamente para o que estava por vir; sentindo seus corações divididos entre seus deveres e obrigações, e a vontade de proteger aqueles que lhes eram queridos, eles se despedem e deixam a Torre, e apesar de emocionalmente estarem temerosos, racionalmente sabiam que aquela era a forma segura de proteger a todos, desempenhando perfeita e eficazmente suas funções.


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