O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 23
Por Minha Família


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!
Demorou um pouco, mas saiu, aqui está mais um capítulo!
Como sempre, muito obrigada a quem me acompanha, quem comenta e espera que eu atualize, vocês são 1000!
O link da música está nas notas finais, para quem tiver interesse.


P.S.: Como deixei em outro capítulo, quem quiser participar do grupo no whats, sobre as fics, é só mandar mensagem no privado!



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Konoha estava em festa, as ruas agitadas e abarrotadas de pessoas de várias Vilas e nações, tanto para apreciar o festival de primavera, que era o mais belo da região, como para a prova Chunin, que se aproximava cada vez mais, deixando todos alvoroçados pelo primeiro dia das eliminatórias; já a clareira em meio a densa floresta, que a essa época do ano era tão tranquila como em qualquer outra, estava repleta de barulho, vozes e tinidos, e além equipamentos de treinamento e armamentos, haviam ao todo quinze barracas espalhadas pelo gramado, e alguns arranjos improvisados para acomodar os ex-colegas. Foi bom ver como se empenharam no primeiro dia, montaram aquele acampamento em questão de minutos, e até mesmo os mais problemáticos, trataram de obedecer às ordens da dupla sem reclamar nem um pouco; claro que Naruto sentia suas costas ardendo pelo olhar raivoso do Uchiha, ou tinha os ouvidos poluídos pelas piadas de mal gosto do Inuzuka, mas nenhum deles foi além disso, e até mesmo a Haruno estava se mantendo calada, pela graça divina.

— Madoka, corrija sua postura! — Hinata fala, passando por trás da garota — Separe as pernas e mantenha a cintura alinhada com os ombros, se encolher os joelhos dessa forma, sua base vai se tornar fraca.

Já era o terceiro dia de treinamento, e alguns estavam pensando seriamente em desistir, aquela pressão toda era demais, estavam fazendo coisas que jamais fizeram durante os anos de academia; para outros, era uma surpresa que até mesmo algumas coisas que sempre fizeram naturalmente, estivessem sendo realizadas de forma incorreta, como Shino, que gastava mais chakra do que o necessário para comandar seus insetos. Ver suas habilidades sendo testadas e desmanteladas bem diante dos seus olhos, não era agradável, os fazia sentir que todos os anos que treinaram para chegar ali, não valeram de nada, que não foram suficientes; mas ao mesmo tempo que se sentiam diminuídos, sabiam perfeitamente que aquela era sua chance de mudar, de melhorar a si mesmos.

— Shino, refaça o exercício, repita até conseguir cortar a folha exatamente ao meio. — Naruto o instrui novamente, e o rapaz suspira frustrado — Se você tivesse que comandar um enxame para espionar há uma longa distância, ficaria sem chakra antes da metade do caminho.

— Naruto, eu não consigo fazer a Shuriken fazer aquela curva, pode me mostrar como? — Yumi pede, sapateando no chão, como uma menininha fazendo birra.

Ao ouvir isso, Hinata rangeu os dentes irritada, desde o primeiro dia aquilo vinha acontecendo, desde que as garotas viram Naruto chegando em casa todo a vontade, e é claro que a Hyuuga não era ingênua e sabia exatamente o que suas ex-colegas tentavam fazer; Ino que assistia Shiin e Yumi tentando chamar a atenção do Uzumaki, revirava os olhos cada vez que as garotas faziam algo como isso, sabia que nunca funcionaria, e se perguntava se ela também fora insuportável assim? Não houve tempo para Ino pensar a respeito, muito menos para Naruto responder à pergunta adequadamente, num piscar de olhos, Yumi viu uma Shuriken indo em sua direção, e a centímetros de acertar seu rosto, desviou para o lado e lhe fez um corte na bochecha direita; todos olharam na direção que a arma tinha vindo, e encontraram Hinata parada, com seu Byakugan medonhamente visível.

— Como fui eu quem mostrou o movimento antes, você devia perguntar a mim, Yumi; seria mais fácil para você compreender o exercício, entendeu? — Hinata fala tão docemente, mas nem assim consegue esconder a ameaça em sua voz.

Toda clareira ficou em silencio naquele instante, todos abismados, era como se vissem Hinata pela primeira vez na vida, ela estava tão intimidante naquele momento, que até mesmo Tenten se encolheu um pouco, apesar de saber por que a amiga estava assim; mas para Naruto, ela estava mais linda do que nunca, seus olhos perolados brilhantes e ferozes, daquele jeito que somente Hinata poderia ser. A olhando com cara de bobo, totalmente fascinado pelas atitudes da Hyuuga, o Uzumaki sentia seu corpo todo trêmulo, o coração ao pulos e o sorriso gigante nos lábios; nunca havia se sentido assim na vida, essa emoção desconhecida de estar ligado a alguém mais além do que os olhos podiam ver, esse êxtase de pertencer a ela, aquele borbulhar de emoções que o consumiam e impediam de pensar racionalmente, tanto que nem se dera conta da expressão de cobiça que tomara seu rosto naquele instante.

— Naruto, precisamos conversar. — Hinata fala séria, fazendo os pelos do corpo de Naruto se eriçarem.

— Está bem. — Ele concorda ainda perdido em seus próprios pensamentos, e logo se vira para as duas crianças brincando perto de Shikamaru — Konohamaru, mantenha todo mundo no ritmo com o apito, Hanabi vigie e anote quem tentar fazer corpo mole.

— Sim, Naruto-nii! — os dois falam animados, adoravam quando Naruto ou Hinata os colocavam para mandar nos outros.

— Se deu muito mal. — Lee sussurra para Naruto, quando os dois passam por seu trio, a caminho da entrada da frente da cabana.

Naruto ignora totalmente o sobrancelhudo, seguia Hinata diligentemente, ainda estava completamente embriagado pelas emoções que sentia, e não se dera conta do perigo; já a Hyuuga inspirava e expirava profundamente para manter a calma, sabia que o Uzumaki não havia feito nada e não queria ser injusta, mas essas novas emoções eram muito difíceis de controlar, principalmente por que agora não precisava se sentir culpada por ter ciúmes, Naruto era dela e se tinha algo que Hinata não tolerava, era que tentassem tomar o que era seu.

 — Você pode parar de sorrir desse jeito? — Hinata questiona repentinamente, haviam parado ao pé de um choupo para conversar, longe o bastante dos ouvidos e olhos dos demais.

— Que jeito? — Naruto pede confuso, não sabia como estava sorrindo.

— Desse jeito que mexe com as pessoas. — A Hyuuga fala suspirando mais uma vez, agora estava envergonhada por agir de forma infantil — Você sorri assim, e as garotas ficam encantadas!

— Então não devo sorrir? — Naruto pede, lutando para se manter sério, Hinata estava tão fofa naquele momento, que mal podia se controlar.

— Não é isso! — ela rebate frustrada e então seu rosto fica realmente corado — Quero que sorria assim só pra mim! Não gosto de ver Yumi e Shiin tentando chamar tua atenção e nem que você chegue perto delas, e odeio que elas vejam teu sorriso.

— Eu entendo, vou manter isso em conta e sorrir só pra você. — O Uzumaki responde e a abraça apertado, era bom poder falar abertamente o que queriam e isso tinha acontecido com mais frequência agora, estavam bem mais abertos um com o outro — Mas pensei que você se dava bem com elas, por isso as tratei bem, pensei que eram suas amigas.

— Isso foi antes delas começarem a te querer. — Hinata confessa, apertando o rosto contra o peito dele, era muito constrangedor falar aquilo em voz alta, e até Naruto enrubesceu — Acho que elas são umas hipócritas, até uns meses atrás nem falavam contigo e faziam comentários maldosos igual ao resto da Vila, e agora ficam de risadinhas e olhadinhas!

Nesse ponto, a irritação de Hinata era perfeitamente compreensível, todos àqueles anos, nenhum de seus ex-colegas, olhara direito para ele, fingiram que Naruto não existia, e agora estavam todos ali, dependentes dele, como se nada tivesse acontecido; se tivesse sido uma pessoa rancorosa, já teria exterminado com boa parte da Vila, e não sobraria ninguém pra critica-lo. Mas tudo que o Uzumaki pensava, era em melhorar cada dia mais, se fortalecer cada vez mais, para que pudesse proteger sua família, e para que pudesse viver uma vida feliz com Hinata, precisava mudar muitas coisas na Vila e no mundo; isto Naruto sempre tivera bem claro desde muito cedo, de nada adiantaria ficar preso em coisas que já aconteceram, cegado pelo ódio e ressentimento, e perder de viver o futuro que tanto almejara, o futuro que os dois estiveram cultivando e preparando um passo por vez, se doando e sacrificando para garantir que acontecerá. Apreciando tudo que Hinata lhe estava dando, o ciúme, o cuidado, a preocupação e a sinceridade dela, Naruto sorriu do jeito que ela queria, do jeito que sempre seria somente para ela, sempre para a dona do seu mundo; vê-lo com àquela expressão tão suave e linda, as marquinhas em suas bochechas esticadas pelo sorriso, os olhos azuis brilhantes como um oceano profundo, e os cabelos rebeldes revolteando com o vento de primavera, fez com que a Hyuuga tomara a iniciativa pela primeira vez, sem dar-se conta. Agindo impulsionada pelas emoções incontroláveis, que pareciam que romperiam seu coração, Hinata estica seus delgados braços e os passa pelo pescoço dele, o tinha pego totalmente desprevenido e somente quando ela se erguera na ponta dos pés, que o Uzumaki entendera o que pretendia fazer; assim que a alçou pela cintura e aproximou seus rostos cuidadosamente, sobrepondo seus lábios no momento que seus olhos se fecharam, desfrutando da suavidade e calidez do momento.

— Eu não acredito! — a voz áspera os interrompe e os traz de volta a realidade, os encarando com olhos furiosos, estava Neji juntamente com todos os demais, só que esses surpresos — Nee-san! O que significa isso?!

— Neji, é melhor você manter a calma. — Tenten intervém antes que o Hyuuga faça mais escândalo.

— Não sei qual a surpresa, acho que até demorou. — Sai joga sal na ferida.

— Você não parece surpreso, Shikamaru. — Chouji observa com os olhos semicerrados.

— Eles se declaram bem na minha frente. — O Nara encolhe os ombros um pouco incômodo — E vocês parem de falar assim, já é bem problemático por si só.

— Não me interessa o que seja, eu quero uma explicação, Hinata! — Neji volta a se alterar, e todos os outros se afastam dele instintivamente.

— Você pode ser o rei do mundo, mas nunca vou permitir que levante a voz pra ela! — Naruto fala contendo a ira, tinha derrubado Neji e ele nem vira como — Pensei que já tinha te avisado pra controlar esse teu gênio, seu moleque!

Chouji até deixa cair suas batatinhas no chão, em toda sua vida, nunca vira alguém tratar Neji assim, o Hyuuga sempre fora muito orgulhoso por ser quem era, e todos os demais o respeitavam e temiam desde sempre, era um gênio do clã Hyuuga, com um talento sem precedentes; mas agora estava ali, caído no chão, tendo que olhar para cima, para poder enxergar, e além de tudo, fora tratado como trapo por alguém três anos menor que ele. Como se a cena em si não fosse inusitada, já que todos consideravam Neji o Genin mais forte, esquecendo-se do fato de Naruto ser um ANBU com anos de experiência, a gritaria do Hyuuga acabara chamando a atenção dos demais, que seguiram até o pátio traseiro, para averiguar o que acontecia, e quando se aproximaram o bastante, encontraram os demais um pouco amedrontados, Lee chorando copiosamente gritando a plenos pulmões que os amigos tinham crescido, e Neji sentado no chão enquanto o Uzumaki parecia a ponto de lhe arrancar a cabeça fora.

— Do que estão brincando? — Hanabi pergunta inocentemente, aos seus olhos, era o que parecia.

— De nada, a gente só viu algo... — Ino para a explicação a meio caminho, tentando encontrar as palavras certas.

— Naruto-nii, estava buscando coisas na boca de Hinata-nee de novo? — Konohamaru questiona Naruto diretamente, o fazendo arregalar os olhos, causando uma onda de gargalhadas em Tenten e Ino.

Sem saber o que resolvia primeiro, se era o conflito com os amigos, a confusão entre os ex-colegas que cochichavam alvoroçados, ou as dúvidas daquela dupla encrenqueira; o Uzumaki se decide pelo mais simples no momento.

— Quem disse para deixarem de treinar? — Naruto indaga sério, fazendo seus ex-colegas se sobressaltarem, e um a um, voltarem ao que faziam.

Nenhum deles queria se meter em nada que pudesse lhes render alguns machucados gratuitos, a exceção de Sasuke, que tentava andar mais devagar para poder ouvir a conversa; quando ouviu a pergunta da criança, sentiu um incômodo repentino, seu coração parecia que se estava contraindo e encolhendo, e depois de muitos anos, o Uchiha sentia vontade de chorar. Claro que não precisava que lhe dissessem algo, para saber o que aquela confusão com o Hyuuga significava, muito menos precisava ser um gênio para deduzir que algo tinha acontecido entre os dois; ele apenas tinha medo e não queria admitir a verdade, ainda acreditava que conforme fosse evoluindo, um dia aqueles olhos se voltariam para ele, e por isso fora de bom grado até ali junto com os demais, mas agora suas esperanças tinham se desvanecido igual fumaça.

— Vocês dois, já não ensinamos a vocês que é feio ficar espiando pelos cantos? — Naruto se abaixa a frente das duas crianças.

— Não, a gente não fez, não fez não Naruto-nii! — Konohamaru trata de explicar rápido, não queria que Naruto ficasse bravo com eles.

— A gente foi tomar água. — Hanabi complementa dando um passo a frente, e segurando a mão do Sarutobi.

— É mesmo? — o Uzumaki pede os olhando inquisidor, ao que concordam freneticamente — Está bem então, quero que entrem em casa e vão fazer a lição de hoje, vou corrigir tudo depois, não saiam mais nesse sol, está muito quente agora!

Antes que o Uzumaki falasse outra vez, os dois pequenos correram em direção a entrada da casa, fariam o dever sem nenhuma bagunça, estavam ansiosos e queriam acabar a lição logo, afinal já tinham se habituado a cada lição feita corretamente, recebiam um prêmio de Naruto; já este último, decidiu que não tentaria explicar nada aos dois, ainda eram novos demais e não compreenderiam coisa alguma, por isso mudou o foco de sua atenção para que se esquecessem do ocorrido. Seus amigos aguardavam pacientemente que um deles desse continuidade a conversação que fora interrompida, mas o rapaz não estava com ânimo para isso, a reação exagerada de Neji tinha evaporado com toda alegria que sentira minutos atrás, e ainda tinha que conversar com Hinata que se mantivera calada desde a chegada dos amigos; ela estivera o tempo todo em silêncio, apenas observando tudo, nem mesmo reagiu quando Ino e Tenten lhe deram seu apoio e lhe abraçaram. Hinata ficara em silêncio por diversas razões, a primeira é que estava muito constrangida por terem sido pegos daquela maneira por seus amigos, a segunda é que ela sabia que não precisaria se preocupar, Naruto se encarregaria de resolver tudo rapidamente, como acabara de fazer; mas o terceiro motivo era um pouco mais complexo, por mais que confiasse que Naruto tomaria as decisões mais adequadas nesta situação, Hinata tinha sua própria maneira de fazer as coisas, e o Uzumaki sabia disso perfeitamente bem, foi por isso que a fitou em silêncio, esperando uma resposta a sua pergunta não dita.

— A noite podemos conversar tudo que quiser, agora temos trabalho por fazer. — Naruto fala aos amigos, depois de entender o que Hinata queria, e então fixa suas safiras em Neji — E antes que você tire conclusões estúpidas, nós estamos namorando!

Quando Naruto estende sua mão, Hinata a toma e os dois caminham de volta ao campo de treinamento atrás da cabana, deixando seus amigos para trás sem esperar por qualquer sinal de entendimento, protesto ou perguntas; eles agem naturalmente a frente dos demais, repassam exercícios detidamente com cada um, explorando seus pontos fortes e ajustando suas debilidades, e logo após usando essas informações para aprimorar seu trabalho de equipe. E apesar dos ex-colegas sentirem que morriam de curiosidade por saber o que ocorrera, não tiveram tempo algum para se questionar, formular teorias ou fazer fofoca entre eles sobre o assunto; logo de conseguirem algum equilíbrio e estabilidade, todas as equipes foram submetidas a árduas rodadas de duelos e simulados, levando os Genins a um estado de exaustão que mais parecia que entrariam em colapso. Decidindo fazer uma pausa para que pudessem descansar, a dupla se dirige para dentro de sua casa, também tinham duas crianças para atender e precisavam ter cuidado com suas refeições, além de aproveitar o tempo para descansar de todo aquele esforço a mais; como sempre, dentro da casa sua tranquilidade retornava e eles podiam relaxar sem a sensação estressante de estarem sendo observados o tempo todo. No inicio da tarde, ao retornarem as suas atividades, os Genins ainda estavam exauridos, não estavam acostumados a se mover constantemente sem pausas e seu condicionamento físico era bem precário; assim que todos suspiraram aliviados, quando Hinata dissera que selecionariam alguém, para demonstrar um simulado das batalhas do exame Chunin.

— Nii-san? Você está descansado? — Hinata pergunta a Neji tranquilamente.

Franzindo o cenho, Neji se coloca em pé, pensou que Hinata estaria zangada demais com ele, para chama-lo antes dos demais; quando se posicionam ao centro do espaço que seria utilizado como arena, os dois primos assumem posições de batalha no estilo Hyuuga, tornando tudo mais interessante para os espectadores. Os golpes rápidos e quase invisíveis a olhos comuns, fazem sons impressionantes na imensidão da floresta, e ficou claro para todos, se Neji era conhecido por ser perito na técnica dos punhos gentis dos Hyuuga’s, Hinata era tão rápida e precisa quanto ele, e sua técnica se mostrava um pouco mais sofisticada que a do rapaz; quem não a conhecia direito e assistia tudo de fora, pensavam que ambos estavam bem igualados, mas não podiam ver o que cada golpe daquela garota delicada, estava fazendo ao Hyuuga maior, quando o oitavo Tenketsu fora fechado, Neji não resistiu e exclamou de dor.

— Você está muito brava? — Neji pergunta, tinha entendido que aquilo era mais que uma lição de batalha, era uma punição.

— Talvez um pouco. — Hinata responde, bloqueando mais um de seus golpes.

— Só estou preocupado com você, Hinata. — Neji se justifica, era o que dizia a si mesmo — Podemos conhecer Naruto a vida toda, mas ele ainda é um garoto!

— Você tem direito de se preocupar por mim, não tem direito de interferir na minha vida. — Dessa vez a Hyuuga fecha três Tenketsus de uma só vez — E não julgue Naruto pelos demais, não vou admitir que faça isso!

Ao finalizar o golpe, Neji caiu ajoelhado no chão, estava ofegante e mal aguentava a dor em seus braços e pernas, jamais imaginou que sua delicada prima o deixaria machucado daquela forma, impiedosamente; quando os dois se fitaram, Neji viu os olhos perolados de Hinata faiscando de irritação, e soube que ela ainda não tinha acabado.

— Levante-se nii-san, ainda não terminamos. — Hinata sorri diabolicamente, os punhos infundidos em chakra.

Naruto assistia a luta em silêncio, sabia que Hinata queria ir até o final e não a impediria, e nem permitiria que alguém interviesse, como Lee e Tenten tentaram fazer, aquele era seu acerto de contas, sua maneira de dizer que não aceitaria que ninguém se intrometesse; e vê-la demonstrar um pouco da sua força, fazia o Uzumaki a fitar abobalhado, para ele aquela visão de Hinata com os cabelos balançando ao vento, o rosto e o pescoço suados, enquanto se movia graciosamente pela arena improvisada, era a mais bela do mundo. A luta que antes parecia estar equilibrada, agora pendia para o lado de Hinata, que se esquivava e bloqueava os golpes de Neji, tão facilmente que até assustava os demais, estavam vendo algo que jamais imaginaram ser possível; Neji se movia cada vez mais lento, devido aos Tenketsus bloqueados, e a fadiga o consumia inteiro, queria pedir pra parar, queria que Hinata terminasse com tudo de uma vez, já não podia mais. No momento em que a luta se encaminhava para sua etapa final, o Uzumaki sentiu a proximidade de um chakra já muito conhecido, e se perguntava abismado, como ele havia passado pela barreira; e quando se questionava sobre isso, ele parou ao seu lado casualmente.

— Parece que estão se divertindo por aqui. — Jiraya comenta alegremente.

— Você é realmente um enigma, como passou pela barreira? — Naruto pergunta sem rodeios.

— Barreira de quatro pontas, seu pai usava, tenho certeza que aprendeu por que ouviu falar disso. — Jiraya conta também sem conseguir desviar os olhos da arena — Mas o caso é que eu também sei fazer.

— Impressionante, mas está errado em uma coisa. — Naruto contesta e sorri grande para o homem — Não fui eu quem fez a barreira, foi Hinata.

— Sua namorada é mesmo uma beldade, agora entendo porquê fica fazendo essa cara sem vergonha quando olha pra ela. — Jiraya provoca e faz Naruto enrubescer imediatamente.

— Eu não faço! — o Uzumaki rebate nervoso, o que os outros iam pensar se ouvissem isso? — Não diga uma coisa dessas padrinho!

— Mas eu só disse a verdade, você só falta babar. — Jiraya retruca rindo do desespero dele — Mas me diz, por que ela está tão irritada? Que foi que essa pobre alma fez?

— Neji é primo dela, viu a gente juntos de manhã e tentou se meter. — Naruto conta por cima e deixa o homem confuso, então resolve explicar melhor — Com toda essa correria e essa bagunça, a gente ainda não tinha contado pra ninguém que estamos namorando.

— Ah, então o Hyuuga maior achou que você estava se aproveitando de sua encantadora prima? Que feio Naruto, vai ficar com a fama pior que o Kakashi! — Jiraya brinca e gargalha alto, chamando a atenção dos demais, que ainda não o tinham notado.

— Já disse pra não brincar assim, padrinho! — Naruto o repreende outra vez e só ganha uma risada como resposta — Achou o tema que estava procurando?

— Ainda não tive inspiração, Neko e Kitsune são o melhor até agora, sei que poderia vender um monte. — Jiraya comenta, seus olhos brilhando, cheios de expectativas.

— Pode apagar essa ideia da cabeça, sabe quantos Nukenins já eliminamos, que eram apenas uns merdas de estupradores? — Naruto fala baixo para os demais não ouvirem, mas nem por isso deixa de soar ameaçador — Se você escreve algo assim, já imaginou quantos deles estariam visando chegar até Neko?

— Tem razão, eu não tinha pensado por esse lado. — Jiraya concorda, sentia-se enjoado, por que não tinha imaginado algo assim ainda.

Jiraya fica assustado com a descoberta, ainda não tinha tido tempo de averiguar tudo que a dupla já tinha feito, suspeitava que tinham visto muita coisa impropria durante esses anos, mas ouvir era bem mais impactante do que imaginara; a expressão sempre alegre do homem, se escurece ao imaginar quantas vezes aquela doce menina tinha ouvido palavras ofensivas e pejorativas, ou quantas vezes seu afilhado estivera quase louco, tentando acabar a missão antes que a companheira se envolvesse ou sofresse algum dano. Enquanto pensava em coisas complicadas, e sentia a bile subindo por sua garganta, Jiraya sentiu suas pernas sendo abraçadas e quando voltou sua atenção para o ato, encontrou as duas crianças que seu afilhado cuidava; ambos com enormes sorrisos, mais do que alegres por vê-lo ali.

— Padrinho! — Konohamaru e Hanabi o saúdam juntos.

Apesar de saberem que aquele era o padrinho de Naruto, os dois pequenos resolveram chama-lo assim também, por que achavam a forma muito especial, e por que adoravam seguir e imitar tudo que o Uzumaki fazia; assim que Jiraya ganhou involuntariamente, mais dois afilhados.

— Olha só, os dois piolhos cresceram mais um pouco? — Jiraya brinca com ambos e os ergue em seus braços, um de cada lado — O que Naruto dá pra vocês comerem? Fermento?

— A gente come verduras, Hinata-nee disse que pra crescer tem que comer verduras. — Konohamaru conta feliz, gostava de mostrar que era obediente.

— E frutas, Naruto-nii disse que boas crianças comem frutas pra serem ninjas fortes. — Hanabi complementa.

— Mas qual a graça se não tiverem nenhuma carie pra contar história? — Jiraya protesta olhando para Naruto.

— Nem tente, Hinata nos esfola vivos se eles comem doce antes das refeições. — Naruto nega de pronto, não queria deixa-la mais irritada do que já estava.

O Uzumaki volta seus olhos para a arena, onde a Hyuuga já havia terminado a luta e agora curava os machucados que causara no primo, ela poderia estar muito brava com ele, mas não seria cruel ao ponto de deixar Neji sofrendo, mesmo depois de já ter recebido o castigo; por agora seria suficiente que ele soubesse e entendesse, que ela não permitiria que ele ou qualquer outro se intrometesse em sua vida, e isso servia para os amigos e para seu tio e tia, ela já era dona de si mesma desde os sete anos, e não precisava que tentassem protege-la agora que não era mais necessário. Assim que conclui o ninjútsu médico, Hinata permite que Lee e Tenten levem Neji para descansar em sua barraca, e se dirige para onde Naruto estava com Jiraya, sendo seguida pelos olhos assombrados dos ex-colegas; aquela foi a primeira vez que viram a Hyuuga tratar alguém com tanta violência, nem mesmo em sua batalha contra Sakura na Academia, Hinata tinha sido assim.

— Que bom vê-lo, Jiraya. — Hinata o cumprimenta educada.

— Sim, foi uma ótima luta, não sabia que tinha dominado as técnicas do clã também. — Jiraya comenta baixando as duas crianças do colo.

— Apesar de não gostar, eu sou uma Hyuuga depois de tudo, não seria uma Kunoichi completa se não soubesse. — Hinata responde encolhendo os ombros, odiava lembrar que era parte daquele clã.

— Acho que encerramos por hoje? — Naruto muda de assunto, sabia que ela estava incômoda com a conversa — Pessoal, vamos encerrar mais cedo hoje, todos estão cansados e descansar adequadamente também é parte do treinamento.

Em todo campo, suspiros de alivio são ouvidos, ninguém ali conseguia mover mais um músculo se quer, e ainda estavam curiosos pela situação que ocorrera pela manhã, e agora pelo recém chegado que ouviram o Uzumaki chamar de padrinho; não viam a hora de se reunir a volta da fogueira e formular teorias sobre o assunto. Foi nessa hora, enquanto todos juntavam seus equipamentos e organizavam seus armamentos, distraídos entre conversas e risadas, que um pequeno acidente aconteceu; Jiraya, Naruto e Hinata se dirigiam para a cabana, queriam aproveitar a visita e discutir alguns assuntos importantes com ele, e as duas crianças que corriam a frente dos três sem olhar o caminho, se trombaram com alguém, fazendo a pessoa derrubar tudo que já tinha recolhido.

— Mas que merda! — Kenta grita alto, chamando a atenção dos mais próximos.

— Desculpa. — Konohamaru pede e se abaixa pra ajudar Hanabi, que caíra no chão com o baque.

— Como se isso adiantasse. — O Shimura retruca irritado, odiava crianças, sobretudo aquelas que não paravam quietas — Não vai juntar o que derrubou.

— Vem Hanabi, vamos pedir pra nee-chan curar isso. — Konohamaru ignora totalmente o outro, estava preocupado com o sangramento no joelho da menina.

Naruto e Hinata, que vinham mais devagar com Jiraya e ainda não tinham visto a confusão que se formava mais a frente, finalmente chegam perto da roda que já se formava; e assim que veem a cena a sua frente, os dois mudam totalmente, endurecem suas feições que antes estavam tão relaxadas. Mas mesmo Jiraya não estava sendo capaz de manter a calma, não quando viam Hanabi caída no chão, visivelmente machucada, Konohamaru tentando ampara-la com uma expressão de medo, enquanto um garoto dez vezes maior que eles, lhes gritava a plenos pulmões e faziam menção de erguer os dois menores pela gola; num piscar de olhos a cena mudou, Hinata estava a frente das duas crianças, o Byakugan novamente ativo e a expressão mais enraivecida que antes, e Naruto segurava o Shimura pelo pescoço contra uma árvore, o corpo todo tremendo de raiva.

— O que fez para os meus moleques?! — Naruto grita ensandecido.

— Foram eles que trombaram em mim, fizeram de propósito e ainda não queriam juntar o que derrubaram! — Kenta inventa uma desculpa, se acovardando.

— É mentira! — Madoka grita indignada, podia estar com medo do que via, mas ainda não permitiria que uma injustiça acontecesse diante dos seus olhos — Foi um acidente e o menino pediu desculpas.

— Então além de ser um imbecil, também é um covarde? — Naruto aperta mais o pescoço dele, lembrava bem de como dava em cima de Hinata nas aulas.

— O que posso fazer? Nasci assim! — Kenta debocha, sabia que o Uzumaki não poderia fazer nada além disso, ou assim pensou — Nem todo mundo tem a sua sorte, de viver no meio do mato e ficar pegando um Hyuuga gostosinha daquelas.

— Naruto, mata esse merda, mata agora! — aquela voz grave e assustadora preenche a floresta, fazendo todos se encolher amedrontados — Mata e despedaça, primeiro arranca essa língua, pra não falar mais da nossa Hyuuga!

Os amigos e Jiraya já sabiam quem era, mas mesmo assim se encolheram como ratos, ao sentir a raiva que emanava de Naruto agora, e alguns ficaram a ponto de desmaiar, quando viram o chakra vermelho que se espalhava por todo seu corpo; mas entre todos ali, somente a Hyuuga sabia que ele estava bem lúcido e consciente do que fazia.

— Primeiro vamos fazer ele sofrer um pouco, Kyuubi. — Naruto respondeu a besta com cauda, e o sorriso em seus lábios era tão sinistro quanto sua aparência — Você vai se arrepender de olhar e falar essas coisas da minha namorada!

Antes que alguém pudesse reagir, Kenta é arremessado longe, batendo contra um grande choupo, que se balança inteiro com a força do golpe; quando se ergue para tentar fugir, o Shimura sente seus pulmões reclamando a falta de ar, e sem poder pensar em respirar, ele é atacado novamente. Apesar de ouvirem os gritos de socorro do Shimura, ninguém tinha coragem de chegar perto, e a grande maioria pensava que era mais que merecido, e a cada soco, cada chute, cada golpe que era desferido contra ele, fazia eco na floresta; o Time Sete igual aos demais, não conseguia desviar os olhos, e por verem aquilo pela segunda vez, achavam mais impressionante ainda, e o Inuzuka agradece por não ter sido pego pelo Uzumaki, quando perseguira as duas crianças alguns dias atrás. Quando Naruto quebra um a um, os dedos das mãos de Kenta, as garotas gritam junto com ele e viram o rosto, não estavam acostumadas a ver algo assim; já Sai e Shikamaru, viam a cena indiferentes, aquilo não era nem perto do cruel e impiedoso que Naruto costumava ser nas missões e na divisão, e eles até sentiram um pouco de pena do Shimura, caso continuasse seguindo os passos da família. Quando o rosto do rapaz começa a ficar desfigurado e seus gritos não podem mais ser ouvidos, Hinata decide intervir; ela caminha a passos lentos até Naruto e tocando seu ombro, o faz parar o golpe que acertaria o rosto do Shimura.

— Já chega, Hanabi está bem e Konohamaru só ficou um pouco assustado. — Hinata fala mordendo os lábios, ela mesma ainda estava com raiva, mas diante de tudo que ainda precisavam fazer, precisavam agir com cautela — Shikamaru, coloque os outros pra dormir.

Antes que Ino, Tenten, Chouji, Neji, Lee e Jiraya entendessem o que acontecia, Shikamaru fez diversos selos de mão e seus ex-colegas caíram um por um dormindo no chão da clareira, do mesmo jeito que estavam e no mesmo lugar em que estiveram em pé, segundos atrás; e depois que Sai confere se todos caíram no Jutsu, confirmando a situação a Hyuuga, dois ANBUS surgem a frente de Hinata, abaixados e aguardando suas ordens.

— Quero que levem esse garoto para a sede, alterem as memórias dele. — Hinata os instrui fitando o Shimura desacordado com asco — Ele saiu mais cedo do treinamento, tropeçou no caminho pra casa e caiu na ribanceira perto do rio, um pescador o encontrou e levou para o hospital, alteram também o que ele esteve aprendendo, não quero que esse lixo passe a Chunin.

— Como quiser, Tenente. — Shiro concorda e ergue Kenta por um braço — Kanzaki estará na ronda do clã hoje a noite, Miha pediu permissão para trazer os informes.

— Diga a ela para vir durante a madrugada. — Naruto ordena, já tinha voltado ao normal — Peça a Tenzou mais um esquadrão em nosso nome, depois que tiver a equipe, vá até Koji e peça a autorização, eles devem seguir Hikeyiji discretamente em sua próxima viagem ao País do Ferro, coletem todas as provas que puderem e não interfiram em nada, apenas sigam seus passos.

— Sim, Tenente. — Shiro parte com seu colega, assim que recebem todas as ordens e de guardar os pertences do garoto, que Sai lhes entrega.

— Alguém explica o que aconteceu? — Ino pede, olhando insistentemente para Sai.

— Depois que colocarmos todos eles nas barracas. — Naruto responde ainda irritado, precisava se acalmar.

Assim o grupo passa os próximos minutos, recolhendo os corpos adormecidos dos colegas, e os colocando comodamente em suas barracas, por mais que estivessem curiosos, sabiam que deviam aguardar ou ficariam sem respostas; assim que tudo fica organizado, o grupo segue a dupla para dentro de casa, ansiosos e nervosos por ouvir tudo que ainda não sabiam.

— Onde estão os dois? — Naruto pergunta preocupado, não queria ter mostrado aquele seu lado aos pequenos.

— Eu os mandei para dentro antes de começar. — Hinata conta tranquila, imaginou que o Uzumaki se preocuparia com isso mais tarde.

— Obrigado. — Naruto agradece mais aliviado, ninguém no mundo o entendia tão bem quanto Hinata.

— Naruto-nii. — Konohamaru e Hanabi o abraçam, assim que entra em casa — Você mandou aquele garoto feio embora?

— Sim, ele já foi embora, não vai mais mexer com vocês. — Naruto concorda, bagunçando os cabelos dos dois — Agora vão brincar no quarto.

— A gente não pode ficar um pouco? — Hanabi pede, fazendo a mesma carinha que a irmã fazia para conseguir as coisas.

— Não senhora, é uma conversa de gente grande e vocês nem terminaram a lição dessa manhã. — Hinata intervém fazendo pose de brava.

Temendo ficar sem brincar mais tarde, os dois correm para o quarto e fecham a porta, e assim que os pequenos deixam o cômodo, os demais se sentam na sala, aguardando a que a dupla começasse a falar; tinham muitas coisas pra discutir e questionar e mal se aguentavam quietos.

— O que querem saber? — Hinata pergunta rindo da ansiedade deles.

— Quando foi que começaram a namorar? — Ino pergunta atropelando os demais.

— Há alguns dias. — A Hyuuga responde corando, tinha plena consciência de Jiraya rindo descaradamente em seu lugar.

— Como foi a declaração? — Tenten pede se juntando a Ino.

— Normal, agora parem com isso. — Naruto joga uma almofada nas duas, elas estavam se divertindo à custa da vergonha deles.

— É, parem com isso, eu ainda estou aqui sabiam? — Neji fala rabugento, já tinha se conformado, mas não daria pulinhos de alegria.

— Para de ser rabugento Neji, todo mundo sabia que ia dar nisso, até o Kurama. — Lee repreende o amigo e ri ao lembrar do dia em que viram a raposa implicar com os dois, anos atrás.

— E quem é essa pessoa? — Sai pergunta, sinalando Jiraya ao lado dele.

— Permitam-me apresentar, eu sou Jiraya o sábio dos sapos, um dos Três Sannins Lendários de Konoha. — Jiraya faz toda uma cena, até mesmo se levanta de seu lugar — Fui aluno do Sandaime e sensei do Yondaime, e sou padrinho de Naruto.

— Esqueceu de contar que escreve livros para adultos. — O Uzumaki alfineta, gostava das pequenas provocações que tinham entre eles — Não caiam na lábia dele, é um grande pervertido.

— Seu moleque, eu sou um sábio da arte do amor, meus livros deviam ser cultura. — Jiraya retruca, entrando na onda do Uzumaki, e para o desespero de Neji — Um dia você vai apreciar minhas obras, e quando for mais velho, vou te ensinar a arte da sedução, ou não me chamo Jiraya!

— Se mamãe estivesse aqui, ela iria te dar uma surra e você sabe. — Naruto rebate e os dois riem alto e voltam a se alfinetar entre eles, esquecendo dos outros.

— Não deem atenção, eles são assim quando estão juntos. — Hinata fala e sorri ao ver Naruto brincar com o padrinho, ele estava bem mais feliz nos últimos dias — Eles estiveram muito tempo separados.

— Então esse é o famoso Sannin? Ele é bem diferente do que dizem por aí. — Ino comenta, e assim como Hinata, sorri ao ver a pequena briga dos dois.

Não foi diferente para eles, que cresceram acompanhando a solidão do amigo, se sentir felizes por ele ter finalmente alguém que faz parte da sua família, aquela pessoa significava uma parte da história de Naruto, que ele havia perdido; e que agora estava aqui, para complementar o que o Uzumaki conquistara.

— Agora, eu queria saber onde foi que o Shikamaru aprendeu a fazer aquele Jutsu. — Chouji pede, chamando a atenção dos demais, para a participação do Nara, no ocorrido.

— Vocês não contaram nada? — Hinata pede, olhando para os dois.

— A gente fez um voto de silêncio. — Shikamaru fala encolhendo os ombros.

Na verdade, não tinha dito nada, por que era trabalhoso explicar e não queria ouvir os sermões e todo o resto, e Sai apenas seguira seu exemplo.

— Sim, mas isso era antes, agora já estão graduados. — Hinata contesta e se volta para os demais, que ouviam tudo confundidos — Shikamaru e Sai entraram para a divisão, são nossos aprendizes.

Assim que ela termina de falar, um silêncio pesado recai sobre o grupo, todos ficam petrificados sem conseguir demonstrar nenhuma reação, até que finalmente começam a assimilar a informação; logo o espanto e a incredulidade, tomam conta dos seus rostos.

— O que... você disse? — Ino pede, mal conseguindo formular a pergunta.

— Shikamaru e Sai entraram para a divisão. — Naruto repete, voltando a prestar atenção na conversa — Eles são nossos aprendizes.

— Desde quando? — Chouji pergunta, parecia um pouco triste — Por que nós também não?

— Chouji, não me entenda mal, o nosso Ino-Shika-Cho é o melhor de todas as gerações, mas eu não podia levar vocês dois pra isso, e Naruto e Hinata também precisam da nossa ajuda. — Shikamaru explica depressa, não queria magoar os amigos — Pessoal, vocês precisam entender que existe muito mais coisas acontecendo, do que aquilo que os senseis deixam vocês perceberem, não vivemos em tempos de paz como fazem todos acreditarem.

— Então você decidiu sem nos perguntar? — Ino pede igualmente chateada, pensara que deviam decidir essas coisas juntos, como equipe — E você Sai, não me diga que decidiu agir assim sem consultar ninguém?

— Eu não estou mais sob a tutela dos Yamanaka’s, Ino. — Ele responde sem dar brechas para que ela retrucasse — Eu também queria ajudar Naruto e Hinata, queria fazer algo pela Vila, ou já esqueceu que foram eles que salvaram a minha vida?

— Eu perguntei a vocês, Ino. — Shikamaru explica e suspira, sabia que reagiriam assim — Foi de maneira indireta, mas perguntei, e depois disso decidi que não podia colocar vocês dois em perigo.

— Pessoal, eu sei que é surpreendente e tudo, e que vocês estão preocupados e entendo isso, mas não deviam ficar aliviados? — Lee chama a atenção de todos e quando consegue, prossegue com a explicação — Eles estão aprendendo dos melhores das cinco grandes nações, vocês acham mesmo que Naruto e Hinata não vão cuidar deles?

— Lee está certo, quando Shikamaru decidiu ingressar na ANBU, nós decidimos que o tornaríamos nosso aprendiz, e depois que Sai iniciou, os dois se tornaram uma dupla, e tudo que sabemos foi passado a eles. — Naruto fala olhando para cada um deles — Acham que eu queria ensinar a qualquer um de vocês, como se escalpela um homem vivo? Ou como fraturar ossos, destruir vertebras e cartilagens durante um interrogatório? Ou que eu gostaria de ver vocês tendo que se esconder dentro de cadáveres para fugir dos inimigos? Se impregnando com o cheiro pútrido da morte, enquanto tem que eliminar uma família inteira, por que algum imbecil cometeu traição?

— Se a gente pudesse escolher, vocês viveriam sempre ignorantes de tudo isso, mas o mundo não é assim, e Shikamaru e Sai são Genins responsáveis por suas escolhas e fazem parte do corpo Shinobi de Konoha, são livres para decidir por si mesmos seus caminhos. — Hinata fala, fazendo as palavras cortantes de Naruto, ficarem mais amenas — Tudo que podemos fazer, é preparar os dois, para não serem como muitos que passam por lá e não duram a primeira semana.

Pela primeira vez conscientes de tudo que os dois amigos aguentaram durante os anos, o restante do grupo passa a entender o que motivou Sai e Shikamaru a tomar essa decisão; quando viram Naruto falando de si mesmo com tanto nojo, compreenderam o fardo que eles vinham carregando sem nunca reclamar ou demonstrar. Se sentiram pequenos perto daquilo, esmagados por aquela realidade opressora, aquele mundo cruel e violento, que ceivava vidas como bem queria; era naquele mundo que seus dois amigos vinham sobrevivendo desde sua primeira infância, se fortalecendo e se protegendo, passando por todos esses desafios e endurecendo suas almas e corações, enquanto eles estiveram sempre protegidos pelos muros da Vila, na segurança de seus lares, que era garantida por àqueles dois a custa de sua ingenuidade e inocência. Logo, sem dizer mais nada, todos eles se levantam de seus lugares e abraçam os quatro, as garotas com os olhos cheios de lágrimas, e os garotos sentindo orgulho dos amigos; aquele era um pequeno agradecimento, pela coragem, determinação e entrega deles, que silenciosamente, protegiam a todos sem pedir nada em troca.

Depois daquela noite, o empenho dos amigos triplicou, tinham se decidido que já que não seguiriam os quatro, iriam dar seu melhor como Jounins, fariam de tudo para chegar ao topo e poder apoiar seus amigos; esse desejo sincero deles, foi mais um dos motivos que sempre fizeram com que Naruto e Hinata nunca desistissem, não importava o que passaram ou o que sentiram, tudo que fizeram foi por aquelas pessoas. Os dias passaram assim, com tranquilidade e muito trabalho duro, os ex-colegas foram incentivados por seus amigos, e também se empenharam ao máximo, até mesmo quem tinha pensado em desistir, acabou repensando e decidindo aguentar até o fim; no final do penúltimo dia, Naruto viu satisfeito o resultado final dos novos Genins de Konoha, eles estavam finalmente prontos para fazer frente aos outros candidatos. A dupla tinha realmente se surpreendido com a dedicação da turma e planejavam fazer um agrado para todos, por isso estavam preparando tudo para um almoço especial no último dia; todos mereciam, mesmo Sasuke que se empenhou durante todo tempo sem arrumar confusão com ninguém e tinha até tirado algumas dúvidas com o Uzumaki.

— Konohamaru está muito quieto hoje, vocês não acham? — Ino pergunta, todos ali já tinham se acostumado com a presença das duas crianças.

— É normal ele estar assim hoje. — Naruto responde, também estava preocupado com o Sarutobi.

— Como assim? O que tem no dia de hoje? — Neji questiona por todos, ninguém conhecia o garoto tão bem.

— Hoje é o aniversário de morte dos pais dele. — Hinata explica falando baixo, ver Konohamaru daquele jeito lhe doía o coração.

— Aí gente, desculpa eu não sabia. — Ino pede e fica com vergonha, não tinha tido a intenção de tocar em um assunto tão delicado.

— Tá tudo bem, você não fez por mal Ino. — Naruto acalma a amiga, sabiam muito bem que ninguém ali conhecia a história.

—Vou dar banho neles, já está ficando tarde. — Hinata decide ir cuidar de suas pequenas crianças.

— Vocês conheceram os pais dele? — Shikamaru pergunta, adivinhando pela expressão dos amigos, que deviam ser pessoas muito queridas para eles também.

— Sim, quando entramos na divisão, os dois faziam parte do esquadrão de Kakashi-sensei, eram da elite da ANBU e faziam a proteção do vovô. — Naruto conta e não esconde a saudade que também sentia — Akira-san era o irmão mais velho de Asuma-sensei, os dois eram muito próximos, Sayuri-san era uma mulher muito bondosa e quando estava com Konohamaru, parecia que brilhava; eles amavam demais aquele moleque, lembro como se fosse hoje, o dia que ele nasceu, o quanto eles estavam felizes, eram uma família feliz!

— O que aconteceu? — Lee pergunta sentindo um aperto no peito.

— Eles receberam uma missão, escoltar nosso espia até Suna. — Naruto conta, lembrava amargamente daquele dia — Quando estavam retornando, depois de concluir tudo perfeitamente bem, foram encontrados pelo Kazekage Rasa e seus Shinobis, estavam fazendo mais testes com o Shukaku, e eles acabaram no meio de tudo, não conseguiram fugir e foram mortos; Konoha só ficou sabendo disso, por que Rasa enviou suas máscaras ensanguentadas de volta pra casa, dizendo que não tomaria represálias por que não houveram danos a Suna, concluiu que foi apenas uma tentativa de coletar informações sobre a besta de uma cauda.

— Ele sabe que os pais morreram? — Tenten pede chorando.

— Não, ele sabe que foram a uma missão, mas não que morreram nela, não faria bem contar como. — O Uzumaki responde pensativo, sabia que um dia teria que contar, ainda mais agora que faria Gaara trabalhar para eles.

Em meio aquela sensação de pesar, Naruto se despede dos amigos e entra em casa, a semana tinha sido muito longa e cheia de problemas, e além de conduzir aquele treinamento para o bem da Vila, ele estivera trabalhando em diversas investigações ao mesmo tempo, sem falar em todos os preparativos para a prova Chunin; quase todas as notes estivera acordado, preparando tudo e reunindo o máximo de informação que podia, tinha que manter os Uchiha’s sob controle e cortar qualquer chance de que se aliassem com Orochimaru, como no passado, também tinha que manter os Hyuuga’s bem na linha com a ajuda de Hizashi, e vigiar os Shimura’s mais que antes. E entre todos esses problemas, ainda tinha a questão problemática da Akatsuki, que fizera um movimento depois de anos se mantendo quietos; Itachi tinha informado que o Jinchuuriki do Quatro Caudas estava morto e a Bijuu capturada, e não poderia haver pior momento para eles agirem, do que agora que a Vila estava prestes a ser atacada. Eram problemas demais para uma cabeça só pensar, e parecia que quanto mais tentava resolver as coisas, piores ficavam; era um circulo vicioso, e cada vez que davam uma volta completa, a linha crescia acrescentando outro item a lista de problemas que tinham que resolver.

O final da noite na cabana, estava sendo silencioso, não havia espaço para conversas ou risadas, Konohamaru mal tinha tocado na comida, e Hanabi fazia o mesmo, tendo seu ânimo afetado pelo humor do pequeno Sarutobi; Naruto e Hinata decidiram deixar que ele tivesse seu espaço e não interferiram ou falaram algo, sabiam que quando estivesse pronto, Konohamaru buscaria a eles antes de qualquer outra pessoa. Não por que o menino não confiasse em Hiruzen, mas por que o laço que tinha com os dois, era um pouco mais profundo, eram mais do que uma irmandade como os demais viam; o pequeno Sarutobi tinha inconscientemente elevado o Uzumaki e a Hyuuga ao mais perto que tinha de uma presença paterna e materna, se sentia seguro com os dois e assimilava o cuidado e carinho deles, com o que recebia de seus pais quando vivos. Nem mesmo Asuma e Kurenai eram vistos assim pelo menino, e por mais que fossem próximos e também quisessem o melhor para ele, não tinham a mesma ligação; era algo que ninguém sabia explicar, e que sempre fora assim desde o princípio, quando ficava doente ou precisava de colo, era para a cabana que o Sarutobi queria ir, quando tinha dificuldades na Academia, era com Hinata e Naruto que ele buscava auxilio, por isso era com eles que sentia protegido e acalentado. Pensando que no outro dia as coisas voltariam ao normal e que o melhor a se fazer era por as duas crianças para dormir e lhes contar uma história, Naruto arruma suas camas no quarto novo, enquanto Hinata os ajuda a vestir seus pijamas; estavam cobrindo os dois, quando ouviram batidas na porta, e quando voltaram a bater, o Uzumaki fora ver o que seria.

— O que foi? — Naruto pergunta abrindo a porta, e se surpreende ao ver Sasuke e Kiba ali.

— Sakura está com febre, a gente não sabe o que fazer, não sabíamos nem que ela estava doente. — Kiba explica, sabia que Sasuke não se importava, fora até ali arrastado — Pensei em levar ela para o hospital, mas não sei o caminho de volta e tá escuro...

— Tá, tá! Já entendi. — Naruto o faz calar antes que ficasse surdo — Tragam ela pra dentro, não precisa ir até o hospital, a Hina sabe como cuidar disso.

Assim que termina de falar, Kiba corre até a barraca para buscar Sakura, e deixa os colegas que ainda estavam perto da fogueira preocupados, quando ele retorna com a garota inconsciente e muito vermelha nos braços, Naruto se assusta com seu estado e se pergunta se não era melhor leva-la ao hospital; mas mal esse pensamento lhe cruza a mente, uma chuva forte começa a cair, fazia duas horas que trovejava e relampeava, e agora finalmente o céu desabava. Vendo como mal tinha começado a chover e já haviam poças se acumulando na clareira, além do vento que jogava a lona das barracas de um lado a outro como se fosse papel, o Uzumaki percebe que nenhum dos seus amigos passaria a noite secos, se continuassem ali; e considerando sua ética sentido comum mais do que as próprias vontades, decidiu que não seria nem um pouco correto chamar seus amigos e deixar os demais a própria sorte.

— Peguem tudo que puder estragar e venham para dentro! — o Uzumaki fala alto, fazendo sua voz se sobressair ao barulho da chuva torrencial — Kiba, coloque ela no sofá, vou chamar Hinata.

Ele deixa a sala com depois de ver o Inuzuka fazer o que dissera e os demais entrando apressados na cabana, quando volta para o quarto, encontra a Hyuuga lendo um dos seus antigos livros de contos para os dois pequenos, que permaneciam bem acordados, apesar do horário; assim que ela vê a expressão preocupada dele, deixa a tarefa de lado por alguns segundo e o fita inquisitiva.

— Sakura está com febre e desacordada, deixei que trouxessem ela pra dentro, os outros eu mandei vir por causa da chuva. — Naruto explica e aperta os olhos, teriam que abrir espaço na sala e na cozinha para todos dormirem aquela noite — Disse que você podia ajudar.

— Está bem, vamos cuidar disso antes que piore. — Hinata concorda, sabia que Naruto jamais deixaria alguém que precisava de ajuda, mesmo que a pessoa não merecesse — Vocês podem ir dormindo, amanhã vamos fazer uma caça aos tesouros, tenho certeza que a chuva vai trazer coisas bem interessantes.

— Eu quero ajudar, Hinata-nee. — Konohamaru fala inesperadamente, e logo Hanabi se levanta da cama também.

— Está bem, mas tem que me obedecer em tudo, entenderam? — Hinata concorda, seria incapaz de negar algo para ele naquele dia.

Quando os quatro saem do quarto, todos os demais já haviam entrado na cabana e fechado a porta, os seus amigos mais a vontade, tinham até mesmo ajudado Kiba a acomodar a Haruno; o restante dos Genins giravam seus olhos por toda cabana, encantados com a pequena casa, todas as cortinas, almofadas e os quadros nas paredes, além de todas as fotos que contavam a história da dupla. Era bem diferente do que estiveram imaginando em todos aqueles dias, era aconchegante e os fazia pensar que estavam suas próprias casas, podiam até mesmo ver seus pais andando por ali; mas o detalhe que todos concordavam depois de ver a casa por dentro e por fora, é que aquele lugar parecia ser mágico, tinha uma aura diferente das casas da Vila, era cheia de encanto.

— Konohamaru e Hanabi, quero que mantenham uma toalha úmida na testa dela. — Hinata instrui os dois, apenas para dar algo para fazerem — Naruto, pega pra mim o gengibre e as folhas de salgueiro-branco, ferva a água e faça um chá bem forte, Ino me alcança aquele pode de argila que tenho no armário.

— Não seria melhor dar algum medicamento pra ela? — Kiba pergunta angustiado, não tinha deixado o lado da Haruno.

— Não posso dar algum medicamento, não tenho a ficha médica dela e não sei ao que é alérgica ou que reação teria. — Hinata responde calma e depois de prender os cabelos, toma a temperatura da garota — Ainda não está tão alta, só isso vai bastar, deve ter sido apenas pelo cansaço, o corpo dela não está acostumado ainda.

— Você tem certeza? — Kiba pergunta duvidoso, enquanto via Hinata passar argila nos pulsos de Sakura.

— Sim, a argila e as toalhas úmidas vão fazer com que a febre diminua, e assim que ela acordar e beber o chá, vai ficar melhor. — Hinata explica com segurança, já havia cuidado de Naruto, Konohamaru e Hanabi dessa forma tantas vezes, que agora já nem se espantava por ver alguém com febre — Vou fazer uma canja para ela comer, vai ficar melhor depois disso.

Depois de atender Sakura e garantir que tudo ficaria bem, Hinata se dirige para a cozinha onde Naruto preparava o chá como ela tinha dito, logo os dois passam a separar, limpar e picar os ingredientes para uma canja; eles trabalham bem e em sincronia, deixando quem não conhecia esse seu lado, impressionados com sua pericia e agilidade na cozinha, sem falar que estavam bem mais relaxados e diferentes do que viam habitualmente. Todos os olhos estavam voltados para os dois novamente, analisando tudo que faziam, ficaram tão entretidos vendo a desenvoltura deles, que nem notaram que a Haruno havia acordado e tentava se por em pé; estava confusa e seu corpo dolorido, sem falar que sentia náuseas e tonturas por causa da febre.

— Ei, espera um pouco, Hinata-nee, ela acordou. — Konohamaru chama apavorado, toda vez que ficara doente, Hinata tinha lhe dito para ficar deitado.

— Fique deitada Sakura. — Hinata ordena e pega a xícara sob a mesa — Beba isso devagar, está quente e é amargo.

Sakura obedece a tudo que Hinata diz, estava desorientada e ainda não notara onde estava, e enquanto ela bebia o chá fazendo uma enorme careta, a Hyuuga mede sua temperatura novamente, constatando que a febre já estava cedendo; quando a Haruno se dá conta do que acontecia, fica constrangida e baixa o rosto, mais uma vez estava sendo ajudada pelas pessoas que tanto desprezara. Sasuke assistia tudo em silêncio, escorado na parede perto da porta, desde os cuidados de Hinata com a companheira de time, até a desenvoltura do Uzumaki na cozinha, e em algum momento enquanto observava, se perguntou se Hinata cuidaria dele assim, se teria o mesmo cuidado, desejou que Naruto não existisse para poder ocupar seu lugar; foi quando a ideia surgiu em sua cabeça, se o Uzumaki deixasse de existir, poderia tomar seu lugar, e não teria que se preocupar com mais nada.

— Aqui, você a ajuda comer? — Naruto alcança um prato fumegante de canja a Kiba que concorda rapidamente — Os outros podem se servir também, é bom que comam pra evitar se resfriar depois de pegar chuva, os pratos estão na mesa, vou buscar algumas mantas e travesseiros, ela pode dormir no sofá mesmo.

Depois de acomodar melhor a Haruno e de ajudar os demais a estender seus sacos de dormir na sala e na cozinha, Naruto e Hinata finalmente poderiam descansar do dia mais longo e cansativo da semana, o relógio marcava meia noite, quando eles se dirigiam para o quarto de Hanabi, para por os pequenos para dormir; nesse momento Konohamaru parou de caminhar e começou a chorar baixinho, chamando a atenção dos dois.

— O que foi Kono? — Naruto se abaixa para falar com ele, que se joga em seu colo, escondendo o rosto para chorar.

— Quero dormir com vocês hoje. — O pequeno Sarutobi sussurra envergonhado.

— Tudo bem, não precisa chorar. — Hinata o consola e abraça Hanabi, que dava indícios de que também choraria — Vamos dormir todos juntos hoje, bem abraçadinhos ouvindo a chuva, está bem?

— Quero abraçar a nee-chan. — Konohamaru se volta para Hinata, os olhos vermelhos e tristes.

— Vem Hanabi, vamos dar boa noite pro pessoal. — Naruto fala pegando a menina nos braços, ela acena para todos e esconde o rosto no pescoço dele — Shikamaru, você apaga as luzes? Ino, não tire as gatas do cercado.

Ouvindo as reclamações da Yamanaka, que queria dormir agarrada as três gatinhas, eles entram no quarto e fecham a porta, sendo seguidos pelos olhos curiosos dos demais, que nem disfarçavam ao espichar o pescoço para tentar ver melhor o quarto; ignorando os sussurros que ouviam do outro lado, Naruto e Hinata colocam as duas crianças na cama e se deitam ao seu lado, abraçando os dois como prometeram fazer, mas nem assim conseguiram acalmar Konohamaru, que seguia chorando baixinho.

— Kono, o que aconteceu? Quer contar por que está chorando? — Hinata pede angustiada e ele nega com a cabeça.

— Está tudo bem nos contar Kono, você ainda pode ser forte, mesmo que esteja triste. — Naruto o consola e consegue ganhar sua atenção.

— Mesmo quando eu choro, posso ser forte? — Konohamaru pergunta esperançoso.

— Claro que sim, você fica ainda mais forte, agora quer nos dizer por que está chorando? — o Uzumaki pergunta novamente, e aperta o nariz dele, de brincadeira.

— Eu fiquei triste porque o papai e a mamãe ainda não voltaram. — O Sarutobi explica entre soluços — O papai e a mamãe não vão mais voltar, não é nii-chan? Eles não me querem mais?

— Não Kono, não é isso! — Hinata se apressa em negar, lhe doía vê-lo sofrendo tanto — Seu Otousan e sua Okaasan foram fazer um serviço muito importante para a Vila, não foram embora por que não te queriam mais; eles sempre te amaram muito Kono, sempre!

— Mas por que eles não voltam? Eu sinto saudade! — Konohamaru protesta e chora mais um pouco.

— Eles não podem voltar Kono, foram para o mesmo lugar que o meu Otousan e a minha Okaasan. — Naruto explica de forma simples, já tinha contado para o menino a história sobre seus pais — Eles estão cuidando de você de lá, daquele lugar especial para pessoas boas; mas tenha certeza que tudo que fizeram, foi para você viver bem Kono, para ter um futuro feliz, por que eles te amavam demais!

— O papai... e... a mamãe... eles não... voltam? — o menino chora mais alto e se abraça mais forte a Hinata que o consola carinhosamente, também entre as lágrimas — Mas eu quero meu papai... quero a minha mamãe...

— Tudo bem Kono, vai ficar tudo bem. — Naruto abraça os três ao mesmo tempo — Você tem a mim, a Hinata, a Hanabi, o Asuma, a Kurenai e o vovô, nós vamos estar com você.

— Mas vocês... vocês também... — Konohamaru mal consegue falar, se engasgando com o choro — Vocês vão também... fazem... missões... também vão embora...

— Não Kono, nós não vamos. — Hinata aperta mais seus braços ao redor dele — Prometo a você, Naruto e eu sempre voltaremos pra vocês, sempre voltaremos por você e por Hanabi!

— Eu não vou ficar sozinha? — Hanabi pergunta, finalmente externalizando seus medos — Vocês não vão me abandonar igual o papai e a mamãe?

— Não baixinha, a gente sempre vai cuidar de vocês, não importa como. — Naruto beija os cabelos da menina — Vocês três são a minha família, não vou deixar que nada nos separe.

— Você promete nii-chan? Promete que não vai embora? — Konohamaru pede desesperado, não queria perder mais ninguém.

— Prometo Kono, e eu nunca quebro uma promessa! — Naruto afirma sério, e era verdade, ele nunca deixaria aqueles três, não importa o que o futuro lhes guardava.

— Nee-chan, canta? — Hanabi pede, lembrando dos dias em que estivera triste, depois de ir embora do clã e Hinata cantara para ela dormir.

Apesar da pouca idade que tinha, Hanabi sabia que Konohamaru estava precisando de colo e segurança, e não havia ninguém melhor que Hinata e Naruto para isso; em pouco tempo, haviam se tornado os pilares da existência da pequena Hyuuga e agora ela queria que Konohamaru sentisse o mesmo que sentira, e voltasse a ser feliz com eles.

— Akai hana tsunde ano hito ni age yo, ano hito no kami ni kono hana sashiteage yo, akai hana akai hana ano hito no kami ni, saite yureru darou ohisama no you ni, shiroi hana tsunde ano hito ni age yo, ano hito no mune ni kono hana sashite age yo, shiroi hana shiroi hana ano hito no mune ni, saite yureru darou otsukisan no you ni, otsukisan no you ni. — Hinata canta baixinho, até que os dois caem no sono, suspirando sentidos pelas lágrimas derramadas, então fixa seus olhos de lua em Naruto — Não quero que eles sofram assim de novo.

— Não vou deixar que ninguém volte a machucar minha família, Hinata! — Naruto afirma acariciando seu rosto de porcelana — Eu amo você, amo esses pequenos e vou protege-los até o fim dos meus dias!


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Notas finais do capítulo

https://youtu.be/Ru8V7xdXwt8



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