Sobre sangue e lobos escrita por NaGuedes


Capítulo 1
Eu espero ter sido drogada




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Dor, frio e medo.

Eu não, sei onde é ou como cheguei aqui, minhas pernas nuas estão cheias de um líquido viscoso, escuro demais não consigo ver o que é. Meus lábios tremem com o frio cortante, a gelo abaixo de mim.

É pequeno e apertado, é como se ar estivesse acabando, não consigo  respirar, eu sufoco. Então tudo se abre algo dentro de mim se acende meu corpo já não é mais meu é maior  mais forte e mais rápido, eu corro.

Olho pra baixo e não tenho pernas, mas sim patas, por algum motivo eu não ligo pra isso eu só quero correr e sentir essa sensação nova dentro de mim, e com tudo que tenho eu grito, e um uivo alto saí da minha garganta.

Então acordo.

Minha mãe está na minha frente me segurando pelos ombros me sacudindo, com olhos assustados.

— Oh por deus, Ayla o que esta acontecendo com você? — Ela murmurou me apertando em um abraço, acordar gritando tem sido algo normal tem duas semanas.

— Achei que tudo ia melhorar com os remédios, você tomou? A Dr. Allison disse que tudo ia melhorar se tomasse tudo certo.

— Sim mãe.

Mentira.

Mentir é tudo que eu faço a quatro semanas eu minto pra minha mãe, menti no depoimento que eu dei policia e menti pra todos os médicos, quando me perguntam sobre o que aconteceu eu simplesmente só consigo dizer que não lembro de nada.

O que talvez não seja totalmente mentira já que eu de fato só me lembro de algumas coisas e também tenho quase certeza de que o pouco que eu lembro não pode ser verdade, o maluco ou maluca que me sequestrou com certeza me deu drogas que me fizeram alucinar.

— Querida acho que esta na hora de irmos ate a doutora outra vez, andei pesquisando sobre alguns tratamentos alternativos, esse remédio não ajudou nada e além disso você tem me parecido tao anêmica.

Summer Avalon, minha mãe uma mistura perfeita de um general com uma hippie, braços acolhedores e fala dura e determinada.

— Eu estou bem mãe é sério, na verdade, os pesadelos têm melhorado eu até já consigo reagir a eles.

Minha mãe me olhou acho que tentando decidir se eu realmente estou bem quando por fim ela sorri sinto o alívio me invadir, tudo que eu não quero é preocupá-la mais.

— Ótimo então quer dizer que esse remédio caro está funcionando, talvez você possa até voltar as aulas na segunda, o que você me diz estrelinha?

Meu primeiro instinto era dizer não ir pra escola e ter que lidar com todos olhares questionadores são algo que eu quero adiar ao máximo possível, mas o como negar isso a minha mãe que tem lidado com toda a minha loucura desde que eu nasci.

— Claro mamãe.

— Ótimo vou ligar pra sua tia Lex e iremos às compras amanhã, talvez uns vestidos novos!?

E ela saiu tagarelando do quarto, faz quatro semanas que eu tenho sonhos loucos sobre virar uma loba, quatro semanas desde que eu fui encontrada completamente pelada a beira de uma reserva depois de sumir por três dias sem deixar rastros, isso não é real não pode ser real, pessoas não somem do nada e viram lobos.

Foram tantas às vezes que eu quis contar tudo a qualquer um, mas como um freio algo me impede como se dizer algo sobre isso fosse algum tipo de pecado.

Na noite em que eu sumi eu estava voltando pra casa depois de sair de uma festa que nem realmente queria ter ido eu tinha passado o dia todo tão mal me sentindo estranha meio enjoada, meu namorado tinha me chutado e Ava minha melhor amiga me arrastou até lá dizendo que eu deveria mostrar ao babaca do Oliver que eu não precisava dele.

A primeira meia hora da festa se resumiu a olhares e sussurros sobre eu ter sido trocada pelo meu namorado desde a
oitava série por Daphne uma cópia barata de toda antagonista de filme adolescente tosco.

A próxima foi basicamente eu vomitando no banheiro e o resto é muito vago lembro de decidir ir para casa, de olhar pra baixo e ver meu corpo todo tremer, braços familiares me seguraram mas não consigo lembrar a quem eles pertencem, depois senti um calor estranho, frio intenso, um branco e então alguns flashes, coisas tão fora da realidade que eu só posso ter sido drogada e do fundo do meu coração eu desejo ter sido porque sinceramente isso me parece bem menos assustador em meio as minhas outras teorias.

A única lembrança realmente clara que eu tenho é sobre o dia que eu fui encontrada de acordar em meio a árvores me sentindo quase flutuando como se tivesse dormido por um longo tempo, lembro de caminhar quase que por extinto na direção da delegacia só percebi que estava nua quando cheguei lá e um polial me cobriu com uma jaqueta.

Foi uma grande bagunça repórteres, a polícia e os médicos me enchendo de perguntas minha mãe chorando por dias, acho que em toda a minha vida eu nunca fiz tantos exames. Tiraram sangue de mim para uma vida, mas nada estava anormal minha saúde perfeita e eu não tinha nenhum arranhão, eu não sei o que seja lá quem me sequestrou pretendia mas algo aconteceu comigo algo que me mudou e eu preciso descobrir como.


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