Eu gostava de sonhar. Sempre acreditei que sonhar me entregaria aquilo que o meu espírito mais desejava. E eu gostava dessa sensação. As vezes eram apenas ideias livres, soltas, que se grudavam no fundo do meu coração e quando eu menos esperava elas surgiam como se tivessem sido alimentadas. Essa era a minha fantasia, alguns achavam incoerente. Mas, para mim, estava tudo bem. Quando a realidade começou a bater na minha porta me obrigando a correr quando eu ainda só sabia andar, desmoronei. As fortalezas dos meus sonhos estavam sendo destruídas e por um momento, aquele desesperador momento eu só queria fechar os olhos e acreditar que tudo, mais uma vez, ficaria bem. 

Mas isso não aconteceu e quando meus olhos se fechavam eu só conseguia enxergar a dor, o sangue, a perda, o abandono e a morte. 

Com o passar dos anos essa sensação ainda está dentro de mim e eu não sou mais tola de sonhar que um dia irá passar.