Dragão Escarlate escrita por Hayata


Capítulo 2
Capítulo 1 - Surpresa




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Estava sendo escoltada por um agente do governo até a porta do próximo orfanato, que grande novidade. Eu o encarei, ele era alto, tinha os cabelos cortados em estilo militar, terno preto e óculos escuros de noite. Ele obviamente também não era normal, eu conseguia sentir uma energia vindo dele tanto quanto conseguia sentir o calor da noite. Isso não significava que eu não iria tentar me soltar, a minha liberdade era mais importante para mim do que a nossa diferença de tamanho.

Alguns passos após descer do carro, virei-me para o lado contrário ao dele e tentei uma investida. Liberdade em vista, certo? Errado, era provavelmente a coisa mais idiota que eu poderia ter tentado. Ele simplesmente colocou o pé na frente e eu tropecei, enfiando a cara no chão com força. Eu percebi que o meu queixo ralado sangrava, mas tentei me levantar e correr novamente, apenas para ele segurar meu braço e me levantar no ar, como se eu não pesasse nada.

— Indo a algum lugar, mocinha?

Não me dei ao trabalho de responder, ele apenas me carregou até o orfanato. A porta da frente era de madeira maciça, pude ver que era extremamente grossa quando ele abriu com uma mão para me levar para dentro. Só aquela porta já seria o suficiente para parar qualquer criança normal, mas a recepção do local se revelou bem assustadora. Detectores de metais e seguranças estavam presentes, grades pesadas em todas as janelas.

Suspirei cansada quando ele fechou a porta atrás de nós e me colocou no chão, ainda mantendo uma certa proximidade. Caminhamos até a recepção, em que ele rapidamente falou as minhas informações para que me colocassem para dentro. Não prestei atenção ao que ele disse, estava ocupada procurando outra possível rota de fuga. Dei um passo para o lado para ficar em uma posição mais confortável e ele rapidamente colocou a mão pesada no meu ombro, indicando que eu não poderia escapar. Novamente, suspirei.

Após perceber que ele havia terminado com a moça da recepção, ele me indicou para entrar. Eu obviamente não tinha nenhum objeto metálico, ele teria sido tirado de mim na instalação do governo anterior, se eu tivesse. Andei pelo detector de metais e passei a mão no queixo, para sentir o machucado. Como já esperava, havia apenas uma pequena cicatriz que em breve também sumiria. Fui para uma sala lateral em que troquei de roupa: um pijama azul-claro, definitivamente não era a minha cor favorita.

Já do lado de dentro, olhei para trás e percebi no mínimo duas grades se fechando. Virei-me para frente e segui a moça que me mostraria onde era o meu quarto. Passando pelos corredores, pude olhar pelas portas abertas e ver as outras crianças do local, todas estranhas. Pude ver algumas levantando coisas pesadas, brigando, soltando faíscas, levitando pequenos objetos, toda sorte de coisas. Além disso, percebi que muitas pessoas ali não eram exatamente crianças, talvez 16 anos? 18? Não tenho certeza, mas não tinham muitas novas como eu.

Ao chegar ao meu quarto, percebi que só tinha uma cama. Eu estranhei isso, mas quando virei para perguntar a moça, ela já havia ido embora. Não poderia ser engano, meu nome estava em um pequeno crachá preso à porta, mas seria a primeira vez que eu realmente teria um quarto apenas para mim. Isso seria extremamente bom, caso eu não estivesse tão desesperada para sair do orfanato. Preferia mil vezes ter que sobreviver na rua, caçando comida e bebendo água de chafarizes do que passar mais algum tempo ali, sendo repudiado por todos como nos orfanatos anteriores, para em seguida ser levada a uma instalação do governo para medir os meus poderes com máquinas idiotas que quebravam por qualquer motivo.

Entrei no quarto e me sentei na cama, olhando o meu redor. Havia uma pequena janela elevada, com grades incrivelmente grossas. Eu provavelmente não a alcançaria de qualquer forma, não sou nem um pouco alta. Havia no quarto um armário, uma pequena escrivaninha com uma cadeira e uma estante que, ironicamente, eu não teria nada para colocar lá. Me levantei da cama e fui até o armário. O móvel possuía alguns pares de roupa (o mesmo pijama feio) e outras coisas como roupas de baixo, meias e objetos de higiene pessoal. Além disso, uma pequena porta aberta em uma das paredes indicava um banheiro simples.

Minhas fúteis investigações foram interrompidas por uma barulhenta sirene e em seguida uma voz gritando “Hora da refeição, dirijam-se ao refeitório geral”. Esperei um pouco o corredor esvaziar e segui a direção geral dos outros jovens. O corredor em que ficava o meu quarto desembocava em um corredor maior e mais longo, que eventualmente levava a uma grande sala com diversas mesas dispostas e algumas fileiras de pessoas servindo comida. Entrei em uma das filas, que já estavam pequenas, e peguei a minha comida. Não parecia a pior que eu já havia servido, o que me deixou com o humor um pouquinho melhor. Ops, acho que uma Alicia feliz não faz bem para o lugar, pois imediatamente após sair da fila com meu lanche um garoto idiota passou e derrubou a minha bandeja intencionalmente. Eu não iria fazer uma cena no meu primeiro dia, mas marquei bem quem era o idiota: provavelmente uns 14 anos, cabelos descoloridos, marcas no rosto de cicatrizes, olhos castanhos claros e uma cara que obviamente gritava “Olha para mim, eu sou babaca”.

Apenas olhei para a moça que estava servindo e ela indicou com a cabeça para que eu entrasse na fila novamente, o que eu fiz. Dessa vez, após deixar a fila, levei a minha bandeja para uma mesa vazia e comi lá. Ninguém se sentou perto de mim, o que imagino significar que havia sido marcada, e que ser minha amiga poderia gerar consequências. Enquanto comia, percebi que um garoto me encarava. Cabelos escuros, pijamas escuros também, relativamente mais velho que eu. Os olhos dele pareciam possuir um tom de azul completamente anormal, mas poderia ser apenas a distância que não estava me deixando enxergar bem. Ele continuou me encarando até eu terminar de comer, em que eu levantei e fui para o meu quarto. Chegando lá, peguei uma das mudas de pijama e tomei um banho. Saindo do chuveiro, vesti a minha roupa e me encarei no espelho. Meus olhos e cabelos escarlate nunca pareceram tão pálidos e sem graça como naquele momento. Fui para a minha cama e preparei para me deitar, mas antes que pudesse realmente deitar, percebi algo estranho em um dos cantos do quarto.

—E aí, tudo certinho? – Era o garoto que estava me encarando durante a refeição.

Imediatamente olhei para a porta para ver se ela estava aberta, mas ela ainda estava trancada pelo lado de fora, o que os trabalhadores do orfanato sempre faziam. Olhei de novo para o garoto sem saber exatamente o que fazer.


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Notas finais do capítulo

Como dito anteriormente, todo feeback é aceito. Essa personagem é antiga, mas a tentativa de história é bem nova. Meu objetivo atual, enquanto escrevo isso, não é fazer nada especial. Talvez uma história de um personagem que amadurece o seu poder à medida que cresce e conhece outros, mas que não é, de forma alguma, fraco no começo.



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