Dragão Escarlate escrita por Hayata


Capítulo 16
Capítulo 15 - Auto melhora


Notas iniciais do capítulo

Estive bem desanimado e sem inspiração para continuar, mas ultimamente tive muita vontade de escrever. Não é um capítulo muito movimentado, mas ainda acho que o esforço é válido.



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Acordei quase saltando, cheia de energia. Se o mundo fosse passar por algum tipo de dificuldade de um monstro do futuro que foi pro passado e vai aparecer no futuro de novo (ou algo assim, eu não entendi bem o que A Juíza falou), eu teria que treinar bastante para conseguir encher ele de porrada, hoje seria um dia ocupado para mim.
Após me arrumar e vestir os meus pijamas azuis sem graça (quase senti falta), dei um tapinha no livro em cima da cômoda e saí para o corredor, em direção ao refeitório, esperava ler mais sobre os monstros depois. Enquanto andava para lá, percebi que a cor azul pastel das paredes parecia um pouquinho mais vibrante aos meus olhos, como se eu estivesse prestando um pouco mais de atenção do que antes. Fiquei contente com a aparente melhora das minhas habilidades, ainda que bem básicas. 

Quando cheguei no refeitório, não me surpreendi em ver o G na fila, se servindo, e logo fui atrás dele. Peguei um café da manhã leve (tão leve quanto um achocolatado e um misto quente poderiam ser) e segui para a mesa que ele também estava se dirigindo. Por alguma razão, o lugar parecia um pouquinho mais vazio hoje.

—Você acordou cedo hoje, Alicia. - G me disse, pescando um biscoito de sua bandeja - Aconteceu alguma coisa?

—Cedo? Eu não… - fui interrompida pela alta sirene, indicando o horário de acordar e tomar café da manhã, o que me deixou surpresa - Eu nem tinha percebido o quão cedo era, só acordei animada, pronta para treinar, e vim para cá.

G tomou um gole de sua xícara de café (credo, que tipo de jovem toma café) e olhou para as pessoas que entravam, distraído.

—Acho que é um pouco difícil dormir depois de ouvir falar que o mundo pode acabar. - ele disse comicamente, após tomar mais um gole - As pessoas provavelmente vão se esforçar muito mais para treinar a partir de agora.

Eu iria responder, mas a minha boca estava cheia e preferi não cuspir nele acidentalmente. Olhando para a porta também, percebi Dandara e Blair se encaminhando para a fila, mas nenhum sinal de Mia. Elas se serviram de alimentos mais leves e se juntaram a nós.

—Aconteceu alguma coisa, Blair? - eu perguntei, percebendo diversos arranhões novos em seus braços. - Você parece que estava andando de skate e caiu se ralando toda.

—Olha, eu acho que você nunca viu ninguém cair de um skate, Alicia. - Dandara rebateu, já começando a tomar seu café da manhã - Os arranhões seriam mais superficiais e bem maiores.

—Não precisa se preocupar, eu só estive treinando um pouquinho a mais durante a noite. - Blair disse, evitando especificar exatamente o que ela tinha feito. - Acho que todo mundo vai começar a treinar mais a partir de agora, né?
     —Foi EXATAMENTE o que o G falou, vocês devem ter algum tipo de telepatia secreta… - eu disse, imaginando se o poder deles teria alguma evolução para esse lado. - Mas é bem por aí, a gente vai treinar até cairmos mortos agora!

Os outros integrantes da mesa me encararam. Talvez falar sobre morrer com o possível apocalipse chegando não fosse a melhor ideia. Bem quando acabei de comer, Mia chegou na mesa com sua bandeja. Não posso dizer que ela estava atrasada, mas com certeza é um pouco mais tarde do que ela costumava chegar.

—Estava conversando um pouco com o Steve sobre ontem… - ela falou enquanto era encarada, mantendo a voz com tanta estabilidade que parecia até forçado.

Eu achei perfeitamente normal, os dois haviam controlado uma pessoa pelo sangue dela, com certeza precisavam discutir sobre o quão legal e assustador aquilo foi. As outras pessoas da mesa, entretanto, deram risadinhas com o comentário dela.

Rapidamente terminamos de comer e nos dirigimos à arena de treinamento, onde o professor já nos esperava. Muitos de nossos colegas já haviam chegado, alguns até já haviam começado a treinar. Para a nossa surpresa, o diretor se encontrava sentado na arquibancada, na parte mais próxima à arena, e se levantou para se aproximar quando percebeu nossa chegada.

—Hoje não tem muito mistério. Vocês devem tentar aprimorar-se, já pensaram em formas de treinar? - o professor Fierce, como sempre, foi muito direto.

Todos do nosso grupo concordaram, já que muitos passaram parte da noite pensando em como poderiam melhorar. Porém, Blair parecia um pouco ansiosa quando respondeu.

—Professor, eu não tenho certeza exatamente do que posso fazer aqui…

Antes que o senhor Fierce pudesse responder, o nosso diretor chegou onde estávamos e respondeu de forma curta e simplificada.

—Pode ir no seu quarto pegar o que deixou lá. - ele aparentemente sabia de algo que nós não tínhamos ideia, porque acrescentou - Não tem motivo pra tentar esconder mais, e não tem problema também, eu permiti.

Ouvindo essas palavras, Blair concordou com a cabeça e saiu da arena, nos deixando curiosos. O professor não estranhou a interação e virou a cabeça para o resto, esperando que falássemos o que iríamos treinar. 

—Eu percebi que o Spike e o Steve estão duelando, vou perguntar para eles se posso levá-los para “dentro”. - G falou primeiro, não especificando o que seria esse “dentro” - É mais difícil manter as coisas quando tem muita liberação de energia ou movimento, então preciso praticar essa parte.

—Uhm… eu acho que vou tentar forçar algumas adaptações um pouco mais internas. - Dandara respondeu, ainda um pouco indecisa com o treinamento - A maior parte das vezes os meus músculos ou pele mudam, mas quase nunca algum órgão interno ou algo assim. Se importa de me deixar dentro da sua ilusão também, G?

Ele pareceu pensar um pouco sobre a quantidade de esforço que teria que fazer, mas aceitou o pedido com um aceno de cabeça. O professor pareceu concordar com as ideias dos dois.

—Eu já tenho um pouco de prática em atrair objetos metálicos, mas sinceramente, não sou tão boa em modificar eles. - era Mia agora quem falava, explicando o que faria - Então acho que vou focar em torcer e mudar a forma deles para algo mais útil, dependendo da situação.

O professor também considerou o que ela disse e concordou com a linha de pensamento. Antes de virar-se para mim, Blair entrou na arena segurando um animal de 50 centímetros parecido com uma lontra marrom, com garras afiadas e um rabo com espinhos na ponta, mas sem juba: um filhote de Lontroru. Obviamente chamou a atenção do nosso grupo, pois Dandara e Mia imediatamente se aproximaram para verem melhor.

—Que fofo! Você já deu um nome pra ele, Blair? - Mia disse, sem tirar os olhos do pequeno monstrinho.

—Onde você pegou ele? É tão bonitinho, tem cara de Sebastian. - dessa vez era Dandara, encarando o filhote.

—Tem nome sim e é o melhor de todos… Robson! - Ela falou, e não entendemos se ela estava brincando ou não.

Me aproximei do animal também, encarando seu rosto esguio e fofo.

—Você realmente vai chamar um filhote de Lontroru de Robson? - indaguei, enquanto o filhote esperneava para se livrar do aperto da nova dona.

—Lontroru? Que nome estranho para um monstro… sim, vou chamar ele de Robson. - ela disse, virando-se para Dandara em seguida - Eu peguei ele antes de voltarmos, quando passamos perto da jaula. O encarregado nem hesitou em me presentear um.

Após a confusão inicial que foi o aparecimento de um monstrinho, G e Dandara partiram em direção aos nossos colegas que duelavam e Mia e Blair também se afastaram, para treinarem seus controles.

—É, acho que vou praticar meus olhos então. - eu disse, o que gerou um pouco de estranhamento por parte do professor, então expliquei - Em uma das lutas anteriores, eu fui capaz de medir o poder das pessoas quando meus olhos mudaram, isso e muitos outros detalhes, então vou tentar ativar eles sozinha.

O professor considerou as possibilidades e concordou, conseguir perceber o nível de poder do seu inimigo pode ser extremamente útil em uma batalha, então não é uma coisa ruim para se tentar alcançar.

—Mas não se esqueça de focar no seu potencial de batalha e estratégia também, Alicia. - o professor Fierce destacou - Saber o poder do seu inimigo é muito útil e pode evitar situações impossíveis, mas nem toda batalha é evitável.

Com esse último comentário, ele me deixou sozinho, indo auxiliar outros alunos que chegavam ou que já estavam no meio do treinamento. Eu, por outro lado, me dirigi à arquibancada e me sentei encarando as pessoas treinando. Apesar de ter dito que praticaria enxergar as auras, não fazia ideia de como começar. Talvez no futuro eu devesse pesquisar um pouco sobre dragões, já que todos acham que eu me pareço com um às vezes, e descobrir o que mais posso aprender.

Me concentrei e comecei a liberar um pouco de energia, tentando ver se isso seria o bastante para fazer o que eu queria. Ao olhar em volta, pude ver G, Dandara, Spike e Steve piscando algumas vezes e desaparecendo em seguida, provavelmente levados para a ilusão/dimensão do G. Olhando um pouco em volta, também vi Mia, retorcendo canos em formatos estranhos e inesperados, conseguindo resultados mais rápidos do que eu esperava. Também prestei atenção em Blair, que comandava Robson (Mega Lontroru da Perdição Final Parte 1 seria um nome muito mais legal do que Robson) em movimentos estranhos e complexos, provavelmente para fortalecer o controle dela sobre o monstrinho.

Apesar disso tudo, eu não consegui ver nenhuma aura ou coisas do tipo. Eu ainda conseguia sentir a minha energia e a dos outros levemente, mas não era a mesma coisa do que ver, como já havia feito uma vez antes.

—Tendo dificuldades, menina? - eu não havia percebido, mas o diretor estava sentado bem ao meu lado, encarando os outros alunos também.

—Que susto, Hayata! - eu disse, nem me dando ao trabalho de chamar ele de diretor - Um pouco de dificuldade, eu achei que seria um pouquinho mais fácil.

Eu sinceramente havia esquecido que o nosso diretor estava ali, já que o Lontroru completamente roubara a atenção do nosso grupo. Ele deu uma risada, ignorando a forma informal com a qual eu o tratei.

—Não basta liberar energia, você tem que direcioná-la aos seus olhos e se concentrar. - ele disse, com um tom de voz descontraído.

Ah sim, claro, facilitou pra caramba diretor, muito fácil. Como se fosse, né? Mas isso não iria me impedir de tentar. Eu imaginei a minha energia se concentrando nos meus olhos, retesando meus músculos fisicamente no esforço. Era ainda mais difícil do que eu imaginava, eu conseguia sentir a pressão aumentando atrás dos meus olhos e a minha cabeça começando a doer. Mas quando abri os olhos, pude perceber uma pequena diferença. Os alunos que eu observava possuíam o que parecia com uma nuvem nebulosa ao seu redor, difusa e difícil de enxergar.

Fiquei contente com o resultado apesar da dor de cabeça, mas não era tão claro quanto eu gostaria que fosse. Quando olhei para o diretor, ele tinha uma nuvem bem condensada e perfeitamente contida ao seu redor, mesmo com a deficiência na minha habilidade. Acho que o diretor percebeu isso, porque falou:

—É um bom começo, mas você precisa colocar mais energia. Do contrário, a qualidade vai ser sempre muito ruim e você não conseguirá muita informação. - ele disse, me desafiando com o olhar e o que pareceu com um sorriso (se é que cães sorrissem).

Tomei o olhar dele realmente como um desafio. É energia que você queria né? É energia que você iria ter então! Comecei a me concentrar muito mais, liberando energia o bastante para fazer a arquibancada rachar, mas concentrando ela em mim mesma ao invés de deixar extravasar. Forçando a energia para os olhos aos poucos, a dor pareceu aumentar muito, como se minha cabeça fosse explodir. A sensação da pressão atrás dos meus olhos era como se um caminhão de um bilhão de toneladas estivesse forçando para retirá-los das órbitas. Não me deixando intimidar, continuei forçando a energia até que… Plop! Senti quase como se uma barreira de alguma forma estourasse dentro da minha mente, levando com ela a dor e a pressão.

Olhei ao meu redor, e tudo parecia diferente, e não apenas as auras. As cores e detalhes do ambiente eram muito melhor percebidos pelos meus olhos, nenhum movimento passando em branco. Ao tentar observar a aura dos meus colegas, pude ver a nuvem difusa detalhadamente, quase conseguindo identificar as habilidades só observando a forma como espiralavam.

—Está tudo completamente diferente… Eu consigo ver tudo melhor, consigo até ver como a aura deles se espalham pela sala e somem… - eu disse, totalmente encantada.

—Sim, e aparentemente, seus olhos se tornaram reptilianos novamente. - ele disse, sem mostrar curiosidade - Que bom que você está bem. Se um de seus colegas tentasse fazer isso, provavelmente estouraria os próprios olhos.

O QUE?

—COMO ASSIM ESTOURARIAM OS… - me virei irritada encarando-o. Minha voz sumiu quando percebi a aura do diretor. Sua energia não escapava pela sala, como a dos outros, mas ficava contida quase em uma esfera perfeita ao seu redor, bem maior do que eu enxerguei inicialmente. A cor era escura e saturada, mostrando o altíssimo poder ali. Quase desmaiei de surpresa.

—Não se preocupe, Alicia. Caso não tenha percebido, você não é normal nem para o padrão dos seus colegas. - ele disse, encarando a arena - Tente se concentrar na arena, veja se consegue observar algo sobre o seu amigo G. 

Ignorei minha irritação pela possibilidade de ter meus globos oculares estourados e tentei observar o que ele indicava. Inicialmente, eu não consegui enxergar muita coisa, mas me concentrando muito, consegui enxergar algo como uma forma pálida e transparente da ilusão do G. E aparentemente, eles estavam agitados lá dentro.


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Notas finais do capítulo

Como sempre, todo feedback é bem vindo.



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