Entre Galáxias escrita por Biax


Capítulo 7
Óbvio


Notas iniciais do capítulo

:)



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Assim que Ana chegou na casa de Beto, deixou a mochila no sofá e sentou-se no chão, como da primeira vez. Acima da mesinha de centro havia um livro com um marca página no centro e, devido a curiosidade, a menina o pegou para ver do que se tratava. 

— Você... — começou Beto, aproximando-se e parecendo surpreso por ver o que ela segurava.

— "Universo alien: se os extraterrestres existem... cadê eles?" — leu em voz alta e o olhou. — É seu?

Beto arrastou o pé direito no tapete, como se quisesse sentir a textura do tecido. — Você vai me zoar se eu disser que sim?

— Você não acha que se importa demais com a opinião dos outros sobre você? — questionou, virando o livro para ler a sinopse.

— Eu ainda não consigo não ligar completamente. — Se sentou ao lado dela.

— Então... Você acredita em aliens?

— Você não? — Deu um sorrisinho, ainda um pouco envergonhado.

— Acredito sim. Não acho certo pensar que estamos sozinhos em um universo tão grande.

— Eu também não — falou, animado. — Bom saber que você acredita. Tenho alguém para conversar sobre isso sem ser chamado de doido.

Ana riu. — Quando começou a gostar?

— Não sei, pelo que lembro, sempre gostei. Minha mãe fala que eu ficava olhando o céu quando era pequeno, procurando naves ou qualquer objeto estranho.

— E você já viu algo?

— Não. Mas também não sei se quero ver. Acho um assunto fascinante, mas rola aquele medo.

— Medo de quê?

— Sei lá, deles serem ruins, de matar todo mundo. Abduzirem as vacas — acrescentou, brincando. — O que você acha? Eles são bonzinhos ou não?

— Não sei... Não devem existir só aliens bons ou ruins. Não existem só humanos bons e ruins, então imagino que seja a mesma coisa.

— É, faz sentido...

— Depois continuamos o assunto, vamos estudar.

— Sim.

Passou-se quase uma hora. Beto conseguiu fazer as últimas lições de química e, ao terminar, observou Ana lendo algum texto do caderno. Ao analisar seus traços, notou um pequeno ponto avermelhado em seu pescoço.

— Algum pernilongo te picou?

— Quê? — falou distraidamente, e o olhou.

— Tem uma picada aqui. — Tocou o ponto com o dedo indicador, rapidamente.

— Ah... Deve ter sido. — Deu de ombros, voltando a leitura. — Acabou?

— Arrã... Você... está bem?

— Sim. Por quê?

— Bom... Na última vez que você veio, foi embora passando mal... Eu fiquei preocupado, sabia?

— Ah... desculpe.

Beto esperava que Ana lhe desse uma explicação sobre o que sentiu naquele dia, porém, não teve sua curiosidade saciada. Ela não falou sobre, e ele não insistiu, voltando à sua lição. Mesmo que tentasse se concentrar, não conseguia completamente. Muitos pensamentos rondavam sua mente, e todos eram sobre a menina ao seu lado.

Ao olhar novamente para ela, sentiu o rosto corar levemente quando desviou, pois ela também estava o observando. Na realidade, os dois desviaram o olhar no mesmo momento, envergonhados.

Naquele momento, Beto notou que seu coração estava acelerado por aquela troca de olhares não muito discreta, e ficou imaginando se Ana se sentia da mesma forma. Então, se tocando do que estava acontecendo, constatou o óbvio: ele estava gostando daquela garota. Claro que, inconscientemente, ele já sabia, só não tinha ligado os pontinhos ainda. A questão agora era... Será que ela tinha algum interesse no menino que precisava de ajuda para passar de ano? Será que ela já gostava de alguém? Talvez alguém parecido com ela, que gostava de estudar e se empenhava nas aulas...

— Beto? — Ana chamou, o tirando de seus devaneios.

— Oi?

— Já deu minha hora. Vou indo.

— Ah... Tudo bem... — A ajudou a guardar suas coisas e ambos se levantaram ao mesmo tempo. Agora, ele estava um pouco desconcertado por sua "descoberta".

Ana seguiu na frente, já com sua mochila nas costas, para o portão de entrada.

— Até amanhã.

— Amanhã é sábado — lembrou ela, dando uma risadinha, já na calçada.

— Opa, é mesmo. — Beto levou a mão até a nuca, sem graça. — Até segunda.

Acenando, Ana começou a caminhar tranquilamente para casa. Dois quarteirões antes de chegar, avistou alguém virando uma esquina, automaticamente reconhecendo-o. Pararam um na frente do outro e se cumprimentaram.

— Como estão as coisas? — indagou Ana, simpaticamente.

— Estão bem — respondeu Breno, dando uma rápida olhada para as pessoas que passavam do outro lado da rua. — Avançando com ele?

— Sim. E você?

— Também. Eu preciso ser cuidadoso com ela.

— Ela é igual a Ana?

— Diria que sim, mas acredito que ela seja mais fechada ainda.

— Hm... Com certeza você vai conseguir. É melhor do que eu nisso.

Ele riu. — É, não posso discordar. Sabe como é.

— Não se preocupe, eu ainda vou te passar.

— Estou esperando, mas não se esforce, afinal, você chegou faz pouco tempo. Como diriam aqui, não coloque a carroça na frente dos bois.

— Eu tenho paciência.

Observando o pequeno ponto no pescoço de Ana, Breno indagou, um pouco surpreso:

— Teve que usar a injeção?

— Sim. O organismo absorveu mais rápido do que os outros... Bom, melhor eu ir.

— Claro. Nos vemos outro dia, então.

— Até.

 


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