Entre Galáxias escrita por Biax


Capítulo 2
Olhadas




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Ana Luísa respirou fundo quando apertou a tecla para enviar a mensagem. Para sua surpresa, logo ela foi visualizada, e Beto começou a digitar.

“Ana Luísa Barros de Carvalho. Belo nome.”

“Onde vamos nos encontrar para estudar?”, perguntou ela, sem vontade de entrar nas gracinhas de Beto.

“Já que você não quer ser vista comigo na escola, pensei no clube Siqueira. Conhece?”

“Conheço. Fica mais ou menos perto da minha casa.”

“Da minha também. Será que somos vizinhos?”

“Quando e que horas?”

“Amanhã, as duas. Tá bom pra você?”

“Sim.”

“Ok. Combinado.”

A garota sorriu sem perceber.

 

— É impressão minha ou o Beto está olhando pra cá? — indagou Valentina, com o rosto levemente virado em direção a ele.

Ana virou-se para trás, o procurando. Ao localizá-lo, constatou que sim, ele estava olhando. As sobrancelhas da menina se juntaram, em uma careta de descontentamento, e Beto rapidamente mudou o foco, começando uma conversa com seu colega.

— O que foi isso? — Valentina cochichou, euforicamente.

— Não sei. — Ana voltou para frente e roubou uma batatinha do saquinho da amiga. — Ele nem devia estar olhando para cá.

Valentina olhou ao redor, vendo que havia um grupinho de meninas sentadas na mesa atrás de si. — É, bom, talvez. Você me deixou neurótica com aquele papo de ontem.

— E você está sendo exagerada. — Sorriu, achando graça.

— Acho que sim. Sabe como é. Qualquer coisinha é motivo de deixar a gente elétrica.

— Eu sei.

Por curiosidade, Ana olhou novamente para Beto e, outra vez, ele desviou o olhar dela. Automaticamente, pensou que deveria lhe dar uma bronca quando se encontrassem. Desse jeito, a condição iria por água abaixo e em alguma hora, Valentina ou outra pessoa desconfiaria.

Com o fim da aula, Ana despediu-se da amiga e tomou o caminho para casa. Respirou tranquilamente, já que ninguém além dela pegava aquele caminho e começou a cantarolar baixinho.

— Que música é essa? — A voz de Beto soou atrás dela, a fazendo parar de andar e quase se esbarrar no rapaz, que parara a tempo.

— O que você está fazendo? — perguntou, virando, dando uma olhada para trás, certificando-se de que estavam sozinhos.

— Estou indo para casa, ué. — Beto sorriu abertamente, achando que enganava alguém.

— Você não pega esse caminho — retrucou ela, olhando constantemente para a esquina.

— Quem disse? Eu posso muito bem vir por aqui depois que você vai embora.

— Eu já saí em diversos horários e nunca vi ninguém passar por aqui.

Beto cruzou os braços, estreitando os olhos. — Tá bom, eu te segui. Queria perguntar se nosso encontro ainda está de pé.

— Não é um encontro — corrigiu, firme, mesmo que suas bochechas avermelhassem.

— Nós dois vamos sair de casa, ir até o clube e nos encontrar. É um encontro sim — argumentou, com um sorrisinho de canto.

Ana suspirou. — Eu mantenho a minha palavra. Ainda está de pé. Se eu tivesse desistido, teria te falado.

— Ah... Então tá. Eu só queria confirmar mesmo. — Deu um passo para trás.

— Ei, vê se para de ficar me olhando. Desse jeito alguém vai perceber.

— Eu só dei uma olhadinha.

— Não é pra dar olhadinha e nem olhadona. Para com isso.

— Tá bom, tá bom. Eu paro. Até mais tarde.

— Não esquece de levar seu material.

— Pode deixar!

A garota só voltou a andar depois de ver Beto virando a esquina. Caminhou um pouco mais rápido do que o normal, pois não queria correr o risco de ser seguida novamente e em menos de cinco minutos, chegou em casa. Tirou os tênis antes de entrar, deixou a mochila no sofá e foi até a cozinha, onde encontrou Marta pondo a mesa para o almoço.

— Demorou hoje — comentou ela, abrindo um pequeno sorriso de boas-vindas.

— É, me enrolei um pouco. Tive que tirar algumas dúvidas com um professor. — Ana sentou-se em uma das cadeiras. — Hoje eu preciso sair.

— Para onde?

— Vou ter que ajudar um colega da sala a estudar. Vamos nos encontrar no clube aqui perto.

— Tudo bem. — Marta também se sentou, começando a servir-se. — Está com fome?

— Não. — Observou as panelas sobre a mesa, sem vontade de pegar algo.

— Hm... Como está indo na escola?

— Bem. Tudo normal, eu acho.

— E a Valentina? Ainda fala com você?

— Sim. Ficamos juntas o tempo todo.

— Que bom. Fico feliz que você tenha companhia.

— É... Posso subir?

— Pode.

A garota se levantou e seguiu para as escadas. Marta encarou a mesa, pensativa, ponderando se sua filha estava sendo sincera sobre a escola. Seu comportamento não estava completamente normal, e ela apenas esperava que aquilo fosse passageiro. Mudanças nunca eram boas para adolescentes. Deixar os amigos, a rotina para trás... Ela não esperava que Ana se adaptasse muito rápido, já que ela sempre fora uma menina tímida, porém, também não esperava que demorasse demais. Pelo menos ainda faziam poucas semanas desde a mudança.


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