A Marca da Corça escrita por iBrunoAlcantara


Capítulo 3
Capítulo Dois: A Queda


Notas iniciais do capítulo

Estou postando um pouco rápido porque tenho muitas coisas já escritas, então é isso. Qualquer erro, sugestão ou crítica construtiva é bem vinda! Me avisem por comentários.
Obrigado e boa leitura!



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Capítulo 2: A Queda 

Lílian pediu que Sirius e Remo a deixassem partir sozinha naquela noite. A ruiva estava disposta a encarar seu caminho sem a companhia de bruxos, pelo menos naquele período. Sua irmã tinha sido avisada por carta da sua mudança dois dias antes – Lílian pediu que ela e sua família não fossem ao funeral do seu marido e filho por precaução, mas tinha quase certeza de que eles não iriam mesmo se este pedido não tivesse existido. 

Um pouco desolada, ela usou um carro antigo e comum de Sirius, embora não fizesse ideia do porquê dele ter um. De alguma forma ela sentia saudades da sua rotina de trouxa e, sabendo que este seria seu estilo de vida por agora, deveria começar a se aproximar. 

— Tem certeza que não quer que fiquemos por perto? – Indagou Remo. 

— Absoluta. – A moça lhe respondeu, já de dentro do carro, em frente ao prédio. — Pode mesmo ficar com o gato? 

— Claro. – Remo assentiu. 

— Vamos torcer pra que na noite de lua cheia eles não se batam. – Sirius cruzou os braços, se aproximando do carro. – Bom, se vir Pedro Pettigrew na estrada... – Ele sorriu de canto. Lílian acabou fazendo o mesmo por deduzir o que viria em frente: – Passe por cima sem pestanejar. 

— Não tenha dúvidas. – Disse ela, dando partida no carro. 

Pegou a estrada com muita cautela. A varinha de Tiago permaneceu ao seu lado o tempo inteiro para caso alguma coisa acontecesse. O tempo levemente nublado que pairava sobre a cidade tornou a viagem um pouco serena. 

Lílian ligou a rádio e teve dificuldade em encontrar alguma estação que prestasse. Quando conseguiu, entregou-se ao delicioso som de All Out of Love, de Air Supply. Desconhecia a canção até então, mas era impossível não se render a algo tão incrível quanto. 

Pouco tempo depois a viagem chegou ao fim. Little Whinning não era uma cidade grande, então não foi difícil para Lílian encontrar a rua de sua irmã através de um mapa enfeitiçado por ela mesma que mostrava sua localização exata. 

Deixou o carro e olhou ao seu redor, garantindo que ninguém na Rua dos Alfeneiros a observava. Sendo assim, agitou a varinha com cautela, abrindo o porta-malas e fazendo as suas duas flutuarem até a porta da casa de número quatro. 

Ansiosa, ela ajeitou seus cabelos no retrovisor. Estavam um pouco ressecados, mas bem arrumados. Os olhos verdes já não transmitiam muita alegria e a pele parecia mais branca do que de costume. Tinha vestido uma camisa social branca, acompanhada de um jeans escuro e um simples tênis. Vestes mais características de bruxos chamariam atenção e a moda dos anos oitenta era um pouco à frente do seu tempo, então ela preferiu se manter no básico. Andou até a porta, cada vez mais nervosa, e bateu três vezes.  Ouviu algumas reclamações vindas de dentro, como quem parecia arrumar a casa com certa pressa, e só veio ser recebida uns trinta segundos depois quando sua irmã lhe apareceu. 

— Petúnia. – Lílian disse, tentando sorrir em agrado. Tudo o que menos tinha feito ultimamente era sorrir, então ela duvidava que isso fosse parecer sincero. 

— Você. – Petúnia, como de costume, não pareceu empolgada em ver a irmã. 

Não tinha mudado muito. Os cabelos loiros tinham ficado um pouco mais escuros e estavam curtos, encerrados um pouco depois do início do longo pescoço que parecia ter o dobro do tamanho de um comum. 

— Entre. – Petúnia pediu. 

Um pouco receosa, Lílian puxou as três malas para dentro. Esperou que Valter, seu cunhado, viesse ajudá-la – mas ele via TV e por lá mesmo permaneceu. 

— Oi, Válter. – Sibilou a mãe de Harry Potter. 

— Lílian. – O homem retribuiu, a olhando de canto e sem dar muita atenção. 

Lílian olhou ao seu redor: a sala de estar da casa era como da última vez em que ela esteve ali, um pouco depois do casamento da irmã, dois anos antes. Valter parecia bem mais gordinho e o bigode precisava urgentemente ser aparado. No chão, sobre um pequeno colchonete, estava o bebê Duda. Era bem cheinho, com cabelos loiros que chamavam a atenção em harmonia com os olhos azuis. 

A ruiva sentiu uma certa angústia: lembrou de Harry instantaneamente pelo simples fato de estar diante de um bebê – Duda e Harry não tanto a ver, afinal. Entretanto, ficou contente de saber que o sobrinho estava vivo e bem. 

— Duda. – Disse ela, indo até ele se abaixando para acaricia-lo. 

Foi aí que Petúnia, ao notar o que a irmã pretendia fazer, correu até Duda e o pegou no colo antes que a tia pudesse sequer tocá-lo. O bebê gordinho e bastante cabeludo parecia muito entretido com um chocalho em forma de mão. 

— Eu sinto... – Petúnia tentou mudar o assunto para disfarçar o constrangimento de ter tentado, nitidamente, impedir o contato entre tia e sobrinho – ...muito. Pelo Tiago e pelo Harry. 

— Obrigada. E eu peço desculpas por ter pedido que não fossem ao funeral. – Lílian colocou as mãos para trás. – Estava zelando pelo bem de vocês. 

— E vem morar em nossa casa? – Válter não as olhava, mas pelo visto prestava mais atenção na conversa do que na TV ligada em um jogo de rugby. – Não me parece muito preocupada fazendo isto. 

— Ele não me matou, e se ele não me quer morta, – Lílian estava ficando um pouco impaciente – acredito que também não irá querer vocês. 

Não tinha contado para a irmã e o cunhado o real motivo de estar ali. Se tivesse dito que Voldemort os ameaçou, com certeza a irmã jamais iria querer vê-la novamente. 

— Obrigada por aceitarem me receber. 

Petúnia apenas assentiu. Lílian sabia que, se não tivesse perdido marido e filho recentemente, a primogênita da família Evans jamais a hospedaria. Talvez tenha ficado com pena e com receio de dizer não diante do que tinha acabado de acontecer. 

— Eu fico com o quarto lá de cima? – Indagou a ruiva. 

— Ah, eu lamento dizer que não. — Petúnia sacudia o pequeno Duda que começou a choramingar. – Digo, é o quarto de Duda.  

— Mas não são três quartos na casa? 

— É o segundo quarto de Duda. – A soberba daquela família ainda assustava Lílian. – Ele ganhou muitos brinquedos no aniversário de um ano, o seu quarto não comportava... Então fizemos do outro quarto o seu segundo quarto. 

— Ah... – Lílian observou ao seu redor. – E onde eu posso ficar, por enquanto? 

— Tem um armário! – Válter disse, se levantando pela primeira vez desde que Lílian chegou. – Veja bem, não é tão grande, mas para quem precisa de abrigo pode servir. Ele fica bem ali! – E apontou para as escadas. 

Só então Lílian reparou o armário embaixo da escada. A pequena porta certamente batia em seu ombro, o que a assustou de primeira. 

— Um armário. – Disse ela, bastante surpresa. Negativamente. 

— Sim, pusemos um colchão lá dentro, tiramos tudo e acredito que você vai conseguir se adaptar. – Petúnia completou, sacudindo Duda ainda mais intensamente à medida que o choro parecia aumentar. – Duda está com sono, vou tentar colocá-lo para dormir... Válter, mostre as coisas para ela. 

— Não precisa. – Lílian começou a pegar suas malas. – Eu me viro. 

Sem nem desejar boa noite, Petúnia carregou seu bebê escada acima e desapareceu um pouco depois. Já Lílian, quando sentiu o peso das malas novamente ao tentar pegá-las, tirou sua varinha de dentro do bolso para levitá-las. Valter, que desligava a TV, fez um sinal negativo para ela. 

— Nada desta coisa aí em nossa casa, mocinha. – Ordenou, censurando a varinha. 

Sem graça e sem ter como rebater, já que aquela não era a sua residência, Lílian levou a varinha ao bolso novamente. Assistiu seu cunhado apagar as luzes, como se ela não estivesse mais ali. Em seguida ele subiu as escadas e, assim como a esposa, desapareceu no andar de cima. 

Incrédula com o que aconteceu, a viúva de Tiago ignorou completamente o que lhe foi ordenado e sacudiu a varinha, levitando as malas até o armário. Andando em sincronia à sua bagagem que flutuava até o seu novo dormitório, ela abriu manualmente a pequena porta, depositando as suas coisas lá dentro. 

— Lumus! – Exclamou ela, iluminando o seu arredor com a varinha e dando de cara com o ambiente pequeno e levemente empoeirado. Ali mal cabia o colchão deixado por Petúnia, mas pelo menos havia um lençol, uma fronha e um travesseiro. 

Lílian se sentia tão exausta psicologicamente pelos acontecidos e a viagem que não se importou tanto. Após alguns minutos notou que existia uma lâmpada no pequeno armário – que facilitou a sua movimentação quando foi acesa. Abriu uma das malas, procurou e encontrou os pijamas que usava para dormir, trajando-os com certa dificuldade devido à altura que não era compatível com a sua — teve de se sentar para tal. 

Já eram umas oito horas da noite. Ela foi ao banheiro e foi surpreendida por um barulho na sala. 

Um pouco assustada, já que todo cuidado era pouco na sua situação, ela caminhou lentamente até o cômodo e acendeu a luz em sua varinha através do feitiço Lumus. 

O silêncio era tamanho que sua respiração a incomodava. Não tinha nada nem ninguém ali, o que tornava tudo ainda mais estranho. Porém, mentalizando que poderia ter sido qualquer objeto que caiu ou coisa do tipo, ela retornou para o seu armário.  

Lá, encostou seu corpo no colchão e tentou relaxar um pouco. Começou a refletir sobre aquele ambiente hostil que sua irmã lhe disponibilizou, mesmo podendo ceder um quarto. No fim, diante de tantas coisas ruins que lhe aconteceuram nos últimos dias, dormir em um armário nem lhe afetou tanto. Pelo menos sua irmã e sua família estavam à salvo. 

Enquanto tentava adormecer, Lílian ainda via com facilidade a cena de Voldemort assassinando seu filho. Lembrava de cada detalhe daquela noite, os corpos de seu filho e marido pela casa enquanto ela nada podia fazer. Começou a chorar, novamente, e assim permaneceu até pegar no sono que estava desregulado há alguns dias. 

Para sua infelicidade, sonhou com Severo Snape. Foi a primeira vez que sonhara com ele desde o ocorrido, por mais que o homem fosse parte presente dos seus piores pensamentos. 

Sonhou que ainda estavam em Hogwarts – mas, desta vez, não estavam brigados ou afastados. Snape ainda era o garoto doce com quem Lílian se amigou na infância e ela ainda era a jovem inocente que sentia falta da irmã. Não sabia dizer direito que idade tinham no sonho, mas de certa forma acordou um pouco aliviada do ódio que vinha sentindo do rapaz. 

 

Quando o dia seguinte amanheceu para Lílian, eram oito da manhã. Ela ficou incrédula em como conseguiu dormir por tanas horas interruptas, mas não era de se espantar diante da quantidade de noites que tinha perdido nos últimos sete dias. 

O barulho que a fez acordar foi o movimento de sua família pela escada. Lílian, um pouco assustada, esperou um pouco até o efeito da sonolência se dissipar e vestiu roupas casuais, deixando o armário logo depois. 

— Vão à algum lugar? – Questionou ela, quando deu de cara com a família Dursley basicamente na porta da casa. 

O casal estava bem elegante e, como era sábado, imaginou que deveriam ir à algum lugar diferente. A dona da casa segurava Duda. 

— Sim, ao zoológico. – Murmurou Petúnia, um pouco sem graça por sua irmã ter acordado. Era claro que não fazia parte dos seus planos convidá-la. – Quero levar Duda para ver os animais com que tanto brinca em seu segundo quarto. 

Petúnia enchia a boca para mencionar a existência deste cômodo. 

— Eu tinha pensado em chamar vocês para tomar café em algum lugar de sua preferência – Lílian comentou –, mas tudo bem. 

Ninguém do casal emitiu alguma resposta de imediato. Válter pigarreou, como quem queria dar um sinal para Petúnia. Esta demorou um pouco, como quem reunia coragem para dizer algo, entregou a criança para o pai e voltou-se para a irmã. 

— Veja, Lílian, nós aceitamos abrigar você aqui, mas isto não quer dizer... 

— Que voltaremos a ser amigas. – Murmurou Lílian, cruzando os braços. – Tudo bem, Petúnia, eu não esperava. 

— Então por que parece disposta a tentar? 

— Tem algo errado em tentar se reaproximar da minha irmã que se afastou de mim por algo que nem era minha culpa? 

Outro momento de silêncio. Petúnia pareceu ficar incomodada com as palavras, sem uma resposta momentânea. 

— Você acabou de perder o seu marido e seu filho, nós entendemos e nos solidarizamos. – Enquanto Petúnia falava, Válter parecia segurar o rosto de Duda para que não olhasse para a tia. – Mas nós não queremos que o mesmo aconteça conosco! 

— Nem eu, Petúnia! – Lílian perdeu um pouco da paciência que vinha tentando manter desde que chegara, embora o contato com sua irmã tenha sido bem breve até então. – É por isto que eu estou aqui. 

Tanto Petúnia quanto Válter demonstraram uma surpresa quando ouviram a última frase. Lílian percebeu que havia falado demais. 

— O que você quer dizer? – O homem questionou. 

Antes que a ruiva pudesse elaborar alguma desculpa, foram surpreendidos pelo barulho da portinhola.  

Uma carta atravessou a mesma e caiu lentamente sobre o capacho de boas-vindas. Petúnia a pegou do chão, mas logo reparou que estava endereçada para a irmã. A entregou com certo receio, sem dizer nada. 

Lílian notou a caligrafia de alguém que não esperava: Dumbledore. A abriu rapidamente, afinal, qualquer coisa vinda de Dumbledore era uma caixinha de surpresas. 

A carta, que parecia ter sido escrita às pressas, era curta e dizia: 

 

Lílian, 

Alice e Franco estão mortos. O Lorde das trevas descobriu que estavam iriam fugir para os Estados Unidos e os interceptou no caminho. Ainda não temos uma explicação plausível para isto, porém Neville sobreviveu de alguma forma. A maldição parece ter se voltado contra Você-Sabe-Quem, que desapareceu desde então. O garoto escapou apenas com uma cicatriz. 

Agora os comensais da morte estão desnorteados e procurando desesperadamente pelo seu mestre. Você não está à salvo: proteja-se!”. 

 

Como a carta não contava com nenhuma despedida ou assinatura, Lílian percebeu a gravidade do que estava por acontecer e se lembrou de que não tinha posto nenhum feitiço de proteção sobre a casa. 

Seu coração batia forte só de lembrar que sua amiga também estava morta. Sua expressão de medo deve tê-la denunciado, afinal Petúnia perguntou assim que percebeu que a leitura da carta havia chegado ao fim: 

— O que aconteceu? 

Sem respondê-la (aquilo estava virando um hábito), Lílian andou apressadamente para fora de casa e empurrou acidentalmente irmã e cunhado para liberarem sua passagem. 

Abriu a porta da casa agoniada, tirou a varinha do bolso e a apontou para cima, afim de tentar conjurar algum feitiço de proteção. Para sua surpresa, foi interrompida por alguém que acabara de apartar. 

O coração de Lílian acelerou quando a identidade da pessoa que agora lhe fazia companhia foi revelada: Belatriz Lestrange. Logo depois aparataram ao seu lado sua irmã, Narcisa Malfoy, seu marido, Rodolfo Lestrange e seu cunhado, Rabastan Lestrange. 

— Olá, querida. – Bela passeou a ponta da varinha por um de seus cachos. Imitava uma voz irritante de bebê. – Seu marido e seu filho estão? 


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