—Com certeza estava malhando. – Chloe ouviu ao longe.

—Agradeço a observação, senhorita Lopez, mas era só a rotina no inferno que eu estava. – Chloe ouviu a voz pulsante, brincalhona e cheia de desejos.

—Ai, Lúcifer. Você não mudou nada! – ouviu uma risada.

—Lúcifer. – Chloe murmurou sentindo a cabeça latejar. Quando abriu os olhos, com a visão embaçada, viu o homem sorrindo para ela.

—Como está, detetive? – ele perguntou gentil. – Ainda bem que Maze estava por perto, você ia bater a cabeça na mesa. – ele alertou.

—Bom, eu acho que tem alguém me chamando lá fora então... eu vou lá ver o que querem! – Ella disse sorrindo de orelha a orelha. Ela saiu de costas, olhando nós dois com intensidade. – Fiquem a vontade! – ela completou fechando a cortina antes de sair.

—Lúcifer. É você mesmo. – Chloe se sentou no sofá e acariciou o rosto do Diabo. A pele quente, macia, a barba desenhada, os olhos brilhantes, Chloe não tinha percebido antes como era tão bom tocá-lo.

—Sou eu, Detetive. Em carne e osso.

—Achei que nunca mais fosse vê-lo. – confessou a mulher abraçando-o. Os dois ficaram alguns segundo assim, Lúcifer não disse nada até se afastarem a ajudando a levantar.

—Sinceramente, também achei que não fosse mais vê-la. – ele comentou ajeitando o terno. Tive imprevistos no inferno. – ele abriu a porta e Maze, que estava andando de um lado a outra agitada veio até o casal.

—Acabaram? Temos que resolver isso! – ela enfatizou isso apontando a delegacia empesteada. – O que está acontecendo no inferno, Lúcifer? – sussurrou Maze.

—Os portão, eles simplesmente quebraram! – ele disse sério enquanto o trio rumava a garagem. Quando estavam distantes de todos, no subsolo da delegacia, Lúcifer voltou a falar. – Estava tudo normal, até que as portas começaram a se abrir e os mortos começaram a vagar pelo inferno, adquirindo consciência de seu real estado. Ordenei aos demônios para que os conter, torturarem e os mantivessem entretidos para tentar descobrir o que houve. Infelizmente os recém chegados, os que ainda não atravessaram por completo o portal voltam a vida.

—Então os corpos não foram roubados, voltaram a si. – conclui Chloe abrindo o carro.

—Ah, com certeza! A maioria dos humanos enlouquecem, voltam a terra fora de seu juízo normal.

—Há algum jeito de pará-los? – Maze perguntou.

—Eles deveriam estar mortos. Mas, voltaram a vida. Não estão mais sob meu controle. O que me preocupa é o grande número de vivos alegando que voltaram do inferno e o que isso pode acarretar. – disse Lúcifer entrando no carro. – Não sei se isso é alguma piada do meu Pai, mas está fora de controle. – entraram no carro e Chloe deu partida rumo à Lux.

—Acho que dessa vez o problema está na sua mãe. – Maze comentou.

            Quando Chloe se aproximava da Lux, ficou surpresa com uma pequena multidão de pessoas na entrada.

—Parece que seus fãs estão aqui. – comentou Maze. – Aquele cara estava foragido, condenado pela morte de duas crianças. Soube que tinham encontrado o corpo ontem esquartejado.

—Inacreditável. – Lúcifer murmurou irritado. – Detetive, dê a volta! – Chloe retornou e virou a esquina para os fundos da Lux. Nos fundos, haviam um tipo de galpão com os contêineres de lixo e saído de emergência. Chloe estacionou o carro e Lúcifer com uma mão abriu a cerca.

—As duas, me abracem aqui. – pediu ele sério. Chloe ia perguntar, mas Maze a empurrou contra Lúcifer e ele abriu suas asas angelicais e alçou voo até o último andar da Lux. Chloe fechou os olhos, tentando fingir que isso era perfeitamente normal, mas quando voltou a abrir, estavam descendo com delicadeza até a varanda a qual se viram pela última vez, meses atrás.

—Não sabia que eu teria um comitê de boas-vindas! – comentou Lúcifer ao ver Linda, Amenadiel e Ray Ray em sua sala.

—Luci! – Amenadiel ergueu-se do sofá e foi ao encontro do irmão, os dois deram um abraço de urso e riram.

—Quem diria, não é mesmo? – comentou Maze erguendo a sobrancelha.

—Luci, estamos com um problema. – Amenadiel adiantou.

—Tem algo a ver com os portões do inferno estarem abertos? Porque se for, esse é meu problema.

—Como assim os portões estão abertos? – indagou Amenadiel horrorizado.

—Muitos dos mortos que não atravessaram o portal voltaram a vida. – comentou Lúcifer. – E pelo que vimos na delegacia já está causando alvoroço por aí.

—E os mortos?

—Os demônios estão me ajudando com isso. Infelizmente tive que apelar para a tortura severa, para continuarem o delírio e não tentarem uma fuga. – Lúcifer comentou amargurado.

—Acha que pode ser coisa da mãe? – perguntou Ray Ray a Amenadiel.

—Mãe? Como assim? – Lúcifer riu sem entender.

—Luci, a mãe está na Cidade Prateada, e não quer trégua.

—Impossível! Eu a joguei em outra criação paralela! – Lúcifer riu.

—Eu a vi com os próprios olhos, e ela levou consigo um bom exército.

—O que ela quer? – Lúcifer perguntou visivelmente nervoso.

—Quer vingança com o pai.

—Mas olha só! Devo ter puxado esse lado dela. – comentou Lúcifer indo até o bar. – E o que vocês estão esperando para equilibrar as coisas? Ray Ray? Amenadiel?

—Não é tão simples, irmão! – comentou Ray Ray na defensiva. – Os anjos estão proibidos de tentar contato. Os portões estão fortemente fechados. Óbvio que meu dever me chama aqui na terra, então usei como desculpa para vir atrás de vocês. Ninguém que está lá dentro pode sair. E vocês sabem que eu não sou lá a favorita da mãe.

—Não é mesmo. – Lúcifer concordou bebendo seu drink. – O que? Nem me olhe feio. – Lúcifer declarou. – E o que faremos? Na verdade não entendi como os dois problemas se relacionam. – ele declarou, mas depois sorriu. – Ainda bem que temos uma profissional no caso, não é mesmo, Detetive?

—Ah, acho que sim. Eu consigo descobrir como a Deusa tem a ver com o problema no inferno. Eu sou da homicídios, não é! – Chloe ajeitou o casaco tentando ficar firme. Linda acariciou o ombro da amiga a confortando-a.

—Acredite, a gente dá conta. – Linda comentou.

Continua...